Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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sábado, 8 de janeiro de 2011

XII - O Testemunho dos Padres post origenianos


S Melitão de Sardes


- PROBLEMÁTICA -







A partir de S Origenes no entanto pode-se notar ou perceber uma tendência paralela no seio da Igreja com relação aos ditos registros deuterocanonicos.

O melhor porém seria falar-mos em diversas tendências...

Na verdade de modo geral esta outra tendência é anterior a Origenes, remontando certamente a S Melitão de Sardes e a segunda metade do segundo século.

Refiri-mo-nos a tendência de se adotar a um Canon hebraico(esdrino/palestiniano) já formado ou em vias de formação.

E a reduzir o numero de livros santos a 22/24 (39/66).

Já dissemos que o primeiro testemunho judaico concernente ao dito canon palestiniano remonta ao tratado talmudico Baba Batra, uma listagem composta quiçá no ano 120 desta era, mas, no entanto, puramente teórica e sujeita a ulteriores questionamentos por parte dos próprios hebreus até pelo menos o quinto século desta nossa era. Não é menos certo porém que a dita listagem contava já com uma aceitação mais ou menos geral na época em que foi lançada e que estava destinada a prevalescer entre os hebreus.

Pois bem, cerca de 180 desta era, ou seja, quatro anos antes da morte de Origenes, S Melitão, Bispo de Sardes, compoz uma lista de livros sagrados do Testamento antigo - segundo (afirma ele) corria entre os judeus palestinianos do seu tempo - formada por vinte e dois registros e que foi preservada na História Eclesiástica de Mar Eusébio.

Demos a palavra ao Dr Saravi: "O primeiro autor cristão cuja opinião explícita do cânon do AT se conservou (graças a Eusébio de Cesareia) é Melitão, bispo de Sardes na Ásia Menor (m. cerca de 190). Na sua carta a Onésimo dá um «catálogo dos escritos admitidos do Antigo Testamento» que corresponde essencialmente ao cânon hebreu, apenas com a omissão de Ester."

E no entanto os protestantes recebem o livro de Ester...

E também os Trenos ou Lamentações atruidas ao profeta Jeremias, igualmente omitidas por S Melitão juntamente com o livro de Neemias. (Os protestantes gostam de dizer que tais livros estavam agregados a outros livros mas não são capazes de demonstra-lo)

E rechaçam decididamente o livro da Sadedoria, embora seja possivel - ja vimos que toda argumentação protestante se alicerça sobre o 'possível' - {Se bem que improvavel; nós mesmos optamos pela leitura - cf Mar Eusébio Hist Ecle IV, 26, 12 - corrente entre os protestantes 'de Salomão provérbios OU também Sabedoria'} que S Melitão esteja alundido a ele.

A segunda lista comumente citada pelos protestantes é demoninada lista de Bryennios, pois foi localizada no ano de 1873, juntamente com do Didake - no Codex Hierosolimitano - pelo sacerdote ortodoxo Philotheus Bryennios.

A lista de Bryennios foi datada por Audet como tendo sido composta cerca do ano 100 desta era, outros porém atribuem-lhe outras datas de 150 a 350 d C, identificando-a com uma versão paralela - ou original - da lista de S Epifânio.

Pela primeira vez temos diante de nós uma lista, aparentemente Cristã, que concorda perfeitamente com o canon judaico/protestante.

Acontece que o Codex Hierosolimitano não passa duma cópia proveniente de 1056...

Ademais a lista é anônima e escrita em três idiomas: o grego, o hebraico e o aramaico...

Quem poderia nos assegurar que de tal lista não foi composta por um ebionita ou mesmo por um judeu?

No entanto foi transcita por um monge ortodoxo...

Certamente que haviam monges ortodoxos partidários do Canon palestiniano no século XI, como já haviam Bispos - como S Melitão de Sardes - partidários desse Canon no século II; não é a questão...

A questão em pauta é se poderiamos admitir com certeza plena e absoluta que foi redigida no ano 100 d C e por mão Cristã?

Neste caso a resposta só poder ser Não.

Pois tanto pode ter sido composta em 150 ou 200 ou mesmo em 250 como pode ter sido escrita por um ebionita ou um judeu.

E neste caso sob influxo das decisões tomadas em Jamnia/Iabné.

Tal e qual as listas do Talmude.



Não constitui pois prova de primeira categoria... na medida em que pode não representar qualquer tradição cristã.



Portanto, para além de S Melitão, não estamos no terreno do concreto - como é próprio dos artigos de fé - mas no terreno das aparências, possibilidades, conjecturas e opiniões; coisa que todo protestante deveria reconhecer honestamente.




Philoteus Bryennios

XI - Considerações








Arroladas doze (12) testemunhas dos séculos I e II:

O Didaké.
As Epistolas de Barnabé e Clemente, que parte dos antigos considerou como sendo inspiradas e Canônicas.
A Epistola de Policarpo

O Pastor de Hermas, irmão de S Pio I de Roma e ouvinte de S Clemente e de S Graphte.
S Justino
companheiro de Pio e Hermas.
S Atenagoras de Atenas ouvinte de S Quadrato e de S Hieroteus
S Irineu ouvinte de S Policarpo e de S Potino
S Hipólito ouvinte de S Irineu.
S Clemente de Alexandria, ouvinte de S Panteno, ouvinte de S Marcos.
Tertuliano, um dos primeiros representantes da tradição Africana.
& as Constituições dos Santos apóstolos.
Todas relacionadas direta ou indiretamente com o círculo apostólico.

Só nos resta concluir que tão egrégios personagens consideravam como inspirados e canônicos os livros regeitados pelos judeus e pelos protestantes.

E que receberam tais livros - constrangidos pelo exemplo dos próprios apóstolos - juntamente com a Septuaginta - a menos que tenham sido eles mesmos os falsificadores, os padres designados e elogiados pelos próprios apóstolos - ou seja a versão grega do Antigo Testamento.

Alias como tais homens poderiam ter combinado em introdução de tais livros no camom se viveram afastados uns dos outros e não mantiveram qualquer contado entre si, exceto, em alguns casos e por carta?

Por outro lado não existe qualquer menção ou simples alusão na História eclesiástica a qualquer concilio ou sinodo Cristão reunido com semelhante propósito no primeiro ou no segundo século de nossa era.

Naturalmente que se um ou dois deles apenas - a revelia da tradição apostólica e do sentimento geral - se atrevessem a acrescentar quaisquer registros de natureza puramente humana a um canon (Esdrino) divino e tradicionalmente fixado seriam prontamente denunciados e condenados como ímpios e blasfemadores pelo resto de seus pares produzindo grande tumulto na igreja.


Sequer existe éco de tais tumultos nos registros históricos...


Trata-se no entanto de mais de uma dezena de padres ante origenianos e ante agostinianos a empregrar tais registros com a maior naturalidade.


O que nos obriga a admitir que seguiram o exemplo dos Santos apóstolos, autorizado pelo silêncio do Senhor.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

V - Primeira Epistola de S Clemente de Roma a Igreja de Corinto


"E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida." Fil 4,3


"Os apócrifos do antigo testamento jamais foram aceitos como parte do Cânon Judaico. ELES FORAM ANEXADOS INADVERTIDAMENTE AS CÓPIAS DA SEPTUAGINTA PELOS PRIMEIROS CRISTÃOS." Dunbar




"Foi pela inveja que a morte entrou no mundo (Sab 2,24)" III

"Sou verme não homem, o escarnio dos homens e o escárnio do povo, os que passam por mim zombam {Sl 21,7} 'meneiam a cabeça e cochicham: Esperou em Deus que este o liberte se o ama. {Sab 2,20}" XVI,16

"Com a palavra de sua magestade tudo fez e com uma só palavra pode destrui-las (Comb entre Tt e Hb) Quem pode perguntar: que fizestes ou resistir ao poder de seu braço?' ele pode fazer o que quizer e realizar seus decretos.' (Sab 12,12) tudo é presente para ele e controlado por sua vontade, pois 'Os céus narram a glória de Deus...' {Sl 19,2}" XVII,5

Em LV,4 menciona juntamente Ester e JUDITE como exemplos de virtude. Conclusão ou Clemente considerava ambas as narrativas - de Ester e de JUDITE - como sagradas ou considerava a ambas como profanas...
Subsistem ainda duas Epistolas - em siríaco - dedicadas as Virgens, que a tradição desde os tempos imemoriais atribuiu ao Beato Clemente, mas que a crítica moderna sem embargo tem regeitado como espúrias.
Adiciono seu testemunho enquanto remontam ao começo do terceiro século desta era:
"Não conta a escritura os tempos deste modo, pois na narrativa de Suzana e dos velhos libidinosos..." in II Clemente ad Virgines, XIII



"Clemente de quem o apóstolo Paulo escrevendo aos filipenses disse: “Clemente” “e outros de meus companheiros de trabalho, cujos nomes estão escritos no livro da vida.” foi o quarto Bispo de Roma a contar de Pedro." Jerônimo de Stridon in 'De viris illustribus' XV

IV - A Epistola de S Barnabé e as 'Exegeses' de S Papias







A Carta de S Barnabé - composta entre 75 e 120 - 

Sabedoria de Suleiman ibn Dawid - "Eis porque clama o profeta: 'Ai de sua alma, porque eles têm um advogado aconselhou o mal contra si' {Is 3,9} dizendo: 'Vamos ligar o homem justo, porque é desagradável para nós.' Sab 2,12." VI,7

Aqui o autor faz uma livre combinação bem ao gosto dos targumins judeus associando dois textos aos quais indubitavelmente atribuia o mesmo valor.

IMPORTA OBSERVAR AQUI, QUE OS APOLOGISTAS PROTESTANTES, TENDO EM VISTA ESTABELECER A PARIDADE ENTRE AS ESCRITURAS JUDAICAS E OS ESCRITOS DO APÓSTOLO PAULO (E DESTARTE A EXISTÊNCIA DE ESCRITURAS PROPRIAMENTE CRISTÃS OU DE UMA ESPÉCIE DE NOVO TESTAMENTO CERCA DO ANO 130 DESTA ERA ) RECORREM COSTUMEIRAMENTE A EPÍSTOLA DE S POLICARPO AOS FILADELFIANOS (XII,01); PASSAGEM EM QUE O DISCÍPULO DE S JOÃO COMBINA MAIS OU MENOS LIVREMENTE UM TRECHO DO LIVRO DOS SALMOS COM UM VERSO DA EPÍSTOLA DE S PAULO AOS EFÉSIOS. SE O TESTEMUNHO EM QUESTÃO É VÁLIDO NO SENTIDO DE CORROBORAR A EXISTÊNCIA DE UM CORPO DE ESCRITOS CRISTÃOS ENCARADOS COMO DIVINOS EM MEADOS DO SEGUNDO SÉCULO DESTA ERA, SÓ NOS RESTA CONCLUIR QUE AS MESMAS ASSOCIAÇÕES OU COMBINAÇÕES DE TEXTOS PROTO E DEUTEROCANÔNICOS EVIDENCIAM QUE DETERMINADO AUTOR CONSIDERAVA A SEGUNDA CATEGORIA DE ESCRITOS COMO TÃO INSPIRADA QUANTO A PRIMEIRA.

Em seguida (XII,1)  S Barnabé cita como profético o registro do Imame Ezra: "Quando se cumprirão tais coisas perguntei eu ao emissário; e ele replicou e disse: 'QUANDO UM MADEIRO FOR LANÇADO AO CHÃO, EM SEGUIDA LEVANTADO E O SANGUE GOTEJAR DO MADEIRO." 

Depois (XVI, 5)  recorre ao testemunho de Enoc: "ASSIM DECLARA A ESCRITURA: NO FIM DO CICLO EXERÇO JUÍZO DESTE REDIL, DERRUBO O APRISCO E A TORRE." 

E por fim (XI,9)  "DECLARA O PROFETA: 'A casa de Jacó foi exaltada sobre toda terra." citando a Revelação de Baruch


S Papias Bispo mártir de Hierápolis metrópole de Síria, companheiro de Policarpo e ouvinte do vidente João (Eusébio) atribui a Nosso Senhor o trecho da Revelação de Baruch sobre os cachos da uvas. DANDO-NOS A COMPREENDER QUE NOSSO SENHOR FIZERA USO DESTE REGISTRO.




III - O Didakê






- O Didaké - composto entre 70 e 110 - "Você não deve vacilar em relação a suas decisões [Eclo 1,28]. Não seja alguém que estende as mãos para receber, mas retira-los quando se trata de dar [Eclo 4,31]" IV,05

Obs.: A Didaké é uma verdadeira 'colcha de retalhos' formada quase que exclusivamente por textos do Antigo e do Novo Testamentos, a excessão da passagem citada com relação a qual todavia o redator não faz observação alguma no sentido de informar o leitor sobre sua natureza 'inferior'.

Mar Atanásio de Skanderia (Alexandria), pilar da fé nicena, testifica que O Didakê havia sido composto pelo remanescente do quórum apostólico e que gozava de grande autoridade entre os Cristãos do quarto século desta era.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

XXXIX - Os grandes códices








Por outro lado os códices do Vaticano e Sinaitico (um dos quais é - Na minha opinião o do Vaticano - muito provavelmente, o derradeiro exemplar daqueles quaterniones preparados por Mar Eusébio sob as instâncias do Imperador Constantino - cf Vita Constantinii - e que haviam sido doados as principais Basílicas da Cristandade cerca de trinta anos antes do nascimento de S Agostinho) conteem a maior parte dos livros a que nos referimos...

Alegar que nem todos estes livros fazem parte dos ditos códices é pura tolice pelo simples fato de sabermos que o exemplar do antigo Testamento encontrado por Tischendorf esta incompleto faltando por sinal diversos livros protocanonicos como Reis, Samuel, Ezequiel, e Daniel além de Ester é clado se não me falha a memória.

Quanto ao do Vaticano é certo que não omite apenas o I e o II livros dos Macabeus mas igualmente o Apocalipse no que concerne ao NT talvez porque o redator duvidasse da canonicidade de ambos, ou, no caso dos Macabeus, por alguma razão analoga aquela que levou Wulfilas a deixar de traduzir os Livros de Samuel e dos Reis para os gôdos temendo que se tornassem ainda mais belicosos e violentos.

Seja como for o testemunho de ambos esta muito mais próximo da teoria alexandrina do que da teoria palestiniana.

O codex Sinaiticus - datado do século V - contem todos os deuterocanonicos admitidos pelos romanistas e mais o quarto livro dos Macabeus.

Ja o Chester Beatty omite apenas o Eclesiastico, embora seu estado seja igualmente fragmentário... contem porém substanciosas parcelas de Enoc. Tais fragmentos pertencem ao século III desta era.
O Codex Alexandrinus, contem todos os Deuterocanonicos, além do terceiro livro dos Macabeus.

Há ainda o Claromontanus que contem igualmente todos os deuterocanonicos.

O Efraemi por sua vez omite apenas a Sabedoria e o Eclesiástico, mesmo estando incompleto...

Tampouco é verdade que estejam reunidos em apêndices separados e postos no final de cada códice como costumam asseverar os defensores do canon Esdrino.

Trata-se de mais uma informação que não corresponde a verdade dos fatos.

Pois tanto no Vaticano, quanto no Sinaitico e no Alexandrino os deuterocanonicos encontram-se no corpo mesmo das escrituras inspiradas espalhados entre os livros protocanonicos.

Quanto ao Sinaitico por exemplo Tobias, Judite, I e IV Macabeus encontran-se situados entre Ester e Isaias e a Sabedoria e o Eclesiástico entre Cantares e Jó...


Os luteranos e anglicanos - que por mais de três séculos sustiveram a teoria -(a principio Atanasiana e jeroniminiana) segundo a qual os livros em questão apresentavam um gráu inferior de inspiração - é que tomaram a iniciativa de reunir tais escritos num apêndice colocado após Malaquias ou Apocalipse, até que a Sociedade Bíblica - controlada pelos calvinistas e anabatistas - constrangeu-os a omiti-los...


"A maneira como os apócrifos (deuterocanonicos) estão inseridos entre os livros evidência que o mesmo valor era atribuido a ambos." Davidson (protestante) in Canon Bíblico

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

XXXVIII - A futilidade das teorias tridentina e agostiniana


SÍNODO CONGREGADO EM TRENTO PELOS FRANGOI




Acontece que Bizâncio jamais recebeu os decretos de Trento ou quaisquer outros mandamentos baixados pelo Papa romano desde o tempo em que os ditos Papas apartaram-se da comunhão ortodoxa no século XI ou XII.

Quanto aos armênios, coptas, siriacos, malabares, etiopes, persas, etc tanto pior na medida em que estiveram apartados de ambas as comunhões até o século XIII quando renunciaram as impias doutrinas forjadas pelos discípulos de Mar Nestório e por Eutiques.

Desde então tais Cristandades recobraram a ortodoxia perdida e unidade da fé. Subsistiram no entanto - até o dia de hoje - como unidades administrativas e culturalmente separadas da Cristandade Bizantina e totalmente separadas da organização romana.

No entanto tais igrejas haviam se apartado da comunhão ortodoxa por quase um milênio a contar do quinto século desta nossa era... e militado sob o jugo dos sultões maometanos, os quais por motivos de ordem política impediam que elas comunicassem tanto com os ortodoxos, quanto com os papistas.

É pois impossivel que elas tenham recebido tais livros por mediação do Concilio tridentino e da Igreja papólica e altamente improvavel que lhos tenham recebido por intermédio da Igreja bizantina, mesmo porque o canon de tais igrejas tende a ser mais amplo abarcando grande número de pseudo epigrafes que jamais fizeram parte da Septuaginta, como o Livro de Enoc, os Jubileus, o Testamento dos doze patriarcas, o Baruc siriaco, etc

Diante de tais fatos os protestantes - cujo mestre sempre foi o camaleão - mudaram de fala passando a atribuir a introdução de tais livros no Canon aos esforços de S Agostinho e dos sínodos regionais por ele congregados no Norte da África.

Antes de S Agostinho, ponderam os reformados, o Canon da Septuaginta era idêntico ao Canon palestiniano, como porem S Agostinho ignorava o grego - a ponto de distorcer o sentido da Epistola aos romanos abrindo caminho para as teorias ímpias de Lutero e Calvino - acabou recebendo como canonicos diversos volumes destinados apenas e tão somente a instrução dos catecumenos.

Eis a causa do imbroglio.

E no entanto a lingua de nossas igrejas é o grego e de nossas igrejas irmãs o aramaico.

Nem preciso lembrar aos protestantes que via de regra nós ortodoxos, aludimos ao Bispo de Hipona, sob a alcunha de 'vosso Agostinho' (Cf Marrou 'S Agostinho e o agostinianismo)

De fato S Agostinho é muito raramente citado pelos doutores orientais como Henana, Babawai, Mar Severo, Teodoro de Abu qara, Dionisios Bar Salibi, Tiago de Edessa, Mikail, Ebnassai, Elnataieb, etc e muito mais raramente ainda seguido como môdelo de autoridade ou como arbitro da fé.

S Fócio inclusive, advertiu varias vezes o povo de Jesus Cristo quanto a seus erros e desvios em matéria de fé.

Do mesmo modo que o Concilio de Trento, S Agostinho jamais foi regra para nossas Santas Igrejas de Deus, exceto quando julga de comum acordo com seus pares...

A Igreja ortodoxa não é nem agostiniana nem agostinianista como as organizações romana e protestante.

Supor que Agostinho inventou e sancionou o canon alexandrino é exagerar-lhe a influência e a autoridade.

XXXVII - Reflexões a luz da divindade de Cristo







Cumpre certificar por fim que livros inteiros do Novo Testamento, como os Atos dos Santos Apóstolos, Romanos e Hebreus, são aditos a Septuaginta repruzindo amplamente suas passagens e conferindo-lhes um sentido profético/messiânico que o texto proto massorético simplesmente não comporta.

Agora façamos uma nova pausa e reflitamos.

Jesus Cristo sendo - além de verdadeiro homem - verdadeiro Deus e possuindo pleno conhecimento do presente, do passado e do futuro, conhecia perfeitamente a tendência dos gregos/alexandrinos para alargarem seu Canon, que esta tendência operava ativamente durante os dias de sua vida mortal e que viria a triunfar num futuro bastante próximo, colimando por associar uma série de escritos espúrios e de humana lavra ao escritos de natureza sagrada e por engendrar disputas, confusões e batalhas EM SUA PRÓPRIA IGREJA.


Como vidente e profeta ele bem sabia que sua igreja haveria de seguir seus exemplos e de adotar a versão adotada por si e por seus apóstolos bem como os livros ou o canon pertinente a essa mesma versão...


No entanto mesmo sabendo de tudo isto Jesus empregou a proto Septuaginta e seus apóstolos guiados pelo Espírito Santo a própria Septuaginta...


É indubitavel que o exemplo do Senhor e de seus apóstolos induziu as primeiras geraçõesde Santos a adotarem preferencialmente já a versão, já o canon mais amplo dos judeus gregos... ou seja o canon alexandrino.

Pode-se dizer portanto que a igreja foi levada a receber um canon falso graças ao exemplo do próprio Senhor e de seus apóstolos. Na medida em que deram preferência a uma versão cujo Canon havia sido, estava sendo ou logo haveria de ser modificado.

Acontece que nada disto era absolutamente necessário...

Afinal nosso Salvador bem poderia ter empregado preferencial ou exclusivamente a proto Massorá, já porque seu ministério foi exercido exclusivamente entre os fariseus e palestinianos aditos a ela, o que por sinal teria facilitado bastante o seu ofício entre eles...

Como homem sábio e prudente bastaria ao Senhor ter seguido fielmente a proto Massorá dos hebreus para, através dela, guiar infalivemente os apóstolos e todo seu povo ao canon palestiniano...

Se os apóstolos optaram preferencialmente pela Septuaginta foi segundo o exemplo ou sunnah
سنة do Senhor. Eles seguiram apenas o caminho aberto por ele... segundo as luzes que receberam do Espírito de profecia.

Adotada pela igreja de Cristo a versão massorética do Antigo Testamento, seguir-se-ia naturalmente a adoção do canon massorético, palestiniano ou esdrino tão caro aos nossos protestantes e judaizantes de toda casta.

No entanto o diligente Senhor não fez nada disto, omitiu-se e deixou de fazer tudo quanto deveria ter feito para encaminhar sua igreja a uma noção mais saudável de Canon, cabe-lhe pois a responsabilidade e a culpa por toda esta pandega...

A servir-se da matriz da versão a qual os gregos haviam associado os ditos livros 'apocrifos' Jesus abriu o precedente para que tais livros fossem examinados e canonisados por seu povo.

Pondo - ao menos em parte - a massorá de lado, o Salvador introduziu a confusão no Reino e induziu parte dos Santos a colocarem de lado o Canon massorético.

É justamente esta lógica de ferro que nos leva a pugnar pelo Canon alexandrino: Jesus enquanto Deus verdadeiro sabia que o Canon alexandrino fora ou estava prestes a ser alargado pela adição de uma série de obras.

Mesmo assim ele quiz se servir da matriz da versão alexandrina das escrituras sancionado destarte a superioridade das mesmas com sua divina autoridade e arrastanto consigo o quórum dos doze.

Logo acabou sancionando indiretamente a adição dos escritos acima citados a Escritura canonica, ou, na melhor das hipóteses (para os protestantes) minimizou o impacto desta adição ou associação dando a entender que não significava lá grande coisa e que não deveria atrair ou concentar a atenção dos Cristãos. Pois do contrério teria empregado todas as medidas cautelares possiveis e necessarias tendo em vista a preservação dos seus com relação ao Canon mais largo...

De um modo ou de outro parece que o pensamento do Mestre sobre o assunto não equivalia nem de longe ao pensamento dos protestantes para os quais a associção de tais escritos ao canon palestiniano assume o cárater duma verdadeira desgraça na medida em que serviu de apoio para que a apostasia se instalasse no templo de Deus...

De todo este drama com que os protestantes costumam envolver a questão dos deuterocanônicos parece não haver vestígio algum nos Evangelhos, o que nos leva a crer que a posição de Jesus perante o assunto era tão indiferente quanto a da Igreja Ortodoxa...

Nós, como os apóstolos temos um critério e este critério é pura e simplesmente o uso que Jesus Cristo fez da proto septuaginta bem como o uso que seus apóstolos fizeram da própria em que pesem as adições... Se outros ortodoxos tem escolhido outro critério, sem arvorar qualquer dogma, permenecemos na esfera de nossa liberdade...

No entanto já por ser indiferente a união ou separação das almas com relação a seu Senhor, nem por isto a questão - do canon - é ociosa ou inutil no que diz respeito a perfeição daqueles que estão em Cristo...

Especialmente na medida em que os contrários elevam aos céus tais listas canônicas de origem puramente humana asseverando que é necessário recebe-las sob pena de se perder a salvação...

Diante de tais conjecturas só restam a nossos adversários duas alternativas:

- Afirmar que os livros em questão foram adicionados as escrituras pelo Concílio de Trento, congregado pelos papistas no século XVI

Ou

- Atribuir sua introdução no Canon a S Agostinho de Hipona, justamente o padre que eles protestantes mais prezam e cujos erros em torno da graça costumam a seguir tão servilmente quanto seu Mestre Lutero para quem Agostinho era uma espécie de Super padre da Igreja


Quanto a primeira alternativa pouquíssimos protestantes ousam sustenta-la atualmente pelo simples fato de que a iniciativa (bem como a de regeitar a presença real do Senhor no Sacramento da Eucaristia, a homenagem que tributamos as icones, o pedobatismo, o celibato...) quanto a remoção de tais livros do Canon - onde já se encontravam a muito tempo - partiu de Andreas Rudolph Bodenstein von Karlstadt (1486 – 1541), o qual pelos idos de 1520 elaborou uma monografia contrária a canonicidade dos mesmos, segundo as tradições dos Rabinos, pois era professor de hebraico. Karlstadt foi seguido por J Lonicer, o qual, cerca de 1523, publicou a primeira versão das escrituras em que tais livros eram classificados como APOKRIPHA. ASSIM FOI J. LONICER QUEM REMOVEU TAIS LIVROS PARA UM APÊNDICE LOCALIZADO DEPOIS DO LIVRO DO APOCALIPSE CERCA DE QUINZE ANOS ANTES DA CONVOCAÇÃO DO CONCILIO DE TRENTO PELO PAPA DE ROMA.


Outro impecilho a teoria tridentina do Canon é que nos séculos XVII e XVIII foi constatado pelos viajantes e exploradores europeus que tais livros também faziam parte das Bíblia síriacas, etiopes, armênias, coptas, etiopes e malancares ou seja de todas as Bíblias do universo e não só das Bíblias latinas e/ou bizantinas.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

XV - A Septuaginta






"A Septuaginta foi um dos meios que Deus empregou na preparação dos povos e nações para o Evangelho que seria proclamado por Jesus e seus discípulos na 'plenitude dos tempos'. Por onde quer que ia ela disseminava profecias que apontavam para o Messias." Antonio Gilberto (pentecostal), id pp 85



"Ainda mais antiga é a versão grega dos setenta, que provavelmente foi terminada cerca de 285 a C." Manual Biblico (protestante). Lisboa, 1885 pp 12

"A mais importante dentre as primitivas versões das escrituras hebraicas, e a primeira tradução real e escrita do hebraico é a 'Versão dos setenta', grega. Sua tradução principiou por volta de 280 a C... e foi completada em certo tempo do século II aC. Serviu de Escritura para os judeus de lingua grega e foi empregada ostensivamente até o tempo de Jesus e dos apóstolos..." in 'Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa." Torre de vigia pp 299





Sendo levados - por força das circunstâncias - a executar seus oficios e cerimônias em grego, os líderes - congregados em Alexandria - acabaram sendo obrigados a verter para o koiné os registros dos antepassados, a começar pela Torá, cuja tradução parece ter sido completada no tempo de Ptolomeo III Evergeta (280 a 221 a C). Desde então - até o tempo de Ptolomeu IV Filometor (180 a 140 a C) -diversas gerações de tradutores adicionaram-lhes outros tantos livros pertencentes aos neviin e aos ketuvim.

Esta coletânea de registros hebraicos vertidos para o grego a partir do século II (ou mesmo III) a C veio a receber o nome de Septuaginta que significa literalmente setenta, fazendo alusão ao suposto numero de interpretes reunidos por Ptolomeu e encerrados em setenta salas separadas com o intuito de traduzi-los; lenda constantemente referida por Aristóbulo, Filon, Josefo, O talmud, Justino, Irineu, Clemente Alexandrino, Origenes, Eusébio, Epifânio, Cirilo de Jerusalem, Cirilo de Alexandria, Crisostomo, Agostinho, Syncello, Zonaras, Julius Pollus, etc e cuja fonte parece ser a carta de Aristéas.

Como a Septuaginta está em relação direta com o Canon mais amplo ou alexandrino repudiado pelos protestantes, não devemos nos admirar do fato de que ultimamente, parte deles - levados pelo desespero - tenham chegado a negar, pura e simplesmente, a existência da Septuaginta.

Tal a posição assumida entre nós pela fanática Mary Schultz, que por sua vez reflete a opinião do Dr Willians da Dean Burgon Society. Este senhor chegou a publicar uma obra intitulada 'A farça da septuaginta' sustentando que ela jamais existiu não passando de um mito inventado já pelo pseudo Aristeas, já por Origenes, mesmo porque - segundo ele e seus corifeus - o alexandrino teria sido o primeiro a divulga-la...

Compreende-se que a negação da septuaginta por parte dos protestantes adeptos do canon palestiniano seja uma solução tão confortável quanto a negação da existência histórica de Jesus por parte de alguns ateus e materialistas... ou quanto a negação de fenômenos psiquicos por parte dos materialistas...

Nada mais simples e cômodo do que bulir com a História...

Ademais todo edifício protestante repousa sobre equívocos de natureza histórica sobre a natureza do Cristianismo primitivo.

Filho da Idade Média o protestantismo não pode deixar de pagar seu tributo a ignorância dos tempos. Ignorância que ora perpetua por simples questão de sobrevivência.

Como iamos dizendo admitida a existência histórica de Jesus, de fenômenos de natureza psiquica ou a da Septuaginta; surgem diversos problemas, os fatos não se encaixam como deveriam e as coisas ficam tanto mais dificeis de serem resolvidas ou explicadas... Em ambos os casos é bem mais facil contornar os problemas e as dificuldades apelando a negação e batendo o pé...

É verdade que K Jobes & M Silva - in Convite a Septuaginta - e muitos outros fazem questão de deixar bem claro que não existe uma Septuaginta...

Mas como não existe septuaginta?

Não existe uma Septuaginta do mesmo modo como jamais existiu uma Bíblia semelhante a que possuimos, ou seja, com setenta e tantos livros de Genesis a Apocalipse, se queremos dizer com isto que seus livros não foram todos escritos num passe de mágica pela mesma pessoa. Esta visão da Bíblia como um todo homogêneo baixado miraculosamente dos céus é absurda e inconsistente


Não existe uma Septuaginta caida prontinha do alto do céu.

Como não existiu qualquer 'projeto Septuaginta'.

Quem ousará negar a falsidade da carta de Aristéas demonstrada por Hody há quase trezentos anos em sua "Dissertação sobre Aristeas e os setenta intérpretes"? Obra em que apontou praticamente todos os anacronismos e inexatidões cometidos pelo autor?

Quem levará a sério este emaranhado de lendas que envolve a confecção da versão grega das escrituras hebraicas?

Quem atualmente crê que a ordem para traduzir as Escrituras hebraicas tenha partido do rei Ptolomeo Filadelfo, como sustentavam os antigos hebreus movidos pela vaidade?
Na falsa correspondência atribuida a Dimitri Falereus e ao Pontifice Eleazaro? Nas setenta células? Nos setenta intérpretes? Na concordância miraculosa entre as setenta traduções? E em outras tantas puerilidades do gênero...

E no entanto o mesmo Hody, que refutou definitivamente a narrativa atribuida a Aristeas, esse mesmo Humphrey Hody não ousou sequer por em dúvida a existência de uma versão grega das escrituras hebraicas produzida em Alexandria algum tempo antes do advento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

XIII - Das seitas e facções judaicas








Afinal até onde nos é dado saber fariseus e escribas constituiam apenas uma parcela dentre os judeus e justamente aquela que mais se opoz ao anuncio do Reino pelo Verbo divino.

Identifiquemos portanto quais eram as seitas vigentes entre os judeus no tempo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Quantro delas foram descritas pelo historiador judeu Flávio Josefo, personagem bastante conhecida por nossos protestantes.

Duas delas alias são frequentemente mencionadas no Santo Evangelho: a dos saduceus e a dos fariseus; uma terceira é apenas citada, a dos zelotes e uma quarta totalmente ignorada por ele, a dos essênios ou ossênios.

Todas no entanto são designadas por ele (Josefo) como 'hairesis' - cf Simon e Benoit in "Judaismo e Cristianismo antigo" pp 60 - ou opção, querendo significar com isto que cada uma das quatro vertentes encarava o judaismo a sua maneira.

A direção espiritual do povo - como já foi dito - no entanto cabia aos Saduceus, sucessores já de Levi, já de Aarão - como se queira - detentores do sacerdócio, guardiães da tradição ancestral e essencialmente conservadores em matéria de fé e costumes.

E ao menos num ponto os saduceus estavam de pleno acordo com seus primos ou irmãos israelitas (os odiados samaritanos); a respeito do Canon das escrituras, pois tanto uns quanto outros recebiam apenas a Torá ou o Pentateuco regeitando os Neviin e com muito mais razão os Ketuvim como escritos espúrios.

Qualquer Dicionário Bíblico protestante confirmará exatamente o que foi dito acima: que o canon recebido por parte dos judeus contemporâneos ao Senhor Jesus Cristo, alias pelo clero judeu, reduzia-se apenas e tão somente aos cinco livros de Moisés...

Sessenta e um livros a menos do que o 'canon esdrino'...

Já os fariseus - adversários tanto dos saduceus quanto dos apóstolos - recebiam um Canon bem mais amplo - a Mikra ou Tanak - formado pela Torá, pelos Neviin (profetas) e pelos Ketuvim (escritos) e tendiam a fixa-lo nos termos de nossos sectários protestantes embora não tivessem empreendido tal façanha antes do ano 120 desta nossa era.

Eis porque o Canon esdrino é na verdade o canon farisaico adotado pelos mais terriveis inimigos do Salvador e de seus apóstolos.

Em geral os fariseus de Jerusalem - e os protestantes que ousam reproduzir seus argumentos - (como ultranacionalistas que eram) afirmavam que todo livro inspirado devia necessariamente ter sido escrito em hebraico e na Palestina, concluindo muito logicamente que os ultimos escritos haviam sido compostos por Daniel - cuja profecia atribuiam erroneamente ao final do século VI - Ezequiel, Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias e Malaquias após os quais o Espírito Santo achou por bem silenciar e as comunicações cessaram em definitivo...

Eis uma declaração do Seder Olam Rabba (XXX) a respeito: "Até este tempo (o tempo de Alexandre o Grande), os profetas profetizavam mediante o Espírito Santo, a partir deste momento teus ouvidos devem ouvir somente as palavras dos sábios."
E outra do Talmud babilônico Sanhedrin (VII-VIII, 24): "Depois dos profetas Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo deixou Israel."
Para os judeus tratavasse pura e simplesmente do estádio final da divina revelação. Para os protestantes no entanto - que recebem o novo Testamento e ao mesmo tempo as frioleiras do Talmude - trata-se dum autêntico vácuo ou lacuna durante a qual Deus parou de comunicar-se por um tempo (ou seja emudeceu) para depois tornar a falar (!!!).

Nós no entanto somos orientados pelo Verbo de Deus, o qual disse: "Mas, o que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e ainda mais que profeta." Mt 11

Portanto para aqueles que recebem o Canon da septuaginta não houve lacuna ou silêncio algum mas perfeita continuidade de Malaquias a João e a Jesus, o selo dos profetas e a consumação de todas as profecias.

Muito provavelmente o Canon dos zelotas era o canon dos saduceus, dos fariseus ou dos essênios.

Quanto ao Canon dos essênios - espécie de seita ou agrupamento monástico que como os fariseus tivera seu ponto de partida no levantamento dos Chassidins durante as guerras macabaicas - somos informados pelos Drs Millar Burrows (cf Os manuscritos do Mar Morto) e Laperrousaz (cf Os manuscritos do Mar morto) que um grande número de obras consideradas apócrifas (tanto pelos protestantes quanto pelos romanistas) - em especial do livro dos jubileus (cerca de cinco manuscritos) e do Livro de Enoc (oito manuscritos) - foi encontrado nas cavernas do Khumran juntamente com os livros ora considerados como canonicos e inspirados.

Segundo Stumpf - in 'A aventura nos mistérios biblicos' Melhoramentos, 1972 pp 155 - encontrou-se também um exemplar de Tobias e outro do Eclesiástico.

Não se trata de uma ou de outra obra isolada mas duma verdadeira biblioteca apócrifa encontrada em estado de associação ou mistura com as obras atualmente consideradas canonicas tanto por judeus quanto por Cristãos.

E NÃO HA QUALQUER INDICIO DE QUE OS ESSENIOS FIZESSEM QUAISQUER DISTINÇÕES ENTRE ELAS, EXCETO PELO FATO DE QUE OS EXEMPLARES DA TORA E DOS PROFETAS POSTERIORES TEREM SIDO COPIADOS COM MAIS ESMERO, O QUE NOS LEVA A PRESUMIR QUE PARA A COMUNIDADE DO KHUMRAN A CONDIÇÃO E O NÚMERO DOS KETUVIm AINDA ERA UMA QUESTÃO EM ABERTO...

No entanto um dos manuscritos copiados com maior esmero e sujeito as mesmas técnicas sticometricas a que haviam sido submetidos os manuscritos da Lei e dos profetas pertencia justamente aquela categoria de registros que os protestantes repudiam sob a alcunha de apócrifos, o livro de Ben Sirac ou Eclesiástico.
Diante de tantas evidências só resta aos protestantes a alegação segundo a qual Saduceus e Essênios faziam parte de seitas heréticas.

Este não era certamente o ponto de vista de Josefo, que apesar de fariseu nutria uma grande admiração pelos essênios e reconhecia as prerrogativas do sacerdócio aarônico...
Em se supondo que existiram seitas verdadeiramente heréticas no seio do judaismo certamente eram compostas por fariseus, essenios e zelotes, porquanto os saduceus haviam sido comissionados pela lei divina e revestidos do sacerdócio régio e do magistério doutrinal.

XII - A quem pertencia o direito de solver a questão?


Certamente que nenhuma decisão DA SINAGOGA, tomada antes ou depois da morte de Cristo teria qualquer valor para a Igreja... na medida em que a sinagoga era uma instituição farisaica alheia a econômia escriturística centralizada no TEMPLO E NO SACERDÓCIO AARÔNICO

Segundo a Torá A AUTORIDADE DIVINA FORA ENTREGUE AO TEMPLO, AO SUMO SACERDOTE, AO URIM E AO TUMIN E AOS PADRES e não aos doutores e mestres fariseus suas sinagogas por sinal criadas no exílio e legitimadas por Ezra.

O SUMO SACERDOTE E SEU COLÉGIO DE PADRES É QUE HAVIAM SIDO COMISSIONADOS PELA LEI DIVINA com o intuito de deliberarem sobre tais questões de natureza religiosa como assevera Josefo inclusive em suas 'Antiguidades judaicas'.

ERA PORTANTO A ELE - e não aos fariseus e escribas que viveram depois de Cristo - QUE CUMPRIA EXERCER TAL INCUMBÊNCIA, ENQUANTO VIGORAVA AQUELA DISPENSAÇÃO ANTERIOR A GRAÇA DO EVANGELHO.

NÓS PORÉM NÃO POSSUIMOS QUALQUER NOTÍCIA, REFERÊNCIA OU MESMO ALUSÃO A QUALQUER MANDAMENTO OU DECRETO CANÔNICO BAIXADO PELO CLERO JUDAICO.

Não solucionada a questão do por quem era de direito - o clero aarônico (pois os fariseus e escribas não haviam sido comissionados para tanto) - julgamos que tenha permanecido em aberto ao menos até a destruição do Templo e o estabelecimento da Bet Din em Jamnia/Iabné por volta do ano 85 desta nossa era.


Averiguemos pois quais eram as dissidências religiosas existentes entre os hebreus no tempo de Nosso Senhor Jesus Cristo e qual a posicionamento de cada uma delas com relação a lista de livros canonicos e inspirados.

Tal averiguação faz-se necessária justamente porque os protestantes querem dar a entender aos Cristãos que todos os judeus do tempo de Cristo - isto é o povo Judeu - recebiam um unico e mesmo canon: o canon palestiniano dos fariseus supostamente promulgado por Esdras em nome da grande sinagoga.

Pontuemos a questão: uma coisa é falar num 'Canon dos fariseus', formado na palestina ou mesmo em Jerusalem durante o tempo do Senhor e outra falar em um 'Canon dos judeus' promulgado por Esdras e recebido tanto por Jesus quanto por seus apóstolos. Quanto a primeira hipótese concedemos de bom grado. Quanto a segunda negamos enfaticamente.
EXEMPLIFICANDO -
No tempo em que Pedro II era o Imperador Constitucional do Brasil, era-lhe facultado por direito decretar guerras e - caso deseja-se - implementar a tão acalentada 'reforma agrária'.
Hoje no entanto - ou seja após 15 de Novembro de 1889 - quem acatara as decisões de seus tetranetos caso eles venham a declarar guerra a Argentina ou determinar a implementação da reforma agrária?
O que a casa de Orleans e Bragança fazia há cem anos no gozo de seus privilegios, hoje ja não pode fazer, pois os tempos mudaram, o estado das coisas se alterou e ela veio a perder sua autoridade.
Ninguém contesta que tais leis seriam validadas e cumpridas caso tivessem sido decretadas antes da proclamação da república, após a proclamação no entanto, todo e qualquer ato político executado pelos sucessores do falecido Imperador é por assim dizer nulo e desprovido de valor.
Sucede-se o mesmo com a questão do Canon judaico.
Os protestantes teem certa razão quando argumentam que os líderes religiosos dos hebreus ou seja os sacerdotes, haviam sido revestidos da autoridade necessária para fixa-lo. O Sumo sacerdote e os principes das grandes casas sacerdotais bem poderiam te-lo feito durante aquele século que precedeu o advento do Senhor Jesus Cristo.
No entanto, caso não tenham feito uso de tal prerrogativa e fixado o Canon antes da vinda do Senhor Jesus Cristo, tal prerrogativa expirou com eles seja no momento em que regeitaram-no, no momento em que o fizeram matar ou mesmo no momento em que foram aniquilados juntamente com seu templo no ano 70 desta era.
Por não ter sido usada pelo templo tal função caducou naquele exato momento em que ele foi SUBSTITUIDO PELA IGREJA DE JESUS CRISTO COMO INSTITUIÇÃO DIVINA e não pela sinagoga daqueles que supliciaram o Senhor e sobre os quais o próprio Senhor havia dito:
"NÃO SOIS DAS MINHAS OVLEHAS." Jo 10,27
"VÓS SOIS DO DIABO QUE É O VOSSO PAI." Jo 8,44
"EU VOS CONHEÇO, NÃO TENDES O AMOR DE DEUS." Jo 5,42
Eis porque os decretos de Jamnia não podem ter valor algum aos olhos do Cristão.
Afinal não foram exarados por quem era de direito - O Sumo Sacerdote - dentro do prazo estabelecido ou seja antes do advento do Senhor.

XI - A fixação do Canon dos Ketuvim








Até que ponto há alguma base para se afirmar que o canon palestiniano dos sessenta e seis livros- A QUE CHAMAM ESDRINO - já estava definido e fixado no tempo de Cristo ou que o templo havia decretado algo a esse respeito?

Recebeu Nosso Senhor Jesus Cristo algum decreto confeccionado por Esdras ou algum mandamento fixado pelos sacerdotes com relação ao número de livros pertencentes ao Canon hebraico?

Havia já alguma unidade doutrinária por parte dos judeus a respeito do Canon dos ketuvim, quando o Salvador misericordioso principiou a anunciar a boa Nova da reconciliação?

Os protestantes respondem resolutamente que sim e que tal canon havia sido fixado por Esdras quatro séculos e meio antes do advento de Cristo. Querendo significar com isto que Jesus como bom judeu recebeu o decreto esdrino sancionando-o com sua autoridade divina e infalivel.

Demos a palavra ao expositor Antonio Gilberto - opus cit pp 56 - "Esdras presidiu a chamada grande sinagoga QUE SELECIONOU E PRESERVOU OS RÔLOS SAGRADOS, DETERMINANDO DESTA FORMA O CANON DAS ESCRITURAS DO ANTIGO TESTAMENTO... A ESDRAS É QUE SE ATRIBUI A TRÍPLICE DIVISÃO DO CANON, JA ESTUDADA."

Nós no entanto acabamos de constatar que a Torá levou cerca de cem anos para ser canonizada e em seguida que os Neviin levaram cem, mais cem, mais cinquenta anos - ou seja o dobro de tempo com relação a Torá - para serem canonizados.

O que nos leva muito naturalmente a concluir que os Ketuvim - quase tão numerosos e certamente mais extensos que as partes precedentes da Tanak - não levaram mais de trezentos ou mesmo de quatrocentos anos para serem canonizados na medida em que estavam obrigados a concordar com toda literatura canonizada anteriormente ou seja com a Torá e os Neviin...

Estamos falando numa acomodação de metade para metade do Antigo Testamento...

Assim sendo partindo de 150 a C teriamos as datas 350 ou mesmo 450 d C como as mais prováveis quanto a fixação definitiva do Canon hebraico, o qual por isso mesmo estaria aberto no Tempo de Senhor Jesus Cristo quando o templo foi desarraigado e substituido pela Igreja.

"AO TEMPO QUE A SEPTUAGINTA FOI ELABORADA A PORTA DA TORÁ E A PORTA DOS NEVIIN ESTAVAM JÁ FECHADAS. A PORTA DA TERCEIRA CATEGORIA NO ENTANTO - A DOS ESCRITOS - ESTAVA AINDA EM ABERTO. ASSIM A SEPTUAGINTA FORMOU UM CORPO RELATIVAMENTE AMORFO CONTENDO EM SI TUDO OU QUASE TUDO QUE (nós protestantes) COLOCAMOS ENTRE OS APÓCRIFOS DO ANTIGO TESTAMENTO." Larry A taylor 1999


X - Neviim ou Canon profético







É indubitável no entanto, que o cânon profético estava já fechado na primeira metade do segundo século anterior a esta nossa Era.

Do contrário - caso o canon profético ainda estivesse aberto - a profecia de Daniel escrita ou totalmente reelaborada cerca de 160 a C teria sido incorporada a ele; os hebreus no entanto adicionaram-na aos Ketuvim ou seja aos escritos, cujo Canon certamente ainda estava em aberto a essa altura (160 a C).

Ou cerca de trezentos após a morte de Ezra.

Do contrário, caso Esdras tivesse tomado a iniciativa de canonizar os profetas e escritos, os samaritanos - com os quais Jerusalem esteve em comunhão até o quarto século a C - não teriam motivo algum para rejeitar tais escritos. Da rejeição dos Neviim e Ketuvim por parte dos samaritanos inferimos que a fixação de seus canônes só foi executada após o cisma de 350 a C.

Acompanhemos o raciocínio de Antonio Gilberto: "Foi nesse tempo, ISTO É NO TEMPO DE ESDRAS, que os samaritanos foram expulsos da comunidade judaica, LEVANDO CONSIGO O PENTATEUCO, QUE É ATÉ HOJE A BÍBLIA DOS SAMARITANOS. ISTO PROVA QUE O PENTATEUCO JÁ ERA CANÔNICO."

Perfeitamente.

Mas prova igualmente que NEVIIN E KETUBIM NÃO ERAM CANÔNICOS cem anos após a Morte de Ezra, ou seja, cerca de 350 a c quando ocorreu a ruptura definitiva entre judeus e israelitas ou samaritanos.

Admitindo-se que o canon profético tenha sido fechado por volta de 200/180 a C e que o derradeiro profeta - Malaquias - tenha exercido seu oficio por volta de 430 a C somos levados a concluir que os hebreus levaram cerca de dois séculos e meio para fixar seu Canon profético.

"O CÂNON DOS PROFETAS FOI FECHADO AO TEMPO DOS MACABEUS." admite Larry A Taylor 1999

Mais do que o dobro de tempo que haviam levado para fixar o Canon mosaico ou legal do Pentateuco ou Torá.

Sabendo que os derradeiros Ketuvim - Daniel e Enoc (além de vários Salmos 'Macabaicos') - foram compostos por volta de 160 a C somos levados a nos perguntar atéque ponto e em que medida a crença protestante; segundo a qual o canon dos Ketuvim - e logo o canon da Bíblia hebraica como um todo - fora fixado por Ezra durante o quinto século a C (e portanto bem antes do nascimento de Nosso Supremo Bem Jesus Cristo), corresponde a realidade?

IX - Primeiros passos do A T: O canon legal ou mosaico (Torá)






O simples fato de que os israelitas ou samaritanos - dos quais os judeus se separaram no século IV a C - admitem a inspiração e a canonicidade da Torá e dela possuem uma versão - o Pentateuco de Abissua - ao menos quanto a essência idêntica a dos judeus leva-nos a crer que as duas facções reconheciam a Torá como inspirada e irreformável cerca de cem anos após o florescimento de Esdras.

Eis porque o pentateuco, em matéria de esmero, é a fina flor da Septuaginta, seguido pelos profetas, enquanto que a versão dos hagiógrafos ou escritos é tanto mais livre e descuidada...

Levando-se em consideração que a Torá foi canonizada cerca de cem anos após sua derradeira revisão, concluimos que sua canonização sucedeu-se bem rapidamente e isto tem uma explicação: os ensinamentos nela contidos não precisavam concordar com os ensinamentos de quaisquer registros de lavra anterior, ou seja não precisavam ser adaptados com o objetivo de virem a formar um todo coerente... (Julio A Bewer)

Quanto as profecias no entanto o processo foi bem mais complicado.

Já porque o conteúdo das mesmas devia estar em perfeito acordo e harmônia com os ensinamentos da já santificada Torá, já porque o número de registros era bem maior (Isto vale tanto para as profecias que foram canonizadas posteriormente quanto para aquelas que não foram canonizadas...)

Um tal problema de acomodação doutrinal demanda muito mais tempo para ser solucionado... (id)

VIII - Formação do Canon: um processo bastante lento













Além disso perderam-se para todo sempre inumeros registros - como o livro do Justo, as guerras do Senhor, as profecias de Natan, as profecias de Aias, as profecias de Semaias, as profecias de Addo, etc - citados como autoritativos pelas escrituras canônicas.

Trata-se-iam de obras inspiradas ou revestidas de carisma profético?

Teólogos há que elencaram diversas razões em favor da inspiração e da canonicidade de tais livros.

Para nós no entanto a questão é ociosa...

O certo é que os dez ou onze primeiros livros da escritura hebraica constituem um verdadeiro mosaico ou uma autêntica colcha de retalhos formada pela justaposição de no mínimo quatro narrativas ou melhor correções bem distintas com as inevitáveis repetições ou duplicações, a mais antiga datando do século IX ou VIII e a mais recente do século VI a C.

Até mesmo alguns registros proféticos, como o livro de Isaías, são formados por coletâneas de oraculos exarados por três ou quatro profetas que teriam vivido em épocas bem distintas.

Tantas fontes, autores, revisores, redatores, locais e épocas são suficientes para ilustrar com quanta lentidão, ao cabo de séculos, tais registros foram compostos até assumirem a forma atual.

E como não principiaram a ser escritos todos ao mesmo tempo é natural que não tenham atingido ao mesmo tempo sua forma definitiva.

Num determinado momento a parcela mais antiga, primitiva ou remota da coletânea principiou a ser encarada como santa, inspirada, infálivel e irreformavel... Convertendo-se assim em núcleo duma futura biblioteca...

Queremos dizer com isto que a formação do Canon ou da lista de livros inspirados teve de acompanhar obrigatoriamente a dinâmica formativa das próprias escrituras, passando por diversas fases ou estádios.

Aos poucos, conforme o tempo ia passando e os registros envelhecendo - a ponto de se converterem em relíquias do passado - os hebreus iam separando o que era digno de ser considerado inspirado do que não o era ou seja iam selecionando suas escrituras canônicas.


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

VII - A formação da Bíblia





A aceitação do Canon palestianiano, esdrino ou rabínico é facilmente admitida pelos nossos, sejam protestantes, ortodoxos ou mesmo romanistas, no mais das vezes devido a falta de conhecimento ou de informação sobre o assunto.


Afinal a maior parte das pessoas ainda conserva a velha imagem da Valera ou da JFA descendo inteirinha dos céus até Lutero com todos os livros prontinhos e na devida ordem, de Gênesis a Apocalipse. Aos padres e pastores é assaz interesante apresentar a Bíblia como um livro de origem miraculosa... convem a seus propósitos.


Há quem pense inclusive que tudo quanto nela esta escrito foi ditado duma vez só por Nosso Senhor Jesus Cristo aos apóstolos ou por algum apóstolo ou ainda pelo Espírito santo a algum Papa ou reformador...


Parece mesmo inconcebivel que tais crenças subsistam em pleno século XXI... todavia elas não só subsistem como servem de sustentáculo a outras tantas crenças não menos disparatadas e ridículas como a da inspiração linear e verbal ou do testemunho interno do Espírito Santo.


"Abyssus Abyssum Invocat"


Convem pois demoli-las de alto a baixo enquanto promotoras da judaização...


Tomemos por guias os mais sábios dentre nossos adversários, como José Carlos Rodrigues e Julio Bewer.


Segundo tais doutores, admitindo-se que os fragmentos mais antigos da literatura hebraica remontem ao século XII a C e que o derradeiro volume do NT - o Apocalipse - tenha sido composto por volta do centésimo ano desta nossa era, a Bíblia, ou seja o conjunto dos dois testamentos, teria levado cerca de mil e trezentos anos ou treze séculos - quase um milênio e meio - para ser composta.


No caso do Testamento antigo, teriamos cerca de setecentos anos de atividade literária, na pior das hipóteses ou cerca de mil anos caso nossa opinião esteja correta.


De um modo ou de outro trata-se de um tempo considerável.


Por outro lado se considerar-mos o número de fontes e escritores que tomaram parte em sua elaboração teremos diante de nós outra centena de nomes bastante arrevezadinhos, sobre os quais em sua maior parte nada sabemos de positivo.


"A Bíblia não é livro escrito por uma pessoa, mas por muitas." Strabeli in 'Bíblia perguntas que o povo faz' Paulinas pp 11


"É fruto de mutirão prolongado de povo." Carlos Mesters, 'Flor sem defesa', Vozes; 1983 pp 15


"Estes sessenta e seis livros foram escritos num periodo de 16 séculos, POR CERCA DE QUARENTA ESCRITORES DIFERENTES." Antonio Gilberto, 'A bíblia através dos séculos' CPAD. pp 19


As localidades em que foi composta também são bastante distintas, a principiar por Moisés, o qual se de fato escreveu alguma coisa - o Decalogo - escreveu-a nos desertos do Egito ou da Arábia e a terminar por Esdras e Neemias que certamente escreveram alguma coisa na Pérsia, em Susa muito provavelmente...


Ora do Egito a Pérsia vai uma longa distância não só geográfica como social.


Podemos pois conceituar a 'Bíblia' como um registro escrito por diversos autores em épocas diferentes e logares distintos.


O que implica necessariamente numa ampla diversidade de expressões e gêneros literários.


Não se trata pois de um texto ditado da primeira a última palavra a cabo de algumas horas...


Mas de um volume bastante complexo tanto em sua gênese formativa quanto em seu desenvolvimento e acabamento.


Pois durante todo processo inumeras fontes e documentos foram amalgamados, associados, justapostos e revisados por vários redatores conforme a evolução mesma do pensamento religioso sem excluir o influxo das idelogias predominantes em cada contexto.


A ponto de podermos falar num caldeirão cultural.


Aos fundamentalistas não agrada nem um pouquinho a possibilidade de que a 'palavra de deus' tenha passado por diversas revisões já porque a simples idéia de revisão ou de correção acentua demasiadamente o cárater humano, precário e imperfeito de tais registros.


Afinal quem ousaria corrigir uma obra divina ou revisar um escrito inspirado e infalivel?


Também não lhes agrada o termo complexidade, pois desde os tempos de Lutero o imaginário protestante vem acalentando - contra a experiência multisecular da Igreja - a idéia de que a Bíblia é um livro de fácil comprenssão.


Boettner afirma que é vezo da Igreja romana apresentar a Bíblia como sendo um livro misterioso com o intuito de assustar o povo. (pp 87)


No entanto um livro composto por tantas pessoas, em tantos lugares, épocas, culturas e circunstâncias diferentes não pode ser considerado como algo tão simples quanto "O pequeno principe" ou o "Menino do dedo verde"...


E olha que conheço estudantes para os quais ambas as obras são de díficil compreenssão...


Os judeus no entanto postulam que Esdras e os homens da grande sinagoga reescreveram por completo as memórias dos pais após o exílio, porquanto haviam sido destruidas em sua maior parte pelos infiéis.


Por sorte naquelas priscas eras alguns sacerdotes - como Esdras - haviam logrado decorar tais escritos, completando todas as lacunas de memória...


Sabemos no entanto que a memória humana é traiçoeira e falivel...


"A memória é fraca mas a tinta é forte." diz o provérbio chinês


O certo porém é que quando Esdras veio ao mundo os registros judaicos vinham sendo revisados ja há muitos séculos.


E que as fontes mais antigas - donde haviam sido extradidos os canticos de Moisés, Maria, Débora e David por exemplo - estavam já irremediavelmente perdidas, salvo alguns fragmentos citados pelos autores da Tanak.




VI - O Fiasco do inspiracionismo...







Damos pois por certo e por absolutamente certo que o Canon palestianiano do Velho Testamento vigora entre os protestantes por pura e simples tradição, alias por tradição humana procedente de Karlstadt, Lonicer e Calvino, os quais por sua vez apoiaram-se - como veremos a contento - nas tradições sacrílegas daqueles mesmos fariseus e escribas que cravaram no alto da cruz o autor da vida e da graça.

EIS AS AUTÊNTICAS E VERDADEIRAS TRADIÇÕES HUMANAS ORIUNDAS DA SINAGOGA!!!

A História mesma do protestantismo é a primeira a depor contra a tal doutrina do Testemunho interno do Espírito Santo já porque os reformadores desconsideraram inumeros livros atualmente admitidos como canônicos por nossos protestantes.

Lutero por exemplo declarou ser o inimigo número um do livro de Ester e vivia repetindo que gostaria de ve-lo 'lançado ao Elba' pois esta "Todo cheio de judaismo e insolência pagã."

"SOU INIMIGO DECLARADO DESTE LIVRO E DESEJARIA QUE JAMAIS TIVESSE SIDO ESCRITO." desabafa por fim no 'Cativeiro da vontade'

A respeito do livro de Jonas seu parecer não foi lá muito diferente: "A história de Jonas é tão monstruosa que é absolutamente incrível." in Conversações a Mesa LX, Sec. 10

Quanto ao Moisés, tão idolatrado pelos fanaticos, Lutero estigmatizo-o com as seguintes palavras: "Não aceitamos o tal Moisés, ele só é bom para os judeus. Não nos foi enviado por Deus." id 356

Ja quanto ao Novo Testamento repúdiou - dentre outros - o Apocalipse afirmando que: "Não me interesso por tal livro. E uma só razão basta para me desviar dele: Jesus Cristo aí não é nem adorado nem explicado tal como o conhecemos." & "Ele nada sabe sobre meu Senhor Jesus Cristo." & ainda: "Nele - no Apocalipse - não percebo qualquer vestígio da presença do Espírito Santo" in praef a Biblia ed de 1522

Sobre a Epístola de Judas emitiu este juizo: "Contem fábulas e citações que não se encontram na Escritura."

Sobre Hebreus assim se exprime nosso homem: "Isto não é de Paulo nem de qualquer apóstolo." Lutherbibel Praef in Hebr

Já a Epistola de Tiago não passava duma "Epistola de palha" por contrariar sua crença solifideista.

Sobrou até mesmo para o apóstolo cuja epistola endereçada a Filemon "Trata de um assunto que nada tem a ver com nossa salvação."

Isto porque recebeu o Testemunho do Espírito Santo...

Ou não???

Quanto a Calvino é evidente que não tomava o Apocalipse por inspirado uma vez que planejou e determinou - como de fato executou comentar todos os livros do Novo Testamento. Dando tais comentários por encerrados muito antes de vir a morrer.

Acontece que nosso homem jamais comentou o Apocalipse...

Ah - atalham os calvinistas - mas ele citou-o algumas vezes nas 'Institutas' 

SIM CITOU-O DE FATO, COMO CITARÁ TAMBÉM DIVERSOS REGISTROS DEUTEROCANÔNICOS, OS QUAIS TINHA EM CONTA DE APÓCRIFOS E ISENTOS DE INSPIRAÇÃO. O QUE CALVINO JAMAIS FEZ NO ENTANTO FOI CITAR TAIS OBRAS COMO PARTE DAS ESCRITURAS, SERVINDO-SE DA EXPRESSÃO CONSAGRADA: 'ESTA ESCRITO'

POIS BEM ELE JAMAIS SE REFERE AO APOCALIPSE ANTEPONDO A EXPRESSÃO: ESTA ESCRITO. 

De fato Calvino também não se deu ao trabalho de comentar a segunda e a terceira epístolas de S João, a respeito de cuja canonicidade ousou duvidar...

Conclusão: Calvino questionava até certo ponto o cárater inspirado de três livros do Novo testamento: AS DUAS ÚLTIMAS EPÍSTOLAS DE S JOÃO E O APOCALIPSE.


Isto porque recebeu o Testemunho do Espírito Santo...

Ou não???

Quanto a Zwinglio conhecidas são suas prevenções no que diz respeito ao Apocalipse.

Será que o Espírito Santo brinca com as pessoas esclarecendo-as sobre um ponto de doutrina e permitindo que resvalem nos erros mais escabrosos sobre os demais pontos???

Francamente não sei que espirito santo ou melhor que reforma é esta que atraiçoa os ensinamentos de seu próprio autor a menos que ele - Lutero - tenha atraiçoado os ensinamentos genuinamente cristãos como o Canon do Novo Testamento, sempre mantido, guardado e reverenciado pela ortodoxia...

Calvino por sua vez levantou algumas dúvidas quanto a primeira e a segunda epistolas atribuidas a S João e jamais comentou o Apocalipse...

Eichorn regeitou a canonicidade de Daniel, Jonas, II Timóteo e Tito.

O Dr Whiston repudiou Cantares mas asseverou a canonicidade dos Padres Apostólicos, apoiado pelo Dr Wake.

Já o Dr Davidson partilhava da mesma opinião que Lutero sobre o livro de Ester...

Diante de tantas variações da respeito do Canon somos levados a nos perguntar sobre quem recebeu o testemunho do Espirito Santo?

Se os reformadores ou seus sucessores, se os protestantes de ontem ou os de hoje, se Lutero ou Calvino, Eichorn ou Whiston, Whiston ou Davidson???




Conclusão:


Só nos resta concluir que nem uns nem outros receberam tal testemunho ( do contrário seriam unissonos ) e que o problema do Canon deve ser elucidado histórica e racionalmente a partir das fontes que nos foram legadas pela sinagoga e sobretudo da tradição da Igreja.


?UMA PERGUNTA IMPERTINENTE?

Cabe aqui uma pergunta crucial com que todo Ortodoxo instruído deveria atalhar os protestantes:

AMIGO PROTESTANTE SE SEUS REFORMADORES, MESTRES E LÍDERES FALHARAM REDONDAMENTE NO QUE DIZ RESPEITO AO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO - como Hebreus, Judas e Tiago (Livros que vocês tem em suas Bíblias e que sabem corresponder a palavras dos apóstolos de Deus) - POR QUE ACREDITAM QUE ELES ACERTARAM AO DETERMINAR O CÂNON ESDRINO DO ANTIGO TESTAMENTO???


POR QUE TERIAM SIDO AJUDADOS POR DEUS QUANTO AO MÍNIMO: O CÂNON JUDAÍCO QUE VOCÊS PROTESTANTES ADOTARAM E COMPLETAMENTE DESAMPARADOS QUANTO AO MÁXIMO: O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO DE JESUS CRISTO???

RAZÃO ASSISTE AO ORTODOXO PARA ALARDEAR: SE VOSSOS REFORMADORES EQUIVOCARAM-SE A RESPEITO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO - REPUDIANDO LIVROS QUE HOJE VOCÊS ACOLHEM COMO INSPIRADOS - BEM PODERIAM TER SE EQUIVOCADO QUANTO AO CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO. ENTÃO TEMOS BOAS RAZÕES PARA NÃO ACOMPANHA-LOS!!!

V - Desafio lançado: inspiracionismo desmascarado



Como ex protestante que somos não hexitamos em lançar mais um desafio aos pastores e profetas de plantão. Na certeza de poder desmascara-los publicamente e de lançar o opróbrio sobre suas cabeças, como sói fazer aqueles que ultrajam o Senhor atribuindo a ele seus pensamentos e palavras insensatas.


Eles afirmam serem capazes de distinguir perfeitamente os livros uns dos outros mas a verdade é bem outra...


Pois embora aleguem sentir dentro de si mesmos o testemunho do Espírito Santo sobre o Canon judaico é certo que já lho recebem prontinho, feito e acabado das mãos do pastor no momento em que este presenteia-os com alguma versão protestante, seja a Almeida, a Valera ou a TNM. Depois de ter em mãos qualquer uma dessas versões fica bastante fácil alegar que o Espírito Santo testemunha a favor delas...


Na verdade a questão jamais é deixada ao arbítrio de cada crente na medida em que o canon palestianiano é imposto autoritativamente pelo pastor ou pela seita ou pela editora... de modo que o juizo do 'espírito santo' faz-se sempre a posteriori, jamais a priori...






Passemos a demonstração (pondo a prova todo e qualquer espirito!)






Se alguém dúvida do que falamos, nós o convidamos e a tudo que é pastor e teólogo reformado, para um teste muito simples: Tomemos diversos capítulos e sessões tanto dos livros pertencentes ao Canon palestiniano quanto dos livros pertencentes a Septuaginta e omitindo-lhes o título e a origem submeta-mo-los ao juizo dos protestantes recém convertidos e inexperientes no que diz respeito a leitura da Bíblia, para ver se de fato o Espírito Santo auxilia-os a distinguirem os textos inspirados e canonicos (do canon palestianiano) dos não inspirados... Nem será preciso recorrer ao hebraico ou ao aramaico... (o hebraico ou aramaico reservamos aos pastores rsrsrsrs)



Em se tratando mesmo de uma moção sobrenatural do Espírito Santo os sectários adeptos do Canon palestiniano deveriam passar logo a demonstração...



Algum Pastor de plantão esta disposto a aceitar nosso repto??? Heim, Heim, Heim...



Nós no entanto sabemos que tal demonstração seria um fiasco na medida em que os recem convertidos acabariam regeitando diversos trechos - inspirados - do canon palestianiano e admitindo a inspiração de diversos trechos extraidos da Septuaginta ou mesmo do livro de Mórmon - caso fosse inserido na prova - evidenciando cabalmente que o tal 'testemunho interno' do Espírito Santo não passa de balela ou xaropada...



Pois só funciona após o catecumeno ter recebido o canon palestianiano das mãos do pastor e consequentemente devido a autoridade do pastor que como sabemos é ilegítima para não dizermos inepta como se sucede mormente entre nós brasileiros...

Ajuntemos no entanto outra 'palhinha' contra o critério da evidência interna.

"... MESMO APÓS ALGUNS ELOGIOS FEITOS PELOS CALVINISTAS A LUTERO NUM DE SEUS SÍNODOS NACIONAIS OS LUTERANOS NÃO PUDERAM NEGAR QUE NÃO CONTAVAM A ELES CALVINISTAS ENTRE O NÚMERO DOS VERDADEIROS FIÉIS PELO SIMPLES FATO DE QUE RECEBIAM COMO INSPIRADOS ALGUNS LIVROS - Tiago, Hebreus e Apocalipse - QUE ELES, LUTERANOS, REPUDIAVAM."

ASSIM NA BÍBLIA LUTERANA DE HAMBOURG, EDITADA EM 1596, HEBREUS, TIAGO, JUDAS E O APOCALIPSE SÃO ASSINALADOS PELOS LUTERANOS COMO APÓCRIFOS!!!

NA BÍBLIA SUECA DE 1618, OS REGISTROS ACIMA CITADOS SÃO CLASSIFICADOS COMO APÓCRIFOS DO NOVO TESTAMENTO CLASSIFICAÇÃO QUE VIGOROU ENTRE O POVO LUTERANO POR MAIS DE SÉCULO!!!

Enquanto Luteranos e Calvinistas mimoseavam uns aos outros com o título de heréticos Beza e Calvino esforçavam-se inutilmente para convencer um ao outro a respeito do último capítulo do Evangelho de João; pois enquanto um reputava-o por divino e inspirado o outro negava insistentemente... APESAR DO TAL TESTEMUNHO INTERNO DO ESPÍRITO SANTO...