Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Ortodoxia e protestantismo: aceitar ou não a controvérsia. 01 A melhor propaganda religiosa

Neste artigo o amigo leitor encontrará os seguintes tópicos:
  1. Qual a propaganda religiosa mais excelente?
  2. Anunciando com a vida!
  3. O mau uso da controvérsia religiosa
  4. Capacite-se para defender sua fé!
  5. Pela controvérsia discreta...
  6. A astúcia dos ministros protestantes!
  7. A arrogância dos falsos mestres.
  8. 'Libertando' para escravizar






Ortodoxia, aceitar ou não a controvérsia?
Qual a propaganda religiosa mais excelente?

Que devemos nós, filhos da Ortodoxia e legatários da verdade, fazer quando um protestante qualquer aproxima-se de nós com o intuito de ministrar ensinamentos religiosos e exercer proselitismo?

A resposta para esta pergunta dependerá antes de tudo das circunstâncias, da condição intelectual, da capacidade ou do preparo de cada um.

Evidentemente que não devemos ativar ou provocar qualquer tipo de controvérsia como fazem por vezes os romanos e via de regra os protestantes.

Nada mais deplorável do que sair pelas ruas e praças parando os desconhecidos e indagando qual seja a religião deles com o objetivo de ataca-la. O simples ato de abordar um estranho qualquer por ai com o objetivo de interroga-lo a respeito de suas convicções religiosas basta para denotar má educação. 

Em tais casos é mais do que suficiente despachar os intrometidos declarando que tais assuntos são de natureza íntima ou particular, daqueles que se discute entre as quatro paredes do lar com os parentes e amigos apenas e não com estranhos.

No entanto, mesmo em tais casos, é melhor e mais excelente não ativar qualquer tipo de controvérsia com o intuito de carrear prosélitos.

Pois evangelizar é acima de tudo e antes de tudo praticar e viver a simplicidade do Evangelho dando bom testemunho de Cristo e observando todas as práticas da Igreja.

Assim dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os encarcerados, acolher os que não teem teto, etc é e sempre será a maneira mais eficiente de anunciar a verdade. Melhor exercer discretamente algum tipo de voluntariado, apoiando concretamente qualquer instituição voltada para a promoção humana do que sair gritando pelas ruas com o catecismo em mãos!

O testemunho da caridade viva e fé operante é anuncio suficiente e perfeito para o Evangelho e posto a cada um de nós... Se você ortodoxo buscar viver o Evangelho integralmente ou em sua plenitude estará anunciando Jesus Cristo da maneira mais excelente ainda que sua compreensão da doutrina seja limitada.

Busque ser sempre justo, fiel, verdadeiro, tolerante, amistoso, jovial, bondoso e compassivo e estarás apresentando o Mestre Jesus com tua vida. Deixe Jesus habitar e viver em ti por meio da abundância de obras virtuosas e teu testemunho não passará desapercebidamente.

Por outro lado se anuncias apenas com a boca, os lábios e as palavras, se mostras amplo e perfeito conhecimento da fé, se polemizas habilmente MAS NÃO VIVES O EVANGELHO, temo que este teu apostolado seja vão e posto apenas para enaltecer o ego.

Aquele que tudo vê em segredo conhece teu orgulho, tua vaidade, tua ambição... te desejo de brilhar aos olhos dos homens, e... 








Melhor maneira de anunciar o Evangelho, com a vida!

Louvada é a paciência do publicano e não sua perícia escriturística. Exaltado o arrependimento sincero de Zaqueu e não sua habilidade teológica. Glorificada a confiança do centurião romano e não seus dotes hermenêuticos...

A Virgem Santa NÃO foi dito pelo Espírito de profecia: Bem aventurada és porque conheces profundamente os mistérios da religião ou da Bíblia; MAS: Bem aventurada és tu que acreditastes na promessa que te foi feita!

Não é pela habilidade com que se disputa em torno dos textos sagrados que seremos julgados mas por nosso posicionamento com relação aos outros. (Mt cap 25)

Não é pela perícia nas escrituras que seremos reconhecidos como discípulos de Cristo mas pelo exercício do amor fraterno. (Jo 13,35)

Não é em função de nossa ciência teológicas que obteremos o título de filhos de Deus mas de nossa recusa em pecar (I Jo 3,9)


A falsa religião confunde a tolerância com a incredulidade e semeia o ódio em  nome de Cristo!



As vãs controvérsias a serviço do ódio!

Dar vezo e seguimento a disputas e controvérsias de caráter público e improvisado é quase sempre inútil, contraproducente e pernicioso na medida em que alimenta apenas a incredulidade de uns e a vaidade de outros, o que em nada edifica a verdadeira piedade. Já foi dito que o azedume romano/protestante é matriz do ceticismo religioso predominante em toda esta parte do mundo e temo que seja verdade.

Uns e outros estando mal orientados colocaram a verdade acima do homem, do amor e da virtude. Coisa excelente e nobre é a verdade, mas quando em seu lugar. A verdade para ser santa deve estar em conexão hierárquica com o amor - que é o dom supremo! I Cor 13,13 - posta a serviço do bem e da justiça e e voltada para a dignidade do homem.

Deverá persuadir o homem e encanta-lo. Mas para encaminha-lo a justiça, ao bem e ao amor!

Protestantes e romanos no entanto mentiram, mataram, roubaram, feriram, trairam e cometeram toda sorte de injustiças em nome da verdade. E assim procedendo mais profanaram-na do que honraram-na.

Então que a verdade jamais nos sirva de pretexto para cometer o mal, i é, para oprimir, excluir, odiar, menosprezar, etc

Tampouco foram os cismáticos, heréticos, infiéis e pagãos que desejam viver em paz e harmonia conosco excluídos do mandamento do amor e do direito  serem respeitados.

Basta dizer que o Samaritano cismático foi classificado como Bom pelo divino Mestre, e o judeu 'ortodoxo' classificado como mau, apesar da exatidão de sua fé e de seu apego a verdade.

Assim em nada nos aproveitaria ser Ortodoxos e maus. E mais nos valeria ser protestantes, honestamente equivocados e bons.

Devemos antes de tudo ser bons, honestos, virtuosos, idôneos, nobres, excelentes, etc e em seguida buscar a correção da fé.

Caso sejamos odiosos e ímpios não nos protegerá a correção da fé. Preservem-nos os céus de tão supersticiosa crença.

Nada, absolutamente nada exime o Cristão de ser bom, menos ainda a posse da verdade. Antes a posse da verdade deveria tornar-nos agradecidos e o sentimentos de gratidão tornar-nos mais humanos, mais solidários, mais benevolentes e aproximar-nos da perfeição.



Se aspira defender a fé principie reservando algum tempo ao estudo do Evangelho e da Tradição da Igreja! Pois ninguém que vai a guerra segue desarmado!

Quando falar sobre a fé????


Chegados a este ponto é bastante possível que o leitor benevolente esteja já a perguntar-se: Então jamais me será lícito anunciar a Ortodoxia ou falar sobre minha fé???

Muito pelo contrário querido leitor, sempre que houver alguma oportunidade tens o dever de anunciar tua fé.

Mas o que é oportunidade, e quando surge?

A oportunidade para anunciar a fé surgirá sempre que algum parente, amigo ou até conhecido mostrar-se interessado por ela a ponto de interrogar-te.

Sempre que interrogado pelas pessoas certas, no local certo e nas circunstâncias certas terás ocasião de encaminhar as pessoas a fé Ortodoxa.

Não nas ruas, apressadamente a estranhos.

Mas aqueles que te conhecem e admiram as tuas qualidades pessoais.

O quais sempre poderão indagar a respeito dos motivos porque procedes assim e assado...

Diante disto sempre poderás responder que assim procedes fundamentado em tuas crenças religiosas, e se teu interlocutor mostrar-se interessado, ai então, expô-las.

Esta evangelização feita no recôndito do lar e provocada pela admiração piedosa, sempre que surgir alguma oportunidade, poderás enceta-la.



Pois é coisa de homem prudente que não espalha as pérolas da verdade entre os porcos e não coisa de fariseus que gritam pelas praças a toque de trombeta.


A questão da controvérsia pública, da polêmica, do diálogo inter religioso.


Agora se apesar disto alguém ainda aspira polemizar ou vindicar a fé quando publicamente atacada pelos heréticos olhe antes para dentro de si mesmo, consulte seu coração e pergunte se é levado a faze-lo por piedade ou vanglória, isto é, para promover-se diante dos outros.

Satisfeito este critério, que é o mais importante, passemos ao seguinte:

Em se tratando de alguém que por máxima falta de tempo e ocupações cotidianas conhece apenas os rudimentos da fé, é aconselhável recusar toda e qualquer discussão com os protestantesCumpre assim rechaçar, com caridade e firmeza a toda e qualquer solicitação da parte deles.

Pois o mesmo Mestre dileto que diz: "Sede amigos como as pombas" diz também "SEDE PRUDENTE COMO AS SERPENTES."

E em se tratando da fé, da verdade e da condição espiritual no além túmulo, há que se ser muito prudente, muito cauteloso. Imitemos pois as serpentes e esgueire-mo-nos por outros caminhos... Recusando-nos a polêmica.



Afinal, pergunta o mesmo Senhor: Quem é que vai a guerra sem aparelhar-se tomando boas armas, couraça, cavalos, carros, e tudo quanto é necessário para o combate?

Seria louco ou idiota quem saísse a guerra sem tais apetrechos. Como mostra-se louco quem sai a polemizar sem sólidos conhecimentos sobre a matéria em questão. Suba pois o homem simples as muralhas, encerre-se na cidadela, refugie-se no castelo e não ouse combater que melhor armado esteja!



Caso não esteja bem preparado recuse-se a discutir sobre sua fé!




Habilidades dos ministros protestantes


Quando não estamos muito bem preparados para resistir-lhes, vindicando nossa fé, a prudência obriga-nos a recuar ou 'fugir'... No campo sagrado da fé não deve haver espaço algum para a temeridade.

Suba pois o homem simples as muralhas, encerre-se na cidadela, refugie-se no castelo e não ouse combater quem melhor armado esteja!

Mesmo porque a maior parte dos sectários são especialmente treinados com o objetivo de confundir os adeptos dos demais credos religiosos, em especial os papistas e por extensão, os ortodoxos.

São exercitados na arte de vencer debates a qualquer custo... Segundo a cartilha do velho Schoepenhauer.

Bastante escolados, os missionários protestantes possuem, adrede reservado, imenso arsenal de passagens bíblicas em geral extraídas, sem qualquer critério, de diversas partes da Escritura; algumas por sinal pessimamente traduzidas e quase sempre fora do contexto. Nem é preciso dizer que em sua luta contra a Igreja de Cristo dão preferência aos textos hebraicos, tomados ao antigo testamento; os quais por sua natureza permanecem alheios as decorrências da Encarnação!

Lançadas contra estudiosos não passam de artilharia inócua e incapaz de produzir o mínimo efeito, sequer provocam ferimentos leves. Produzem no entanto muito barulho, perfeitamente capaz de assustar os simples e indoutos.




A arrogância dos missionários protestantes


Por outro lado, parte desses homens, encarando a si mesmos como inspirados e pregoeiros infalíveis da verdade divina não estão nem um pouco dispostos a ouvir as razões alheias, dialogar, compreender, debater, aprender, etc Mas apenas em salvar nossas pobres almas das garras do rabudo, em dar-nos aulas, oferecer-nos cursos e ensinar-nos.

Não vos enganeis, caríssimos irmãos e irmãs, pois a maior parte dos 'novos apóstolos' que batem a vossas portas ou que gritam em nossas praças não estão dispostos a escutar-vis mas apenas e tão somente a falar ou seja a doutrinar-vos e obter vossa adesão filial. Tudo quanto querem e esperam é promover vossa apostasia e incutir-vos ódio a Igreja antiga cujo caráter supinamente ignoram, recorrendo amiúde a boatos, calúnias, meias verdades, etc

Tem a si mesmos em conta de salvadores e a nós em conta de desgarrados ou perdidos... Pondo-se numa posição de SUPERIORIDADE e arvorando-se em Mestres. 

Sendo assim como pode haver diálogo???

Se encaram a vós como alunos ignorantes e a si mesmos como professores que tudo sabem???

Mesmo sem terem sido escolhidos e comissionados para anunciar a verdade aproximam-se de nós com o intuito de impo-la.

Agora não vejo porque aquele que ensina também não possa aprender e não penso Jesus como mestre da arrogância.

Para eles no entanto aprender com o outro é sempre IMPOSSÍVEL.

Deveis recebe-los???

De modo algum.

E por que?

Porque vivendo dois mil anos depois não foram enviados ou comissionados por Jesus Cristo, remontando o início de sua atividade a 1521, quando passaram a ler o Evangelho a moda de Lutero e a encarar a si mesmos como apóstolos (!!!).

Apóstolos cujos nomes não lemos no Evangelho.

Que todos eles procedam de Lutero, o próprio Lutero reconhece-o:

"É de Lutero que provém Thomas Munzer, os camponeses rebelados, os anabatistas e os sacramentários." Lutero 'Tischreden' Ed Montaigne 1932 pp 90




Seu fanatismo e incoerência

E o que este protestante vem ensinar-vos - Logo ele que não ousa duvidar da JFA! Quanto mais da Bíblia ou da inspiração plenária!!! - é a duvidar da Igreja antiga, repudiar sua fé e odiar a tradição.

Considerai no entanto e antes de tudo que este mesmo protestante que vos incita a duvidar dos ensinamentos ministrados pela mãe Igreja, JAMAIS questiona ou põe em dúvida, por um instante sequer, as interpretações fornecidas por Lutero ou os ensinamentos ministrados pelo pastor analfabeto da seita a que pertence. Ele não nos vem tirar a fé, mas substitui-la por outra bem menos qualificada! 

Para ele a simples ideia da dúvida irreligiosa corresponde a uma sugestão diabólica ou a uma tentação infernal... Não, ele não examina e nem duvida verdadeiramente mas passivamente recebe, mecanicamente reproduz e servilmente transmite as tradições legadas pelos carniceiros: Lutero, Calvino, Zwinglio, et aliae

Assim a dúvida é boa para os episcopais mas não para eles bíblicos; para nós é divina, para eles diabólica!

Ele roga que coloqueis a Igreja histórica de Jesus Cristo a prova e que dela duvideis até perder toda fé; enquanto ele, nem mesmo em sonhos, ousa duvidar do quanto é ensinado pelo 'líder' ou chefe; vidente ou profeta, pastor ou mestre. Ele classifica vossas tradições como ímpias e segue outras tantas tradições. Ele qualifica vossos líderes como ineptos mas recebe o significado da escritura 'sicut' 'Magister dixit'.



segunda-feira, 23 de maio de 2016

1c - De pentecostal a Ortodoxo: TESTEMUNHO PESSOAL > Os dois lados da moeda

  1. Minha conversão a Igreja romana
  2. De como encontrei-me no papismo
  3. O erro fundamental do protestantismo
  4. Benefícios de minha conversão ao papismo
  5. Nosso apostolado
  6. Primeiro contato com o espiritismo
  7. Mais uma crise de fé
  8. Meu encontro com a Ortodoxia
  9. Nossas fontes
  10. Amar as pessoas e odiar seus erros






Minha conversão a igreja romana

Dia raiou no entanto, em que circunstâncias até certo ponto similares as que haviam levado minha bisavó a conduzir minha avó até o salão da CCB, levaram minha mãe a conduzir-me a uma cerimônia papista aqui na Matriz de nossa cidade.

Isto porque, após ter passado por terrível choque emocional, encontrava-me sob o jugo mortal da depressão, definhando dia após dia e com a saúde física já um tanto abalada. Diante disto algumas senhoras católicas amigas da família insistiram para que minha mãe fosse comigo a uma Missa.

Apesar de criada no protestantismo minha mãe consentiu em enviar-me aquela missa esperando que disto resultasse o fim de minha depressão.

De fato, mal se deu meu primeiro contato com o papismo ou com as formas do Catolicismo que ainda subsistiam nele e sofri um choque grande choque espiritual...

Pois ali tudo era radicalmente diverso do quanto eu havia visto e experimentado na CCB ou na Add.




As paredes achavam-se adornadas com belíssimos painéis de figuras coloridas destinadas a agradar a vista...



O indumentária do oficiante não era apenas distinta das vestes que caracterizavam a assistência mas bordada com habilidade e capricho.



Ali não havia gritos, achaques ou tremeliques mas momentos de reflexão e silêncio.

Todos se serviam de livrinhos e respondiam da mesma maneira as exortações do oficiante havendo a mais perfeita ordem e sobriedade. Até os gestos eram coordenados de modo que as pessoas ajoelhavam e levantavam simultaneamente.




O oficiante destacava-se pela reverência com que de instante a instante erguia os olhos para o alto, juntava as mãos em prece ou estendia-as para o alto, curvava-se, ajoelhava-se...



O cheiro do incenso, os adornos florais e as luzes dos círios tudo enfim contribuía para criar uma atmosfera de mistério e recato como eu jamais havia visto até então.

Havia nos elementos materiais e gestos, em cada detalhe, uma linguagem simbólica pela qual eu sempre aspirara sem no entanto poder definir.

Em sua aquele primeiro contato com a tradição espiritual do papismo pode ser definido como um deslumbramento.



Exatamente como a heresiarca Ellen G White registrará no 'Grande conflito':

"O serviço religioso da igreja romana é um cerimonial assaz impressionante. O brilho de sua ostentação e a solenidade de seus ritos fascinam os sentidos do povo... Os olhos ficam como que encantados. Igrejas magníficas, imponentes procissões, altares de ouro, relicários com pedras preciosas, quadros finos e esculturas refinadas apelam para o amor ao belo. O ouvido também é cativado. A música é inexcedível. As belas e graves notas do órgão, misturando-se a melodia de muitas vozes assomando por elevadas abóbodas e naves ornamentadas pelas colunas marmóreas das grandes catedrais não podem deixar de impressionar a mente com profundo respeito e piedade... a pompa e solenidade do culto Católico tem um sedutor e fascinante poder... e muitos chegam a encara-la como a própria porta dos céus." in "O conflito dos séculos" 1921 p 614 sg


O protestantismo no entanto, como a mesma autora dá a compreender, por não contemplar a demanda estética posta pelo belo, é uma fé incompleta ou mutilada. Os protestantes em paroxismos de ódio chegaram inclusive a erguer suas mãos contra as obras de arte produzidas pela igreja romana... afinal, é típico do homem  vulgar destruir tudo quando sua mente rasteira é incapaz de compreender.

É feio o protestantismo por ser platônico ou maniqueu e estar voltado apenas e tão somente para as necessidades do espírito puro e descarnado. Mas não somos anjos, somos homens cujo corpo físico de carne e osso foi idealizado pelo próprio Deus e cujo próprio Deus assumiu natureza física e carnal em Jesus Cristo. Sendo assim as prevenções protestantes contra o corpo e a matéria de modo algum se justificam...

Em mim no entanto, a dimensão artística da Igreja despertou uma sensação imediata de pertencimento, como se alguém me dissesse: Eis o teu lugar, tu o encontraste finalmente! Chegaste a terra da promissão!

Consequentemente tornou-se demasiado fácil minha reconciliação com o Senhor Jesus Cristo.

E num piscar de olhos - como Paul Claudel ou Afonso de Ratisbona - fiz-me papista devotado...

E aquele que um dia tratará por 'carpinteiro nazareno' passei a tratar por'Verbo encarnado', pedagogo, médico e pastor do gênero humano...







De como encontrei-me no papismo



Após o inferno do livre exame e o purgatório da divisão, como diz o Pe Duboischegara ao paraíso da verdade Una por via da tradição apostólica, vinculo da unidade e da paz.


Até aqui narrei minuciosamente tudo quanto se sucedera por
considerar minha adesão ao papismo como evento de significado crucial em minha vida. Sem ela jamais teria chegado até onde cheguei pois corresponde a um primeiro passo na direção da Ortodoxia, da filosofia grega, do espírito científico, da praxis socialista, etc e de tudo quanto comporta minha visão de mundo.

A partir daqui serei mais sumário ou suscinto.

Posteriormente encetei estudos no âmbito da teologia, a qual se me apresentou - face aos devaneios pentecostais - como um todo coerente, orgânico, sistemático e capaz de satisfazer as mais rigorosas expectativas postas pelo intelecto.

Desde a mais tenra idade, como já disse, jamais lograra compreender ou assimilar o insopitável desprezo votado pelos protestantes a Santa Virgem Mãe de Jesus... Tampouco agradavam-me as repetidas e infinitas discussões a respeito do batismo, da eucaristia, do livre arbítrio, etc

Discussões que jamais levavam a qualquer lugar e não passavam de batalhas ou contendas teológicas em que citações serviam como apetrechos a serem assestados contra os que acreditavam ou interpretavam de modo diverso.

Aqui o pântano tenebroso do solipsismo crasso... apresentado como santuário da verdade pelos apologistas e advogados do sistema protestante. Não havia concórdia, harmonia, unidade ou paz!

Após ter comido as bolotas do protestantismo, torno a casa paterna!





De como vim a constatar o erro fundamental do protestantismo


Foi assim que após ter percebido os pontos fracos da doutrina, cheguei a conclusão de que o calcanhar de Aquiles responsável por converter a 'igreja'  fundada por Lutero numa autêntica casa de Orates ou como dizemos 'da sogra' fora o princípio comum do Biblismo associado ao livre examinismo.

Eis porque nesta casa todos gritam e ninguém manda ou manda quem pode mais - ou seja quem tem pão ou ferro - como no caso daqueles heresiarcas que obtiveram o apoio do Estado com o propósito de intimidar ou eliminar seus rivais. Por 'rivais' devemos compreender aqueles que em nome da 'liberdade' ousavam discordar das sentenças e decretos jactanciosos daqueles, que com auxílio do braço secular, pretendiam impor uma uniformidade fictícia em torno de interpretações autorizadas... Repudiando na prática o fundamento ou princípio do livre exame, ora apresentado como monopólio de alguns privilegiados (Lutero, Calvino, Zwinglio) e não mais como direito 'líquido e certo' de cada cristão...

Disto resultou, quase que de imediato, a formação de novas 'ESTRUTURAS ECLESIAIS VISÍVEIS' tão ou até mesmo mais autoritárias do que a igreja romana, com seus sínodos e credos particulares e uma nova 'tradição' cristã religiosamente transmitida as sociedades protestantes e mecanicamente recebida, como o papismo ou a ortodoxia na I Média. Não foi, como parecia ser a destruição do papado romano mas a afirmação de outros tantos papados rivais, ilegitimos e demagógicos.

Principiaram os demagogos religiosos do século XVI criticando a igreja romana e seus supostos vícios para logo em seguida reproduzi-los um após o outro a começar pelo clericalismo e o autoritarismo.

Os reformadores a bem da verdade limitaram-se a substituir a tradição antiga e legítima por novas tradições elaboradas por eles mesmos... ficando o livre exame, ao menos em parte, abandonado.


Dos proveitos advindos de minha conversão ao papismo


Creio no entanto que o principal beneficio advindo de minha conversão a Igreja de Roma foi tomar conhecimento a respeito do critério da Tradição apostólica, da distinção capital existente entre antigo e Novo Testamento ( e - consequentemente - da soberania, excelência e primazia que cabe ao Evangelho, do qual enfim pude aproximar-me sem receios e estudar vantajosamente, obtendo o bem mais precioso que é dado possuir; a saber, o verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo, de sua pessoa, de seus mistérios, de seu ofício e de seus ensinamentos; especialmente a respeito da lei perpétua do amor enquanto centro e fundamento de toda vida Cristã) e da perspectiva ética ou ativa da fé (por meio de obras). TRADIÇÃO - EVANGELHO E OBRAS!!!

Tendo em vista superar o zelo das 'Testemunhas de Jeová' fundamos um 'círculo bíblico' e nos dispusemos a a estudar a tradição da Igreja cinco horas por dia de Domingo a Domingo durante 365 dias... Nesta empreitada divina fui secundado pelos colegas Fernando e Tiago.

Posteriormente vim a estudar teologia com os próprios pastores protestantes (que desejavam converter-me!!!) de modo a penetrar-lhes melhor o pensamento e compreender ainda melhor os seus erros para em seguida rebate-los.


Nosso apostolado



Auxiliado pela experiência que obtivera dediquei-me por anos a fio - aqui mais uma vez auxiliado pelo Fernando - a travar disputas com os lideres e chefes protestantes (durante muito tempo guardei comigo o gosto pela polêmica.) provocando inúmeras controvérsias públicas e privadas, chegando a ser ameaçado, e quase a ser agredido pelos fanáticos cujas teorias havia publicamente desmascarado. A uma jovem, amiga da família - que recentemente adormeceu em Cristo - fomos capazes tomar as garras do jeovismo; outro moço muito amado as garras do anabatismo... e estas são nossas maiores conquistas e alegrias.


Examinando tudo mesmo!!!

Nosso contato com o espiritismo 


Diante disto, ao cabo de muitos anos, fomos exortados - por um grave e dedicado sacerdote - a examinar e a refutar, do mesmo modo e maneira, o espiritismo kardecista. Sucede no entanto que mais de uma década após meu primeiro contato com o espiritismo estava firmemente persuadido de que seus adeptos buscavam viver sinceramente o Evangelho e não estava disposto a bater-me com eles, mas inclinado a deixa-los em paz.

No entanto como eramos constantemente instigados - pelos padres e por parte do povo - a atacar o espiritismo (pelo qual os papistas cegos nutrem sérias prevenções, quando deveriam vota-las ao protestantismo!) tivemos de ceder e desta anuência resultou mais uma grande reviravolta em nossas vidas.

Pois tendo em vista dar competente resposta a esta doutrina, empenhamos muitos anos e vigílias buscando analisar a maior parte da literatura existente a respeito, ou seja, os escritos doutrinários do espiritismo (Kardec, Leon Denis, Gabriel Dellane, Aksacoff, Bozzano, etc). Tudo quando podemos dizer em poucas palavras é que ao cabo desta analise minuciosa, nos demos por plenamente convencidos a respeito do quanto o espiritismo estava de acordo com a primitiva tradição da Igreja: o primado absoluto da caridade, a noôgenese evolucionista, a antropologia semi pelagiana, o universalismo origenista, a validade dos conhecimentos científicos, a soberania do Evangelho, etc

E assim sendo tomamos a firme decisão de não disputar com os espíritas; os quais temos em conta de muito mais próximos ao Evangelho e da Ortodoxia do que os protestantes e romanos (em que pesem os erros gravíssimos do kardecismo no que concerne a natureza de Cristo, dos Santos Sacramentos, da igreja, etc).

Nem podemos deixar de reconhecer que nos campos da antropologia, escatologia e ética nossas ulteriores investigações foram em parte direcionadas pela doutrina dos espíritas. O que nos conduziu primeiro as margens do agnosticismo e posteriormente ao seio da Ortodoxia.




Mais uma crise de fé


Cerca de 2004 estavamos em vias de romper com o papismo e passar, ou ao agnosticismo ou a ortodoxia, a respeito da qual pouco ou nada sabíamos.

A doutrina espírita - apesar de termos sido constantemente apresentados como espíritas pelos adversários - não podíamos nem podemos abraçar por dois motivos: Nossa firme adesão ao padrão niceno ou atanasiano no que concerne a natureza divina de Cristo ou ENCARNAÇÃO DO VERBO e nossa crença - não menos firme - na ressurreição dos mortos e na restauração deste nosso mundo material. Os espíritas como é assaz sabido não reconhecem nem a divindade de Cristo e tampouco qualquer tipo de esperança para a matéria portando-se aqui como seguidores de Platão e Mani.

Nós como os antigos estóicos somos panenteístas e acreditamos que a matéria é elemento eterno, incriado e passivo ordenado no tempo pela mente divina e, consequentemente que o elemento material jamais deixará de existir.



Seja como for passado algum tempo fomos mimoseados com a obra intitulada "O papa e o Concilio" de Doellinger

Segundo esta obra mestra - Jamais refutada por qualquer teólogo romano (Ulhathorne limita-se a ridiculariza-la com seus sucessivos 'ad hominens' pelo simples fato de não ter podido refuta-la) - a doutrina da Infalibilidade Papal jamais fizera parte da legítima tradição da Igreja, tendo sido supinamente ignorada por todos os Padres e doutores ao cabo dos sete primeiros séculos. 

Ora eu já havia examinado detalhadamente as controvérsias travadas entre os defensores da Igreja romana - Faber, Gentile Hervetius, Genebrardo de Aix, Lindanus, Fevardentius, Du Perron, Stapleton, Gretser, Wallemburch (s) etc - e os defensores da reforma no décimo sexto e décimo sétimo séculos e estava já prevenido de que o ponto mais fraco da doutrina (Excetuando as doutrinas da graça e das penas perpétuas por serem comuns a ambos os sistemas e a toda Cristandade latina ou ocidental.) era justamente o poder absoluto do papa e sua suposta infalibilidade, no caso, apresentada como dogma, em 1870 (pelo concílio do Vaticano I) após insidiosa resistência por parte dos prelados mais ilustres (Doellinger, Riekens, Michaelis, Friedlander, Ketheller, Hefelle, Dupanloup, Gratry, etc) daquele tempo.

Após madura reflexão as evidências elencadas levaram-me primeiramente a por a prova e finalmente a repudiar, como espúrio, o dogma da Infalibilidade Papal. Fazia-se mister ser coerente e permanecer fiel a tradição até o fim... ao invés de transferir para o terreno sagrado da tradição a abordagem oportunista e seletiva dos protestantes. Tradição para mim era questão de 'tudo ou nada' tal e qual o Santo Evangelho.




Nada em suma podíamos aceitar ou admitir em matéria religiosa que não procedesse desta fonte pura e cristalina. Como Vicente de Lerins desejavamos crer apenas no que fora crido por todos em todos os tempos e lugares e professar apenas o que fora professado pelos apóstolos, mártires e padres, sem qualquer acréscimo ou adição. 

Simultânea e paralelamente o ecumenismo, a emergência da RCC, o puritanismo, as reformas litúrgicas, o liberalismo desbragado, o integralismo (ligado aos setores tradicionais da igreja papalina), etc incompatibilizaram-nos definitivamente com a igreja romana e levaram-nos serenamente a ruptura.

Concluímos assim que a própria Igreja romana não mais satisfazia as exigências da fé Católica e que não era de modo algum a Igreja Católica.



Meu encontro com a Ortodoxia, o Catolicismo pleno!


Pelo que era necessário localizar ou encontrar a fé Católica ou a igreja Histórica que mais se identifica-se com ela. JÁ NÃO NOS SATISFAZÍAMOS COM  MIGALHAS DE CATOLICISMO MAS EXIGÍAMOS CATOLICISMO EM PLENITUDE ou catolicismo ou agnosticismo!

Foi por isto que empenhamos consagrar dois anos inteiros ao estudo da literatura patrística, da lingua grega e dos monumentos da antiguidade Cristã; ao cabo dos quais abjuramos conscientemente o papismo e abraçamos o Catolicismo Ortodoxo (não sem ter flertado antes com o anglicanismo - igreja alta ou anglo catolicismo - comunhão com a qual mantenho até hoje certos laços), esposando quase que de imediato a teologia origenista ou universalista, abraçando a doutrina semi pelagiana e anti agostiniana da graça e endossando a opinião de S Bulgakoff (endossada igualmente pelo Pe Lucien de Laberthonière) a respeito do primado do amor na igreja de Cristo.

Isto porque investigando - a luz das fontes patrísticas - com o mesmo rigor a doutrina da igreja ocidental pertinente a graça i é o gracismo ou agostinianismo (afirmado por Agostinho de Hipona) certifiquei-me de sua falsidade passando a sustentar o semi-pelagianismo, ademais apresentado por Harnack correspondendo ao ensino da igreja primitiva e professado até nossos dias pelo Catolicismo Ortodoxo (como fora certificado por Grotius e Leibnitz).

O posicionamento do protestantismo ortodoxo - o predestinacionismo - face ao tema da liberdade se nos apresenta como inadmissível, o da igreja romana como artificioso.

O segundo passo decisivo em minha trajetória espiritual foi dado logo após assistir minha primeira quinta feira santa - ofício dos doze Evangelhos - na Igreja ortodoxa de Santos (Hais Gergis). Ao ouvir o hino 'Simeron Kremate'



cantado em grego - tal e qual no vídeo acima - cheguei a conclusão de que se fazia mister abjurar formalmente ao papismo e a todas as teorias que os ocidentais forjaram com suas próprias mentes grosseiras e carnais para receber a luz do Oriente, a reta doutrina, a 'fé justa' procedente dos céus imaculados... Havia chegado ao termo de minha peregrinação espiritual e escapado por duas vezes aos influxos do materialismo e da incredulidade... primeiramente salvo da Babel protestante pela igreja romana e posteriormente salvo da desilusão infalibilista pelo Catolicismo Apostólico e Ortodoxo...

O infernismo, o expiacionismo, o gracismo (agostinianismo) e o infalibilismo papal foram os principais motivos ou fatores que nos levaram a romper definitivamente com a igreja a que tanto devíamos e que tanto amaramos de todo coração.
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Assim por via do universalismo, do funcionalismo, do semi pelagianismo e do episcopalismo passamos a igreja Ortodoxa ou como se diz ao catolicismo grego.

Desde então temos dedicado todo tempo ocioso e livre ao estudo da teologia ortodoxa, da patrística e das origens da Reforma protestante, em especial sobre as figuras de Lutero e Calvino; sem no entanto por de lado o estudo do Evangelho, da Septuaginta, do Talmud, das religiões, dos mitos, da metafisica, da ontologia, da epistemologia, da gnoseologia, da lógica, da História - primitiva, antiga, medieval e moderna - da sociologia, da psicologia, da ciência política, da pedagogia, da literatura comparada, da biologia evolutiva, etc conhecimentos que procuro sempre por a serviço de meu Bom Senhor e Mestre Jesus Cristo, de seu reino eterno, de sua graça e de sua glória. Tudo quanto executo como educador, pesquisador, e homem de ação, etc é com ele, por ele e nele que o executo.





Nossas fontes



Foi assim que de pentecostal vim a ser romanista e de romanista vim a ser Católico Ortodoxo, não sem ter sido fortemente influenciado pelo espiritismo, pelo liberalismo teológico protestante (até onde podemos ser influenciados positivamente por ele, sem perder o Cristo ou tocar o Evangelho), pelas reflexões de Spinoza, pelo pensamento e pelo método de Aristóteles meu segundo mestre e guia após Jesus Cristo- dos escolásticos e dos jesuítas e sobretudo pela ética justicionista de Sócrates, Platão, Antítenes e Zenon. Foi igualmente, por via da Ortodoxia que nos aproximamos ainda mais de Clemente, Orígenes e Eusébio; nossas principais referencias em termos de teologia.





Amar as pessoas e odiar os erros



Eis porque nem posso, nem quero, nem desejo pensar mal dos protestantes ou dos papistas, cuja maior parte, creio eu, tem procurado servir da melhor maneira possível ao Senhor Jesus Cristo e por em prática os imperativos do Santo Evangelho.

Minha disputa não é com os protestantes e papistas cuja nobreza dos sentimentos reconheço; mas com os sistemas a que pertencem: protestantismo e romanismo; os quais penso eu acobertam equívocos lamentáveis em matéria de espiritualidade.

Nem posso odiar cegamente a igreja romana tendo em vista sua origem apostólica e os fragmentos, vestígios, elementos ou traços de Catolicismo Ortodoxo que nela se subsistem; bem como o sincero amor tributado por parte de seus membros ao que acreditam serem tradições legitimamente apostólicas. Amor ou sentido que podemos classificar alias como uma espécie 'Ortodoxia intuitiva'.

Ora nós não podemos deixar de encarar tais elementos como altamente positivos.

Por outro lado tendo eu mesmo muito sofrido e forcejado até aproximar-me da verdade plena - ingerindo as bolotas que eram dadas aos porcos - como poderia julgar e condenar os demais??? Faço minhas as palavras daquele que como eu - Agostinho - muito sofreu por ter estado distante da verdade e ainda mais as que Etérius o Grande, escreveu a propósito dos arianos:

"Hereges são, mas ignoram-no. Hereges são para nós, não para si mesmos, pois tão Católicos se reputam que a nós teem por heréticos. O que eles são para nós, nos somos para eles... A verdade esta de nossa parte, mas eles, equivocados, julgam estar da sua. Cremos tributar reta glória a Deus; eles cuidam que assim fazem igualmente. Não cumprem seu dever para com a Natureza, mas longe de suspeitarem-no, creem exercer a verdadeira fé. Sendo desviados persuadem-se de que trilham o caminho da verdadeira piedade. ENGANAM-SE MAS É DE BOA FÉ E POR AMAREM A DEUS, NÃO POR ODIAREM-NO. Alheios a verdadeira crença, aderem com afeto a sua, E APENAS AO SUPREMO JUIZ CABERÁ JULGA-LOS COMO CONVÉM!". Herculano 'História da origem e estabelecimento da Inquisição em Portugal' I, 08 - 1902

Exercemos juízo racional e criterioso SOBRE AS DOUTRINAS, TEORIAS E CRENÇAS, quanto aos seres humanos, não nos é dado julga-los. Aqui bem cabe um 'Nom possumus...' tendo em vista a santidade do preceito: NÃO JULGUEIS PARA QUE NÃO SEJAIS JULGADOS!!! Não condeneis para que não sejais condenados!!!

Os pastores e fanáticos que nos julguem e condenem aos terrores de seu mítico inferno, que é um patrimônio ideológico erguido em homenagem ao sadismo humano!

As crenças certamente denunciamos a condenamos mas não os crentes... Ao erro detestamos os não aos homens... As teorias e opiniões nos opomos não as pessoas, as quais foram feitas para serem amadas e respeitadas segundo o decreto de Nosso Senhor Jesus Cristo: AMAI VOSSOS INIMIGOS!!!

Suprema punição e castigo é a ignorância, em termos teológicos, o desconhecimento da correção e pureza doutrinárias. E nem sabemos se este desconhecimento da verdade divina não tem lá algum merecimento caso associado a aspiração e ao amor.

Não posso nem quero ter uma só palavra de acrimônia para com meus ex correligionários.

Meu único desejo é partilhar com eles - e com tantos quantos desejarem - o fruto de minhas experiências, labores e estudos: o conhecimento da fé Ortodoxa, tendo em vista nosso crescimento mútuo em Cristo Jesus e a edificação de seu corpo espiritual.




1b - De pentecostal a Ortodoxo: TESTEMUNHO PESSOAL > Minha formação

Neste artigo o amigo leitor encontrará os seguintes tópicos:
  1. Terrorismo protestante
  2. Sentido Católico
  3. Meu estado de espírito
  4. No reinado da incoerência
  5. Mero oportunismo
  6. Destinado a liderança
  7. A paixão e morte de minha avó ou falsas profecias
  8. O que Lutero ensinou sobre médicos e doenças
  9. Os falsos prodígios 
  10. Minha ruptura com o protestantismo
  11. De como enganado pelo pentecostalismo passei a odiar Jesus Cristo




Para quem dúvida...


Terrorismo protestante


Quanto a mim, desde muito cedo, fui 'gentilmente convencido' a acompanhar minha avó e minha mãe aos cultos dominicais da CCB. Quanto aqueles - dentre os jovens que eu conheci - que recusavam-se a ir a frequenta-los eram persuadidos de diversas maneiras seja pela privação das guloseimas, da liberdade de brincar ou mesmo da liberdade de ir e vir; até que 'reconsiderassem' sua decisão e concordassem em ir a igreja... Havia ainda aqueles que eram corrigidos pela vara ou literalmente 'surrados' segundo o modelo bíblico... Nós no entanto não sofríamos qualquer castigo graças a meu pai, que era 'incrédulo'...

Todavia como tínhamos a lingua solta e fazíamos, vira e mexe, alguma pergunta ou comentário indesejável (isto com sete ou oito anos de idade) eramos frequentemente exorcismados pelas piedosas matronas de birote, as quais estendiam suas mãos sobre nós e punham-se a gritar: Sai chifrudo desse menino... Sai capeta...

Não hesito nem temo classificar tais recursos como verdadeira 'inquisição' familiar e terrorismo religioso posto em prática pela maior parte das famílias protestantes das mais diversas seitas.

Alias, digo 'gentilmente convencido' - moralmente constrangido - porque livre e conscientemente jamais teria me associado aquele tipo de gente fanática, obtusa e grosseria, mesmo sendo um menino pequeno pois eu jamais me senti atraído por aquilo.


O que eu buscava!


Sentido Católico


Parafraseando Mme Elsie Dubugras posso até dizer que já nasci romano, episcopal ou melhor Católico Ortodoxo e como tal, infenso ao espiritualismo descarnado e platonizante prevalecente em tais meios; a transcendência absoluta e inexistência de representações tão características das seitas bíblicas; a ausência de símbolos e de um ritual ou ordinário comum... Toda aquela falta de ordem e sobriedade, aquela franca anomia, aquele eterno improviso, aquela arbitrariedade; tudo ali despertava em mim a mais viva repugnância e me desagradava. Ouso dizer que antes de conhecer o padrão Católico ou Ortodoxo já aspirava por ele e já o desejava.

Olhar para aquelas paredes nuas, caiadas de branco e para aqueles homens de terno e gravata que saltavam como cangurus, balbuciavam, tremiam e berravam a plenos pulmões foi uma experiência bastante mortificante para mim... sentia-me deslocado, fora de lugar, isolado, perdido, incomodado...

Toda aquela frieza, desordem, barulho e confusão, molestavam-me e eu não me sentia bem ou feliz naquele local. Desde muito cedo aspirava por paz, ordem, temor, reverência, piedade, beleza, coerência... se bem que não soubesse ao certo que fossem tais coisas. Assim era menino ou moço e já sofria pois a um lado tinha receio de desgostar a minha família e a outro sonhava com coisas que na prática ignorava.

Eles falavam mais no Diabo do que em Jesus Cristo!


E como falassem mais no diabo e no inferno do que em Jesus e na bem aventurança celestial, eu tinha mais receio de atrair a atenção do rabudo ou de arder no tal 'fogo do inferno' do que de desagradar a Jesus Cristo Nosso Senhor...


Omitindo uma figura essencial


No entanto, tanto mais me achegava de Jesus não podia deixar de interessar-me pela figura da Mãe de sua mãe e até posso declarar que já sentia certa reverência por ela, decorrente talvez do afeto tributado a minha própria mãe. Os protestantes no entanto, como se sabe, são absolutamente reticentes neste sentido, buscando separar aquilo que o próprio Deus uniu eternamente pelo laço de sua Encarnação. Porque não são plenamente conscientes a respeito da Encarnação de Deus e até chegam a pensar que apenas 'parte' de Deus encarnou-se, embora Deus mesmo não possua parte e as pessoas pertencentes a Trindade divina sejam inseparáveis...


Cada seita responde de uma maneira

Alias enquanto protestante fui jamais ouvi qualquer tipo de ensinamento claro e objetivo em torno da Encarnação de deus, tal e qual encontramos nos Catolicismos. Ademais eles discutiam até mesmo a respeito da natureza do Senhor pondo em dúvida seu caráter divino. Pelo que em diversas ocasiões o Mestre me foi apresentando como simples criatura ou profeta nomesmos termos em que é apresentado pelos jeovistas ou muçulmanos, e isto por pessoas da própria CCB.


Eles abominam o símbolo de nossa redenção

Também sentia certo encanto e atração pelo símbolo da Cruz (porque hoje tenho grande devoção) embora a CCB - em oposição aos ensinamentos do apóstolo Paulo, a que tanto costumam engrandecer quando não merece - classificasse tal símbolo como 'maldito', eu estava em franca oposição e isto produzia diversas contendas. Eles declaravam que eu estava equivocado, mas eu sabia bem o que tinha lido na Bíblia deles sobre a Cruz ser poder e glória de Deus.



Levava a sério o que lia

Estas discussões foram amargas. Eu costumava levar a sério tudo quanto lia no Evangelho, nos escritos dos apóstolos e mesmo nos escritos dos judeus; e, assim sendo, a questionar as doutrinas protestantes a respeito da Cruz, da Virgem, da Eucaristia, das boas obras, etc Mas eu não partia da doutrina Católica, porque a desconhecida, partia antes do Evangelho que lia - na própria tradução defeituosa do Almeida - e sabia que eles estavam sendo infiéis e que ao invés de 'explicar' qualquer coisa negavam, deturpavam, obscureciam...

Apenas encarava os textos como sagrados e buscava, intuitivamente, o sentido mais simples e natural. Assim desde cedo percebi que os doutores protestantes atribuíam arbitrariamente a Escritura o sentido que mais os agradasse ou que considerassem ser o mais apropriado, ao invés de buscar o sentido DA Escritura pondo de lado os ensinamentos previamente fornecidos pela organização a que pertenciam. NÃO ERA UM EXAME LIVRE E MENOS AINDA HONESTO. Haviam ali traduções e tradições humanas...

Foi devido a este caráter subjetivo e arbitrário que fui tomando ódio ao livre exame e aspirando por outro padrão ou critério que de resto ignorava. Pois aspirava por um Cristianismo objetivo e muito bem definido apto para orientar-me a respeito da condição e pessoa de Jesus Cristo.

Tais exigências o protestantismo não contemplava nem satisfazia pois não havia a quem reportar-me ali. Todos eram igualmente habilitados a interpretar e haviam interpretações 'per capita', e cada qual entendia o Cristo, a bíblia, os Sacramentos, a Eucaristia, o Batismo, a Comunhão dos Santos, a vida futura, etc a sua maneira... Era o que eles, os indivíduos diziam, e não o que a Bíblia ou o Evangelho mesmo me diziam.

E eu sabia que a respeito de algumas coisas ao menos como a Eucaristia, a Cruz, a Virgem, a Imortalidade, etc estavam completamente equivocados e separados de Jesus Cristo e sua palavra.




Meu estado de espírito


Como o filho pródigo da parábola aspirava pelo pão dos filhos mas recebia apenas as bolotas do escravo...

Minha condição racional sentia-se profanada em seu amago e eu desejava não estar ali ouvindo tantas opiniões contraditórias e assistindo a tantas disputações inuteis em torno de versículos. Ademais era uma chicana em que cada qual esforçava-se ao máximo não para aprender e obter a verdade mas apenas e tão somente para arvorar-se em 'perito' e humilhar os demais. Cada uma dessas discussões inúteis mais parecia uma briga de galos ou uma corrida de cavalos e nada mais... importava esgotar os argumentos, dar a última palavra e ser aplaudido pela irmandade. Uma feira de vaidades, aquilo não podia ser o doce reino de Jesus cristo!

Um dia acreditavamos estar bem orientados e saber algo de concreto sobre o Cristo e seus mistérios, no dia seguinte aparecia algum irmão e lançando novos argumentos, convertia cada um de nossos dogmas em poerias e a cada amanhecer eram destruídas implacavelmente as certezas do dia anterior. Sempre tinha alguém para a emitir novas e estranhas opiniões e para questionar tudo quanto fora ensinado até então... Aquilo era um celeiro de ceticismo!

Aquele culto não correspondia aos anseios da minha alma, aos desejos de meu coração e ao caráter do meu intelecto; apenas a música, que era bela, confortava-me um pouco. Em meio a tanto emocionalismo, a tantas controvérsias, a tanta inexatidão, a tanta insanidade, a tanto charlatanismo... eu me sentia como Ulisses na cova de Polifemo...

Encarcerado naquela caverna mais tenebrosa que a do velho Platão eu aspirava por contemplar a beleza da verdade mas, no entanto tudo quanto via eram sombras: sombra de doutrina, sombra de culto, sombra de ética.... 'Sombras nada mais, somente sombras na vida' como diz a música.

Quantas vezes, sendo ainda menino, não cogitava a respeito dos motivos que levavam tantos homens feitos e até barbador a gritar futilmente com Deus, uma vez que ele é, como define a piedade Espírito puro e plenisciente, capaz de penetrar todas as coisas e de conhecer nossos pensamentos mais recônditos antes mesmo de serem formulados...Ademais, em casa, minha própria avó costumava dizer ser inconveniente gritar com os pais ou com as pessoas mais velhas!!! NESTE CASO POR QUE NA IGREJA GRITAVAM COM DEUS????

Foi quando ouvi a leitura do livro dos Reis sobre a disputa entre Elias e os profetas de Baal. E dei-me por convencido de que o culto pentecostal correspondia exatamente aquele culto bárbaro típico dos cananeus idólatras e não ao culto estabelecido por Nosso Senhor e definido como sóbrio e racional por seu comendador e apóstolo.

Conclui ainda que a maior parte deles rezava com o objetivo de serem ouvidos pelos homens - em especial os coitados dos vizinhos - e serem tidos em contra de piedosos, a exemplo dos fariseus que faziam tocar suas trombetas. Evidente que quem grita dirige-se a homens de carne e osso.

Longe de mim por em dúvida que houvessem ali alguns corações sinceros e voltados para Deus Nosso Pai. Todavia que pesado tributo não pagavam eles, aos caprichos da vontade humana naquilo que tem de mais rasteiro e vulgar. Quisera desassociar-me e apartar-me deles, mas era uma moleque de seus doze anos e temia sobretudo magoar minha mãe e minha avó e chamar sobre mim a reprovação da família.

Assim sendo, envolvido por aquela atmosfera de fanatismo, eu - como tantos e tantos protestantes do passado! - mantinha as aparências e humildemente suplicava a deus para que me converte-se a si. Porque não cria em nada daquilo e já não tinha certeza alguma... e desesperado sentia meus pés a beira do abismo do relativismo... Estado lastimável foi aquele a que conduziu-me a religião protestante!!!

Embalde procurei - dia após dia - encontrar algum vestígio ou traço beleza naquele local, no entanto, a exceção da melodia; nada encontrava que fosse capaz de confortar-me... Nada de reverência, nada de piedade, nada de recolhimento, nada de devoção, nada se sobriedade, nada de racionalidade... Nada além de arroubos histéricos associados a sons inarticulados, gritos, ruídos e exaltação dos sentidos; misticismo barato e emocionalismo patético. Tudo ali era fogo, tremor e vendaval... eu no entanto aspirava por uma brisa suave e leve como aquela porque Elias havia sido visitado na montanha do Horeb... por uma brisa que trouxesse ao menos um pouco de beleza e de verdade ao jardim emurchecido de minha pobre alma juvenil!!!

Era moço e já me sentia velho e encurvado devido a inquietação religiosa porque era consumido.

Estado lastimável foi aquele a que conduziu-me a religião protestante com suas incertezas, duvidas, imprecisões, divagações, interpretações, discussões, etc Aspirava por uma base sólida sobre a qual construir uma religiosidade sã ao cabo da vida mas tal não me era nem me podia ser dado por obra e graça do livre exame.


No reinado da incoerência


Também não podia compreender porque as famílias deviam separar-se umas das outras no decorrer do serviço religioso, indo; homens para um lado e mulheres para o outro. Se a família (do tipo burguês) era, como alegavam os líderes e profetas, uma instituição divina, sagrada e celestial tal separação não era apenas inconveniente mas absurda. Pois impedia as famílias de adorar o Mestre na unidade familiar! De minha parte posso dizer que detestava ter de separar-me de minha avó e de minha mãe e ser posto naquele curral masculino com uma multidão de estranhos e desconhecidos com os quais não tinha afinidade alguma.

Quanto as crianças e jovens cujos pais eram protestantes posso dizer que esforçavam-se, via de regra, por afetar os modos dos adultos e sua gravidade - trajadas como adultos já estavam tal e qual no século XVII - enquanto que eu, como uma criança normal aspirava apenas e tão somente por brincar. Aquelas estranhas e infelizes crianças no entanto não estavam dispostas a brincar!!! O 'homo ludens' que havia nelas havia sido imolado nos altares do cruento jeová!

Brincar ali era crime ameaçado pelos pais e avós como o castigo de deus ou o fogo do inferno!!!

Jamais tive audácia suficiente para perguntar a qualquer um daqueles nobres e respeitáveis anciãos de paletó e gravata sobre o pôrque de repetirem - como papagaios ou discos quebrados - centenas de vezes as mesmíssimas palavras: glória, aleluia, amem, misericórdia, etc se conforme eles mesmos viviam dizendo o próprio Jesus havia proibido o emprego de vãs repetições... Cheguei a contar cento e oitenta e sete glórias num só culto e a constatar - mais tarde - que entre tais preces e as ladainhas papistas não havia praticamente qualquer diferença... apesar de condenadas as repetições estavam e pelo que vejo ainda estão em plena voga no pentecostalismo mais talvez do que no papismo, embora sejam empregadas aleatoriamente ou seja sem qualquer arranjo formal, o que as torna ainda mais desagradáveis.

De fato os pentecostais são tão cegos e alienados a ponto de não perceberem que empregam mais repetições do que seus adversários os papistas... pois é um tal de glória e aleluia que corre como sangria desatada!

Mais uma vez estavam nossos protestantes - como excelentes fariseus! - soprando trave em vista alheia sem cuidar do próprio cisco... tal e qual costumam fazer contra os iconófilos e necromantes, logo eles, que saboreiam carne de porco e ingerem carne sufocada com sangue... petisco condenado pela mesma Torá do dr Moisés...




Mero oportunismo


Citar o antigo testamento contra seus adversários é hábito deles conhecido por todos. Observa-lo porém, ou po-lo em prática nem sequer na imaginação... Diante dos espiritas, papistas ou ortodoxos apresentam o pentateuco embolorado como equivalendo a 'pura palavra de Deus'; todavia quando apontamos no mesmo pentateuco as centenas de dispositivos que eles, protestantes, inobservam; dizem que isto e aquilo foi abolido...

Mas abolido por quem????

Agora veja só - palavra de deus (que não nos agrada) abolida!!! No entanto a parte ou palavra que nos agrada e convém é 'palavra de Deus' válida e verdadeira. E depois eles ainda ousam emendar o soneto e declarar que o mesmo deus é imutável... Haja diletantismo!

Eramos meninos e já conhecíamos muito bem o 'segredo do rei' i é que o velho testamento era objeto de seleção arbitrária, tipo: uni du ni te salame minguê sorvete colore ou minha mãe mandou escolher esse da qui... O que favorecia a lei protestante era canonizado e mantido, o que não favorecia pura e simplesmente descartado ou classificado como abolido.

Lembrei-me certa vez dos fariseus que colocavam fardos pesados sobre os ombros alheios... É exatamente isto que os protestantes costumam fazer com o do antigo testamento: atira-lo contra a religião alheia e a partir dele atacar o papismo, o espiritismo, a ciência. etc Agora na hora de cumprir ou de por em prática os dispositivos do A T, nada... tudo quanto se possa lançar contra eles protestantes 'foi abolido' e não vale mais!!! Velho testamento só vale para os outros, para incomodar, criticar, anatematizar, os outros...

Desde o princípio deplorei desta abordagem oportunista, diletante e arbitrária do antigo testamento, mas não sabia o que pensar pois a um lado não podia admitir a validade integral do A T e por outro ignorava a distinção entre o Decálogo e todo resto ou a soberania do Evangelho que é o livro dos Cristãos.

Fosse bom de fato o antigo testamento, os protestantes seriam os primeiros a viver conforme suas instituições-lo ou seja a cumpri-lo, a executa-lo, a vive-lo tal e qual os judeus ortodoxos... Crer como creem os judeus nossos protestantes querem agora viver como vivem os judeus não querem; porque viver como judeus é difícil ou melhor impossível e os protestantes só apreciam o que é fácil, conveniente, oportuno e comodo: fé, discurso, teoria, palavrório, opiniões, palpites, doutrinas esquisitas... Praticar não praticam nem mesmo os mandamentos promulgados por Jesus Cristo no sermão da montanha, recorrendo maquiavelicamente ora a Paulo ora a Lutero com o intuito de invalida-los!!! De fato S Paulo e 'S Lutero' emancipam os protestantes da lei de Jesus Cristo e indicam-lhes o caminho largo e plano duma salvação sem obras i é comoda e fácil.

E já havia percebido entre eles duas tendências extremistas e monstruosas...

Pois na mesma medida em que alguns poucos pretendiam restabelecer a lei de Moisés e o padrão legalista dos antigos fariseus e escribas em sua plenitude (com dietas, sábados, jejuns, etc) outros, a exemplo de Lutero, aspiravam por abolir todo tipo e espécie de lei, inclusive a lei moral da consciência e o padrão evangélico decretado pelo Verbo.

Os primeiros exclamavam: Moisés é nosso legislador porque traço algum da Lei foi abolido, enquanto os demais replicavam: Cristo jamais apresentou-se como legislador e; assim sendo salva-nos pela fé somente e salva-nos EM nossos pecados... Tanto na CCB quanto na AdD legalistas e solifideistas terçavam armas e lançavam dúzias ou centenas de textos e passagens uns contra os outros promovendo verdadeira batalha espiritual em torno destes dois evangelhos.

E enquanto alguns gritavam: Ao decalogo e, 'Viva Moisés' os demais replicavam: Salvos pela fé somente e sem qualquer obra!

Em meio a esta batalha, conflito, guerra ou duelo escriturístico que jamais terminava ou chegava a qualquer lugar sentia-me mal e indisposto.


Destinado a liderança!



Vovó, sem embargo, acalentava a vã esperança de que um dia eu chegasse a tornar-me ancião ou doutor de sua seita.

Parafraseando o grande Darwin eu bem poderia ter dito a pobre anciã"Que terrível profeta ou pastor haverei de ser minha avó."

No entanto para agrada-la entregava-me com afinco ao estudo da 'Bíblia', sobretudo a leitura dos Evangelhos e dos Salmos dos judeus. E tanto mais lia, estudava e compreendia tais escritos ia percebendo a nítida diferença entre o Jesus anunciado pelos pregadores e líderes e o Jesus dos Evangelhos e concluindo que o autêntico Cristianismo não mais existia, tendo sucumbido miseravelmente ao largo dos séculos...

Alguns anos antes havia sido encaminhado pelo governo a um Colégio modelo, destinado a acolher crianças 'super dotadas' como se dizia então. Meu Q I foi medido e meu pai advertido de que me seria facultado ingressar num projeto educativo de vanguarda. Com o apoio de meu pai passei a estudar sob regime integral durante dois dias da semana e a entrosar-me com outros garotos tão perspicazes quanto eu. Para mim foi um estímulo bastante positivo em todos os sentidos.




A paixão e morte de minha avó e as falsas profecias!



Quando completei oito anos de idade foi que minha avó Dna Leonor sofreu o primeiro AVC.

Não me recordo de que, enquanto sã, a velhota tivesse ido ao médico ao menos uma vez sequer ou feito qualquer exame, medido a pressão ou tomado remédio...

Habitualmente, quando sentia-se indisposta vovó limitava-se a por um copo d água junto ao rádio durante a oração feita pelo missionário pentecostal Davi Miranda. Terminada a oração ou melhor a declamação, servia-se daquela água qual fosse uma panaceia ou teriaga e acreditando estar imunizada contra qualquer tipo de doença.

Assim Miranda vende água que não é dele e os homeopatas e espiritas levam a fama... Ao menos os espiritas e homeopatas vendem suas próprias águas, enquanto o Davi vende água paga com dinheiro alheio e temperada com palavras mágicas... Mistérios do protestantismo e como tais, mais profundos do que o mistério da nossa SSma Trindade.

Em situações mais graves a velha mandava chamar os profetas da seita para ser ungida com óleo, pois os estatutos da CCB referem-se a um arremedo de Evkelaion... eles ungem os parvos com óleo de cozinha e convencem-nos de que estão curados... o que acontece depois encontra-se perfeitamente descrito pelo hipnólogo Fábio Puentes em seu magnífico livro 'Hipnose, Marketing das religiões': se a enfermidade é de fundo afetivo ou psíquico a auto sugestão produz a cura se é de fundo somático ou físico, cessam os sintomas produzindo-se a ilusão da cura e posteriormente: o abandono dos medicamentos, a recaída e a morte; jamais divulgados...

E tudo fica sempre tido em conta de milagre. Pelo simples fato de que as massas preferem crer do que pesquisar ou investigar.




Mesmo sem saber, minha avó estava a observar fielmente os preceitos do Dr Lutero:

"Estou convencido de que a cegueira, a mudez, a surdez e a maior parte das doenças são causadas pelo demônio. Neste caso a ciência dos médicos incrédulos não serve para nada, só a oração pode salvar o enfermo. Esses médicos orgulhosos não sabem de nada..."

E como cada qual colhe fatalmente os frutos que semeia, minha pobre avó colheu uma hemiplegia incurável, expiando presa a uma cadeira durante três longos anos.



No entanto, mesmo enquanto achava-se presa aquela cadeira, definhando; não houve ano ou mês sequer, em que algum profeta não vaticinasse seu pronto restabelecimento pelo poder e para a glória do Senhor Jesus Cristo... foi o que ouvi a exaustão!!!

E com a Bíblia na mão, em nome do espírito santo, asseveravam os profetas que o 'deus do impossível' ou o 'deus da bíblia' não tardaria a 'fazer a obra' e a devolver a saúde e o vigor aqueles membros já atrofiados e ressequidos...

E acrescentavam, e diziam, como fazem ainda hoje, que o deus deles era capaz de fazer brotar membros amputados, de ressuscitar pessoas mortas a uma semana, de libertar do câncer e da AIDS, etc Bastando que para isto, o futuro beneficitário exercesse fé (pois na CCB não cobravam dízimo) no poder miraculoso de Jesus Cristo!!!

Quantas vezes não ouvi eu mesmo semelhante parlenga e quantas vezes não falhou miseravelmente!!! Digam as paredes de sua casa que ainda acham-se de pé!!! E testemunhem no último dia contra tal gênero de charlatães que infestam o mundo.


É SEMPRE ASSIM!!!


Das circunstâncias em que os falsos prodígios acontecem.


Nós no entanto, não nos dando por vencidos, ousávamos indagar do pregador em que circunstâncias tais eventos - os milagres e prodígios a que se referia! - haviam sido realizados. Sucedendo-se a repisada instrução segundo a qual o prodígio acontecerá no interior de um pais remoto, durante a calada da noite e na presença de alguns poucos membros da comunidade conforme o relato oral que o irmão X ouvirá do irmão N... tudo muito vago, muito impreciso, muito misterioso como sempre. Sem qualquer laudo, qualquer testemunha isenta ou qualquer tipo de gravação... TUDO MUITO DIFERENTE DAQUILO QUE NOS É TRANSMITIDO PELO EVANGELHO.

Afinal Jesus realizava seus verdadeiros milagres publicamente, em plena luz do dia, cercado por seus inimigos e envolvido pelas multidões! Jamais envolvido pela obscuridade da noite nas estreitas vielas da cidade i é as ocultas!!!


Posteriormente, quando éramos já professores, após termos ouvido mais uma narrativa sobre ressurreições provocadas pela fé, pergunta-mos a aluna nossa interlocutora, se havia algum atestado ou laudo médico comprovando que aquela pessoa havia estado morta e recobrara a vida. A aluna respondeu-nos que sim e comprometeu-se a levar tal documentação a escola, apresentando-a a mim e a turma no dia seguinte. JÁ SE FAZEM QUASE QUINZE ANOS E ESTAMOS ESPERANDO POR TAL DOCUMENTAÇÃO ATÉ O DIA DE HOJE...

Foi assim que ao cabo de três anos - e após ter cuspido centenas ou milhares de pílulas... - minha avó saiu mesmo da cadeira mas para passar ao leito após um segundo AVC... De certo modo a profecia - como na antiga Grécia dos oráculos capciosos (Cf Fontenelle 'História dos oráculos') - fora cumprida, pois a velhota saíra da cadeira... mas não para caminhar ou saltar como uma gazela.

Após este segundo AVC foram mais três ou quatro anos de sofrimentos e misérias indescritíveis...

Agora pasme o amigo leitor: durante todo este tempo os profetas jamais deixaram de anunciar o livramento da infeliz e de acenar com milagres em nome do deus maravilhoso que opera o impossível. E bem se vê que a esperança deles é material e para o corpo e não espiritual para a vida eterna...

Efetivamente o sadismo dos profetas chega as fronteiras da insanidade. Com que facilidade não aproximam-se dos aleijados e mutilados com o intuito de insuflar-lhes falsas esperanças e com que dificuldade prestam qualquer auxilio concreto e verdadeiramente cristão qual seja cuidar deles por algumas poucas horas - dar comida, das um banho, etc - enquanto os filhos ou parentes resolvem algum problema ou simplesmente repousam... Obras por obras os sectários prezam apenas as estrondosas e sobrenaturais. As obras simples e 'corriqueiras' determinadas pelo Evangelho - dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, etc - parecem atribuir muito pouco valor. Tal a escuridão e treva espiritual em meio a que rastejam enquanto acenam com todo tipo de maravilhas e prodígios aparentes...

Até que após quase sete anos de padecimentos vovó foi de fato libertada não pelas orações ou pelo poder dos videntes de fancaria, mas pela mão generosa de nossa irmã morte. Passou assim do catre a tumba sem que se cumprissem os vaticínios da crentalhada fanática... e nada fez por ela o deus dos milagres a que servira fervorosamente ao cabo de meio século.

Agora não julgue o magnânimo leitor que o caso de minha avó seja único ou isolado.

Lamentavelmente é bem mais comum do que podemos imaginar ou supor... Basta-me dizer que a avó de um professor amigo meu - Profo Neres - assídua frequentante da AdD, pereceu vitimada por um infarto fulminante poucos dias depois de ter sido convencida por seu pastor e curandeiro a deixar de tomar os remédios preceituados pelo médico isto porque, segundo dizia, estava já 'Curada pelo poder de Deus'... Ocorre-me ainda o caso de Dna Odete, diabética e ex secretária da reitoria de Nsa Sra do Amparo - SV, a qual tendo apostatado e passado a IURD foi igualmente convencida pelos pastores a jejuar - para expulsar o demônio feminino chamado 'diabete' !!! - e a abandonar o uso da insulina; como resultado sofreu uma queda, fraturou o fêmur e veio a óbito após seis meses de terríveis padecimentos; em meio aos quais sequer foi visitada por um obreiro da seita...

Aqui no Hospital S José prometeram a um interno que no dia X - caso acreditasse firmemente e saltasse da cama - deus lhe restituiria a perna amputada! Foi o quanto bastou para o infeliz pular, estatelar-se no chão e perder a outra metade, anterior, da perna.




Minha ruptura definitiva com o protestantismo

Após a morte da avó continuei frequentando, esporadicamente, a CCB, não por devoção é claro, mas por simples hábito ou costume... Afinal as práticas da seita continuavam a despertar em meu coração a mais viva repulsa... havia no entanto recordações, música de certa qualidade e sobretudo muita confusão em minha mente juvenil. De certo modo eu ainda cogitava ser a ovelha perdida e tinha esperanças de que o Senhor falasse a minha alma e me convencesse sobre os verdadeiros fundamentos da fé.

Foi quando ocorreu-me a feliz ou infeliz idéia de ler a Bíblia, digo a Bíblia toda de capa a capa incluindo s partes menos nobres do Antigo Testamento, as epístolas a que chamamos Católicas e a Revelação.

Bíblia que eu sequer sabia não passar de TRADUÇÃO HUMANA E FALÍVEL executada pelo despadrado João Ferreira de Almeida e estar cindida em dois testamentos!!!

Pode parecer até insólito, mas como assevera o Rvmo Pe Dubois (apud Biblismo 1922) os protestantes pouca ou nenhuma atenção prestam ao fato de seus livros estarem cindidos em duas partes: Velho e Novo Testamento, tudo misturando e citando a granel: Jesus com Gênesis, Paulo com Salomão, João com Jeremias... e por ai vai, uma aluvião de textos misturados como numa terrina de sopa...

Como ignoram da mesma forma ter sido nosso Evangelho escrito em grego e não descido dos céus em vernáculo...

Recordo-me de ter feito uma prece e aberto o livro, bem ao estilo de 'A cruz e o punhal'... de modo a que deus abrisse meu entendimento e facilitasse a compreensão.

Assim, tão levianamente, tratava-mos aquilo que acreditava-mos ser a palavra pura e imaculada de Deus...

A leitura caiu no livro dos Salmos ou hinos que os antigos judeus entoavam durante a subida ao templo.

O Salmo em questão dizia respeito a Jerusalém, ao rei, a seus inimigos, etc Fiquei aturdido pois tais palavras nada significavam para mim e eu sequer imaginava o que queriam dizer...

Julgo que caso tivesse iniciado o estudo do livro pelo Evangelho ou seja das palavras de Jesus, como recomenda o Pr Caio Fábio, o efeito teria sido bem outro. A religiosidade dos Salmos, todavia, não estava posta para minhas necessidades espirituais.

Sendo assim, desapontado, fechei o livro e fui ter com um profeta, em busca de orientação e esclarecimento.

E do quanto perguntara a respeito da leitura e a interpretação das Escrituras, recebi a seguinte determinação:

Cumpre não se fiar em livros compostos pelos homens guiados por Satanaz. O melhor caminho para a compreensão da escritura é dobrar os joelhos e implorar a graça do espírito santo. O próprio espirito abrira sua mente e fará com que possa compreender o significado da passagem mais díficil e obscura; ele tudo revela ao verdadeiro servo de Deus.
Isto foi o que ouvi e no que firmemente acreditei sem fingimento.

Assim, tendo chegado a casa, não hesitei por em prática tudo quanto me fora recomendado...

Após singela prece abri novamente o 'sagrado' volume, caindo a leitura mais uma vez no dito livro dos Salmos e num Salmo cuja linguagem parecia-me ainda mais obscura.

Desta vez, no entanto, estava preparado.

Assim sendo não perdi tempo:

Dei por inúteis todos os comentários e dicionários bíblicos, caí de joelhos por terra, prostrado, temeroso, tremendo, e reverente supliquei a graça, o favor e a comunhão do espírito santo de modo que me fosse dado compreender o sentido daquilo que estava lendo.

Foi neste exato momento que as escamas se me caíram dos olhos e sendo cego pude ver. Foi meu caminho de Damasco e minha saída de Babilônia protestante. 

Pois apesar de ter suplicado com toda boa fé deste mundo e em nome do Senhor Jesus, solicitando a orientação divina, eu - como tantos e tantos outros que agora são ateus, materialistas ou incrédulos - não obtive qualquer resposta ou esclarecimento de natureza mágica ou sobrenatural. Definitivamente a burla fora posta a luz e revelada com toda clareza.

Podendo eu aquilatar toda sujidade da manobra pentecostal e operação do erro... digo a manobra, porque os 'truques' conhecia já de oitiva...


GRAÇAS A MANOBRA PENTECOSTAL CHEGUEI A ODIAR JESUS!

De como enganado pelo pentecostalismo passei a odiar Jesus Cristo


Assim em meio as trevas do silêncio que me envolviam e as lágrimas da revolta, pus-me de pé já não como fiel servidor mas como incrédulo e escarnecedor.

Ficasse eu ali de joelhos feito um idiota, esperando as luzes do espírito santo e teria morrido de sede ou inanição ou levantado careca e de barbas brancas sessenta ou setenta anos depois rsrsrsrsrsrsrsrs...

A partir daquele trágico instante - como Saulo a sair da cidade Santa - respirava eu apenas ódio e revolta contra aquele que menos merecia e a respeito de cujos verdadeiros ensinamentos - por obra e graça do pentecostalismo - eu até então tão pouco sabia: Jesus de Nazaré... Isto graças aos homens maus que tem usurpado seu nome.

Naquele tempo de flor (segundo a expressão do piedoso Jair Pires) eu nada sabia a respeito dos falsos mestres e sedutores Lutero, Calvino, Zwinglio e dos demais fundadores de seitas e igrejolas - como Vrigen e Francescon - antecipadamente descritos por nosso Bom Mestre: Nos derradeiros tempos levantar-se-ão falsos mestres e profetas da mentira, que seduzirão e desviarão a muitos, executando prodigios mentirosos... Tampouco sabia eu qualquer coisa a respeito das origens da Reforma protestante, como mais tarde vim saber por meio de seus próprios redatores...

Era numa palavra um perfeito alienado ou estúpido e minha mente encontrava-se em estado de total confusão.

Nem mesmo a respeito da igreja romana, detinha qualquer informação consistente, pois sempre tomará por veraz a alegação dos 'profetas', segundo a qual a CCB ou a Assembléia, correspondiam a verdadeira igreja histórica e primitiva fundada por Jesus e sempre mantida por certo número de Santos ocultos a vista do mundo. 

Tal a crença dos Quackers segundo foi descrito por Voltaire nas 'Cartas da Inglaterra', dos anabatistas, adventistas e testemunhas de jeová com suas testemunhas anônimas e fantasmagóricas da Verdade a respeito das quais nada se sabe de positivo ou existe qualquer mísera linha escrita. Contávamos ter predecessores como os Bispos Ortodoxos, mas eram predecessores ocultos, obscuros, fantásticos e ilusórios a respeito do quais nada se sabia, nem mesmo o nomes...

Afinal como poderíamos nomear um calvinista no século XIII, um Zwingliano no século X, um anabatista no século VIII ou um assembleiano século V??? Decerto não poderíamos dar nomes a personagens ficticios e inexistentes...

Portanto, admitindo que Jesus Cristo havia estabelecido o padrão bíblico/pentecostal e não o padrão tradicional ou episcopal vigente nos catolicismos, vim, a crer que ele - Jesus Cristo - tendo estabelecido este padrão defeituoso e falso não passara de vil charlatão cujo suplício fora não só justo mas digno de ser aplaudido.

Por causa das mentiras pentecostais tomei ódio mortal a Jesus Cristo e um ódio tal que chegava aos paroxismos da cólera. E digo, não minto, que se não houvesse quem o pregasse eu mesmo o teria cravado no lenho com minhas próprias mãos e cuspido sobre sua divina face.

A esse tempo fui informado por alguém de que os espíritas não acreditavam em Jesus.

Até então eu nada sabia de positivo a respeito dos 'necromantes' de Kardec, exceto que eram necromantes ou que evocavam as almas dos mortos e que por isso eram pecadores e idólatras detestados por deus.

No entanto semelhante notícia encheu-me de júbilo e fez-me ir sem maiores delongas ao encontro deles, afoito como estava por escarnecer de tão excelsa figura... Quão doloroso foi para mim perceber que os tais espíritas, mesmo descrendo da divindade de Jesus, cuidavam mais do que quaisquer outros em observar e cumprir as leis e mandamentos consignados no Evangelho... Diante disto afastei-me deles e tomei-lhes verdadeiro ódio.

Optei então acercar-me dos judeus e agradecer-lhes pelo grande serviço que haviam prestado a humanidade, a saber, de terem supliciado o 'falso profeta' e sedutor Jesus de Nazaré; e como, mesmo eles, mostraram-se reservados diante de minha ferocidade anti cristã não tardei a sair, decepcionado, pela porta dos fundos da Sinagoga deplorando-lhe os escrúpulos.

Aos muçulmanos não procurei porque ignorava a existência deles ou sua presença no litoral paulista... Seja como for eles também tem alta estima não apenas por Jesus mas até mesmo por  sua Imaculada mãe, a ponto de exceder os protestantes no respeito que se lhe deve... o que naquelas circunstâncias despertaria em meu coração a mais viva repulsa.

Conclusão: Vi-me constrangido a digerir so e isoladamente todo ódio que consagrava ao nazareno e a encarar a mim mesmo como uma espécie de aberração ou aborto da natureza... Tivera eu, naquele momento crucial, tomado contato com Nietzsche e seus seguidores, talvez minha ulterior evolução tivesse tomado outros rumos, alias nada promissores. A respeito de Nietzsche e suas opiniões no entanto eu pouco ou nada sabia para minha maior felicidade.