Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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terça-feira, 30 de agosto de 2016

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Anabatistas e demais sectários

A CONTROVÉRSIA DA LIVRE VONTADE ENTRE OS ANABATISTAS E SECTARIOS



As seitas todas também cindiram-se por completo a respeito da matéria, apesar de lerem a mesma Bíblia como reconhece a Enciclopédia dos menonistas.

Basta dizer que o primeiro anabatista a abordar o assunto Hubmaier (Von der Freyhait des Willens, e Das ander Biechlen von der Freywilligkeit des Menschens, ambos publicados no Nikolsburg em 1527)  distinguiu - como Calvino - uma "vontade secreta" (poder plenário) uma "vontade revelada" - isto é duas vontades - em deus, assim sendo, a fé nos revela sua "vontade de atrair", que oferece graça e misericórdia a todos. Mas há também uma "vontade excludente" ou desejo de vingança e punição que o leva a rejeitar e condenar a maior parte do gênero humano.

Já Hans Denk, tal e qual os padres tridentinos, apresentava o livre arbitrio como uma espécie de graça primária e universal que tornava o homem responsável para com a graça da posse de Deus... E jamais empregou o termo pecado original.

"Não basta que Deus esteja em ti pela graça, tu deves antes estar nele pela escolha." era seu lema...
Tomado ao que parece as obras do injustiçado Pelágio. Seja como for sua teoria esta mais próxima de Aquino, Oecolampadius, Molina e Arminus do que de Goteschalk, Wicleff, Lutero, Calvino, Pietro Martir, Zanchius e Turretini. Esta doutrina a respeito duma graça preveniente que restabelece a vontade livre foi reafirmada por diversos grupos...

Ja Marpeck asseverava que a predestinação dizia respeito aqueles que futuramente haveriam de colaborar voluntariamente com ele, reduzindo-a de certa maneira a presciência divina. Predestinou Deus alguns homens a vida eterna por ter conhecido desde toda a eternidade que desejariam sua graça e que fariam bom uso dela. Esta doutrina, comum a todos os padres gregos, remonta aos latinos Himcmar e Rabano Maur. 

Apesar disto Schwenckfeld tomou-o por pelagiano.

Todavia a confissão de fé menonita de 1600 seguiu por este caminho tomado igualmente por Bernahrd Rothmann

A respeito de Joris sabemos ter reproduzido os ensinamentos otimistas do grande Erasmo. 

Para Melchior Hoffman a graça significava uma possibilidade de salvação para tantos quantos aspirassem por ela e não a  um decreto, uma coerção ou uma imposição divina e irrecusável.

Chegamos assim a 1557 quando Melanchton sob o título de Prozess wie es soll gehalten werden publicou um violento ataque contra os anabatistas especialmente no que dizia respeito a negação da doutrina do pecado original. Respondeu-lhe Peter Walpot por meio do tratado Handbüchlein mais amplo den Prozess. Eis o que ele registrou no sétimo capítulo daquele livro:

  • Adão certamente caiu e levou consigo toda sua posteridade, inclusive as criancinhas. E o resultado disto é a morte tanto para adultos quanto para as crianças. Cristo no entanto encarnou-se com o objetivo de reconciliar a todos pelo que as crianças pequenas recebem graciosamente a reconciliação. 
  • Certamente existe no homem uma inclinação geral para o mal. No entanto esta inclinação não é invencível e sequer acarreta a morte uma vez que 'Não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus'
  • Esta herança já não tem qualquer poder sobre os que exercem fé em Jesus Cristo. Assim 'Todo aquele que é nascido de Deus já não comete pecado' I jo 3,9 Cita por fim o texto do profeta Ezequiel sobre a responsabilidade pessoal, texto repetidamente explorado com propriedade pelos antigos anabatistas.
Enciclopédia Menonita


Grosso modo os Batistas sempre discutiram a não poder mais a respeito da natureza e da graça a ponto de constituirem dois imensos grupos nos EEUA - os da graça particular ou restrita (calvinistas) e os da graça geral ou livre (arminianos) - os quais vivem a excomungar-se mutuamente no decorrer dos últimos três séculos. Apesar da Bíblia clara e auto evidente (!!!)

Todavia, quanto as seitas radicais mais recentes, por mais paradoxal que isto possa parecer, abraçaram de modo geral a doutrina da vontade livre; sem que no entanto seus membros tenham deixado de discutir o tema até a exaustão citando carradas de passagens bíblicas pessimamente traduzidas. 


LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Spangemberg, Muskulus, Wirth e outros fanáticos

Enquanto isto, Spangenberg, do lado oposto, contra atacava:

"Os filósofos e juristas, inspirados pelas obras políticas dos mestres aristotélicos e temores puramente carnais, FIZERAM PERDER A VERDADEIRA DOUTRINA DO PECADO DO PECADO ORIGINAL ENSINADA POR LUTERO... Assim, estes sábios, que passam por discípulos de Lutero não fazem qualquer caso da magnifica obra composta por este homem divino e intitulada 'Arbítrio escravo' e ousam suster publicamente que "LUTERO COMPÔS TAL OBRA SOB A INSPIRAÇÃO DE SENTIMENTOS PURAMENTE PASSIONAIS, A FIM DE MOSTRAR A ERASMO QUE ERA MAIS SÁBIO DO QUE ELE." 
Nada mais deplorável do que ver a verdadeira doutrina cair em descrédito devido a ação daqueles que se blasonam de ser seus mais fiéis representantes e continuadores do próprio Lutero...
Assim se confirma a predição de Lutero a respeito das dificuldades que sua morte haveria de trazer a Alemanha e de QUE IGREJA ALGUMA MANTERIA A SÃ DOUTRINA, o que não esta longe de se cumprir.
DE MINHA PARTE PREFIRO SER PARTIDO EM MIL PEDAÇOS DO QUE RENUNCIAR A VERDADEIRA DOUTRINA PERTINENTE A VONTADE E O PECADO." 

Tal o parecer de Mathieu Rutze - in Ep a Simon Pauli - :

"Preferiria ser precipitado pelo Diabo no fogo do inferno do que deixar de anunciar a verdade a respeito do pecado original."

Wolfgang Muskulus que era do mesmo parecer publicou uma obra intitulada "A necessidade estóica" em que susteve igualmente a doutrina luterânica da escravidão da vontade. 

Alias não deixa de ser esclarecedor saber que Calvino, antes de ter abraçado a heresia protestante, tenha se arvorado em comentador de Sêneca... Havendo quem assevere ter bebido ele, nos escritos deste filósofo, o determinismo crasso professado pelos antigos estóicos. 

Negar que o contato de Calvino com a teoria fatalista dos estóicos deve te-lo preparado para receber a teologia fatalista de Wicliff e Lutero não ousamos.

Diante disto fica dificil compreender porque o já citado Durrfeld fora acusado por Flacius por ter se limitado a declarar que haviam muitas coisas boas nos escritos deste filósofo romano... 

Ele certamente jamais havia lido as elegantes Apologias escritas por Clemente - Protreptikós - e Justino nas quais Homero, Platão, Eurípedes e outros homens ilustres dos tempos passados não descritos como emissários de Jesus Cristo Nosso Senhor. Segundo Paulo já havia escrito a respeito de Pitagoras, Epímênides, Aratos e Menandro.

Do mesmo modo Jean Wirth - Pandocheus - clamou contra os neo luteranos que haviam abandonado a verdadeira doutrina a respeito da vontade e da predestinação...

"Tu é que não passas dum vil calvinista!" redarguiram os do partido oposto... acrescentando:

"A predestinação divina tira ao homem a liberdade na medida em que tudo atribui aos decretos divinos... isto que dizer não só as obras mas até mesmo os pensamentos, mais intimos... nem mesmo pensamentos o homem possui que sejam propriamente seus..."

Amsdorf e Flacius replicaram com um único período:

"A LIBERDADE É UM DOGMA SUJO INTRODUZIDO NO CRISTIANISMO PELOS FILÓSOFOS." Lutero 'Corp Ref XXI,86

Argumento que seria reproduzido por diversas seitas no decorrer da História a propósito da Trindade Santa (unitários e jeovistas) e da Imortalidade da alma. Afinal o antigo testamento pouco ou nada sabe a respeito de uma Trindade, da Imortalidade consciente e da liberdade... que são ensinamentos típicos do Evangelho e comuns ao paganismo antigo.

Convém lembrar no entanto que Filon, Josefus, Saadia Gaon e Mainônides; os grandes mestres do judaísmo ortodoxo não são menos taxativos sobre a liberdade e a imortalidade do que os pensadores gregos e os doutores Cristãos.

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Flacius X Striegel, Lasius e os juristas filipistas


Flacius e os seus no entanto continuavam a sustentar que: 

"O homem se comporta em sua obra de conversão como uma pedra ou como um carro de bois..." noutro passo: "Assemelha-se a a mulher de Lot ou seja a uma estátua de sal..."

Striegel por ousar discordar dele mereceu ser alistado entre os heréticos e, como tal, a ser ativamente perseguido...

Houve porém braço forte que lhe valesse e que o reintegrasse a suas funções:

"O homem sedutor -Striegel - foi já reintegrado em suas funções na alta escola a fim de que, como lobo devorador que é possa exercer suas investidas contra a grei do Senhor... POIS ELE OUSA SUSTER A DOUTRINA PAPISTA E PELAGIANA DA VONTADE LIVRE, QUE TEM PODER E FORÇA PARA COOPERAR COM A GRAÇA  E ATÉ MESMO PARA REQUERE-LA." tais as palavras de Flacius...

Ao que replicou Striegel: "Ilírico possui um decreto a favor de Ilírico..." acrescentando que não podia ser um bom decreto.

Durrfeld que também era jurista e como tal infenso ao predestinacionismo por acreditar que significava a ruína da ordem moral, foi apartado da ceia por ter ensinado a seus alunos "A falsa doutrina do livre arbítrio."

Desta vez foi o próprio Duque, juntamente com o conselho de ministros e o senado que decretaram a anulação da excomunhão de Durrfeld. Quando o pastor, pupilo de Flacius, recebeu esta notícia e recusou-se a obedecer, apelando- Exatamente como um sacerdote papista dos velhos tempos - ao 'poder das chaves' o Duque limitou-se a rir, perguntou se estava no Vaticano e fez dedignar o teimoso pastor, que pouco depois tombou fulminado por uma síncope.

Diante disto Flacius, como seu amado mestre, Lutero, protestou, murmurou, acusou, ameaçou e insultou... por não poder 'orientar' ou controlar' o poder secular a semelhança do papa ou a exemplo do velho Lutero.

"Caluniador, herético, inimigo dos filhos de Deus, palhaço, ministro da discórdia e pai da mentira." retorquiram-lhe os juristas e os filipistas (Cod Lat 941 fl 187) 'guardiães da moralidade' juntamente com os príncipes (!!!).

Os insultos eram tantos e tão insidiosos que Pouchenius chegou a dizer que "Quando eles desejam acabar com a boa fama de um homem classificam-no como flaciano." 

Segundo Mayendorf: "O Diabo atacava assim o nome de Flacius, fazendo dele um objeto de escárnio, com o intuito de diminuir o zelo dos santos pela verdade do Evangelho." in Ep a Chemnitz

Enquanto os insultos e vitupérios corriam de um extremo a outro das Alemanhas, achincalhando a dita reformação e tornando-a cada vez mais parecida com um cortiço, um bordel ou casa de pensão, um cronista católico tecia este breve mas eloquente comentário:

"Todavia eles não podiam combate-lo - A Flacius - DE BOA FÉ SEM RECONHECER QUE ESTAVAM A COMBATER O PAI E CHEFE DA REFORMA OU SEJA O PRÓPRIO DOUTOR LUTERO..."

Stiefel asseverava igualmente que "Deus mesmo enviou este homem com o intuito de condenar nosso relachamento; eu não conheço um só homem que mais do que o Ilírico tenha sabido mostrar-se digno de sua missão e digo e declaro que deveria ser tido em conta de enviado do céu. ASSIM POSSO DIZER DIANTE DE DEUS: MEUS OLHOS CONTEMPLAM O SUCESSOR DE LUTERO; QUE DIGO, EIS QUE VEJO LUTERO MESMO."

Lasius porém, sendo doutro parecer, assim descrevia os flacianos ou luteranos fiéis:

"As paixões carnais já não encontram obstáculo algum e os maus desígnios já não são contidos, a iniquidade vai seguindo seu livre curso e o homem continua assim até morrer, esperando que Deus o toque e converta segundo sua vontade.
E executando esta caricatura de penitência ele pode assistir normalmente a pregação e aproximar-se dos sacramentos como se fosse um homem honesto; e com o ser todo imundo e grosseiros toma da refeição divina...
 ASSIM É SATANÁS QUEM PELEJA POR ESTA DOUTRINA COM O INTUITO DE DESTRUIR TODAS AS LEIS DIVINAS TORNANDO-NOS PRESUNÇOSOS E IMPENITENTES.
ENQUANTO DEUS NÃO SE DECIDE A OPERAR A CONVERSÃO DO CORAÇÃO O HOMEM NADA PODE FAZER A NÃO SER VIVER DESBRAGADA E PERFIDAMENTE NA AVAREZA, NA INVEJA, NO DEBOCHE... ILUDIDO POR ESTE DISCURSO POMPOSO QUE LHE TRÁS UMA CONSOLAÇÃO QUE É ABSOLUTAMENTE FALSA E ARTIFICIAL...
O Demônio faz com que esses cães sarnentos emitam contra nós uma excomunhão mil vezes mais odiosa do que a emitida pelo Papa pois açulam o vulgo contra nós e dizem ao povo para não trazer seus filhos para serem batizados a menos que recebamos a doutrina professada por eles como a única verdadeira e fiel...

Eles vivem a perseguir e molestar toda gente piedosa e leal sob o pretexto de zelar pela reformação da igreja; quando na verdade assolam-na com tantas excomunhões e banimentos dirigidos contra tantos quantos ousam discordar deles." in Fundament Wahrer; Francfort 1568  5.8 Fls 18 sgs

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo #

A propósito correu-nos a afamada obra que Karl Rahner escreveu sobre a graça. Obra em que a partir dos escritos de Irineu constatou que todos os padres gregos afirmam a direção da GRAÇA INCRIADA ou seja da posse de Deus, para a GRAÇA CRIADA ou produzida, isto é a correção da natureza fragilizada. Admitindo inclusive que Agostinho foi responsável pela subsequente inversão da teologia latina. Inversão que muitos como o douto Altaner chegam a encarar como um avanço i é a atribuição da culpa de Adão aos demais seres humanos bem como a suspensão da livre vontade.

Jerônimo todavia, dentre tantos outros padres latinos (como Ambrósio) permaneceu - ao menos em parte - fiel ao padrão antigo, podendo ser vantajosamente cotejado pelo mesmo Erasmo. Haja visto que em seu alentado volume contra os Pelagianos sequer menciona qualquer tipo de graça preveniente de caráter interno análoga a iluminação dos platônicos. 

Lutero no entanto, entre impropérios, maldições e ameaças - face aos quais o bom Erasmo quase morria de tanto rir - alega ter a seu lado 'o mais excelente de todos os padres antigos', Agostinho. Certamente aquele que melhor assimilou o pensamento do Apóstolo Paulo (!!!)... 

Quanto a Jerônimo pouco faltou a Lutero para descreve-lo como verdadeiro ateu, acrescentando alias que duvidava seriamente quanto a salvação da alma do infeliz monge poliglota...

Respondeu-lhe Erasmo de modo irretorquível observando que Agostinho por pouco ou nada saber em termos de grego e fundamentar seus trabalhos exegéticos em traduções falíveis, de modo algum podia ter compreendido melhor o sentido do pensamento do apóstolo do que os padres que dominavam a lingua grega em que ele escrevia. Supor e suster o contrário era manifestamente ridículo.

O próprio S Teodoro de Mopsuestes, a seu tempo príncipe da exegese Cristã, na já citada memória sobre o predestinacionismo fazia observar quão inábeis e fora de propósito eram os comentários do Bispo de Hipona, o que por sinal é admitido por S Fócio. Isto pela mesma razão apontada por Erasmo, Agostinho era leigo ou melhor ignorante em matéria de lingua grega.

Nós mesmos já apresentamos o testemunho do Pe Amman um de seus melhores biógrafos bem como as reflexões do Pe Mayendorff a respeito disto. Mais felizes eram seus críticos, os monges semi pelagianos de Marselha (Colônia focense do século VII a C) que ainda ao tempo de Sidônio Apolinário possuíam um 'lector graecus' e que por isso não dava trégua aos agostinianos. 

Grosso modo foi o desconhecimento da lingua grega, após as invasões bárbaras, que precipitou a igreja ocidental nos tristes erros do gracismo e do infernismo. Já no caso da reforma protestante temos que foram mantidos por pura ma fé e que uma verdadeira reforma impulsionada pelo poder divino começaria por restabelecer as nobres verdades do semi pelagianismo e do origenismo (universalismo) por isso quem o protestantismo de modo algum é melhor ou superior a igreja papa como quer apresentar.

Pois contanto com homens hábeis na lingua grega permaneceu atrelado as velhas doutrinas legadas pelo obscurantismo ancestral.

Agora, tornando ao tema da liberdade e a Lutero, Erasmo 'não largava mais osso' e assim, como nos tempos de Juliano de Aeclanum, a controvérsia chegou ao extremo da chicana. Diante disto número de humanistas (clérigos e leigos) que a princípio, estando mal informados, não só simpatizaram com o monge saxão como ingressaram nas fileiras de sua reforma tornaram a passar as fileiras de Roma e a abjurar publicamente da 'peste luterana'. Evidentemente que tais defecções eram alimentadas pelas amargas filípicas com que Lutero estava a fustigar a doutrina da livre vontade... 

Melanchton com efeito, não só estimava o pensador batavo como propendia ocultamente a doutrina do livre arbitrio, no sentido semi agostiniano ou arminiano da restauração da vontade dos eleitos. E por isso não via como o público 'renascido' ou afeito ao ideário da renascença podia ser ganho ao agostinianismo crasso e consequentemente se atingido pela mensagem protestante. Diante disto forcejou o novo 'preceptor da Germânia' por aplacar a fúria de seu mestre e faze-lo não só depor a pena mas comprometer-se a não mais tocar no assunto ou silenciar. O que Lutero cumpriu e até onde sabemos foi a única derrota a que resignou-se!

Repetia no entanto, em alto e bom som, que jamais se retrataria e que o 'Arbítrio escravo' era sua obra do coração, isto é a predileta. 

Face a derrota de seu mestre, Melanchton ousou expressar-se do seguinte modo na Confissão de Augsburgo XVIII:

"Concedemos que todos os homens gozam de certa vontade livre, livre, na medida em que exercem o juízo da razão; todavia não é capaz de sem Deus, começar, ou, ao menos, completar alguma coisa das que dizem respeito a vida eterna."

Passados cerca de cem anos após o tempo em que haviam sido editadas foram tais palavras formalmente canonizadas pelos mestre e doutores Gehard e Calovius - na esteira de Chemnitz, Andraeas, Chytraeus e Selnekker - em detrimento das doutrinas originais e legítimas da graça irresistível e da segurança absoluta do crente agora tidas em conta de calvinistas e heréticas pelos bons luteranos.

No entanto para que chegassem a este fim tiveram os heréticos alemães de fazer um percurso tenebroso e por embrenhar-se num autêntico campo de batalha espiritual como haveremos de certificar nas próximas linhas. De fato a introdução da detestada doutrina da livre vontade no credo luterânico corresponde a uma verdadeira revolução, não faltando para tanto o elemento agressivo ou da violência inclusive.

Pois mal Lutero, sentindo-se traído e vexado (por não ter conseguido restaurar o agostinianismo em sua puridade) baixa a terra fria tumba e vai de encontro as larvas de seus ancestrais estourava a controvérsia da nova obediência, sobre a necessidade das obras. Em meio a qual Melanchton, sem ponderar suficientemente, abriu a 'santa boca' para afirmar que Lutero havia se retratado a respeito da doutrina da predestinação e do livre arbítrio.

Ora tais palavras não podiam deixar de cair como um raio sobre as cabeças do fiel Amsdorf e do rigoroso Flacius. Pelo que, foi o primeiro, levado a solicitar que Melanchton apresentasse uma declaração formal assinada por Lutero aferindo tal retratação.

E como Melanchton não podia apresentar semelhante documento - porque não existia nem existe - passou a ser tido em conta de charlatão e falsário por toda Alemanha.

Desde então cindiram-se os luteranos, formalmente, em mais um partidos rivais: Os monergistas/predestinacionistas (Em parte ao menos de acordo Calvino); que chefiados por Amsdorf, Flacius, Spangenberg, etc apresentavam-se como verdadeiros discípulos e continuadores de Lutero & os sinergistas/filipistas que sustentavam uma graça geral e condicional como os padres de Trento, Arminio e Wesley.

Eis como o próprio Flacius descortina a fé do partido rival:

"No que tange a vontade humana, eles sustentam; para agradar o papa; que o homem não regenerado pode cooperar em sua conversão e que este é 'principalmente' mas não somente, justificado pela fé..."

Logo após ter arguido Melanchton e insinuado que este estava mentindo, proferiu o já citado Amsdorf estas esclarecedoras palavras:

"Contra a ultra sacrílega e ultra perdida seita de Leipzi- assim trata a Pfeffinger e aos melanchtonianos - SUSTENTO COMO DIVINO LUTERO QUE DEUS MESMO DIRIGE O HOMEM COMO UMA PEDRA OU UM CARRO DE BOIS... E ASSIM ME OPONHO AO NOVO PAPISMO QUE DESEJA RESTABELECER A FALSA DOUTRINA DA COLABORAÇÃO DA VONTADE HUMANA COM A GRAÇA DIVINA NA OBRA DA CONVERSÃO E DA SANTIFICAÇÃO DO HOMEM." 

Não podendo mais manter-se calado Melanchton rebateu:

"Quereis conhecer quem é este Amsdorf lede o escrito que compôs contra o grande Erasmo e NO QUAL ESPALHA TREVAS E EXCRETA BILIS EM CADA PÁGINA."

domingo, 28 de agosto de 2016

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Lutero X Erasmo




"Meu coração há de ter um Senhor! Quem sera o Senhor do meu coração? Quem poderá resistir aos ataques do Diabo e aos apelos da carne? NÃO PODEMOS NOS ABSTER DE PECAR POR UMA MÍSERA HORA POIS COMO DECLARA A ESCRITURA SOMOS ESCRAVOS E PRISIONEIROS DO DEMÔNIO E CONSTRANGIDOS A EXECUTAR TUDO QUANTO ELE DECRETA." Lutero in Walch XVI,118


ean oun o uioV umaV eleuqerwsh ontwV eleuqeroi esesqe
ASSIM SE O FILHO VOS LIBERTAR SOIS COMPLETAMENTE LIVRES. Jo 8,36 JESUS DE NAZARÉ!!!


Tal o Qadar islâmico, tal o destino, tal o fatalismo de Wicliff, de Lutero...

Pois esse mesmo Lutero que hoje é apontado nos livros 'didáticos',, brochuras, folhetos, panfletos, apologias, etc como paladino das liberdades modernas (Erro capital em matéria de História) foi na verdade dos mais destacados adversários da doutrina da liberdade ou livre arbítrio metafísico e advogado comprometido do totalitarismo absolutista que acreditava remontar ao apóstolo Paulo, seu deus.

Assim, acham-se cabalmente equivocados aqueles que nada veem na vocação totalitária da Alemanha nazista além dua estranha coincidência ao invés de enxerga-la como um resíduo cultural transmitido pelo luteranismo uma vez que o processo histórico não envolve coincidências. Assim a Alemanha foi iniciada nos arcanos do fatalismo divino e consequentemente nos arcanos do conformismo, do legitimismo e da servidão pelo magnífico 'reformador'...

Nem é preciso dizer - e repetir a exaustão - que sendo monge agostiniano Lutero partiu da teologia agostiniana ou africana até chegar ao qadarita Wicliff em cujas obras muito bebeu... De fato Agostinho encontra-se nas fontes de ambos embora deva-se reconhecer que ele jamais tenha chegado a professar a doutrina do qadar ou dos decretos divinos (ou da ação direta de deus) e insistido até o fim na reativação da liberdade dos eleitos para a cooperação com a graça. 

No entanto como ensinará que a condição de eleito ou réprobo é pré determinada por deus e que os réprobos são abandonados a sua condição calamitosa justamente porque suas liberdades não são reativadas e eles não podem pensar, querer e fazer senão o mal; seus continuadores, a partir de Wicliff chegaram a um fatalismo pleno segundo o qual os eleitos também não passam de ginetes do senhor... sendo comandados ativamente por ele.

Grosso modo Lutero, Calvino, Turretini, etc nada fizeram além de assumir e reproduzir as conclusões a que chegará Wicliff arrematando o edifício construído por Agostinho e atingindo o fatalismo crasso segundo o qual todos os homens, sejam eleitos ou réprobos, assemelhar-se-iam a pedaços de pedra ou a pranchas de madeira... diretamente usados, controlados ou comandados - Como marionetes - por um poder maior. 

Há inclusive quem vá mais além e sustente que Lutero tenha transportado o totalitarismo político para o plano religioso com o intuito de cimentar o poder dos príncipes outorgando-lhe um sentido sagrado ou canonizando-o. 

Se é certo que deus tudo pode no plano espiritual, o príncipe - enquanto manifestação, ministro ou vigário seu - tudo poderia no plano temporal. Assim o potentado temporal estabelecendo as regras da justiça segundo os caprichos de sua vontade assemelhar-se-ia aquele deus que é sempre justo pelo simples fato de ser todo poderoso...

O padrão de Lutero é puramente teutônico, bárbaro, 'medieval' (sic), numa palavra Odinista; mas o substrato ideológico remonta ao noroeste da África e a Inglaterra... Eis porque as sólidas considerações de Platão em torno de uma justiça objetiva e imutável escandalizam-no e ele opta preferencialmente pelo caráter instável do deus dos antigos hebreus...

De fato o deus de Lutero Calvino é plenamente desregrado enquanto não constitui regra estável e invariável para si mesmo, ficando sua vontade sempre inconstante e arbitrária, para que possa ser todo poderoso. E até hoje os fundamentalistas sustem que deus para ser de fato todo poderoso DEVE ESTAR ACIMA DO BEM E DO MAL...

Enquanto nós sustentamos a existência de um Deus ético cujo poder é limitado por uma vontade imutavelmente fixada no bem e na virtude; assim no amor, na justiça, na veracidade, na fidelidade e não hesitamos afirmar que 'Deus jamais poderia amar o mal e odiar o bem' e que isto 'Lhe seria impossível'.
Não que lhe fosse impossível fazer ou executar o mal caso o desejasse.

O que nós afirmamos não é que lhe faltem forças para fazer o mal, e sim que não pode QUERER o mal.

Assim o que negamos não é a onipotência divina, E SIM QUE SEJA DEUS LIVRE PARA DESEJAR O MAL.

De fato o que sustentamos é que Deus não tenha liberdade para querer o mal, uma vez que sua vontade esta eternamente fixada no bem que é a perfeição.

Sendo Deus infinitamente perfeito só pode aspirar pelo que é mais excelente, assim pelo bem e jamais pelo mal.

Pois sua vontade não conhece oscilação.

É o que deduzimos por via racional e é confirmado pela divina Escritura: "Não é Deus o autor do mal." e Deus é luz e nele não há treva alguma!

Eles no entanto, tiveram de chegar o fundo do posso, até a negação de nossa capacidade cognitiva. Pelo que indagam a guiza de desculpa:

Quem é o homem para saber ou definir qualquer coisa???

Teve assim o protestantismo, com sua teologia maniqueísta, de chegar ao fundo - digo aos resíduos - do cálice...

E com que felicidade os continuadores de Manes descrevem a 'Imago Dei' posterior a manifestação do pecado como verme, cuspe, merda ou coisa parecida...  

Lutero não escolheria melhores ou mais adequadas palavras para poder exprimir deu pessimismo já patológico, já teológico.

Basta dizer  - e já o dissemos - que nosso homem compôs um alentado volume sobre intitulado 'Arbítrio escravo'. Isto no auge da desgastante polêmica com Mestre Erasmo, a única dentre as quais o obstinado saxão não quis ou não pode dar a última palavra... Dando-se por refutado.

Desde então nem é preciso dizer o quanto passou a odiar ou melhor execrar o antes 'amado' Erasmo, e ataca-lo até o fim de deus dias. Insultando-o e amaldiçoando-o mesmo depois de morto inclusive. Afinal se 'Leão morto é leão morto' para Lutero, Erasmo não passava dum percevejo fedorento fulminado pela cólera de deus... Enfim no supremo patriarca do ateísmo. Pois Lutero chegava a associar a afirmação do livre arbítrio humano com a negação da existência de Deus (!!!).

Mas... oh coisa esquisita. Este 'patriarca odiado do ateismo' ao contrário do Dr Dawkins, de San Harris, de Christopher Hitchens etc combate Lutero não com argumentos tomados a Demócrito ou Epicuro mas com citações tomadas a Irineu ou Jerônimo i é recorrendo aos padres e doutores da igreja. De cujas opiniões Lutero se ri, imitando a Manes por sinal...

Erasmo muito pelo contrário, costumava a referir-se ao discípulo de Policarpo, o mártir; como a "Meu querido Irineu." Uma vez que os ensinamentos de Irineu, por via de Policarpo, reportavam-se ao apóstolo João, aquele mesmo que inclinara sua fronte ao peito do Senhor. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Artigo K) Franciscanos X Dominicanos e cripto semi pelagianos

Quando dissemos que após a passagem de Gotteschalk ao mundo espiritual a Igreja pode repousar em paz ao menos por alguns séculos ou ao menos até Wicliff não pretendemos dizer que uma das partes desapareceu e que portanto não mais houveram situações de tensão e conflito ao cabo da baixa Idade Média, mas que os conflitos em questão não chegaram a atingir a intensidade daqueles que haviam estourado nos séculos V e IX pelo simples fato de terem sido fortemente mediados pelo poder papal.

De fato após a morte de Gotteschalk foram seus pressupostos, em totalidade ou em parte, acalentados primeiramente pela assim chamada ordem agostiniana, ordem de origens obscuras mas que chegou a adquirir bastante poder na Hispânia. A partir dos Agostinianos a doutrina predestinacionista infectou ainda no berço a Ordem dos franciscanos cujo entendimento em termos de teologia era absolutamente nulo. Os seguidores do monge Bernardo de Clairvoix e enfim a ordem - não menos mística e intuitiva - de Bertoldo i é o Carmelo. Praticamente todas estas facções identificaram-se em maior ou menos medida com a ideologia predestinacionista ou agostiniana.

Já seus adversários - Dos semi agostinianos aos cripto semi pelagianos - congregaram-se na Ordem dos Dominicanos, a qual foi, de longe a mais preparada daqueles tempos em termos de teologia e cujo principal representante, Aquino, ainda que desculpando-se foi um dos primeiros doutores romanistas e um dos poucos, a discordar de Agostinho neste ou naquele ponto. Não lhe puderam perdoar os agostinolatras e por isso foram suas obras mandadas lançar ao fogo por M Lutero.

Cerca do século XIII e ao cabo de todo século XIV puseram-se a terçar armas Franciscanos e Dominicanos, especialmente em torno da doutrina recém formulada da Imaculada Conceição de Maria, o foco verdadeiro no entanto era a doutrina agostiniana do Pecado Original, da qual a I C de M é pura e simples decorrência. Pouco faltou para que os representantes das duas ordens se excomungassem mutuamente e passassem as vias de fato, exterminando-se uns aos outros.

A cúria romana no entanto acabou chamando as partes a razão, impondo certa medida de silêncio e sobretudo proibindo que ambas as facções empregassem o termo heresia com o objetivo de classificar a opinião da facção rival. De modo que os franciscanos puderam estabelecer 'in partis' o culto da I C de Maria enquanto que os Dominicanos se mantiveram completamente alheios a ele até 1854 quando o papa romano Pio IX tomando partido dos franciscanos publicou a Bulla 'Ineffabilis Deus' .

Foi somente no decorrer do século XIV que a controvérsia em torno da graça e do libre arbítrio estourou novamente, desta vez nas Ilhas Britânicas, impulsionada por Wicliff a respeito de quem, registraria Erasmus dois séculos depois:

"Desde a Era apostólica até nossos dias autor algum ousou condenar a liberdade da vontade exceto os maniqueus e John Wicliff apenas."

Quanto a Huss é absolutamente falso que tenha sido calvinista, predestinacionista ou mesmo agostianiano Ortodoxo; antes parece esposar a tese proposta pelo metropolita Himcmar (vide Artigo anterior)

"Embora o sentido de Hussa seja agostiniano ele NÃO ADMITE UMA GRAÇA IRRESISTÍVEL... Para Huss Deus permite a escolha quanto ao oferecimento e aceitação da sua graça. Por isso a humanidade foi agraciada com o dom do livre arbítrio por Deus e não podem os homens ser compelidos a romper com o mal ou o bem. Para Huss a dignidade do ser humano esta relacionada com o poder da livre vontade. Ele até pareceria pelagiano... caso não admitisse a GRAÇA PREVENIENTE." cf Th A Fudge 'Jan Hus: religious reform and social revolution in Bohemia Ed Tauris 2010 p 61