Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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terça-feira, 31 de maio de 2016

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo XI> Divisões a respeito da Liberdade, da Graça, da obediência e das obras - Sub capítulo A) Agostinho e o agostinianismo




  1. PANORAMA DESDE AGOSTINHO
  2. PERSPECTIVA ORTODOXA - ARMINIANA OU O QUE?
  3. PONTO DE VISTA DE WESLEY - UMA LIBERDADE RESTAURADA POR DECRETO
  4. PECADO ANCESTRAL - QUE É?
  5. QUESTIONAMENTOS NECESSÁRIOS
  6. O CONFLITO AGOSTINHO/CRISÓSTOMO
  7. O VEREDITO DOS HOMENS BASE 





Agostinho de Hipona


PANORAMA DESDE AGOSTINHO




A partir deste artigo procuraremos descrever cipoal ou balaio de gatos em que os protestantes se meteram quanto as doutrinas do livre arbítrio e da graça de Deus, até terem chegado as vias de fato...

Será uma História longa e, para alguns, quiçá fastidiosa, por isso mesmo talvez seja conveniente retomar nosso dialogo fictício com o protestante...

Ortodoxo: Passemos agora a questão do livre árbitro e da graça de Deus, que é também uma questão crucial - Foi Agostinho quem o disse no livro I da Primeira obra contra Juliano, o abençoado - em torno da qual o protestantismo encontra-se cindido, formando dois grandes grupos, um em oposição ao outro.

protestante: Jamais consegui entender bem essa questão da liberdade e da eleição, alias para mim eleição é aquela votação que acontece de quatro em quatro ou de dois em dois anos rsrsrsrs

Ortodoxo: Desde os tempos de Agostinho, no século IV,  os ocidentais principiaram a discutir sobre este tema e baralhar as coisas, com grave prejuízo da verdade.

Constituía um problema para a igreja latina mesmo antes da reforma protestante, vindo a agravar-se no entanto após seu advento, isto pelo simples fato de seus promotores terem 'impetrado' recurso a Bíblia. Do que resultou uma confusão ainda maior e um delírio de sectarismo que ainda não cessou após meio milênio. E até hoje agostinianos e pelagianos, semi agostinianos e semi pelagianos, calvinistas e arminianos esbatem-se nos domínios da pseudo reforma...

Já o Papa romano - Por não poder conciliar o Agostinianismo com a Tradição da Igreja e as exigências da razão - após muito ter refletido, determinou que os jesuítas e dominicanos ficassem calados e deixassem de abordar este tema, misterioso por definição. Desde então entre os papistas prevaleceu um silêncio obsequioso... A par de diferentes enunciações...

Os protestantes no entanto, a falta de uma autoridade externa e viva, continuaram disputando abertamente e nome do que chamam 'liberdade'. Examinando, interpretando, teorizando, opinando, combatendo, escandalizando e consequentemente, alimentando tanto a incredulidade quanto o ateísmo... Afinal trata-se de um tema bastante especioso, a respeito do qual o papa romano não enganou-se...

A contar de Agostinho temos 1.500 anos anos de disputa, apesar da alentada 'clareza das escrituras'.

A qual não parece ter sido compreendida tanto pelos teólogos papistas, ao cabo de 1000 anos, quanto pelos livre examinadores protestantes em ação desde 1521...

Em termos de escrituras tudo quanto temos visto é um duelo continuo e uma troca sem fim de citações. Como diriam nossos ancestrais uma 'Sangria desatada'.



PERSPECTIVA ORTODOXA - ARMINIANA OU O QUE???





Protestante: Ao que me consta sua igreja é arminiana ou pelagiana não?

OrtodoxoGrotius e outros protestantes ilustres que pela primeira vez investigaram nossa fé ao cabo do décimo sétimo século desta Era, caracterizaram-na e descreveram-na como semi-pelagiana.

Vassilios Papavassiliou em seu brilhante artigo "Pecado original: doutrina ortodoxa ou heresia" destinado a precaver nossos Ortodoxos, em especial os prosélitos e neófitos ou convertidos, contra a perniciosa doutrina agostiniana, é bastante elucidativo neste sentido.

Alias, outra não era a fé da Cristandade primitiva e ante agostiniana segundo o erudito Luterano A. Harnack. 

De minha parte julgo que os citados eruditos aquilataram nossa doutrina com absoluta precisão e que acertaram em cheio.

É a igreja Ortodoxa semi-pelagiana mas de modo algum arminiana pelo simples fato de que o arminianismo é um sistema destinado - Na melhor das hipóteses - a conciliar o agostinianismo com o semi pelagianismo (trata-se portanto de uma solução de compromisso) e que por isso mesmo mantém a falsa doutrina da 'DEPRAVAÇÃO TOTAL'. Neste sentido ele recorda todas as soluções de compromisso elaboradas pela ICAR antes de Trento, nenhuma das quais como disse chegou a condenar a teoria maniqueísta da depravação total.

A igreja ortodoxa não busca semelhante solução de compromisso, mas afirma em alto e bom som que Agostinho afastando-se da Tradição, equivocou-se. Em suma a Ortodoxia não é agostiniana ou gracista, não segue as opiniões do Bispo de Hipona e tem-nas em conta de novidade profana, ela não teme afirmar a reconhecer que o grande teólogo africano errou e que errou gravemente, mesmo porque teólogo ou Bispo algum é infalível.

Por fim TODO LATINO deve estar cônscio de que o agostinianismo não faz parte de nossa tradição e que é supinamente ignorado ou repudiado pelo Oriente em peso. Nem a Igreja Bizantina, nem as igrejas miafisitas dos Coptas e Siríacos e tampouco a antiquíssima igreja nestoriana acompanharam o Bispo de Hipona em suas conclusões.

Nem pode a igreja Ortodoxa deixar de encarar a doutrina da 'massa damnata' (cf Fulgêncio de Ruspe 'De verit praed Liv I col 03) ou da depravação absoluta do gênero humano como maniqueísta e essencialmente herética, nos mesmo termos em que fora descrita pelo douto Bispo de Aeclanum - Julianum!

Os que raciocinam de modo diverso - Alegando um texto em que S Atanásio teria registrado que todas as pessoas não batizadas seriam condenadas e que as crianças não batizadas jamais entrariam no céu - partem de uma falsificação grosseira i é de um pseudo Atanásio. cf Comissão Teológica Internacional - A esperança da Salvação para as crianças que morrem sem Batismo 11






O PONTO DE VISTA DE WESLEY - UMA LIBERDADE RESTAURADA POR DECRETO




Basta dizer que Wesley - Um dos mais zelosos defensores do arminianismo - sustentava que a liberdade deve colaborar tendo em vista a aceitação da mensagem evangélica e da justificação pelo simples fato de ter sido

"Anteriormente restaurada por uma graça preexistente ou preveniente.". 


Compreenda-se que esta reativação da vontade tem seu ponto de partida nos méritos de Jesus Cristo e portanto, que Jesus Cristo mereceu a reativação da vontade livre dos seres humanos. Em suma> O
 próprio exercício da livre vontade é em si mesmo uma graça! Pois do ponto de vista da natureza - Segundo os protestantes, seguidores de Agostinho - após o pecado original o homem teria deixado de ser livre, perdendo não só a faculdade de querer mas até mesmo de compreender as coisas santas. Cristo no entanto, tudo devolve e restaura por meio de seu sacrifício...


Disto resulta que o patriarca do metodismo não era nem pelagiano, nem semi-pelagiano, mas um agostiniano sui generis ou imperfeito pelo simples fato de admitir como inquestionável o dogma blasfemo da corrupção ou depravação total da natureza por ATRIBUIÇÃO OU TRANSFERÊNCIA DO PECADO DE ADÃO... Outro agostinianismo mitigado como tantos e tantos fabricados nas oficinas do Vaticano ou da Sorbonna - Eis tudo quanto temos aqui e isto é o arminianismo. Coisa tímida para nós, mas que basta para exasperar os agostinianos fieis, luteranos e calvinistas levando-os ao paroxismo do ódio.


PECADO ANCESTRAL, QUE É???




Segundo a já citada Comissão Teológica Internacional - A esperança da Salvação para as crianças que morrem sem Batismo (11): "O conceito de uma herança do pecado ou da culpa de Adão, comum a tradição Ocidental era estranha a perspectiva deles i é de nossos padres gregos dado que o pecado apenas podia ser algo livre e pessoal." D. Weaver, “The Exegesis of Romans 5:12 among the Greek Fathers and its Implication for the Doctrine of Original Sin: The 5th - 12th Centuries”, in St. Vladimir’s Theological Quarterly29 (1985) 133-159; 231-257.

Semi pelagianismo é portanto outra coisa. Vai a fonte, que é a doutrina do pecado original ou da transferência de pecados e repudia-a como frívola.

Segundo nossos teóforos padres Clemente, Justino, Origenes, Eusébio, Cirilo, Crisóstomo, Gregório e Damasceno o 'pecado ancestral' - termo exato empregado pela I O - limitou-se a ferir e a fragilizar nossa condição de modo a inserir na ordem do mundo os pecados pessoais ou a inconformidade com a Lei divina.

Mas por que e de que maneira?

De modo geral os padres não explicam e não tentam explicar de que modo o pecado ancestral influenciou nossa conduta tornando-a indesejável e alienando-a face a disposição da Santa Divindade. Orígenes no entanto sugere - e com propriedade cremos nós - que isto se deu por imitação e que as gerações futuras foram sucessivamente imitando a conduta errada de seus ancestrais. Assim o pecado afirmou-se socialmente por meio da endoculturação, penetrando as mentes dos mortais, como exemplo a ser seguido ou 'programa', desde a gestação ou da fase intra uterina. Eis aqui uma sugestão muito mais arrojada do que a doutrina grosseira de Agostinho, cujas fontes remontam ao judaísmo e levam a expiação e a salvação vicária... Claro que Agostinho abriu caminho a todas estas formulações ulteriores, assumidas, mil anos mais tarde pelos reformadores.

Portanto ao opinar que: "O pecado atual NÃO PODE SER TRANSFERIDO do primeiro homem para os outros homens por meio de geração MAS POR IMITAÇÃO." (apud Agostinho 'O mérito, o perdão dos pecados e o Batismo infantil' I,9) Pelágio nada faz além de reproduzir o pensamento origenista e de modo geral grego; enfim Ortodoxo. Não pode o Deus Santo, Justo e Bom, transferir pecados ou culpas porque tal transferência é injusta... E se o protestantismo insiste a respeito é porque mantém a ideia judaica de um deus caprichoso e arbitrário em oposição a correta noção de Deus apreendida pela razão.

A aparição ou surgimento da conduta errada ou do pecado, na ótica dos padres gregos, não foi capaz de destruir por completo a imagem de Deus nos homens pelo simples fato desta imagem ser divina e portanto mais forte que o pecado. Tudo quanto a aparição do pecado pode fazer foi ferir a natureza tornando-a frágil ou enferma. Sem no entanto aniquilar a capacidade da razão ou impossibilitar o execício do livre árbitro. PARA A IGREJA ORTODOXA a opinião segundo a qual os homens, por serem descendentes de Adão, perderam a capacidade racional ou a capacidade da livre vontade é inadmissível. Não temerária ou perigosa mas herética, sacrílega, blasfematória e maniqueísta. TAL NOÇÃO NÃO CORRESPONDE A NOSSA FÉ.

Sem entrar no mérito de Agostinho ter ou não sido herético e em que medida o foi, o AGOSTINIANISMO - i é o sistema teológico formulado por ele - não só pode como deve ser tido em conta de herético pelos Ortodoxos.


QUESTIONAMENTOS NECESSÁRIOS!!!




Admitido que Deus não pudesse controlar os efeitos do pecado como poderia ser Deus??? Caso não desejasse controla-los como poderia ser Santo e Bom???

Como poderia a lei divina e perfeita conceder tamanha força a um princípio oposto a seus desígnios??? Por que raios Deus concederia tão grande poder a um fenômeno que não lhe apraz  -  como o pecado - a ponto de torna-lo Onipotente e de comprometer seus planos? Como poderia o pecado solapar a obra de Deus sem que isto correspondesse a um desígnio mais geral do próprio Deus ou a uma Lei??? E como poderia Deus legislar contra si??? Donde o mal e o pecado tirariam esta força imensa que lhes é atribuída por Agostinho, Lutero e Calvino, a não ser desde Deus que sendo Santo por definição devería odiar ou melhor abominar o mal e o pecado???

Portanto caso você agostiniano, protestante, luterano ou calvinista me diga que o pecado subverteu e anulou por completo a obra e iniciativa divina, que tudo destruiu e tudo corrompeu, que tudo manchou e tudo degradou, que tudo baralhou e subverteu permita-me perguntar-lhe se o pecado agiu aleatoriamente ou se seus efeitos perniciosos foram dispostos pela divindade? Enfim se o pecado operou sem ela e contra ela ou se operou dentro de um esquema geral ordenado e portanto a partir dela e com sua autorização??? Afinal como poderia algo fugir ao controle divino ou frustrar a vontade de Deus? Agora, se todas as coisas que se sucedem dentro de um plano geral por ele fixado, como poderia ficar sendo Bom e Santo? Como poderia abominar o mal e o pecado e ao mesmo tempo promove-los ativamente no mundo que criou???

Caso respondas negativamente devo concluir que haja algum princípio superior a divindade como as parcas ou o destino imaginados pelos antigos gregos??? De fato a presença avassaladora do mal só seria compreensível em semelhante quadro, de modo algum face a existência de um Deus Santo, Bom, Justo e perfeito!

Agora se me responderes que o controle pertence a Deus somente, como deixar de concluir que todas essas hipóteses por meio das quais a santa divindade firma e fortalece o domínio do pecado são irreverentes e blasfemas???
É assente a razão que Deus não poderia desejar o triunfo do pecado e tampouco ser coagido por qualquer poder superior ou externo a si; e portanto que as alegações de Agostinho, Fulgencio, Lucidius, Cesário, Próspero, Goteschalk, Wicliff, Lutero, Calvino, Zanchius Turretini a respeito da matéria são completamente falsas!

Insistimos portanto, em nome de nossa fé Ortodoxa e Católica, que a ação do pecado é meramente externa e apenas num segundo momento, por meio da introjeção - interna. É uma espécie de super ego invertido cuja construção remonta a nossa vida intra uterina. Assim sua presença é sucessivamente externa ou social; ideativa, mental ou potencial e apenas numa fase ulterior, quando o homem adquire maturidade, racionalidade e livre arbítrio, ativada, no pecado pessoal, por definição consciente e livre. Claro que este processo pode ser frustrado, ab initio, nos filhos dos crentes por meio da União com Cristo ou do Batismo. Ficando assim o pecado ancestral, incubado como um virus, sem jamais converter-se em infecção. O que possibilitaria uma vida perfeita e sem pecado.

Nós não conhecemos qualquer doutrina sobre uma infecção espiritual em sentido metafisico ou fetichista... A ponto de transtornar a natureza, como se a natureza fosse algo a parte de Deus e não uma realidade conduzida por suas leis.








S JOÃO CRISÓSTOMO X AGOSTINHO DE HIPONA A RESPEITO DA GRAÇA.




Protestante: Agostinho???

Ortodoxo: Quando Agostinho de Hipona, contaminado pelo maniqueismo, introduziu as teorias da corrupção e do gracismo - e por ext da predestinação particular - no corpo da instituição Cristã, o piedoso e sábio Juliano, Bispo de Eclanum, escreveu-lhe advertindo-o de que, em suas homilias e tratados, S João Crisóstomo - arcebispo de Constantinopla e amigo de Teodoro de Mopsuestia  - protestara veementemente contra elas classificando-as como inovações profanas, ao que Agostinho revidou azedamente nestes termos: 


"Deus não se agrada que João de Constantinopla se oponha ao batismo compulsório das crianças e a graça que guia os que buscam a Cristo."
Ad Julianum I,3

Todavia posteriormente, deu de torcer os textos do Crisóstomo - Exatamente como fazem os protestantes com a escritura - chegando a adicionar a restrição PESSOAIS a famosa frase do Santo Patriarca: 'Embora os nascituros, como sabemos, não tenham pecados.' querendo dizer todo e qualquer pecado, inclusive o suposto pecado imputado por conta de Adão ou original nos termos de Agostinho..Por fim o Bispo de Hipona pos-se a tartamudear que assim fosse estaria o Crisóstomo em estado de oposição a Igreja Universal, logo ele que cujo conhecimento em matéria de grego era bastante precário. cf Pe Hamman 'Santo Agostinho e seu tempo'

Recorreu além disto ao testemunho de Basílio Teodoro; o comentarista, citando-os nominalmente.

Já referimos no capítulo precedente como logo em seguida Teodoro de Mopsuestia - o grande comentarista - veio a liça publicando um libelo a favor de Pelágio e Celestio. Libelo este que foi recebido e louvado por quase todo o episcopado oriental.



Nossa fé é a de Crisóstomo e Teodoro. Gritaram todos todos os padres Ortodoxos e nós com eles.

Tal foi a fé de Todos os padres antigos a respeito da qual julgamos publicar um pequeno (minusculo) testemunho contra os maniqueus do Ocidente:




  1. "Ele fez o homem com o poder de conhecer e de decidir tendo em vista o que é correto, eis porque os homens são inexcusáveis perante ele." S Justino de Roma, o Mártir; I,177
  2. "O homem atinge a perfeição por sua livre escolha. Eis porque o malvado pode ser castigado com toda justiça por sua culpa; do mesmo modo o homem bom e virtuoso merece ser elogiado, pois pelo exercício de sua vontade opta por jamais transgredir os preceitos divinos." Taciano, Mestre dos assírios; II,67
  1. "Nada há que te impeça de assumir outra forma de vida pois o homem é dotado de liberdade. " S Malitão de Sardes; VIII, 754
  2. "Deus fez o homem livre desde o princípio com o poder de determinar sua alma e de obedecer voluntariamente os mandamentos divinos não por compulsão externa pois DEUS NÃO ATUA POR COERÇÃO." S Irineu; I, 518
  3. "Aqueles todos que creem são salvos por adesão voluntária." S Clemente de Alexandria; II, 226
  4. "Crer e obedecer estão em nosso próprio ser." id II,527
  5. "Tal como seu pai Adão o homem é livre podendo obedecer ou resistir." Tertuliano de Cartago, III, 300 sg
  6. "Ele convocou o homem através duma escolha que envolve livre iniciativa e não pode traze-lo a seu serviço forçando-lhe a vontade." S Hipólito Mártir; V,152
  7. "Tal o ensino oficial ministrado pela Igreja, que cada alma racional é dotada de livre vontade... não estamos vergados sob o jugo da necessidade e podemos agir com ou sem razão."  S Origenes de Alexandria; IV, 240
  8. "Porque o homem pode ser punido ou recompensado??? Porque tem em seu poder a capacidade de optar pelo certo ou pelo errado." Novaciano de Roma; V,612
  9. "O ato de crer ou não crer decorre do livre árbitro: por isso diz 'Vida e morte puz diante de ti, para que escolhas a vida.'." S Kiprianos de Cartago V,547
  10. "Deus jamais viola a dadiva do livre árbitro, limita-se a apontar para o melhor caminho. O poder esta no próprio homem que recebe o mandamento; pois é dele que depende fazer o melhor possível segundo sua opção." S Métodio de Olimpia; VI, 632


Referências: PADRES ANTE NICENOS - ed. Alexander Roberts e James Donaldson; 1885-1887; 10 vols. Peabody, Massachusetts: Hendrickson, 1994


A respeito de Cirilo de Alexandria, que as vezes é cotado como agostiniano por alguns, temos o testemunho de Lionel Wickam (cf Rowan Williams Org 'The Making of Orthodoxy: Essays in honour of Henry Chadwick p 211):

"Cirilo certamente não era um agostiniano." 

Desde que apareceu em cena tem sido, o Agostinianismo, uma espécie de muralha ou abismo entre nós Ortodoxos e os ocidentais, sejam eles romanistas ou protestantes. Pois nossa teologia amartiológica e soteriológica procede de Alexandria e não de Hipona...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Da Unidade de fé existente entre as Igrejas ortodoxas, parte IV- Demonstração Soteriologica












C - Da restauração

I) Do pecado ancestral

01 - Igreja apostólica assíria:

"E assim eles pretenderam tornar-se livres quando a vontade do Supremo Criador, dando ouvido aos conselhos do diabo e assim foram enganados. Devido a isso, tornaram-se filhos da morte, e cairam sob o domínio da iniquidade, e privados foram da glória, e ficaram cheios de toda vergonha, e foram retirados da companhia dos anjos, e foram lançados em uma terra de maldições. Seus filhos também, trilharam os mesmos caminhos da transgressão e se prenderam mais ainda aos laços da iniquidade... e seus corações foram se desviando cada vez mais." Mar Odeisho de Nishevam, Marganitha II,2

02 - Igreja apostólica copta:

"O Pecado original foi cometido por nossos primeiros antepassados." Shenouda III in Teologia comparada

03 - Igreja apostólica Armênia:

"No entanto, por causa da queda do homem, o pecado entrou no mundo." Tchilingirian "A fé da Igreja Armênia."

04 - Igreja apostólica siríaca:

"Ele resgatou-nos que crêem nele, e perdoou o pecado original que nós herdamos de nossos primeiros pais." Zakarias Iwas, enciclica sobre o Verdadeiro arrependimento.

05 - Igreja apostólica russa (representando todas as tradições bizantinas):




"Assim como todos os homens estavam em estado de inocência de Adão, então, quando ele pecou, todos pecaram nele e ter permanecido no mesmo estado de pecado." Petrus Moghila iten XXIV

"Entre os pastores da Igreja Oriental não há dúvida sobre o ensinamento seja do pecado ancestral herdado em geral, ou sobre as conseqüências desse pecado para a natureza humana em particular."
Michael Pomazansky in "Teologia dogmática ortodoxa"





Embora haja certa ingenuidade e confusão por parte de nossas igrejas e teologos em torno desta doutrina é certo que todos tendem a encara-la como a emergência ou entrada do mal no mundo, permanecendo todavia equidistantes dos dois grandes desvios protestantes: a doutrina da corrupção total na natureza, forjada pelo abençoado Agostinho. cf Pomazansky iden id e da teoria pelagiana ou naturalista segundo a qual há seres humanos naturalmente bondadosos e santos, i é, que não precisam ser socorridos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como supuzeram muitos dos primeiros anabatistas e socianos e ainda hoje é sustentado por todos os liberais.

Nada há na ortodoxia que se oponha a teoria segundo a qual o pecado original deva ser compreendido como o mau exemplo transmitido pelos primeiros seres humanos a seus descendentes e que culminou no triunfo total da iniquidade neste mundo e na fragilização da natureza humana.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O SENTIDO ESPIRITUAL DA QUEDA...







AO INVÉS DE ESPECULAR DOENTIAMENTE SOBRE A ORIGEM DO MAL, DANDO ORIGEM A TEOLOGIAS MORTAS E FEDORENTAS, CONTEMPLEMOS A VERDADEIRA 'ARVORE DA VIDA' E O FRUTO DE NOSSA ETERMA SALVAÇÃO: JESUS FILHO DE MARIA, A VIRGEM.


Nada mais repugnante do que a narrativa hebraica da criação em sua acepção literal.

Por outro lado, se comprendida nos devidos termos: como um alegoria hebraica ou semita, sobre a experiência comum do homem em face ao mistério do mal e uma tentativa de explicar sua origem, a pitoresca narrativa adquire novas cores...


Genesis três é basicamente isto: um testemunho existêncial, da parte dos antigos semitas, com relação a doença, a velhice, a morte, a dor, o sofrimento e tudo quanto julgamos ser molesto a nossa condição associado a um vivo desejo de lançar alguma luz sobre a aparição de tais fenômenos.


Testemunho que de certa forma foi corroborado por grande parte dos povos antigos através daquelas narrativas mitológicas concernentes uma idade aurea em que o homem vivia feliz e isento de tantos quantos males acometem-no no tempo presente.
Zeus no entanto enviou Pandora a Epimeteu e Pandora abriu a caixa...


Todos os seres humanos pertencentes a todos os povos e raças que habitam debaixo do sol, certamente já se deram conta do conflito que há entre nossos desejos, vontades, aspirações, planos e a realidade por assim dizer: nua e crua... de nossa condição.


Todos sem excessão vivemos num mundo estranho em que ao menos alguns elementos da realidade não nos agradam e no qual nossos próprios atos nos irritam ou envergonham...


Todos fazemos coisas com relação as quais nos arrependemos depois e não desejariamos ter feito.
Por mais que nos empenhemos em realizar uma determinada ação ela dificilmente é executada como desejariamos...
Nossas melhores atitudes não nos contentam nem nos satisfazem e quase sempre somos levados a crer que poderiamos ter agido melhor.
Aspiramos por um ideal de perfeição que jamais se concretiza...

Todos sentimos em nós aquele conflito interior simbolizado pelo anjinho e pelo diabinho e que foi brilhantemente deslindado já por Freud, já por Adler, já por Jung...


Todos partilhamos a mesma fragmentação, a mesma duplicidade, a mesma inquietação, o mesmo desconforto...


Gênesis III é uma representação simbólica desta situação conflitante em que cada um de nós foi lançado e uma singela tentativa para se descobrir suas causas mais remotas.


Surpreendentemente, o registro hebraico faz remontar tal estado de coisas ao tempo de nossos 'primeiros pais' ou seja a aurora da humanidade, quando segundo alguns, o pensamento reflexivo e os juizos valorativos emergiram na consciência dos primeiros homens sendo sufocados pelos instintos e apetites anímicos com que vieram a chocar-se.


Neste caso o pecado original não seria necessariamente um pecado mas uma situação de conflito entre as aptidões racional e moral recém aparecidas no homo sapiens e sua herança ancestral ou biologica com as respectivas necessidades instintivas.


Seria o homem tentando emancipar-se de sua animalidade ou de sua carnalidade para consagrar-se aos ideais do espírito...


Seria a aspiração do homem por um mundo intelectual ou ideal, imaginado ou captado por ele, frente a este mundo real onde campeiam a dor, a velhice, a morte e sobretudo a ignorância e a malignidade.

Que furor insano tem levado seres humanos - seres racionais e éticos - a acometer seus semelhantes, fazendo-os sofrer, e gemer, e chorar, e estrebuchar, pelo puro e simples prazer de contempla-los em tais condições...
Teria a razão caido sob o domínio dos sentidos e subvertido a dimensão dos principios e valores?
Feita para ser senhora dos atos humanos teria a razão se convertido em vil escrava dos apetites naturais?

Afinal o homo sapiens faz tantas coisas que nem mesmo o mais irracional dos animais seria capaz de fazer...

Diante duma contradição tão chocante entre o sentido do dever e a malignidade emergente, é perfeitamente compreenssivel que nossos maiores tenham imaginado a intervenção dum personagem totalmente maligno: a serpente ou Diabo.


Não são poucos aqueles que diante de tais crimes ou iniquidades cometidos por seus semelhantes, negam-se a crer que tenham sido perpetrados sem o concurso de algum espírito maléfico... tal sua ingenuidade no que diz respeito a condição dos seres humanos.


Outro aspecto admiravel da estorinha é que ela não declara explicitamente como o mal ou o 'pecado' foram trasmitidos a todos os seres humanos, sem que um sequer esteja isento deles.


O que infelizmente deixou a 'porta aberta' para as loucuras do agostinianismo e do calvinismo...


É certo que nem de longe o redator do gênesis compara o pecado a uma enfermidade ou infecção transmitida magicamente aos nascituros ou juridicamente imputada aos mesmos.





Muito pelo contrário, como afirmou Pelágio, tal narrativa insinua claramente que o mal foi natural ou SOCIALMENTE transmitido as gerações futuras pelo exemplo e pela educação. (o que ocorre já no ventre materno posto que o feto colhe impressões externas já nos primeiros meses de gestação e tais impressões contem elementos 'maus')


COMO TODOS OS SERES HUMANOS SÃO EDUCADOS DESDE OS PRIMEIROS DIAS DE VIDA POR SERES PECAMINOSOS, SEGUE-SE QUE A TEORIA DO MAL OU DO PECADO SE APOSSA DE SEUS SUBCONSCIENTES INDA ANTES DO NASCIMENTO.


Posteriormente os hebreus chegaram a conclusão parcialmente errônea (apenas superficialmente presente no gênesis) de que o 'pecado original' esta relacionado diretamente com as funções reprodutoras.


O salmista com efeito registrou: 'Minha mãe de concebeu no pecado' querendo significar com isso que o meio pelo qual veio a existir, isto é o conúbio carnal, era sujo e pecaminoso e não que lhe foi juridicamente imputado algum pecado por conta de Adão ou Eva...


Posteriormente tal idéia de culpa ou mancha, ou enfermidade herdade veio a ser elaborada e aceita pelos hebreus conforme podemos averiguar nas pseudo epigrafes de Esdras e Baruc.


Quanto ao cárater da primeira ação má ou desobediência posta em prática por nossos avoengos a milhões de anos, certamente jamais teremos conhecimento dele, sendo ocioso ou até mesmo doentio ocupar-se dele...


Sobre a tese naturalista do conflito entre o elemento carnal (entendido genericamente como instintos e não apenas como o instinto reprodutivo, como os judeus, os cristãos e Freud tem procurado enfatizar) e o elemento intelectual ou moral, recém desabrochado nos seres humanos, nem a abraço, nem a regeito, pois parece-me vã especulação.


Certamente que hoje as potências do homem estão em conflito, mas nunca poderemos saber qual conflito ou pecado, deu vezo a todos os outros, determinando tal situação.


Querer deslindar tal mistério é como querer identificar a 'fruta' citada na acepção literal do texto e brigar pela maçã ou pela banana.


Não devemos nos preocupar com tais questões, típicas das mentes vulgares, mas indignas das mentes elevadas...


Basta-nos ter conhecimento de nossa presente situação, fazer alguma idéia sobre como ela se estendeu até nossos dias e sobre os remédios dispostos pela divindade tendo em vista seu saneamento...


Estando em posse de tais conhecimentos o conhecimento exato da 'causa' ou da origem do mal é absolutamente supérfluo.


Ocorre-me uma magnífica sentença atribuida a Buda, mas que, por sua profundidade poderia ser atribuida ao Senhor Jesus Cristo (se é que não procede daquele Logos difuso ou Espírito de Cristo que deu testemunho antecipado sobre ele e sua missão em todos os cantos da terra):



"UM HOMEM AO SER FERIDO POR UMA FLECHA NÃO SE PÕE A COGITAR DONDE A MESMA PARTIU, SOBRE QUE A LANÇOU OU SOBRE DE QUE É FEITA, MAS TRATA SEM DEMORA DE EXTRAI-LA E DE CUIDAR DO FERIMENTO."







O Mito de Adapa - O primeiro arquetipo referente a condição precária de nossa natureza moral:

"O vento Sul soprou com toda força e o empurrou para baixo na casa se Sin, meu deus.

Oh vento Sul, quantos males tens me causado...

Eis que hei de quebrar as tuas asas.

E tendo dito isto, quebrou-se a asa do vento.

E assim, durante sete dias o vento Sul não soprou sobre a terra.

E tendo conhecimento disto Anu disse a seu mesageiro Ilabarat:

-- Porque já a sete dias o vento Sul não sopra sobre a face da terra?

E Ilabarat assim lhe respondeu:

Senhor meu, eis que Adapa, aquele que foi feito por Ea, quebrou a asa do vento.

Quando o grande Anu escutou tais palavras, poz-se a gritar enfurecido sobre seu sólio...

E eis que de Adapa se aproximou...
(Gizzida = Nin Giz Zida > deus serpente sumeriano) e disse:
Quando subires ao céu de Anu e te aproximares de seu sólio, encontrarás a porta Tamouz e Gizzida, e eles te falarão a ti

-- Porque esta aparência oh Adapa, porque estas de luto?

Da terra apartaram-se duas divindades.

-- Quais seriam?

Tamouz e Gizzida.

Dito isto eles olharão um ao outro e dirão uma boa palavra a Anu, o qual de receberá.

Mas escuta, quando te aproximares de Anu TE OFERECERÃO O ALIMENTO DA MORTE; não lho comas e te oferecerão a bebida da vida; bebe-a! Ser-te-a ofertado uma vestimenta de luto, veste-a, óleo de darão, unta-te com ele.

O conselho que te dou não esqueças, a palavra que de comunico segura-a.

Assim que Ilabarat anunciou-o: Eis Adapa, aquele que quebrou a asa do vento Sul.

-- Fazei que entre...
(disse Anu)

( E assim Adapa entrou no paraíso celestial)

E quando ele avistou a porta do palácio viu que Tamouz e Gizzida estavam lado a lado guardando a porta de Anu. (são os dois Kerub postos a entrada do paraíso hebraico)

Quando avistaram Adapa ambos gritaram: Pelo deus, porque estais assim de luto?

E ele lhes disse: da terra apartaram-se duas divindades.

Tendo ouvido isto Tamouz e Gizzida olharam um para o outro, e murmuraram, e lho puzeram diante de Anu.

E o Rei dos deuses lhe perguntou:

Oh Adapa, quem te ordenou quebrar a asa do vento do Sul?

E Adapa respondeu: Oh Anu, meu Senhor, eis que estava pescando, quando o vento do Sul soprando com grande força, veio e derribou a casa que dediquei a meu Senhor, e assim meu coraçãol encheu-se de indignação.

Tamouz e Gizzida então disserão: vê meu senhor! E o coração de Anu encheu-se de gozo.

Então ele voltou-se para Tamouz e Gizzida e lhes disse: Eis que o filho de Ea esta entre nós, um pecador entre os puros um inferior entre os imortais! Acaso não lho purificastes e não emprestastes a ele um nome de imortal?

Então os ministros buscaram o ALIMENTO DA VIDA
(fruto da vida, nectar, ambrosia, soma, etc) mas ele recusou-se a beber. Então aproximaram dele a bebida da maldição (fruto proibido) e ele sorveu, depois lhe deram vestes de luto e ele se cobriu com elas, enfim lhe trouxeram óleo e ele se untou com ele.

Então Anu compadecido dele, perguntou:

Porque agiste assim oh Adapa, porque não comeste do alimento da vida eterna e sorvestes a bebida amargosa? Já não terás a vida eterna.

É porque me lembrei das palavras dele (Gizzida), meu senhor, o qual me disse que não comesse, apenas bebesse... assim regresso ao lar dos viventes..."