Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

Total de visualizações de página

Pesquisar este blog

domingo, 10 de janeiro de 2010

Mais perguntas respeitosas...

O - Lutero, Calvino, Zwinglio, etc eram faliveis ou infaliveis?

P - Confeso que nunca refleti profundamente sobre a questão. Penso no entanto que, como homens de Deus que eram, devem ter sido guiados por ele e preservados de errar - ao menos gravemente - em matéria de fé.

O - Neste caso porque cada um deles fundou uma seita diferente ou melhor porque o senhor não é nem luterano ou calvinista, mas assembleiano?

P - Para dizer a verdade sempre pensei que uma tal doutrina, infalibilista, fosse meio 'romana', certamente que enquanto homens que eram Lutero, Calvino e os primeiros reformadores estavam sujeitos a errar, mesmo em matéria de fé.

O - Neste caso como o Espírito Santo que é infalivel poderia ter inspirado a homens falíveis?

Ademais se Lutero e seus pares eram faliveis, o sistema fundado por eles é...

Neste caso em que um Cristianismo falivel se distingue das demais religiões faliveis fundadas por homens faliveis?

Se Jesus era a própria verdade a igreja fundada por Jesus (MT 16,18) só pode ser infalivel... afinal porque Jesus sendo infalivel faria questão de fundar uma igreja falivel, destinada a corromper (ao invés de conservar) seus ensinamentos?

Que utilidade teria para a humanidade a fundação duma igreja falivel?

Por outro lado se a Igreja de Cristo - ao contrário das instituições humanas e conforme a natureza de seu divino fundador - deve ser infálivel, como pode indentificar-se com o protestantismo: sistema fálivel, edificado por homens faliveis?

Se Lutero e seus pares do século XVI não passavam de homens faliveis porque devemos preferi-los aos homens faliveis dos séculos II, III, IV e V: Clemente, Origenes, Tertuliano, Hipólito, Irieneu, etc?

Entre um homem falivel que não é sucessor de qualquer apóstolo e um homem falivel que é sucessor de uma apóstolo escolhido por Cristo com quem deveriamos ficar?

Sendo que nem o grande Lutero, nem o fundador da igreja que o amigo segue eram infáliveis, qual diferença entre um e outro?

Sendo que nem o lider de sua igreja nem o senhor mesmo são infaliveis porque raios deveria eu dar ouvidos a um ou outro?

P - Faço questão de concordar com tudo quanto é ensinado por meu pastor.

O - Mesmo sendo ele um homem fálivel?

P - Sim...

O - Neste caso esta sujeito a incidir nos mesmos erros que ele.

P - Penso que a obediência é uma virtude que muito agrada a Deus.

O - Certamente que a submissão aqueles que foram ensinados e comissionados por Cristo é uma virtude assaz elevada, pois eles são os depositários e dispenseiros da divina revelação. Entretanto você afirmou que seus reformadores e pastores eram e são faliveis, neste caso então porque submeter-se a homens que podem errar, que benefício nos traria uma tal submissão?

P - No entanto nos protestantes também cremos que nossos lideres foram comissionados por Deus.

O - Admitindo que foram comissionados pelo Deus da verdade, porque não são absolutamente firmes na verdade e impedidos de errar no que diz respeito a ela? Para que serviria uma tal comissão divina que não preserva-se a verdade do erro?

P - Certamente que o Espírito Santo conhece a infalivelmente a verdade...

O - No entanto a Verdade não foi feita para o Espírito Santo e tampouco revelou-a Jesus a ele, mas aos homens, pois disse: ide e ensinai a toda criatura, desejando certamente que todas as criaturas viessem a conhecer a verdade divina. Neste caso não basta que o Espírito Santo conheça infalivelmente a verdade, mas que aqueles que foram comissionados e enviados pelo Mestre conheçam-na e ensinem-na infalivelmente auxiliados pelo Espírito Santo.

P - Também cremos que nossos reformadores foram chamados, iluminados e confortados pelo Espírito Santo e que nossos pastores, ainda hoje, sejam coadjuvados por ele.

O - E no entanto não ousam afirmar que tal atuação do Espírito Santo foi assim tão radical e efetiva a ponto de preseva-los de erros em matéria de fé ou de tirar as consequências....

P - Que consequências?

O - Se Lutero e Calvino erraram como haviam errado nossos padres e os papas romanos, faz-se mister que haja uma nova reformação, e como também esta reformação será por sua vez falivel como a precendente, será necessária mais uma outra, e outra, e outra de modo que taus reformações humanas da instituição Cristã jamais terão fim, produzindo sucessivas seitas.

Sendo Lutero e Calvino faliveis como nós, também nós podemos revindicar para nós mesmos a função de reformadores.

Pois ningúem esta obrigado a concordar com homens faliveis.

E o que um homem falivel poder fazer outro homem falivel igual a ele também o pode...

Quero dizer que nenhum reformador ou fundador de seita esta obrigado a concordar com o outro. Só os fiéis mais ignorantes e ingenuos ousam falar em obediência ou em submissão no seio de um protestantismo totalmente falivel... todo aquele que através da investigação dos principios toma consciência do que é a autoridade no protestantismo (algo puramente humano, logo dispensável) não exitará em romper com ela e em afirmar sua própria autoridade enquanto ser pensante e racional, até que nos termos finais do processo chegar-se-a a um solipsismo religioso crônico, crendo cada protestante estar na posse da única verdade já descoberta por si mesmo, mas sempre fálivel, já revelada pelo próprio espírito santo em termos fáliveis ou até mesmo, quem sabe, infáliveis...

Tais principios como sempre haverão de produzir elementos totalmente incrédulos ou totalmente fanatizados...

Pois se não há infalibilidade alguma não há real motivo para se aderir a divina revelação... por outro lado se a infalibilidade é diretamente comunicada a qualquer individuo por obra e graça do espírito santo não há espaço para reflexão e a liberdade...

P - O que há não são erros propriamente ditos, mas um crescimento da verdade ou melhor do conhecimento da verdade, conforme passamos a ve-la tanto mais de perto.

O - Assim o protestantismo faz a volta ao parafuso, pois regeitando a teoria da evolução no que diz respeito aos seres vivos, aplica-a justamente a única entidade imutável existente na face da terra: A DIVINA REVELAÇÃO CRISTÃ, insinuando com isto que Cristo não revelou a seus apóstolos toda verdade, sendo tarefa do espírito santo revela-la subsequentemente as futuras gerações...

Em que uma tal doutrina evolutiva se distingue da doutrina romana do desenvolvimento do dogma?

Em nada exceto pelo fato de que o romanismo, afirmando a infalibilidade de seu lider, afirma que tal desenvolvimento é objeto de infalibilidade (neste caso divino e controlado pela igreja) enquanto que o protestantismo fazendo dele um processo tão falivel quanto ele mesmo, inutiliza-o por assim dizer... conforme o critério de tal desenvolvimento será subjetivo e individualista.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Da infalibilidade da Igreja - definição e limites.







P - Acaso crês que tua igreja é infalivel.
O - Sim, creio piamente na infalibilidade da Igreja.
P - Todavia as escrituras afirmam:
"Maldito o homem que confia em outro homem.", que "Todos pecaram e estão privados da graça de Deus.", que "aquele que diz não ter pecado é mentiroso." querendo dizer com isto que todos os homens são frageis, pecadores e falíveis.
O - Quanto a primeira objeção respondo, que se confias em Cristo, confias num homem, pois Jesus Cristo é verdadeiro homem; que se confias nos apóstolos de Cristo, confias em homens (por outro lado se deles desconfias pobre de ti!) e que os próprios livros santos foram escritos por homens.
P - Alto lá, alto lá meu amigo: Jesus Cristo bem que fosse homem era também verdadeiro Deus e os apóstolos comissionados por ele não vivem mais enquanto as escrituras foram compostas por moção do Espírito Santo.
O - Alto lá o senhor, pois no fim das contas a humanidade de Cristo não destruiu sua humanidade, de modo que ele permanece sendo verdadeiro homem... quanto aos apóstolos é certo que já não vivem entre nós, o Senhor no entanto afirmou que a missão exercida por eles deveria estender-se até 'a consumação dos séculos', permanecendo a Igreja por eles fundada. Quanto a inspiração de que gozam as santas escrituras, creio que a liderança da verdadeira igreja - exercida pelos sucessores dos apóstolos - é igualmente inspirada e amparado por Cristo com o sentido de conhecer, divulgar e conservar o significado essencial das mesmas escrituras, a saber, a revelação Cristã mesma.
P - No entanto...
O - Data venia, permita-me ainda responder a duas de suas objeções anteriores que deixei passar.
P - Sem problema.
O - Quanto a fragilidade e a pecaminosidade humanas devemos compreende-las:
a) Com relação ao homem natural e não com relação ao homem reconciliado.
Tratam-se dos pecados cometidos nos tempos da juventude ou da ignorância, quando se ignorava a mensagem e a graça do Evangelho.
b) Com relação ao comportamento das pessoas ou seja a suas ações e operações e não com relação a exatidão da mensagem Cristã, comunicada pelo Senhor aos apóstolos.
Pois uma coisa é estar errado quanto a vida Cristã e outra totalmente distinta é estar equivocado quanto a divina revelação ou seja com relação aos elementos constituitivos do Cristianismo.
Afinal tanto um ímpio como Judas pode estar em plena posse da verdade revelada quanto um homem piedoso e santo quanto Agostinho de Hipona ou Wesley pode estar equivocado no que tange aos artigos de fé entregues a igreja por seu Senhor, fundador e Mestre.
c) Com relação a individuos e não com relação a todo corpo da igreja.
Assim um membro ou alguns membros da igreja poderão vir a pecar novamente - após a restauração - como afirma Hermas, irmão de Pio, no Livro do Pastor, mas não a igreja como um todo, na maior parte de seus componentes não pode cair, e tornar a cair, e permanecer caida...
Do mesmo modo, um ou alguns fiéis ou até mesmo Bispos - como durante a crise ariana - ou mesmo uma igreja inteira - como a romana - porderão vir a errar em matéria de fé, mas não o conjunto dos fiéis, a maior parte dos sucessores dos apóstolos ou a totalidade das igrejas apostólicas.
P - Logo infálivel não é aquele que não peca?
O - Certamente que não. A questão a santidade ou impecabilidade da Igreja é uma, a questão de sua infalibilidade é outra, por infalibilidade deve-se compreender apenas e tão somente isenção de falha ou de erro.
P - Portanto o senhor advoga que sua igreja jamais errou?
O - Não, não quero dizer que minha igreja jamais errou em sentido absoluto, ou seja que jamais cometeu erro algum, mas apenas e tão somente que não errou no que diz respeito a DIVINA REVELAÇÃO ou seja no que diz respeito aquelas verdades divinas e transcendentes que lhe foram comunicadas por seu excelso fundador.
P - Devo concluir que a infalibilidade da igreja é limitada?
O - Certamente que a infalibilidade da igreja é limitada e que ela cometeu diversos erros em campos e matérias que não são pertencem a divina revelação. Sempre que saí de seu próprio terreno a igreja fica sujeita a errar.
P - Portanto a igreja é meio falível e meio infalivel?
O - Não, a igreja enquanto tal, levando-se em conta o seu fim é apenas e tão somente infálivel, entretanto partes, lideres e membros da igreja são falíveis, mesmo quando pretendam falar em seu nome. A igreja é falivel em seus elementos e partes em separado e infalivel em sua totalidade quando há pleno acordo das partes e dos elementos sobre determinado assunto.
P - Neste caso a quem caberia verificar e julgar a infalibilidade da igreja?
O - Esta prerrogativa pertence certamente a razão.
P - Portanto o Ortodoxo julga a igreja?
O - Veja bem, se o ortodoxo sabe que sua igreja foi fundada por Cristo, que o fundamento da igreja são os apóstolos, que os Bispos são sucessores dos apóstolos e que a pleno acordo das igrejas apóstolicas (orientais) no que tange a divina revelação ele não sente necessidade alguma de julgar sua igreja. No entanto se desafiado por algum adversário não temerá um exame racional, metódico e equanime, crendo inclusive que tal exame possa ser util a piedade. O que sugerimos aos protestantes, QUE SE APRESENTAM COMO LIVRE EXAMINADORES, É QUE EXAMINEM COM IMPARCIALIDADE E EQUIDADE NOSSA HIPÓTESE SOBRE A INFALIBILIDADE ECLESIÁSTICA, PONDO DE PARTE SUAS PREVENÇÕES. AFINAL COMO PODERIAM CUMPRIR COM SEU PAPEL DE LIVRE EXAMINADORES SEM DUVIDAR DE SEUS LÍDERES (os pastores) E SEM POR DE LADO AS PREVENÇÕES QUE NUTREM CONTRA NOSSA IGREJA?
P - Neste caso, não julgando a igreja, aceitais como certo tudo quanto ela afirma?
O - Certamente que não. O ortodoxo, instruido pelos exemplos de Cristãos tão ilustres como Papias, Hegesipo, Tertuliano, Origenes... deleitasse em conhecer a tradição de cada uma das igrejas apóstolicas (grega, síria, Palestiniana, Copta, Persa, ucraineva, etc) admitindo como certo, infalivel e divino apenas e tão somente as doutrinas admtidas por cada uma delas unanimemente. Possuimos além disso os escritos dos padres (admitindo apenas a Idjima ou acordo que há entre suas sentenças), os decretos dos concilios e os símbolos de fé, aceitos por todas as igrejas e ficamos com o que há de comum entre eles.
P - Portanto há um critério segundo o qual podeis julgar vossa igreja.
O - Embora o ortodoxo não esteja obrigado a exercer tal julgamento, é forçoso admitir que um tal critério existe e que é a tradição comum das igrejas ou a História eclesiástica. Ao contrário das organizações romana e protestante a igreja ortodoxa não teme um exame de fundo historicista, desde que seja honesto e equanime, antes exige um tal exame e convida os protestantes em especial a exerce-lo.
P - O amigo poderia apontar-me alguns atos faliveis ou doutrinas faliveis pertinentes a parcelas da Ortodoxia?
O - Evidentemente.
O ato de canonização dos santos é totalmente falível enquanto ato de uma igreja particular, logo enquanto ato que não foi revelado a igreja por seu divino fundador através de seus apóstolos. Mesmo teologos papistas como Badia chegaram a esta inevitável conclusão.
Doutrinas como a dos pedágios, particular a algumas igrejas, e teorias, como do juizo final e eternidade de penas adotadas por alguns fiéis são certamente falíveis.
Até mesmo nossas teologumenas como a Assunção da Santíssima Virgem não são infaliveis ou de fé, podendo ser regeitadas por qualquer fiel, embora algumas delas sejam comumente aceitas por motivos de ordem puramente dedutiva ou teologica, inclusive a teoria latina da Imaculada conceição.
O importante para nós é a distinção, bastante precisa, existente entre tais teorias, hipóteses e doutrinas e os artigos de fé constituintes da divina revelação.
São as verdades divindamente reveladas e cridas por toda igreja que nos santificam e aperfeiçoam na graça do Senhor e não nossos possiveis erros em matéria de opinião livre ou teologia.
A igreka romana nutre pretenssões de infalibilidade no terreno da teologia, para a ortodoxia, o terreno que esta para além da divina revelação é livre, mesmo que comporte a possibilidade de erros e equivocos.
P - Compreendo.







Breve exposição:

- A palavra infalibilidade é derivada da palavra falibilidade, a qual por sua vez procede do verbo falhar, sinônimo de errar.
Falibilidade é a qualidade daquele que falha ou erra.
Infalibilidade é o contrário, o oposto ou o antônimo de falibilidade, sendo a qualidade daquele que não falha ou não erra, a inerrância.

- A Inerrância ou infalibilidade da Igreja não se estende a todos os setores ou áreas do saber humano - como aquela autoridade e inspiração que os PROTESTANTES ATRIBUEM A BÍBLIA, ESPECIALMENTE AO TESTAMENTO ANTIGO - nem sequer a todas as áreas da RELIGIÃO CRISTÃ como a ética ou a litúrgia.

Queremos dizer com isto que tal inerrância ou infalibilidade não é total ou absoluta, ficando fora dela todo e qualquer ato humano como canonizações, excomunhões, etc ou mesmo certos setores da vida CRISTÃ como a ética, a litúrgia, etc

A INFALIBILIDADE ECLESIÁSTICA RESTRINGE-SE APENAS E TÃO SOMENTE AS VERDADES ESPIRITUAIS CONCERNENTES A NATUREZA DIVINA, A CONDIÇÃO HUMANA, AO DESTINO DA ALMA E A INSTITUIÇÃO DA IGREJA, OU SEJA, A PARTE DOUTRINARIA OU DOUTRINAL, FICANDO ADSTRITA A ELA.

São tais verdades que a ORTODOXIA pretende expressar com autoridade divina em seus artigos de fé ou dogmas, aceitos por cada IGREJA APOSTÓLICA e consignados nos santos evangelhos, nos escritos dos Padres, nos decretos dos concilios e nos símbolos de fé.



- Mesmo no campo doutrinário, o que não é objeto de concordância ficando sob a égide da divina revelação, permanece como terreno livre e acessivel a reflexão teológica.

Portanto mesmo no plano doutrinário o espaço pertinente a infalibilidade ou a inerrância eclesiástica é bastante reduzido e delimitado com bastante precisão.

Quero dizer com isto que o Ortodoxo sabe muito bem no que deve crer para ser considerado seguidor de Nosso Senhor Jesus Cristo, condensando seus ensinamentos em cerca de cinquenta linhas ou paragrafos bastante claros, precisos e concisos, como os que foram publicados em artigo precedente.


- Portanto a vantagem da ortodoxia sobre o protestantismo é capital:

Grosso modo o protestante é obrigado a crer NO LIVRO, NO LIVRO INTEIRO, INCLUSIVE NAQUELA PARTE DO LIVRO INTITULADA VELHO TESTAMENTO.

Isto significa crer com fé divina em 1.189 capítulos e 31.102 versículos.

Regeitando a fé na igreja e em pouco mais de quarenta afirmações, o protestante se vê obrigado a cair no velho dilema do aceitar tudo ou regeitar tudo, tornando-se já liberal ou seja cético (incrédulo) já fundamentalista, neste caso fazendo milhares de atos de fé em milhares de afirmações bíblicas que (especialmente no testamento Velho) atingem todos os ramos do saber e do viver humanos, com o sacríficio de sua liberdade de ação e pensamento.

Não é a toa que as religiões 'do livro' como o protestantismo e o Islan são as que melhor encadeiam e oprimem os seres humanos, com suas milhares de sentenças inspiradas, ou seja milhares de dogmas e artigos de fé inquestionáveis.



Tal não se dá no Cristianismo Ortodoxo, o qual mesmo possuiando um livro - O EVANGELHO ou o Novo Testamento - não é uma religião do livro, na medida em que não pertence ao livro (pois é o livro que lhe pertence).

O Cristianismo é a religião da divina revelação comunicada aos homens por Nosso Senhor Jesus Cristo ou da boa nova, a qual constitui a essência ou a mensagem central do Evangelho e que a Igreja, dirigida pelos sucessores dos apóstolos e inspirada por Deus, condensou em meia centena de artigos de fé, bastante claros, concisos e precisos.


Não há pois nem espaço para a livre examinação, a confusão, a controvérsia ou a disputa; nem espaço para a opressão e a dominação na Igreja Ortodoxa. Nela o que é de Deus - os artigos de fé divinamente revelados - é dado a Deus e o que é do homem: sua liberdade, é dada ao homem.

Nem regeitamos os mistérios divinamente revelados como a Encarnação, a Restauração, a Ressurreição, os Sacramentos, a Comunhão dos Santos, etc nem sacralizamos a cultura dos antigos hebreus e tampouco confundimos uma coisa com a outra.

Ouvi entretanto de um amigo fundamentalista - boa possoa, mas muito prejudicado pela falta de oportunidades educativas que assola este pais - que tal se sucede, de crermos nós em alguns poucos dogmas e eles protestantes na BÍBLIA TODA ou seja, em milhares e milhares de artigos de fé, justamente porque não temos fé ou temos pouca fé, enquanto que eles protestantes teem verdadeiramente fé ou mais fé.

Dando a entender que a fé se mede pelo número de artigos de fé professados e não pela intensidade com que são professados os artigos...

Neste caso bastar-me-ia responder que os hindus teem certamente muito mais fé do que eles protestantes uma vez que creem num número muito maior de artigos de fé, inseridos nos Vedas, na Ramayana e a na Mahabarata, para não falarmos nos Upanishads e pouranas... que constituiem por sinal a mais extensa coleção sagrada do mundo.

Os bramanes por sinal, do mesmo modo que nossos partores protestantes afirmam que cada frase dos Vedas é uma palavra perfeita de deus... e por ai se mede o número de dogmas em que creem - milhões, seguindo o número das divindades - bem como a vastidão da fé que lhos anima e que supera certamente a vastidão da fé protestante.

No entanto o que importa não é o numero dos artigos ou dogmas em que se cre, mas a veracidade dos mesmos e a intensidade com que neles se crê.

Quanto a veracidade temos por certo que as fábulas urdidas pelos sacerdotes hebreus em nada se distingue das que foram forjadas por seus companheiros hindus, exceto pela afirmação do monoteísmo, o qual naturalmente recebemos, alias, como a principal contribuição do povo judeu a espitirualidade humana.

Contribuição comparável apenas a que foi acrescentada por Jesus ou seja a afirmação do cárater paterno dessa Unidade, cárater sem o qual ela pouco ou nada vale. Pois o que distingue o autêntico Cristianismo, do judaismo e de todas as outras formas religiosas, é justamente a qualidade de seu discurso com relação a divindade apresentando-a tanto mais isenta de imperfeições e vícios humanos.

Já quanto a intensidade com que se crê em algo sabemos que varia de pessoa para pessoa e que nenhum critério de ordem objetiva é capaz de comprovar que os protestantes em geral creem com mais intensidade do que os ortodoxos, romanistas, espíritas, infiéis ou gentios...

No fim das contas quem crê mais, a Dra Zilda, que consagrou boa parte de sua existência a saúde de nossas crianças, concorrendo para que milhões delas pudessem crescer com vigor e saúde ou um desses sujeitos que gastam dias e noites gritando com auto falantes no meio de nossas praças?

Digam o que disserem eu aposto na fé de Dna Zilda, na fé da irmã Dulce, na fé da Madre Tereza e julgo que tais mulheres constituem os supremos môdelos duma fé verdadeiramente intensa, viva, consciente e operante.

Deve ser mais díficil lavar as feridas purulentas de um empesteado ou sujeitar-se a contrair uma série de moléstias contagiosas do que crer em tantas genealogias inuteis e ficar gritando a plenos pulmões pelas esquinas...

Aquilo penso eu é fé, ja isto, embora pareça fé, pode ser mero espetáculo ou puro e simples efeito de anormalidades encefálicas.



Dos principios protestantes e da atual condição protestante.



Jaz o protestantismo atual cindido em dois campos beligerantes:

- Liberal, que prevalece em organizações históricas como o luteranismo e o calvinismo, especialmente no continente europeu e em certa medida nos EUAN.

&

- Fundamentalista, que prevalece nas seitas de origem mais recente, em especial nas assim chamadas pentecostais, cujo principal campo são os paises subdesenvolvidos do terceiro mundo e em certa medida os EUAN.


No primeiro bloco nos deparamos com aqueles que já não creem em absolutamente nada ou seja com um grupo de céticos e materialistas que se obstinam em afirmar-se como Cristãos, embora sejam visceral e mesmo figadalmente anti-nicenos.

Já no segundo bloco que é o extremo oposto do primeiro no deparamos com aqueles que creem ou pretendem crer em tudo quando diz o livro, inclusive no Velho Testamento e que tem assumido uma postura cada vez mais judaizante no decorrer da história... Aqui já estamos no terreno do fetichismo crasso ou do anti-naturalismo, do mito, da fábula, etc


E sem embargo tanto uns quanto outros afirmam-se legitimamente como protestantes.


Evidentemente que o segundo grupo não é peculiar ao protestantismo, subsistindo das igrejas Ortodoxa, romana e anglicana, as quais porém raramente concedem algum posto de comando a seus representantes, e as vezes até se esforçam por educa-los e por torna-los tanto mais civilizados.

O primeiro grupo também conta com alguns representantes nas duas ultimas comunhões citadas, embora não se sintam lá muito a vontade nelas tendo em vista a frieza com que são encarados pela maior parte dos fiéis e mesmo dos teologos seus pares.

É evidente que tais igrejas - a de Roma por exemplo - desejariam exercer um controle tanto mais amplo sobre seus adpetos, e que tais adeptos, em contrapardita, regeitam cada vez mais a um tal controle.

O que notamos por trás desse mundo de ortodoxos, romanos e anglicanos que desejam permanecer em tais comunhões e que ao mesmo templo regeitam as pretenssões ilimitadas do clero no sentido de controlar totalmente suas vidas, é a formação de uma imenso grupo ou duma 'terceira via' cujo lema parece ser 'nem oito ne oitenta'.

Tais pessoas parecem desejar continuar crendo no essêncial, como por exemplo nos antigos formulários e símbolos de fé com seus artigos bastante claros, precisos e ordinários, aceitando por outro lado e até certo ponto uma crítica racional tanto as fábulas do velho testamento quanto as estórias de milagres que envolvem as vidas dos santos... parecem em geral simpaticas a téses como a divindade de Cristo ou a restauração, mas infensas ao dilúvio ou ao sangue de S Genaro...

Há um notório esforço entre os ortodoxos, romanistas e anglicanos medianamente instruidos por encontrar um termo médio - que alias já existe e se encontra em nossos simbolos de fé ou credos - entre o total ceticismo e a credulidade total nos termos: regeitar tudo ou aceitar tudo...

De nossa parte encaramos tais esforços com franca simpátia, pois cremos na superação dialética de ambos os extremos: a incredulidade e a superstição e na vitória duma fé sóbria e esclarecida, que possua límites e que seja claramente expressa.



No campo do protestantismo todavia prevalece viva a dicotomia ou dilema do: Crer em tudo ou do não crer em nada... expressa pelos termos Fundamentalismo e Liberalismo.

Posto esta que nem os fundamentalistas nem os liberais estão dispostos a procurar por um meio termo. Nem os primeiros desejam sacrificar um palmo de sua fé em gigantes, diluvios, behemoths, milagres, Nem os outros estão dispostos a sacrificar o que julgam ser imperativos da razão....

Isto significa que o protestantismo falhou miseravelmente em conciliar a fé com a razão, chegando a uma terceira via ou termo médio como as formas tradicionais e teologicas de Cristianismo.

Uma tal antinômia tem suscitado entre os incrédulos assumidos posturas igualmente extremistas, pois enquanto alguns encaram os liberais protestantes como amigos ou confrades, outros como Sam Harris, encaram-nos como verdadeiros hipócritas e como sendo os piores inimigos do espirito verdadeiramente livre.

O mesmo se dá entre aqueles fundamentalistas que teem passado já a igreja romana, já a igreja ortodoxa, sob a alegação de que os liberalismo protestante é uma ameaça a fé Cristã... enquanto que a autoridade e a tradição caso não consigam manter tudo de pé, lograrão certamente manter o 'essencial'...

Enquanto isso dentro do protestantismo mesmo os representantes de ambos os lados continuam a atacar-se, a excomungar-se e a anatematizar-se mutuamente, apresentando-se cada qual como verdadeiro representante do pensamento reformado...




O que esta absolutamente correto.

Pois as fontes mais remotas de tal conflito encontram-se exatamente nos principios fundamentais que constituem o protestantismo.

Refiro-me já ao Biblismo, já ao livre examinismo...

E afirmo sem rodeios que o fundamentalismo procede diretamente do biblicismo, enquanto que o liberalismo é filho legitimo do livre examinismo.

Daí florescerem viçosamente no seio do protestantismo e impedirem o surgimento de um termo médio... pois um termo médio implicaria necessariamente em:

- Limitar o escopo e a autoridade da Bíblia por um lado. (reduzindo sua mensagem a questões espirituais e religiosas e sua autoridade ao Novo Testamento em coordenação com o Evangelho)

O que vai de encontro ao biblismo e ao fundamentalismo.

- Limitar as pretenssões da razão, admitindo que 'demonstradas as bases da divina derevação' e 'comprovado que há motivos para crer' a razão deve submeter-se e abraçar aos artigos de fé expressos no símbolo, mesmo sem compreende-los. (não se deve regeitar aos dogmas sob a alegação de que não se pode compreende-los)


Prevacele pois uma fé cega, sem base e totalizante (fideismo) no campo do fundamentalismo e o puro racionalismo no campo do liberalismo, opondo-os necessariamente um ao outro como duas forças antagônicas.


Afinal nos termos de Calvino - que são os termos que vieram a prevalecer no corpo do protestantismo - o biblicismo deve ser encarado no sentido em que toda a Bíblia de capa ma capa é plenamente inspirada e totalmente infalivel... devendo ser o livro aceitado in totum...

Num sistema assim perde-se completamente de vista a especificidade a fé Cristã, bem como sua essência, diluindo-a por completo nas crenças ou o que é ainda pior na cultura vetero judaica...

O que torna por outro lado tanto mais fácil uma regeição do Cristianismo como um 'totum' da parte daqueles que tendem ao ceticismo e não desejam crer no pouco que lhe exige a fá Cristã. A ortodoxia ou fundamentalismo protestante exetendendo ao infinito tais exigência e aplicando-a a cada palavra da Bíblia acabou por fornecer aos incrédulos o pretexto que sempre buscaram para não crer...

Assim ao falar-se contra ou a favor da fé Cristã já não se fala em Cristo ou em seu Apóstolo, mas em Adão, gigantes, diluvio, Moisés, David, etc assuntos que não estão diretamente relacionados com a fé Cristã, centrada e fundamentada nas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo...

A aceitação de tais postulados implica numa castração mental por parte do fiel... pois aqui já não se trata de admitir algo que seja imcompreenssivel por estar acima da razão ou para além de nossas estruturas mentais de compreendão - as quais por serem exatas não deixam de ser limitadas a nossa realidade sensorial - mas em admitir por certo algo que - como o DILUVIO POR EXEMPLO - contradiz formalmente a própria razão.

Não se trata aqui do ato honroso e meritório de se submeter a razão convencida de que deve crer a uma revelação sobrenatural que toca ao sublime, mas de sacrificar a razão, de destruira, de aniquila-la... e de aniquila-la em todos os sentidos diante de sessenta e seis livros que imiscuem-se em todos os assuntos possiveis...

Não é para menos que os fundamentalistas mais atilados desejam REFORMAR (DEFORMAR) todos os campos e ramos do conhecimento de acordo com os ensinamentos da bíblia hebraica, criando assim uma GEOLOGIA REFORMADA (catastrofista), uma ASTRONOMIA REFORMADA (geocentrica), uma BIOLOGIA REFORMADA (fixista ou criacionista), uma POLITICA E UM DIREITO REFORMADOS (pautados na legislação mosaica )... quem quizer dar uma conferida mais de perto nessas monstruosidades parturidas pelas mentes enfermiças de nossos fundamentalistas de uma passada no Orkut (iten comunidades).

Depois deterem DEFORMADO a religião Cristã com base no livro, era de se esperar que partissem para uma deformação tanto mais geral, submetendo todos os campos do saber humano ao corão de Moisés...

Porque entre a visão que o muçulmano tem do Corão e que o protestante fundamentalista tem da Bíblia (incluindo o Velho Testamento) não há diferença alguma, ambos decidem todas as questões seculares e profanas (da astronomia a medicina) com base no livro e bradando: esta escrito...

Aqui se diz: tá na Bíblia (palavras terriveis e ameaçadoras a civilização) como lá se diz: esta no Corão, os livros são distintos mas o principio teocrático é o mesmo.

A única diferença é que lá no Oriente, devido a uma série de questãos, mormente econômicas e educacionais, eles já preponderam e controlam, enquanto que por aqui ainda constituem uma minoria, mas uma minoria que cresce e que já da mostrar de querer subverter os alicerces de nossa cultura secular.



Todavia Lutero após afirmar o biblismo - se bem que em termos bem menos enfáticos que Calvino (pois enquanto sacerdote e herdeiro da tradição teologica mediecal Lutero exprimiu sua idéia de inspiração e de canon em termos CRISTOCENTRICOS E CRISTOLOGICOS) - lutero afirmou um segundo principio, o Livre examinismo (mais tarde revisto por ele mesmo e especialmente por Calvino), principio segundo o qual era defeso a cada Cristão examinar as escrituras, provar a fé e se necessário delas extrair a divina revelação ou a verdadeira fé da igreja (pois segundo ele sustinha a igreja era sujeita a erro em matéria de fé).

Assim - nos lugares onde prevaleceu o Luteranismo (pois Calvino restabeleceu de pronto o sacramento da ordem e a autoridade de seus ministros para ensinarem ao povo em nome de Deus) - os homens, em especial os mais ilustrados passaram a examinar as ditas escrituras, crendo a principio que até recebiam uma iluminação especial do espírito santo para faze-lo... Posteriormente, como surgisse um número cada vez maior de dissenções e seitas dentre aqueles que se entrgavam a um tal mister, chegou-se a conclusão de que não havia iluminação alguma (pois como o espirito seria capaz de sugerir um significado diferente a cada leitor) e de que um tal exame era de talhe puramente racional...

Por essa época - século XVII - a atitude preconcebida de Lutero com relação a razão humana já havia sido superada por alguns teologos de escol, como João Gehardt, o qua, por sinal sempre reconheceu o quanto devia a tradição racional herdada a escolástica...

Como no entanto Lutero havia dado cado da autoridade divina dos Bispos, foi demasiado fácil a consciência Luterana passar do plano racional duma teologia - cujo objetivo é, na medida do possivel, compreender melhor os dogmas - para o plano racionalista, cujo objetivo é descartar como falso tudo quato não se pode compreender...

Uma tal tradição fora já inaugurada neste sentido, pelo romanismo, mas apenas e tão somente com relação ao Velho Testamento e suas fábulas (Pe Ricardo Simon).

Quem pela primeira vez ousou ultrapassar a demarcação e aplicar uma tal crítica já ao Novo Testamento, já a fé Cristã em sua especificidade - ortodoxos, anglicanos e romanistas levaram dois ou tres séculos para tentarem faze-lo - foi o Luterano Reymarus, seguido posteriormente por Josias Semler e outros, publicamente reconhecidos como pioneiros desta teologia cuja última expressão foi o igualmente protestante Rodolpho Bultmann, o teórico de desmitologização...

Posto esta que o exame puramente racional das escrituras, sem qualquer controle por parte das igrejas protestantes - que por principio (o livre exame) não podiam faze-lo - acabou por converter-se numa teologia totalmente crítica ou negativa a ponto de tornar-se anti-nicena e de certo modo anti-cristã. Refiro-me a teologia liberal, sem deixar de reconher, entretanto, tudo quanto há nela de positivo e o quanto eu mesmo lhe devo.

Afinal, mesmo estando separados de seus representantes por nossa opção e fidelidade a fé nicena, não podemos de deixar de encarar com simpátia aqueles que no campo do protestantismo, neutralizam de certo modo o pensamento e a ação dos fundamentalistas.

Seja como for as duas correntes extremistas e rivais teem cada qual sua razão de ser nos principios constituitivos da fé protestante como o Biblicismo e o livre examinismo: o livro e a razão...

E o livro e a razão necessariamente se anulam na dinâmica protestante como um ácido e uma base...

Fato curioso é que um ortodoxo ou romano instruido e que busca um termo médio para sua fé (uma terceira via espiritual entre a incredulidade e a superstição) seja via de regra encarado como incrédulo ou cético pelos fundamentalistas protestantes e como crédulo ou devoto pelos protestantes liberais.

Como biblista ou livre examinista um protestante jamais poderá compreender o que as palavras igreja, tradição, concílio e especialmente NICÉIA OU FÉ NICENA SIGNIFICA PARA NÓS. Efetivamente para nós a fé nicena está já acima escritura (se por escritura queremos significar Velho Testamento) - enquanto conteúdo claramente expresso e garantido do Evangelho - já acima da razão... Para nós essa tradição é que serve de crivo já para a conceituação da mensagem da escritura, já para a razão enquanto lhe informa sobre onde termina o campo da fé e se inicia o espaço da liberdade.




- Da relação biblismo - fundamentalismo


Passamos certamente por um momento crucial em que diversas formas de tensões parecem por em risco o curso da civilização.

Civilização que se encontra ameaçada por todos os lados:

- pelo sistema econômico
- pela depredação do meio ambiente
- pela ignorância das massas
e também - dentro deste quadro de forças co relatas - pelo fundamentalismo/fanatismo religioso em franca ascenssão, não apenas no longinquo Oriente, como a mídia tem se esforçado por propalar, mas aqui mesmo nas grandes cidades do Novo mundo, do Alaska a Patagônia.

Uma característica comum aos fundamentalistas de lá e de cá é que enquanto minorias sediciosas, vivem apelando a diversidade cultural e a instituição democrática com o intuito de apregoar livremente sua destruição e a afirmação de uma nova sociedade teocrática.

Tal a hipocrisia e o farisaismo que geralmente caracterizam o ethos fundamentalista.

Apelar a diversidade cultural, a isonômia, a tolerância e a outros qualificativos da civilização democrática com o sórdido objetivo de destrui-la!!!

Em contrapartida o discurso matreiro deles tem despertado cada vez mais a simpátia de sociologos e antropólogos, segundo os quais toda e qualquer alusão ou denúncia a um tal estado de coisas - por parte daqueles que aceitam o ônus de se manter as instituições livres a 'todo custo' - comportaria necessariamente preconceito ou 'perseguição' religiosa! Agora denunciar o fanatismo e o fundamentalismo entranhado em certas pessoas, instituições e práticas, é preconceito ou discriminação!!!

E no entanto os fundamentalistas julgam-se no direito de discriminar, no mínimo aos homossexuais - o que certamente é um abominável crime - para não falarmos na mulher, nas crianças e até mesmo em minorias étnicas como índios e negros...

Quer dizer que nós cidadãos que não usamos o nome sagrado de Deus, nem apelamos a um livro qualquer, podemos ser punidos - e com razão - ao discriminar um homossexual, uma mulher ou uma pessoa de outra raça ou pais, enquanto que aqueles que discriminam em nome de Deus e de um livro podem faze-lo sem maiores problemas porque a dona 'religião' ou a dona 'fé' lhe concedem imunidades?

Assim a lei já não é igual para todos, favorecendo todo tipo de crimes e vícios cometidos em nome da tal dona 'fé' ou da tal dona 'religião'...

Como dissertou um velho amigo meu: o ato de fumar maconha ou cheirar cocaína já não poderiam ser classificados como crimes no momento em que algum maluco afirmasse ser tal ato uma forma de se unir a divindade ou de cultua-la, convertendo-o numa espécie de chá do santo Daime ou ritual religioso, pois neste caso - e é isto que constitui sua malignidade - proibi-lo seria violar a liberdade religiosa das pessoas...

Perceba-se pois como a tal da 'liberdade religiosa' acaba convertendo-se num bom pretexto para se violar as leis numa boa...

Basta que se aplique o tal 'postulado' fora de seu campo...

Que é justamente o que fazem os fundamentalistas religiosos...

Tenho para comigo que não há nada de mais sagrado do que a liberdade de crenças, a qual por sinal, serve de base a nosso Estado, leigo e secular ou seja aberto a todas as crenças e não crenças.

Nada mais belo do que isto: a convivência pacífica entre pessoas que pensam ou creem de modo diverso, cada qual tolerando as outras...

Eis um ideal e um praxis dignos de serem amados e conservados como vinculo de paz para as nações e povos.

O fundamentalista no entanto apenas suporta um tal estado de coisas.

Ja foi dito que assim o é porque ele 'crê' sem duvidar ou porque julga estar em posse da verdade.

Eu porém não creio nesta explicação segundo a qual todo aquele que crê verdadeiramente seja um fundamentalista ou um fanático.

Muita gente boa crê e pensa estar em posse da verdade e sabe respeitar as crenças e as opiniões das demais.

Penso que o problema aqui não é a fé ou a religião, mas já a fé, já a religiosidade compulsiva, absorvente e mal colocada, especialmente quando é alimentada por instituições religiosas levianas, irresponsaveis e oportunistas.

Afinal se as agremiações religiosas permanecessem dentro do seu terreno ESPIRITUAL -que não é disputado nem pela ciência nem pela política - que é um terreno elevado e belo, admitida sua existência, não haveria conflito algum, mas perfeita e absoluta harmônia. A religião cumpriria dignamente com seu papel que é ligar os seres humanos ao numinoso inspirando moralmente suas ações e operações, promovendo a alteridade e encaminhando-os a uma evolução no terreno da ética...

Todavia é forçoso confesar que a religião - sobretudo a mais perfeita delas, e por assim divina, o Cristianismo - tem falhado vergonhosamente, traido seus propósitos e colaborado para que as condições humanas declinem ao invés de melhorar, e porque?

Pois saindo do terreno e espaço que lhe é próprio tem tornado aos padrões primitivos - recebidos dos antigos hebreus - e pretendido tudo dominar.

Afinal o vezo do fundamentalismo é mesmo este, ULTRAPASSAR AS BARREIRAS E LÍMITES DO ESPIRITUAL E PRETENDER TUDO CONTROLAR E DOMINAR SEM DEIXAR ESPAÇO AS DEMAIS ESFERAS DA EXISTÊNCIA HUMANA COMO A CIENTÍFICA OU A POLÍTICA PARA SERMOS SUSCINTOS.

É fato sumamente deplorável que por vezes alguns cientistas ou políticos transloucados tenham invadido os domínios da religião ou da espiritualidade e se imiscuidos em assuntos com relação aos quais não passam de opinadores, fora da esfera de suas competências.

Entretanto não é menos deplorável o vício assaz arraigado e publicamente assumido pelas agremiações religiosas fundamentalistas de invadir aos domínios da ciência para pontificar infalivel e dogmaticamente sobre assuntos que não lhes pertencem, como a origem e a idade do nosso universo, a origem e a idade do nosso planeta, a forma do planeta, a origem da vida, etc

Já há cinco séculos que um tal espaço NATURAL PERTENCE A CIÊNCIA e não ao domínio do SOBRENATURAL.

E isto esta de pleno acordo com O ESPÍRITO DO NOVO TESTAMENTO E DO EVANGELHO O QUAL NEM ABORDA NEM SE DETEM EM QUESTÕES DE ORDEM NATURAL OU TERRENA, QUE NADA IMPORTAM A DEUS E A ALMA...

Jamais será excessivo repetir que nem Jesus nem seus apóstolos jamais pretenderam dar lições sobre geologia, física, química ou biologia...

E É JUSTAMENTE ESSE 'DEIXAR DE LADO' TAIS QUESTÕES, QUASE COMO SE FOSSEM OCIOSAS, QUE CONSTITUI A MAIOR GLÓRIA DO CRISTIANISMO.

O judaismo como insitituição arcaíca e grosseira que era é que se ocupava - sempre equivocadamente - de tais questões, questões que se não forem abandonadas de imediato pela instituição cristã, acabarão por faze-la declinar.

O pior no entanto é que a religião fundamentalista não se contenta por dogmatizar sobre o universo e a natureza, partindo para o terreno das relações sociais e políticas e convertendo-se em TEOCRÁCIA. Afinal a tentativa de se subverter a ordem vigente e de restabelecer a tirânica religiosa, passa necessariamente por destruir a ciência...

Para o fundamentalista faz-se mister destruir a ciência porque a ciência esta na base de nosso môdelo educativo, secular e válido para todos sem consideração de crenças. Substituida a ciência pela religião ou a fé a EDUCAÇÃO DEIXA DE SER LEIGA OU SECULAR PARA TORNAR-SE 'RELIGIOSA'.

Compreendo perfeitamente que as instituições fundamentalistas mantenham e sustenham seus colégios nos quais se ensina a fanfarronice criacionista COM SUAS NECESSÁRIAS CONSEQUÊNCIAS NO PLANO DA BIOLOGIA E DA MEDICINA, o que não posso nem desejo compreender é que tais escolas - LEGÍTIMOS VIVEIROS DE OBSCURANTISMO E DE RETROCESSO JÁ EPISTEMOLOGICO, JA TÉCNICO - recebeam aval do estado ou do MEC para aferir diplomas válidos para todo país... DIPLOMAS TÃO VÁLIDOS QUANTO OS QUE FORAM OBTIDOS PELOS ESTUDANTES DE NOSSAS ESCOLAS PÚBLICAS, cujos padrões, neste sentido, primam pela seriedade... (neles a ciência não é encarada como jogo de palavras, mera edificação cultural de valor relativo, etc MAS COMO ALGO FACTUAL, POSITIVO, EMPÍRICO, UNIVERSALMENTE VÁLIDO E VERDADEIRO)

É justamente devido a esta postura irresponsável e conivente de nosso governo que os fundamentalistas conceberam A IDÉIA ABOMINAVELMENTE MONSTRUOSA DE introduzir suas superstições na escola pública, leiga e secular. Afinal, para esse tipo de gente cada conquista sempre serve de base para uma nova exigência.

Daí nossa postura que é a FAVOR DE QUE O ESTATUTO DE TAIS ESCOLAS - CRIACIONISTAS - SEJAM REVOGADOS PELO ESTADO.

Foi justamente esta falha do nosso governo que resultou na entrada de uma malta de criacionistas em nossas instituições de ensino superior e a formação de um núcleo de professores e pseudo intelectuais fundamentalistas, cujo ojbetivo É REFORMAR A GEOLOGIA, A QUÍMICA, A FÍSICA, A BIOLOGIA... TAL E QUAL JULGAM TER REFORMADO O CRISTIANISMO... ou seja apelando a Moisés, Abraão e outros professores confrades seus...

E desta formação de sofistas resultaram todas essas manobras IMPORTADAS DOS EUAN - de lá só vem porcaria mesmo - DE SE ASSALTAR A ESCOLA PÚBLICA, nela introduzindo o livro - do Gênesis é claro - e fazendo brecha para que no futuro introduzam-se lá outras 'cositas mas', pouco a pouco, ATÉ QUE NOSSA EDUCAÇÃO DEIXE DE SER LEIGA E SECULAR COMO DETERMINADO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, PARA TORNAR-SE CONFESSIONAL, RELIGIOSA, EXCLUDENTE, PRECONCEITUOSA, SECTÁRIA...

Feito isto - substituida a educação leiga pela religiosa (quem tem alguma dúvida que leia Rui Barbosa, Fernando Azevedo, ou qualquer outro intelectual do nível) - adeus estado leigo, secular, tolerante, pluralista...

Todas as nossas liberdades e conquistas serão anuladas e retornaremos de mala e cuia, não a Idade Média - que até parecerá luminosa em comparação com um tal futuro - mas a Idade do Bronze... destarte o sonho de todo fundamentalista hipócrita será concretizado, e as velhas leis do bom Deus - AS LEIS BÁRBARAS DE MOISÉS (QUE JESUS CRISTO REVOGOU PARA TODO SEMPRE) - restabelecidas. Nos EUA já começaram pela pena capital e ora se esforçam no intuito de introduzir a praga criacionista...

ERRA pois e redondamente aquele que pensa e crê ser o criacionismo uma questão de pouca monta ou uma quejanda. Seu significado é muito mais grave e profundo do que se imagina pois comporta uma forte tensão - que todos desejam disfarçar - entre o secularismo e a teocracia, pondo em jogo pela base os nossos valores democráticos e em cheque a questão da liberdade.

Trata-se enfim da velha e desagradável questão do que se fazer com relação aqueles que desejam - e todo fundamentalista é um destes - democraticamente abolir as instituições democráticas e fundamentados na doutrina da liberdade construir um mundo totalitário. Tal o caso, no passado, dos ultramontanos, absolutistas, comunistas e facistas os quais por diversos motivos pretendiam valer-se das garantias e imunidades democráticas com o perverso fim de destruir a ordem democrática.

Hoje os representantes deste tipo de pensamento - que quase nunca é publicamente assumido, mas que existe (e eu sou testemunha) em diversas instituições neo protestantes brasileiras - são os nossos criacionistas e fundamentalistas que amealham nossos meios de comunicação, industrias e cadeiras no parlamento... desejando assaltar e descaracterizar a escola pública.

E sob a cinica alegação de que não teem 'LIBERDADE' para fazer pregações sobre o Gênesis e outros atos de proselitismo em nossas escolas.

Penso que todo aquele que, sob quaisquer alegações, advoga a conquista do poder com objetivo de REVOGAR AS LIBERDADES CÍVIS DEVA SER PROCESSADO COMO REBELDE E SEDICIOSO.

Afinal o que temos de mais importante não é o governo democrático, mas acima de tudo as conquistas, instituições, garantias, direitos e fraquias (todas as formas e expressões de liberdade) que tal regime nos concedeu no decurso de sua tragetória histórica, e que devemos ampliar cumprindo nossa missão de humanistas e humanizadores numa perspectiva socialista.

Tais conquistas não apenas valem mas merecem o sacrifício do nome, da fama, das riquezas e do sangue, pois dizem respeito ao futuro de nossos filhos e filhas ou seja, se haverão de viver como cidadãos críticos, reflexivos e livres ou como súditos, escravos ou párias esmagados pelos caprichos e sutilezas de um livro.

Tenhamos sempre diante de nós a mórbida História das bruxas de Salém, pois ela nos mostra até onde a razão é capaz de ser obscurecida pelo fanatismo e até onde o fanatismo é capaz de chegar fazendo queimar, cortar e esmagar criaturas humanas!!!

Tais os frutos da cultura do livro e daqueles tristes tempos nos quais qualquer defesa ou raciocinio era descartado com um simples: esta escrito ou com um simples: é o demônio...

Assim procedem nossos criacionistas alegando: esta escrito... e desejando introduzir tal praxis em nossas escolas, as quais de pronto deixarão de ser escolas para converter-se em Yeshivas ou madrassias!!!

Diante de tais injunções cujo objetivo principal é fazer com que o ídolo Bíblia reine sobre nós, devemos nos levantar heroicamente e dizer: Não, não desejamos viver segundo as leis e as pescrições deste livro ultrapassado - me refiro ao Velho Testamento - mas segundo os preceitos espirituais e morais do Evangelho e o uso da reta razão, numa perspectiva de acolhimento e tolerância para com as diversidades que são honestas e não opostunistas.

Não, não há como fazer cumprir uma exigência apenas do livro... a vindicação de uma é e será apenas o começo de um lento processo de teocratização da sociedade.

As pretenssões do biblismo quando coerentes e honestas envolvem uma regeição quase que absoluta a todas as conquistas de nossa civilização.

Por isso nos devemos opor a ele enquanto princípio religioso completamente estranho ao Cristianismo e denunciar, o protestantismo 'ortodoxo' como inimigo declarado de civilização.



QUE DIREÇÃO O CRISTÃO, O CIDADÃO E O HOMEM CIVILIZADO DEVE SEGUIR?



No passado a igreja tentou disfarçar o cárater virulento do Testamento antigo com relação ao espaço leigo, secular ou pagão do Estado e da realidade que a cercava, apelando a alegorias, sutilezas, rodeios, etc

Tomou mal caminho pois conservou a aureóla de santidade que nimbava tais documentos permitindo assim que posteriormente grande parte da Cristandade torna-se a letra que mata em oposição ao espírito que vivifica.

Justiça porém lhe seja feita, pois naquelas priscas eras a igreja não possuia o instrumental científico que possuimos hoje e que nos permite afirmar que a relação do Antigo Testamento com a sociedade de então - uma relação totalizante e teocrática - era o único tipo de relação historicamente possivel. Afinal a ciência e o estado 'potencialmente' livres só fez sua emergência séculos depois na antiga Grécia e mesmo assim em termos bastante relativos...

Buscar portanto límites na visão dos antigos hebreus constitui um grosseiro anacronismo, tão disparatado quanto as estratégias empregadas pela tradição cristã com o objetivo de manter as aparências e salvaguardar o cárater mágico da dita palavra de deus. (alterando o sentido e laborando em livre examinismo com tendências relativistas)

Hoje convem reconhecer a limitações e condicionamentos sociais pertinentes a época em que tais documentos foram compostos e nada mais buscar neles a não ser o Cristo, onde puder ser encontrado, reconhecendo que todo o restante não é palavra de Deus coisa nenhuma, mas pura e simples palavra de homem.

Por outro lado enquanto educadores e militantes políticos não podemos permanecer indiferentes aos clamores do fundamentalismo hodierno. Cumpre-nos pois a honrosa tarefa - e jamais nos esquivaremos dela - de nos opormos clara e abertamente a seus discursos e pretenssões em defesa da paz e da estabilidade social, condição 'sine qua nom' lograremos estabelecer um Estado social.

Não perfilhamos e não podemos perfilhar desse sutil relativismo com que os antropologos e sociologos costumam encarar tais questões, assumindo não rara e gostariamos de acrescentar 'ingenuamente' a defesa de nossos adversários, em nome das liberdades e garantias que eles, a longo prazo pretender revogar.

Para nós a liberdade não é uma simples questão de cultura relativa a isto ou aquilo, mas uma questão vital, existencial e metafisica que assume o cárater duma concreção tão absoluta quanto o pão, a água e o ar e da qual depende nossa existência mesma, e sem a qual não podemos nem queremos viver, e da qual em hipótese alguma pretendemos abdicar.

Para nós a luta contra a idéia ou a teoria fundamentalista - luta que se dá no campo do pensamento lógico dialético - é a mesma luta de nossos pais: a luta pela liberdade e a luta contra o despotismo.