Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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terça-feira, 30 de agosto de 2016

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Concórdia pelo braço secular, não pela Bíblia


No mesmo ano em que 'derradeiro discípulo de Lutero' escrevia esta relação, congregaram-se os luteranos moderados sob a direção de Andraeas, Chemnitz, Selnekker, Chytraeus, etc e promulgaram a fórmula da Concórdia na qual o flacianismo foi aparentemente condenado...

"Mesmo após a queda, sustentamos, que resta uma distinção entre a substância do homem, sua natureza, sua essência, seu corpo, sua alma e o pecado original; assim sendo cremos que a natureza seja uma coisa e que o pecado original, que é inerente a ela e que a corrompe seja outra." Iten I

Dizemos aparentemente porque tudo ficou reduzido a uma questão de palavras.

O simples fato dos doutores semi filipistas terem desaconselhado o emprego das expressões 'acidente' e 'substância' danos a entender que eles esqueceram-se por completo de que as palavras Trindade, comunicação de bens, natureza divina, natureza humana, comunhão de bens, pessoa, etc são igualmente ignoradas pelos registros sagrados e que sem embargo disto os santíssimos padres e doutores congregados nos quatro grande concílios da Igreja a elas recorreram e delas serviram-se com o intuito de vindicar a fé pura e condenar os devaneios judaizantes de Ario e Macedônio, dos sucessores de Mar Nestor e Eutiques. 

Em verdade, ao menos quanto ao tema da vontade livre, a 'Solida declaratio', só pode ser compreendida como um triunfo de Lutero e como uma condenação ao filipismo, cuja raiz encontra-se evidentemente em Erasmo, nos padres gregos (A exemplo de Irineu) e mesmo na tradição papista sancionada em Trento.

"Concernente a este tema - da livre vontade - nossa doutrina, fé e confissão é que, no que tange as coisas espirituais e divinas a razão humana sendo totalmente cega nada compreende." in I, 01

E mais além:

"É o Espírito Santo que efetua a conversão do homem e não há nisto qualquer elemento humano... Deus, por meio de seu Espírito Santo é que atrai os corações daqueles que deseja converter e salvar... Somos convertidos pelo poder e graça do Espírito Santo, aqui nada há de humano ou natural."

Eis porque nas 'condenações' a fé de Regius, Zell, Odiandro, Melanchton, Swenckfeld, Arminius e Wesley; recebe o seguinte tratamento:

"Assim condenamos tantos quantos ensinam ser o livre arbitro regenerado por Deus antes da obra da conversão de modo a tornar-se responsável por parte dela..."

O que se era de prever ou esperar dos redatores de semelhante fórmula é que numa linha de coerência, reproduzissem as lições de Wicleff, Lutero e Calvino a respeito do 'decreto horrendo' por meio do qual a maior parte do gênero humano, sendo tido em conta de ímpia, era condenada ou melhor abandonada ao pecado e em seguida aos tormentos antes mesmo de vir a existir i é desde toda a eternidade.

É exatamente aqui que a teologia luterana subsequente mostra-se perfeitamente farisaica, sinuosa e dissimulada, face a rude franqueza de um Lutero, de um Calvino e de um Flacius...

Andraeas e seus pares todavia, sendo cônscios de que a ideia Cristã de Deus como Pai generoso, é incompatível com a ideia da rejeição positiva, optaram  por ocultar a outra face da moeda e por apresentar uma apenas... 

Ora isto nem Lutero nem Melanchton haviam feito, este porque sempre reconheceu a capacidade do livre arbitro regenerado em termos arminianos e aquele porque jamais deixou de admitir e de afirmar a predestinação dos ímpios para o mal, o pecado e a condenação...

Afinal como poderiam os eleitos ser passivamente convertidos por Deus, sem que os não eleitos fossem ativamente excluídos e abandonados por ele? 

Como poderia o homem resistir a graça por um lado sem colaborar com ela por outro?? Como poderia ser o único responsável por sua perdição sem ser co responsável por sua salvação??? Aqui a suprema miséria do luteranismo ortodoxo...


Assim a partir de Gehard o prato pendeu novamente para Melanchton e os arminianos, sem que no entanto chegassem os luteranos a qualquer acordo... O ponto a que se chegou de fato, após dois séculos de debates e lutas tão encarniçados quanto inúteis foi a incredulidade e a apostasia... De que ora beneficia-se o islã naquelas paragens.

Isto é tão certo que num dos subsequentes prefácios da 'Fórmula' - em desafio a Gehard e os seus - Melanchton, Regius, Pomeranus e Brentius são citados como teólogos suspeitos de heresia por se terem afastado nalgum ponto da confissão de Augsburgo... Embora seus livros contivessem coisas boas e edificantes...

E no entanto eles haviam sido os mais próximos de Lutero, seus convivas e gente de sua inteira confiança.

É curioso que Andraeas e seus pares tenham se atrevido a levantar suspeitas sobre a ortodoxia de Melanchton - de quem eram discípulos, amigos ou protegidos !!! - ou insinuado que ele não soubera compreender ou interpretar a Confissão que ele mesmo elaborara e entregara a Carlos V. 

Sim, pois na confissão elaborada pelos teólogos em 1577 pretendiam eles conhecer e compreender melhor do que Filipe, o formulário composto e escrito por ele em nome de seus irmãos... 

Aqui o mesmo veneno instilado por aqueles segundo os quais Engels não tería compreendido bem o pensamento de Marx e sim Lênin, o russo que jamais conviveu com ele...


Eis porque, abstraidas as palavras, o teor da Solida declaratio é sutil ou capiciosamente flaciano...

No entanto se Pomeranus, Brentius, Jonas e Cruciger não foram capazes de compreender o pensamento do reformador saxão...

Por outro lado se Pomeranus, Brentius, Jonas e Cruciger mentiram e falsearam deliberadamente a doutrina de Lutero que tipo de moralidade podemos encontrar no berço da dita reforma????????

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Ainda os flacianos, substancialismo, acidentalismo...


O mesmo Wesenbeck descreve os flacianos nos seguintes termos:

"Eles desejam excluir da ceia um imenso número de pessoas, chegaram a ameaçar meu jardineiro com uma vara de marmelo e disseram que seria excomungado.
Eles gritam a todo instante: Igreja, Igreja, Igreja; doutrina, doutrina e verdade... no entanto o que querem na verdade é exercer dominação e por seu jugo sobre os demais; EMBORA ELES MESMOS VIVAM COMO ÍMPIOS E SIBARITAS.
É FÁCIL VER POR SEUS ESCRITOS E SUA CONDUTA QUE NELES NÃO HÁ UMA ÚNICA FIBRA DO SER QUE NÃO SEJA PLENAMENTE MÁ."

O que é confirmado pelo depoimento de Ritter:

"O Duque acusou Flacius de desejar estabelecer uma nova inquisição muito pior que a espanhola e um novo papado em seu próprio benefício; assim ele parece imaginar, a semelhança de Wigand, que a igreja sustida por si e por seus companheiros." Salig III, 586 cog Germ 1318 fl 129

De fato Filmmer de Strasbourg, dentre outros, admitia sem maiores problemas que a igreja de Lutero estava reduzida "A um só homem, Flacius, e sua família." 

Claro que no fundo no fundo toda essa questão em torno da vontade humana não era mais do que a ponta de dois imensos Icebergs representados pelo fatalismo - enquanto derradeiro corolário da doutrina agostiniano/gracista - e do moralismo natural ou do juridicialismo fundamentado na livre vontade. De modo que havia uma contradição irredutível entre a nova fé e a prática social i é entre a doutrina e a vida.

Afinal como esperar que um homem plenamente convencido de sua eleição graciosa resistisse até o pecado, ao vício ou ao crime até a 'morte', como os antigos mártires, que faziam a salvação depender da perseverança final face as ameaças e não de um decreto eterno.

Por outro lado como punir alguém que era constrangido por deus ou pelo diabo a cometer seus crimes? Como respaldar a doutrina jurídica da responsabilidade moral ou da culpa sem partir da livre iniciativa? A que título seria possível castigar alguém que estava predestinado a pecar desde toda eternidade e que nada podia fazer para evita-lo???

Evidentemente que os juízes e líderes políticos ficaram bastante preocupados na medida em que só podiam deduzir um inevitável relaxamento moral. Por isso os príncipes e seus assessores i é a gente da lei, malquistaram desde o primeiro momento com a teoria do arbítrio escravo embora a princípio tenham-na encarado como questiúncula teológica...

Todavia é bastante certo que algumas décadas depois Lutero teria sua obra predileta interditada e proibida pelo principado secular a semelhança de uma publicação pornográfica. E nem permitiriam os príncipes, juristas e educadores que fosse posta nas mãos dos jovens de das crianças sob pena de viciar-lhes a educação.

A pretexto da religiosidade no entanto pode tal obra ser publicada devido a nascente falta de habilidade do poder secular para lidar com tais questões e disto resultou tanto a degradação dos costumes quanto uma batalha teológica de amplas proporções que consumiu as energias da república.

Outro aspecto da questão a ser considerado é que em que pese o fanatismo com que anunciava a doutrina da predestinacionismo Lutero - Cuja linguagem ainda era bastante medieval - não ousou cunhar uma terminologia condizente com ela de modo a exprimir com máxima exatidão a sua 'fé'... 

Sendo assim pode conceituar que o homem não passava dum verme imundo ou dum pedaço de merda, que era um eterno fracassado, que nele nada havia de digno e bom, que sua natureza havia sido completamente corrompida pelo pecado, que era um ser maldito e depravado, que seu próprio ser não passava de pecado, que o pecado fora incorporado a suma natureza, etc Mas não fez questão de expressar tais crenças 'ipsa verba', de modo que não pudessem receber qualquer outra interpretação ou virem a ser distorcidas.

Assim o caso das principais doutrinas sempre cridas desde os tempos apostólicos antes das definições conciliares promulgadas pela igreja em termos de linguagem ou expressão. De modo a que doravante não mais pudessem ser burladas.

Assim faz-se necessário ler de 'capa a capa' ou 'ponta a ponta' o arbítrio escravo para compreender que de fato, para ele, a relação: homem = pecado, equivale de fato e uma operação matemática ou a uma equação...

Foi a Flacius - que coube a 'honrosa' tarefa de explicitar ad verba ou de dar expressão técnico literária ao pensamento de seu mestre, asseverando que após o pecado original a substância mesma do homem convertera-se em pecado. E FOI ESTA PALAVRINHA 'SUBSTÂNCIA' QUE COMO O HOMOOUSIUS OU O FILIOQUE CONVERTEU A QUERELA EM BATALHA OU GUERRA...

Wigand, Heshusius e Andraeas - que não podem ser classificados como moderados - condenaram imediatamente como ímpia a expressão e suplicaram a Marbach que o expulsasse de Strasbourg. Já o princípe de Anhalt afastara-o de suas terras, enquanto Osiandro vedara sua entrada da Prússia...

Pffefinger e os seus - com as bençãos do agonizante Melanchton - opuseram o termo 'Acidente' em oposição a 'substância' e desde então, os oponentes passaram a ser conhecidos por acidentalistas e substancialistas.


"Andraeas mesmo veio a Strasbourg debater com Flacius e exigir que este se retrata-se... Flacius prometeu renunciar ao termo substância, recusou-se no entanto, obstinadamente a reconhecer o uso do termo acidente. DESDE ENTÃO FOI TIDO PELOS LUTERANOS MODERADOS COMO MANIQUEU... ACOSSADO FLACIUS ENVIOU A MARBACH UM PANFLETO INTITULADO 'O ANJO DAS TREVAS' EM QUE DESCREVIA SEUS ADVERSÁRIOS - PFEFFINGER, WIGAND, HESHUSIUS E ANDRAEAS - COMO DEFENSORES DE UMA <ABOMINAÇÃO PAPISTA SEMPRE COMBATIDA POR NOSSO EVANGÉLICO REFORMADOR.>"

Diante de 'tamanha insolência' Andraeas, azedo, replicou:
"No tempo dos papistas havia um só Diabo no corpo da Igreja OS FLACIANOS TROUXERAM OUTROS SETE." 

Sendo completado do Stammichius: "Sim, de fato os flacianos estão possuidos pelos piores demônios maniqueistas..." 

Eis como se exprime o cronista:

"Destarte até mesmo aqueles que haviam sentido que suas palavras haviam sido ditadas pelo 'ardor da polêmica' não puderam mais por em dúvida o real significado de seus ensinamentos; e fixou-se a divisão entre acidentalistas e substancialistas. A maior parte deles continuou a crer que tudo quanto havia de bom e digno no homem fora destruido pelo pecado, asseverando porém que a doutrina de Flacius a respeito da conversão do pecado na substância mesma do homem era uma doutrina maniquéia. Flacius em suas defesas e apologias nada fazia além de apelar a autoridade de Lutero, e em observar que O PATRIARCA DA REFORMA HAVIA ENSINADO IGUALMENTE A TOTAL ALTERAÇÃO DA NATUREZA HUMANA POR EFEITO DO PECADO ORIGINAL. Destarte eu, Flacius, limitou-me a repetir o que ouvi e aprendi: 'VOSSA NATUREZA, VOSSO NASCIMENTO, TODO VOSSO SER INTEIRO É PECADO.""

Eis agora como um observador papista descreveu a curiosa situação:

"A doutrina tão energicamente defendida pelos ilírico, é certamente a mesma que havia sido proposta por Lutero com as seguintes palavras no seguinte passo: 'O PECADO ORIGINAL NÃO É UM SIMPLES ACIDENTE MAS A SUBSTÂNCIA MESMA DO HOMEM.' esta doutrina foi professada por Spangemberg e pela maior parte dos pastores de Mansfeld; Hieronimus Mencel, superintendente de Eisleben asseverou não haver qualquer diferença entre o pecado e a natureza corrompida do homem e seu diácono Andraeas Fabritius a todos opunha 'As palavras claras e positivas de nosso Lutero, que lançou sobre a partícula acidente os mais espantosos anátemas'." 

Entrementes Winike, diácono de Spangenberg, interrogava cada penitente sobre a doutrina do pecado original e recusava-se a absolver a tantos quantos não subscrevessem a doutrina de Flacius.

Um catecismo infantil (!!!) chegou a ser editado com o objetivo de cooptar as criancinhas da Vila e o próprio Spangemberg ensinava as lavadeiras sobre como deveriam fazer para conquistar seus maridos para o partido... e com tal zelo exercia seu apostolado que "Nos campos e ruas as pessoas perguntavam umas as outras antes de se saudarem: Sois do acidente ou da substância??? E recusavam-se a travar qualquer tipo de conversação com as que eram da opinião oposta."

Filipistas e moderados por outro lado não eram mais comedidos, uma vez que não cessavam de descrever os pregadores do partido oposto como Maniqueus, idumeus, filisteus, e possessos, e açulavam com tal fúria seus ouvintes que os condes acharam por bem proibir que ambas as facções corressem a pedradas os pastores da facção alheia.

E quando Wigand, apoiado pelos juristas; cooptou Mencel e a maior parte de seus subordinados, Spangemberg teve a audácia de vir em pessoa a Eisleben para tomar assento em S Pedro e condenar em face os vis traidores. Mandou além disto fixar em cada esquina da Vila uma profissão de fé substancialista composta por si mesmo, e fe-lo com um tal zelo que em Mansfeld até mesmo as mulheres do povo e as crianças de peito sabiam de cor os ensinamentos e sentenças de Lutero a respeito do pecado original, para a vergonha dos filipistas e moderados...

Assim enquanto Flacius era corrido de cidade em cidade sua doutrina obtinha aderentes em diversas partes da Alemanha e lançava os cidadãos uns contra os outros e todo pais - para o desespero dos papistas e dos humanistas - num mar de sangue... Pois é do fanatismo, especialmente quando associado ao pode temporal, destruir a paz e a prosperidade das repúblicas e converte-las em açougues a céu aberto.

(Esta é a razão porque César não deve usurpar o que pertence a Deus e menos ainda os elderes usurpar o poder que dado foi ao César. E esta é a única garantia da paz e da felicidade temporais!)

Foi quando Bartholomeus Wagner de Schoenbourg, com o apoio do conde Wolf "RESOLVEU ENVIAR A AUGUSTO, ELEITOR DE SAXE; UMA PROFISSÃO DE FÉ FLACIANA; ASSIM QUE RECEBEU-A DETERMINOU-SE AQUELE ELEITOR A INVADIR AQUELE PRINCIPADO, ENCADEAR O CONDE - QUE ACABOU MORRENDO DE DESGOSTO NA PRISÃO - E FAZER CAÇAR COMO BESTAS FEROZES A BARTHOLOMEUS E A TODOS OS SEUS PARTIDÁRIOS."

Cerca de 1575 o grande eleitor chegou as portas da infeliz Mansfeld decidido a expurga-la do veneno flaciano custasse o que custasse. Quanto aos recusantes tratou-os segundo os costumes do tempo... assim sendo o professor Martin Wagner após ter sido golpeado, na cabeça, com o punho duma espada veio a perecer. Além disto outros trinta e cinco burgueses ficaram feridos, outros foram exilados e outros tantos punidos com a privação da sepultura.

Aqui convém reproduzir a relação escrita pelo próprio Spangenberg:

"Por ocasião da 'maldita partícula do acidente.' Mencel e seus apaniguados entraram no templo munidos de porretes, varapaus, sabres e armas de fogo e começaram a forçar os fiéis a retratação; os recusantes foram logo postos a ferro e com as mãos atadas passaram a ser torturados, e com Martim Wagner fizeram tudo quanto quiseram até que entregou sua alma. Eu não exito em aplicar a tais bandidos as palavras do Dr Jacobus: 'Os falsos mestres são facilmente reconhecidos pelo habito de apelar a violência com o objetivo de impor suas doutrinas.'." in 'Bericht von Weimar...' 1577

Consta que o próprio Spangenberg só pode escapar a sanha dos filipistas e trajado de mulher. p 266 O que para nossos sectários e judaizantes corresponde a uma infâmia ou maldição.

Assim 'o deus' trata os fanáticos e presunçosos, e arrogantes que pretendem dominar a todos os demais por meio da fé. E apesar de falarem tanto em milagres ficam completamente desamparados a exemplo de Zwinglio, de Cramner, de Cromwell ou deste Wagner. 

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Cap XI - Divisões em torno da Soteriologia ou da Salvação > O reverso do solifideismo.





"A IGREJA CRISTÃ TEM ESTADO UNIDA A RESPEITO DE TAIS PONTOS QUAIS SEJAM, O PECADO DO HOMEM, A SANTIDADE DIVINA E A DIVINDADE DE JESUS CRISTO." James Kennedy 'Evangelho explosivo' pp 97


Ao analisar os princípios ou 'Solas' do protestantismo ficamos a cogitar sobre qual deles seria mais importante para os filhos de Lutero.

Da mesma maneira como para nós ORTODOXOS o artigo mais importante do Símbolo ou Amana, diz respeito a DIVINDADE DE CRISTO OU A ENCARNAÇÃO DO DEUS VERDADEIRO - Do qual partem todas as nossas crenças! - para eles, protestantes, e seus pretendidos reformadores também deve haver um principio ou uma verdade superior a todas as outras.

Neste caso qual seria o fundamento dos fundamentos ou fundamento mais remoto da fé???

Como os homens tendem a valorizar antes de tudo aquilo que lhes beneficia e em seguida o quanto seja novo ou recente fica bastante fácil compreender porque tomaram por dogma supremo o Solifideismo ou da salvação pela fé somente, ainda hoje apresentada como sendo a mensagem central do protestantismo.

Lutero alias, por ter sido - a semelhança de um Colombo ou Cabral da fé rsrsrsrs - seu descobridor, não poderia ter deixado de apresenta-la como sendo 'seu Evangelho' em diversas ocasiões. Acrescentando que era capaz de negociar a respeito de qualquer ponto de doutrina exceto a respeito deste. Para ele tudo era mais ou menos negociável, menos a doutrina da excelência do pecado e da salvação fácil ou mágica.

O próprio Melanchton e seus interinistas estavam dispostos a receber todas as demais doutrinas da igreja papista desde que lhes fosse permitido manter ou conservar a doutrina da redenção graciosa ou seja pela fé somente.

E por muito tempo foi este artigo apresentado como inegociável pelos luteranos 'ortodoxos' e por assim dizer como constituindo o 'selo' ou pedra de toque da nova fé luterana.

Inumeras seitas e facções protestantes - Como os anabatistas e nossos pentecostais - apegaram-se tenazmente a 'pérola de grande valor' do solifideismo continuando a apresenta-lo como 'viga mestra' e 'fundamento' de toda a fé Cristã.

Tornou-se muito popular em tais círculos alardear que a salvação é algo pessoal ou melhor individual, decidido alias entre deus e o homem desde toda eternidade. E sem qualquer relação com os demais seres humanos ou fiéis.

Foi exatamente isto que aprendi no protestantismo... Em termos de salvação não existe qualquer liame comunitário ou social entre os seres humanos. Ficando banida da mente Cristã a ideia de gênero humano e bastante fragilizado o sentido de mútua comunhão ou co fraternidade; tão significativo para os primeiros Cristãos.

O neófito levanta sua mão, aceita verbal ou teoricamente Jesus como seu Salvador pessoal e pronto: está salvinho da silva. Se é que já não estava salvo e predestinado desde toda eternidade...

E pode fazer o que bem quiser - Qualquer coisa mesmo - ou cometer qualquer pecado abominavelmente monstruoso que não perde a tal da graça ou da salvação. Mesmo que após a conversão afete os modos de um Hitler, um Bush ou um maníaco do parque, fica sendo salvo e definitivamente salvo, pois foi remido e lavado no sangue de Cristo, de que tomou posse efetiva pela fé.

O sangue a seu tempo tudo pode lavar: Estupros, assassinatos em massa, adultérios, desvio de milhões e milhões dos cofres públicos, etc Sem que haja a exigência de ruptura com o mal e o pecado. Tudo quanto seja necessário resume-se em ter fé, clamar, orar, suplicar, etc Nada de mais consistente ou concreto. Nada que nos faça lembrar heroísmo, santidade ou perfeição.

Os protestantes alias não creem que a perfeição seja exequível neste nosso mundo e protelam a própria aquisição da santidade, compreendida, como impecabilidade, para o pós mortem ou além túmulo asseverando que a vida do crente neste mundo é uma sucessão de quedas e elevações contínuas como uma espécie de montanha russa. Intercalando-se por assim dizer pecados e crimes com o perdão divino sucessivamente concedido centenas ou milhares de vezes bastando para tanto que seja solicitado em nome de Jesus.

Segundo creem eles o estado de miséria ou fragilidade humana é insuperável neste mundo, o homem um pecador ou mesmo criminoso inveterado e o Cristianismo um sistema de salvação magico para a outra vida.

Tal a crença deles numa salvação fácil, dependente apenas duma aceitação externa ou verbal em termos de fé. Sem a necessidade imperativa de nascer de novo e transformar-se moralmente em termos concretos.

Via de regra os protestantes mais esclarecidos não apreciam que sua religião seja apresentada desta maneira pelos infiéis e consideram tal apresentação com injusta, distorcida ou mesmo caluniosa.

Para muitos, como a doutrina da predestinação, é algo de vexatório, que se diz apenas entre os dentes ou ocultamente, apenas aos que já estão firmes na fé, isto é, aos conversos.

No entanto quem como eu já foi protestante sabe que é isto mesmo... Uma vez salvo, salvo para sempre ou predestinado pela consideração da fé ou aplicação externa (transferência) dos méritos de Jesus Cristo.

Raro é o protestante que ousa condenar a prática do pecado após a conversão e admitir que a graça de Deus capacite os Cristãos a não pecar mais e a viver em santidade. Grosso modo eles não acreditam numa salvação DO pecado ou da maldade e continuam a apresentar a 'bela' doutrina da salvação NO pecado tal e qual foi concebida e expressa por Lutero. E nem podem imaginar um Cristão que não seja pecador ativo ou escravo da carne, do mundo e do capeta. E tem bastante dificuldade para conceber o simples ideal de perfeição aqui neste mundo.

Não ousam excluir da remissão qualquer crime e tampouco exigem que certa categoria de pecados seja reparado concretamente por meio de obras segundo a doutrina correta da penitência.

É algo que ignoram, desconhecem ou atribuem a igreja apostata de Roma.

Para eles os maiores criminosos da humanidade, como Odoacro, Maomé, Justiniano, Tamerlão, Gêngis, o querido Lutero, Calvino, Torquemada, Hitler, Stalin, Bush, etc não só ficariam perfeitamente limpos de seus crimes e inocentes após terem 'aceitado Jesus' COMO BEM PODERIAM COMETER OUTROS TANTOS PECADOS APÓS A CONVERSÃO SEM QUE DISTO RESULTA-SE SEPARAÇÃO com relação a Jesus e perdição.

No frigir dos ovos para Lutero e seus seguidores existe apenas um pecado verdadeiro que conduz ao inferno: A incredulidade ou a recusa em admitir que o sangue de Jesus seja capaz de apagar todos os pecados cometidos. Admitida esta pérola fica nosso homem imunizado e as chamas do mítico inferno já não podem tosta-lo.

Não pode o Bom Jesus salva-los do pecado. Mas é Salvador eficiente da 'cólera paterna' como dizem, e assim sendo do juízo e do inferno.

É uma salvação mutilada ou aparente e não uma salvação para o homem todo e completo neste nosso mundo.  É tudo quanto direi por ora.

Resta dizer que os batistas são particularmente fanáticos neste terreno, e irredutíveis, com seu enorme arsenal de citações bíblicas, geralmente tomadas a Paulo.

É igualmente grande o número de apologistas heréticos que faz a 'ortodoxia' de cada seita depender deste malévolo principio, denunciando como ímpio e herético todo e qualquer grupo que ouse questiona-lo inda que superficialmente, aproximando-se - em maior ou menos grau - da teoria sinergista ou da doutrina da santidade concreta e da impecabilidade após a conversão.

Percebem como eles confundem santidade com salvação e purificação, excluindo a vontade, o esforço e o empenho humanos...

Ficando o homem sempre pecador ou criminoso pela vontade ou atividade e 'santo e puro' pelo sangue de Cristo que 'apaga' todos os pecados... Enquanto ele continua a comete-los tranquilamente. E não poderia ser doutra forma, pois tal estado corresponde a uma espécie de lei divina.

Em que pese tudo isto a suprema miséria do sistema biblicista consiste justamente em que os protestantes, sempre estiveram divididos a respeito da salvação, e que desde os primórdios de sua reformação.

E é bastante reconfortante para nós saber que jamais conseguiram superar esta cisão...

Nem mesmo quanto sua mensagem central ou específica estão os livre examinadores de acordo ou unidos.

 Ainda aqui separam-se e combatem-se uns aos outros com a mesma ferocidade.

TAMBÉM AQUI A CASA OU BANGALÔ DE LUTERO ESTA DIVIDIDO E PRESTES A RUIR.....

Para o maior desgosto e vergonha do profeta saxão presentearam-no os suíços, com inúmeras objeções a principiar pela negação da presença real do Senhor no Sacramento, sustentada por Zwinglio.

Aqui, no entanto, a 'história' foi bem outra.

Pois embora Zwinglio e Lutero estivessem de pleno acordo a respeito da nova salvação ou da salvação fácil, pela fé somente; houve; desde o princípio quem discordasse de ambos concebendo a dita salvação noutros termos, e termos bem distintos.




Dentre eles Mathias Zell, introdutor da nova fé em Strasburgo. A respeito do qual refere Doellinger ( 1849 - vol II):

"Mathias Zell, já no fim da vida, repudiou a doutrina luterana da salvação pela fé somente."

Outra não era a opinião de Velsch, secretário de Bucer "O qual também repudiou a doutrina da salvação pela fé somente, acrescentando que a dita reformação fora muito mal conduzida porque aos pastores sucessores de Lutero faltava verdadeira vocação para o sacerdócio de modo que não possuiam o conhecimento das coisas divinas. DAÍ A CISÃO EXISTENTE ENTRE AS IGREJAS E NÃO HAVIA JÁ GARANTIAS DE UNIDADE NA VERDADE EXCETO NA IGREJA CATÓLICA." Id 

A qual mereceu a seguinte resposta por parte do luterano Ziegler:

"Eles - Zell, Bucer, Velsch, etc - repudiaram o papismo, mas tem retido alguns de seus principios errôneos, eis porque seus pastores são odiosos e vingativos, emitindo opiniões falsas..." id Actas do synodo de Strasbourg 1533





Dentre os luteranos o primeiro a rebelar-se contra este dogma ímpio foi Caspar Creuziger no ano de 1537. LUTERO E OS SEUS, no entanto, OBRIGARAM-NO A RETRATAR-SE e ele, a seu tempo, nada publicou... in Doellinger II, 1849. FICANDO A QUESTÃO ABAFADA!!!

Todavia nem mesmo cinco anos completos haviam passado após a morte do 'reformador' e o sinergismo frutificava já no interior da 'igreja restaurada' dando origem a uma acirrada controvérsia.






Principiou esta convulsão 'maligna' quando Andraeas Osiander ou 'Osiandrius' - companheiro de Lutero e reformador da cidade de Nuremberg e do principado da Prússia ,- publicou as obras 'De lege et evangelio' e 'De justificatione' no ano de 155o.

Segundo o já citado Doelliger (1849) pps 98 sg "ele (Osiander) repudiou a doutrina justiça imputativa ou vicária e passou a ensinar que uma justiça real é produzida no coração de cada de fiel."

Grosso modo Osiandrius tornou a apresentar com nova roupagem verbal, a doutrina de sempre, segundo a qual todo aquele que adere a Jesus Cristo torna-se apto - após sua conversão - a obedece-lo, vivendo segundo os ditames do Evangelho e, evidentemente, frutificando em boas obras e cessando de pecar.


Diante disto fica fácil compreender porque a teoria de Osiander caiu como uma bomba sobre as cabeças dos protestantes.

Pois enquanto Lutero e Calvino anunciavam que a redenção dos seres humanos havia sido operada pela natureza humana de Cristo e seus martírios, Osiander alegava que a redenção era obra da natureza divina por via da Encarnação, e esta perspectiva é suficiente para alterar tudo...

Segundo Lutero e Calvino a natureza humana de Jesus, submetendo-se voluntariamente aos castigos merecidos pelos homens mortais e cumprindo obedientemente todos os preceitos de justiça estabelecidos pela Lei moral, obtivera para todos os crentes - necessariamente pecadores para Lutero - não apenas a abolição do castigo como uma santidade externa ou vicária capaz de tornar o pior dos pecadores 'perfeitamente justo' aos olhos de Deus... 

Tal a doutrina da imputação externa ou vicária segundo a qual a redenção não passava duma permuta executada entre Cristo e os seres humanos, recebendo aquele o castigo merecido por estes e estes a santidade possuída por aquele... 

E segundo acreditavam na eternidade das penas e que Jesus, após sua morte, havia 'descido aos infernos'; cogitaram que o mesmo Jesus sofrera até mesmo os castigos e torturas merecidos pelos condenados. Calvino insinuara, enquanto Aepinus anunciou abertamente ter Jesus Cristo 'queimado' no enxofre do mítico inferno pelo espaço de três dias, ou seja, enquanto esteve fisicamente morto(!!!)

Osiander em contrapartida sustentava que por mercê da morte da Natureza humana de Cristo "Sua natureza divina passava a habitar nos corações dos crentes, capacitando-os a viver o amor de Deus e a observar os preceitos da Lei evangélica."

Eis como sua doutrina é exposta por Brenz: "OSIANDRO MANIFESTOU EM ALTO E BOM SOM SUA POUCA SIMPATIA PARA COM A DOUTRINA LUTERANA DA JUSTIFICAÇÃO FORENSE OU EXTERIOR IMPUTADA POR CRISTO E SUSTENTOU QUE O HOMEM É JUSTIFICADO POR UMA GRAÇA INTERNA QUE NELE ATUA PERMANENTEMENTE CAPACITANDO-O A OBEDECER JESUS CRISTO." in Doellinger II (1849) pp 350

Por graça interna queira o amigo ler graça verdadeira, ativa ou eficiente.

Importa dizer que aquele homem já não se salvava confortável ou comodamente em seus vícios e pecados; como imaginara e sempre apregoara o Dr Lutero. Era de fato remido sem obras, mas remido para as mesmas obras... era purificado sem obediência, mas para a obediência... era restaurado sem virtude, mas para a virtude... 

AQUI, COMO PARA A IGREJA CATÓLICA, A SALVAÇÃO DEIXA DE SER ENCARADA ENQUANTO ATO MÁGICO, IMEDIATO E DEFINITIVO PARA SER ENCARADA ENQUANTO PROCESSO ÉTICO QUE IMPLICA A AQUISIÇÃO E O EXERCÍCIO DE CERTOS VALORES PARA OS QUAIS O HOMEM FOI DISPOSTO PELA PRÓPRIA VONTADE DIVINA.

Capitaneados pelos legítimos sucessores de Lutero (como certificaremos em nossos apontamentos a respeito da vida de Lutero) Moerlin, Flacius e Amsdorf ; secundados por Spangenberg, Gallus, e Praetorius; os luteranos ortodoxos, puseram-se quase que de imediato 'em guarda' contra 'os delírios do asno prussiano'...

De fato o primeiro a denunciar Osiandro como herético foi Moerlin em sua "Antilogia doctrina inter Lutheum et OsiandrUM." pouco tempo depois, em abril, Moerlin acusou Osiandro de depreciar os méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo...


Argumentou Osiandro dizendo que era a Igreja - enquanto Bispo protestante de Samland - e que Moerlin estava obrigado a prestar-lhe obediência. Assim como se vê não cogitou em apelar a Bíblia sempre clara e auto evidente...

Moerlin a seu tempo redarguiu a Osiandro como Lutero ao papa, apelando a um sínodo livre de luteranos alemães.

Desta vez Osiandro limitou-se a declarar que Moerlin "Não passava dum famigerado herético."

Como, apesar do Duque, o sínodo não saia... os partidários de Moerlin optaram por criar uma igreja a parte ou separada da oficial... ou seja outro luteranismo (!!!)

Não vendo com bons olhos semelhante estado de coisas - ou seja a pulverização da recém fundada seita luterânica - remeteu o Duque a Moerlin uma confissão de fé elaborada por Osiandro, 'suplicando gentilmente' sua aprovação.

Moerlin no entanto ousou resistir dizendo ter sido divinamente comissionado para desmascarar a heresia osiandrista. E tendo recebido uma carta bastante ambigua, enviada por Melanchton - ver mais a frente - asseverou que os ensinamentos de Osiandro não estavam de acordo com os da igreja de Wittemberg...

Pouco tempo depois veio novamente a público para do alto de seu púlpito acusar Osiandro de especular futilmente a respeito dos mistérios divinos... Respondeu-lhe Osiandro publicando sua Schmeckbier após o que a polêmica descambou na vulgaridade de um botequim... Evocando os velhos tempos de Lutero e Karlstadt na bodega do urso.


Logo em seguida foi a vez de Erasmus Alber cita-lo como herético num daqueles famosos sermões em que comprazia-se em insultar o maior número possível de sectários a começar por Karlstadt e Zwinglio. Lá já aparece o antes 'notável' Osiander...

Ocorre no entanto que mesmo antes da morte de Lutero, havia o querido Melanchton concebido uma 'teoria soteriológica' bastante parecida com a de Osiandro na medida em que mostrava-se simpática não só quanto as 'obras' mas até mesmo quanto o 'livre arbitro' (cf próximo capítulo).

"O Verbo, o Espírito santo e a vontade do homem, não passiva mas lutando contra a enfermidade de que padece." formam o cristão. Tais suas palavras registradas na segunda edição dos 'Loci...' publicada em 1535...





Sem acolher abertamente a doutrina osiandrista, anunciou Johann Pfeffinger - colaborador de Melanchton nos 'Loci...'  cerca de 1552 (três anos antes de publica-la) a doutrina da 'Nova obediência' (e do arminianismo ou sinergismo post conversão) segundo a qual as obras eram frutos produzidos pelos redimidos, no caso, necessárias, ao menos enquanto produtos da salvação

Esta teoria foi entusiasticamente acolhida pelos círculos osiandristas e melanchtoanianos, mas... IMPLICAVA NEGAR QUE HAVIA SALVAÇÃO SEM OBRAS (ou seja árvore sem frutos) e em retirar os ímpios e celerados toda e qualquer esperança. Seja como for mesmo Calvino achou por bem abraça-la e ainda hoje tem sido sustentada por diversos grupos em particular pelos adventistas. Daí estarem os protestantes divididos até hoje a respeito da salvação...

Na medida em que luteranos ortodoxos, anabatistas e pentecostais insistem em classifica-la como herética, sacrílega e blasfematória. Pois segundo dizem não passa dum 'sinergismo invertido e dissimulado, fabricado nos fornos do Vaticano pelo papa.'

Um dos primeiros a sustentar este ponto de vista foi Christophorus Irinaeus "Irinaeus com Spangemberg rejeitava as novas fórmulas que Melanchton e os seus quiseram dar a doutrina luterana encarando-a COMO UMA REAÇÃO PAPISTA DESTINADA A SOLAPAR OS FUNDAMENTOS DA IGREJA. A DOUTRINA SOBRE A NECESSIDADE DAS BOAS OBRAS E DA COLABORAÇÃO DA VONTADE HUMANA NA OBRA DA CONVERSÃO; BEM COMO A SUAVIZAÇÃO DA DOUTRINA DO PECADO ORIGINAL REPRESENTAM PARA ELE O TRIUNFO DA APOSTASIA CONTRA O QUAL ELE E SEUS AMIGOS LUTAVAM COMO O MESMO ZELO QUE LUTERO."

Pouco tempo depois Joachim Heller; matriculado entre os luteranos ortodoxos sobe ao púlpito de sua igreja e exclama:

"ESSE ESPÍRITO ANTI CRISTÃO - Heling, partidário da nova obediência - não cessa de repetir que as boas obras são necessárias a salvação e que aquele que as prática será salvo. ACHAIS POR BEM QUE ELE NOS DESAFIE COM SEMELHANTE LINGUAGEM. Haverá por aqui nestes tempos quem já esteja de acordo com ele???"

Pouco tempo depois Schelhamer registrava suas inquietações:

"A HORDA DOS FLACIANOS DESEJA QUE EU FORCE HELING E LECHNNER para que condenem PFEFFINGER E MAJOR; pois não podem suportar que alguém ouse afirmar contra eles a necessidade de boas obras; e esta razão é bastante simples: eles jamais fizeram uma única obra boa. HELLER ATÉ MESMO PRESO FOI, POR FREQUENTAR CASAS DE PROSTITUIÇÃO, CHEGANDO A FAZE-LO COM TODA SERIEDADE E ALEGANDO ESTAR PAUTADO NA PALAVRA MESMA DO EVANGELHO ONDE SE DIZ QUE AS PROSTITUTAS ENTRARÃO PRIMEIRAMENTE NO REINO, ENTÃO ELE GRITA E BERRA QUE VAI COM ELAS!!!" in Cod Manh 358 folha 321

A respeito do citado Major vociferava o terrível Amsdorf:

"O opinião de Major e Mening (deve-se ler Menius) segundo a qual as boas obras são necessárias a salvação é a mais perigosa e a mais ímpia de todas as heresias que jamais poluiram a face da terra." 

No entanto até mesmo um 'Pomeranus' que havia escrito em seu Comentário aos Salmos: "Somente os fariseus hipócritas ousam questionar a justificação pela fé e recusam-se a contentar-se com a justiça de Jesus Cristo que é o puro e simples perdão dos pecados." agora proximava-se dos melanchtonianos, a ponto de um de seus púpilos Alberti, exclamar enfurecido:

"Pfeffinger de Leipzig, Mohr de Torgau e os de Misnia apostataram já e com ele meus venerandos mestres Pomeranus e Major, sem contarmos Agrícola o energúmeno da Marca... QUANDO EXAMINAMOS A DOUTRINA ENSINADA POR ELES PERCEBEMOS HORRORIZADOS QUE LONGE DE ESTRIBAR A JUSTIFICAÇÃO NA FÉ E NA ESPERANÇA POSTAS UNICAMENTE SOBRE OS MÉRITOS DE JESUS CRISTO, FAZEM-MA DEPENDER DE BOAS OBRAS..." in 'Ad primarium nostri temporis...' Magdeburgii 1551






Entrementes Menius redarguia: "Sim, fiz imprimir esta obra contra os fanaticos que dizem: ACREDITAI E FAZEI DE RESTO TUDO QUANTO DESEJAIS, TUDO QUANTO PODEIS FAZER DE MAU NADA É POIS A FÉ TEM O PODER DE APAGAR TODOS OS PECADOS DE MODO QUE AS BOAS OBRAS NÃO SÃO NEM NECESSÁRIAS NEM UTEIS A VIDA ETERNA." e juntava: Flacius e Matheus fossem de Werden ou de Amsdorf; Bispos ou barbeiros nem por isto deixariam de ser impostores.

(Entrementes Agricola e Schenk, gritavam aos quatro ventos: "VIVEI COMO DESEJAS, FAÇAI O QUE QUERES E MESMO ASSIM SERÁS SALVO PORQUE ISTO VEM DE DEUS.")

Respondeu-lhe Christopher Fisher nos seguintes termos:

"Não há proprosição mais idiota do que aquela segundo a qual JESUS CRISTO SATISFEZ APENAS UMA PARTE DOS PECADOS DOS HOMENS E QUE A NÓS, PECADORES, CUMPRE SATISFAZER A OUTRA PARTE." 





Outro, dentre os pioneiros, que não receou em falsear a doutrina de Lutero foi o ja citado Brenz "o qual afirmou - na consultação recomendada pelo próprio Moerlin - que a doutrina de Osiander era idêntica a de Lutero, embora aquele tivesse se servido de algumas 'expressões' insólitas ao formula-lo." 

Este foi o motivo pelo qual os de Koenisberg justificaram-se, alegando que "Aquela peste devastadora (Brenz) ao invés de ter permanecido fiel aos antigos princípios ousou contradizer a fé da igreja inteira."

Tendo o mesmo Brenz sustentado diante de Moerlin e Sarcerius que caso Osiander fosse condenado 'Jamais haveria entendimento ou unidade entre eles' foi denunciado e anatematizado juntamente com os papistas, sacramentarios e anabatistas como 'Osiandrista que professa opiniões heréticas sobre a justificação..." Moerlin et Stoessel

Antes porém Moerlin é que fora corrido da Prússia pelo Duque por ter se recusado a endossar os seis artigos enviados de Wittemberg pelo próprio Brenz

Os melanchtonianos no entanto sairam em sua defesa... pois no dizer de Flacius "Brenz e Melanchton havia feito um pacto secreto com o intuito de destruir a fé luterana, jurando aquele tolerar as opiniões deste a respeito da Eucaristia e este tolerar a opinião daquele sobre a salvação (osiandrismo)."

Sabemos no entanto que Brenz preparou uma profissão de fé ubiquitaria, a qual, de acordo com Melanchton era "Não menos oposta a verdade do que a doutrina papista." in Conf Wittembergensii

A este tempo no entanto Melanchton guardava prudente silêncio...

Em que pese ser continuamente atacado pelos membros do partido 'ortodoxo'.

Pois na edição da Confissão de Augsburgo publicada em 1540 sustentara já que as obras eram frutos da fé, insinuando, destarte a necessidade das mesmas serem postas em prática pelos verdadeiros crentes internamente regenerados.





Segundo lemos em Praetorius; Muskulus teria se referido a Melanchton como a "um teólogo filosofante, escritor insipido e patriarca de todas as heresias que assolam esta nossa igreja..." acrescenta o mesmo Praetorius no entanto que, antes; quando Melanchton ainda estava bem de saúde; o mesmo Muskulus era um de seus mais devotados aduladores, que vivia a reverencia-lo com palavras humildes e aclamações...

"No sínodo de Herzberg todavia propôs que os ossos de Melanchton fossem exumados e queimados juntamente com todos os seus escritos." Ep de Franzius a Schaller- 1578 in 'Riederer nachrichten zur kirchen.' I, 366

Ainda conforme o mesmo escritor, Muskulus "Ensina que a observância da lei moral pertence exclusivamente ao poder civil e não a esfera da religião, e que aqueles que sustentam haver qualquer LEI DE JESUS CRISTO NÃO PASSAM DE PERVERTIDOS E CONDENADOS.". Convem no entanto o Dr Praetorius que "AS TEORIAS DE W MUSKULUS ENCONTRAM-SE EM DIVERSAS PASSAGENS DE LUTERO."

Eber também lamentava amargamente que "Muskulus TEIME EM APRESENTAR LUTERO COMO ANTINOMIASTA." in 'Jac Milichii Vita' por Menius, Wittemberg 1562 tomo V

De sua própria parte conhecemos as seguintes palavras: "São uns perdidos aqueles que ensinam que a nova obediência é necessária. ESTA DOUTRINA NÃO É APENAS FALSA, É VERDADEIRA HERESIA DIABÓLICA." Muskulus






Moerlin não era menos enfático: "Vocês apostataram da doce e amável doutrina da imputação que tanto consolo trás a nossas almas e ignoram que a obra expiratória de Jesus Cristo e a Justificação sejam uma só e mesma coisa." Moerlin 1554






Desde então e até o fim de sua vida Heshusius começou a denunciar Melanchton, Major e Eber como filhos do inferno em cada um de seus sermões. Posteriormente o mesmo Heshusius asseverou que Heling, Praetorius e Chytraeus "Haviam apostatado da pura doutrina luterana por terem inserido na 'Pedagogia' uma defesa do sinergismo." 

"Heling tem uma ideia bastante grosseira a respeito da conversão de Paulo, extraída certamente das pestilenciosas obras de Major. Praetorius admite a ímpia doutrina da penitência e assevera existir uma lei de Jesus Cristo e Chytraeus que é um sinergista confesso e renitente não passa dum fantoche nas mãos do Demônio." in Nicholovius wurde in Preussen 219






Chytraeus a seu tempo replicou:

"QUE IMENSO DANO CAUSAM A IGREJA ESSES LIDERES PERVERSOS QUE ANUNCIAM UMA FÉ SEM PENITÊNCIA E UM EVANGELHO SEM LEI, O QUE FORA JA DENUNCIADO POR URBANO REGIUS NOS PRIMÓRDIOS DE NOSSA REFORMAÇÃO." in Opera D Chytraeus orat studio Theolog p 39






Quanto a denuncia de Urbano Regius conhecemos dois testemunhos:

"Esta gente carnal e grosseira seguiu-nos por acreditar seriamente que ficariam livres de todos os preceitos da Lei Moral, que já não seriam obrigados a fazer qualquer coisa e que doravante PODERIAM ROUBAR, MENTIR E TRAIS DE BOA CONSCIÊNCIA." Augsburg 1527 

&

"Quando iniciamos a pregação FALANDO MUITO DA FÉ E MUITO POUCO DA PENITÊNCIA A GENTE SIMPLES COMPREENDEU QUE A POSSE DA FÉ SIGNIFICA NÃO MAIS PRECISAR ABANDONAR O PECADO E ROMPER COM O MAL." in Ulysseae


Enquanto isto, do lado dos ortodoxos Joachin de Magdeburg exclamava: "Jamais deixarei de combater em face e até o último suspiro denunciarei todos os heréticos e sedutores ESPECIALMENTE OS SINERGISTAS QUE SÃO DENTRE TODOS OS MAIS NEFASTOS."

Theobaldo Thamer, quem compreendia as coisas doutra maneira "Ousou suster que  A DOUTRINA LUTERANA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ ERA A PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA CORRUPÇÃO REINANTE NO PAIS."

"És certamente réu de eterna condenação, MERECENDO SER ESBORDOADO COM VARAS E EXPULSO DESTA VILA COM TODOS OS DIABOS DO INFERNO." foi a resposta que recebeu de Johannes Drakonites, luterano fiel.

Fabritius de Meissen também era da opinião segundo a qual: "A doutrina da salvação pela fé somente que em nossos dias ocupa quase que todos os nossos teólogos REDUNDARÁ NA TOTAL RUÍNA DA IGREJA E EM MAIS UMA MUTAÇÃO CREDAL." 
desejando ao menos que ambas as partes permanecessem em silêncio.

Outro Fabritius (de Nordhausen) igualmente luterano: "O diabo pretende retirar do coração dos fiéis e destruir a doutrina da justificação pela fé; apresentando-a como nociva."

A controvérsia no entanto, como uma tempestade em alto mar, aumentava dia após dia lançando os teólogos e líderes luteranos uns contra os outros. Sem que a Bíblia por todos lida, citada, comentada, interpretada, torcida, etc pudesse dirimir tamanha controvérsia e implementar a paz. Antes, mal alguém acabava de folhear o livro e arvorava uma doutrina diferente...

Wigand - que posteriormente mudou de partidopor exemplo encarava já a santa Wittemberga "Onde principiara a brilhar a luz da verdade." como "UMA OFICINA DE MENTIRAS." 






Enquanto Spangemberg desabafava: "LUTERO MESMO PREDISSERA QUE NÃO MUITO TEMPO APÓS SUA MORTE ESTA ÍMPIA E DETESTÁVEL DOUTRINA - O SINERGISMO - SERIA REINTRODUZIDA NO SEIO DA IGREJA POR DEBAIXO DO PANO." 

"Oremos contra o Diabo do Sul QUE SUSTENTA SEREM AS BOAS OBRAS NECESSÁRIAS A SALVAÇÃO." rezava o piedoso Agrícola, fervoroso defensor do antinomiasmo...






Cerca de 1552 Major principiou por afirmar com mais empenho e clareza ainda a necessidade das obras segundo a teoria da 'nova obediência.

"NÃO POSSO APOIAR ESSES SEDUTORES QUE REPETEM DIARIAMENTE QUE A FÉ SOMENTE NOS JUSTIFICA E QUE AS OBRAS NÃO SERVEM PARA COISA ALGUMA... COMO FILHOS DE DEUS QUE REVINDICAM PARA SI A HERANÇA DE JESUS CRISTO É NECESSÁRIO QUE PONHAMOS EM PRÁTICA AS VIRTUDES A RESPEITO DAS QUAIS ELE MESMO NOS LEGOU EXEMPLO NO EVANGELHO." in Dreitehn Predigten 

No entanto "Para obter dos condes de Mansfeld o posto de super intendente de suas igrejas o mesmo Major FORA OBRIGADO A JURAR DIANTE DE TODOS OS PASTORES E PREGADORES NADA DIZER CONTRA A DOUTRINA LUTERANA DA JUSTIFICAÇÃO." Juramento que de per si contraria o principio do 'livre examinismo' e firma, por assim dizer, UMA TRADIÇÃO PROTESTANTE.

O mesmo escritor acrescenta que "Apesar disto, a promessa feita não foi capaz de impedi-lo de anunciar a necessidade das boas obras, de modo que os pastores viram-se obrigados a acusa-lo de perjuro."

Foi quando numa carta a Melanchton, Major assegurou que "A respeito deste assunto não haveria de alterar sua opinião, mesmo sob risco de morte." 





Enquanto isto Amsdorf publica seu 'Dr. Pommer und und Dr. major Aergernis Verwirrung angerichtet' no qual ataca Major como fautor de sinergismo.

Major rebate meses depois em seu 'Auf des Herrn ehrwürdigen N. Schrift von Amsdorf do Antwort (Wittenberg, 1552), ' onde numa linguagem bastante dúbia, assevera crer que o homem é justificado pela fé somente; mas que para manter esta mesma justificação e assegurar sua salvação deveria evitar as obras más ou pecados, logo praticar boas obras uma vez que as ações humanas não são neutras.

Fica patente que Major distinguia a justificação da salvação (distinção negada por Lutero e por todos os solifideistas ou antinominiastas) concebendo-a em termos dum processo, tal e qual a Ortodoxia ou o papismo.


Outro historiador assim se expressa:

"Ilyric (Flacius) em sua qualidade de campeão da ortodoxia luterana, achou por bem denunciar Menius e Major (1553). Pouco depois disto o debate recomeçou de modo ainda mais intenso; QUANDO MAJOR EM SEU SERMONÁRIO SUSTEVE, EM VISTA DO JUIZO FINAL, A NECESSIDADE DE POR CERTA CONFIANÇA NAS OBRAS. ELE TAMBÉM SUSTEVE A DOUTRINA DA JUSTIÇA INFUSA QUE ATUAVA PELA CARIDADE." 

Osiandro mesmo com os dias contados, manifesta-se mais uma vez, desta vez contra Flacius, e declara: 

"Tua doutrina só serve para semear o orgulho, a temeridade e o desprezo pela virtude."

Lasius não é menos categórico em seus ataques a 'ortodoxia', argumentando que "CERTOS HOMENS FRACASSADOS PUZERAM-SE A ANUNCIAR ENTRE NÓS A 'PENITÊNCIA' FLACIANA QUE DE PENITÊNCIA SÓ TEM O NOME. ELES ASSEVERAM QUE MUDANÇA ALGUMA OCORRE APÓS A CONVERSÃO, QUE NADA HÁ NO HOMEM PARA CONVERTER, QUE O ARREPENDIMENTO E A REPARAÇÃO NÃO SEVEM PARA ABSOLUTAMENTE NADA, QUE PODEMOS PERSEVERAR HABITUALMENTE NO PECADO E MESMO ASSIM SER VISITADOS E PURIFICADOS PELO ESPIRITO SANTO." in 'Fundament Wahrer' Francfort 1568, V - 08 fl 18

Eis porque no ano de 1553 Major em seu "Sermão sobre a conversão de Paulo" argumentava que a fé sem obras não pode existir, como o sol não pode existir sem brilho. As obras, segundo ele, não são necessárias como um tipo de mérito, mas como sinal e testemunho divino; não obtem a salvação, mas conservam-na. Caso não estejam presentes é um sinal claro de que a fé esta morta... Aqui a petição a teoria da 'Nova obediência' é patente.

Major estava sendo usado como isca pelos 'ortodoxos' com o intuito de pescar peixes maiores e obter o controle da seita dos luteranos. Desastrosamente Major conseguira atrair para sua causa o professor Striegel, que - para espanto dos flacianos - anunciava já a 'Nova obediência' entre seus pupilos do curso de direito. 

Era necessário expulsar não apenas Major mas também Striegel para por de guarda os melanchtonianos. Acontece que o insigne jurista Matheus Wesembeck estava prestes a fazer-se padrinho do filho de Striegel; seu amigo. Exigiram os flacianos que Wesembeck declinasse e diante da negativa excluiram-no da ceia... foi assim que os príncipes e margraves foram metidos na controvérsia e com eles todo povo...

Os de Hambourg no entanto enviaram uma carta a Flacius cujo extrato julgamos por bem anexar a esta narrativa:

"Caso levemos mesmo a sério A DOUTRINA DA SALVAÇÃO PELA FÉ SOMENTE, TODAS AS BOAS OBRAS DEVERÃO SER VERDADEIRAMENTE BANIDAS DA FACE DA TERRA, tal como alegam os papistas caluniando nossa doutrina e insistindo que dentro da igreja luterana não se discute seriamente a questão da remissão dos pecados, UMA VEZ QUE NÃO OUSAMOS ADMITIR UMA RESTAURAÇÃO DO HOMEM PARA AS BOAS OBRAS, tal a acusação feita por Osiandro face a doutrina da imputação. Eis porque condenais Major, o qual firmado sobre as mesmas razões afirma que justificados sem obras somos justificados para as obras, que nos mantem e conservam na senda da justificação.
NÃO SENDO ASSIM MERGULHAREMOS NA BÁRBARIE.
Nós mesmos de Hambourg pudemos observar com nossos próprios olhos que os mais virtuosos dentre nossos pastores são odiados pelo vulgo e pelas massas na mesma medida em que condenam os vícios e recomendam a penitência e a obediência a Nova Lei do Evangelho." Staphorst in 'Hist eccl Hambourg' II, 01





Em sua resposta aos de Hambourg Flacius admitiu francamente ser melhor "ENVIAR OS FILHOS A UMA CASA DE PROSTITUIÇÃO DO QUE A ESCOLA TEOLÓGICA DE WITTEMBERG." 

"Dentre todas as acusações com que Ilyric - este herético e inimigo de Deus, palhaço sedicioso - e seu infame bando tem brindado os teólogos de Leipzig e Wittemberg não passam de deslavada mentira." objetava Pfeffinger, acrescentando "Ilyric É UMA VERDADEIRA PESTE QUE AMEAÇA A SÃ DOUTRINA." in Nich Boehm 'Relation'

Nem por isso os de Wittemberg deixaram por menos e descrevendo o 'segundo Lutero' como "CORVO INSIDIOSO, BRUTO DA ILIRIA, LOUCO, INIMIGO DE DEUS, INSTRUMENTO DO INFERNO, VASO DE CÓLERA, TÍTERE DO DIABO, MESTRE DOS POLTRÕES, MANÍACO, TORPE, SICOFANTA, CHARLATÃO, MISERÁVEL, ASNO GROSSEIRO QUE PRETENDE SE PASSAR POR PAPA DOS LUTERANOS." 

Pelo fim deste ano (1553) Amsdorf elaborou um símbolo em que declarava que as boas obras "NÃO SÃO APENAS INUTEIS MAS PERNICIOSAS A SALVAÇÃO DO CRENTE."

Na ocasião tanto Major quanto Melanchton foram gentilmente levados a assinar este decreto ímpio.

Praticamente na mesma ocasião escreveu o mesmo Amsdorf ao rei da Dinamarca, apresentando Major e Melanchton como adeptos da heresia sinergista.

Sem delongas escreveu o rei a Major convidando-o a abrir mão de seu ponto de vista.

Cercado por todos os lados e em franco desespero, respondeu-lhe o infeliz pregador:

"SUSTIVE AQUELA TEORIA - sobre a necessidade das obras - NO ARDOR DAS DISCUSSÃO COM AMSDORF, PORTANTO NÃO DEVEIS CRER OU IMAGINAR QUE FOI DEFENDIDA SERIAMENTE E PODEIS ESTAR SEGUROS DE QUE NÃO TORNAREI A DEFENDE-LA FUTURAMENTE E PROIBO A QUEM QUER QUE SEJA DE CITA-LA COMO OPINIÃO MINHA." Salig I, 638 & Corpus Reformatorum VII, 1061 e VIII, 64

No ano seguinte (1554) porém, agindo sob pressão, procedeu exatamente como os flacianos esperavam.




"SIM EU CONTINUO A ENSINAR QUE AS OBRAS SÃO NECESSÁRIAS A SALVAÇÃO JUNTAMENTE COM A FÉ. NO ENTANTO QUANDO MINISTRO TAL ENSINAMENTO, NADA MAIS FAÇO DO QUE REPETIR O QUE ESTA ESCRITO NOS 'LOCIS' DE MELANCHTON. O qual por sinal, publicou-os enquanto o Dr Lutero ainda estava entre nós E SE POR ALGUMA RAZÃO QUE EU IGNORO ELE NÃO DEU QUALQUER APROVAÇÃO FORMAL A DITA OBRA, NÃO É MENOS CERTO QUE JAMAIS A CONDENOU." Salig III,324




Por esse mesmo tempo Erasmo Sarcerius de Mansfeld fez congregar todos os seus pastores e emitir uma declaração segundo a qual: "A FÉ SEM OBRAS BASTA PARA SALVAR O HOMEM." O mesmo sínodo depoz o diacono Ettiene Agricola - amigo de Melanchton e sinergista fervoroso - e anatematizou tantos quantos concordavam com ele.

Todavia, como alguns dos participantes - flacianos - dessem com algumas passagens 'de natureza duvidosa' nos escritos do próprio Sarcerius e insinuassem a necessidade de depo-lo juntamente com Agricola; retratou-se Sarcerius por ter escrito "Que as obras conservam a fé como o fogo é mantido pelas chamas." e pediu perdão a seus confrades.

Durante 1554 e 1555 logrou Amsdorf duas grandes vitórias:
a deposição do insigne oficial eclesiástico Jadocus Mening - igualmente amigo de Malanchton - bem como a expulsão de seus partidários; a excessão dos poderosos Striegel e Wesenbeck. Neste mesmo ano Pfeffinger compoz a obra intitulada 'De libero arbitrio' sustentando publicamente sua posição de sinergista.

Em 1556 foi a vez de Major refugiado na Wittemberga junto a Melanchton publicar seu 'Von der zum Bereitung seligen Sterben' no qual sustentava que embora o princípio da salvação correspondesse a operação do Espirito santo no coração do crente, ela poderia não ser atingida na medida em que o homem interpuzesse o obstáculo do pecado.

Por uma segunda vez, em 1556, concordou Melanchton em assinar outra forma 'ortodoxa' ou semi - flaciana com o intuito de manter a paz e a concórdia no seio da 'igreja'.

Pois nesse tempo já "Wittembergenses e os flacianos tratavam-se mutuamente por idumeus, filisteus, cananeus, etc..."

Os de Wittemberg animados pelo círculo de Melanchton e pelos primeiros discípulos de Lutero aspiravam lapidar os emissários de Flacius enquanto seu diacono Werner era apresentado ao povo como um 'bebado, jogador e frequentador de lupanares."

"Acreditais, boa gente, que há entre nós enviados de Flacius em busca de conciliação, ocupai-vos vós somente em serenar os acessos de ódio e de loucura desse patife e charlatão que não cessa de blasfemar e mentir." rugia o velho Pomeranus ensandecido.

Diante disto Flacius achou por bem atacar:

"O SOFISTA FILIPE COMPORTA-SE DE SUA PARTE DUBIAMENTE SOBRE O ASSUNTO DAS BOAS OBRAS SUCESSIVAMENTE CONDENANDO E APROVANDO; POIS TENDO CONDENADO CONOSCO POR DUAS VEZES, EM 1553 E NOVAMENTE EM 1556; O QUE INSISTE HOJE EM DEFENDER NAS FIGURAS DE MAJOR E MENIUS. POIS NÃO SE LIMITANDO A TOLERAR APROVA.
E EM SEUS FLERTES COM OSIANDRISTAS E CALVINISTAS NÃO SÃO MENOS EVIDENTES E COMPROMETEDORES. JAMAIS CONHECI TEÓLOGO TÃO HÁBIL EM PASSAR DUM EXTREMO A OUTRO."
Flacius in 'Apologia auf zu unchrist sch justus menius' Iena 1558

Ainda assim concorda Melanchton em ir justificar-se em Worms (1558) - Onde teve por adversário seu ex pupilo Erasmus Sarcerius - ACUSANDO OS ADVERSÁRIOS DE MAJOR DE SUSTENTAREM A HERESIA DOS ANTINOMINIASTAS E AFIRMANDO, FACE A AMSDORF, QUE A NOVA OBEDIÊNCIA ERA UMA INSTITUIÇÃO DIVINA ENQUANTO EFEITO DA JUSTIFICAÇÃO.

Neste mesmo ano Praetorius - que a principio militara com os flacianos e sustentara a doutrina da 'segurança do crente' - tendo passado as fileiras dos 'sinergistas' iniciou sua polêmica com Agricola na qual envolveu-se posteriormente o já citado Muskulus. Em 1559 os ortodoxos obtem - de João Frederico II - sua derradeira vitória com a expulsão de um de seus principais desafetos Striegel, o qual recusou-se a subscrever a 'Confutacio...' de Flacius e Aurifaber.

Neste passo a querela atinge seu ápice pois Major agindo tal e qualStrigel e possivelmente aconselhado por Melanchton convida nada menos do que Paulo Lutero para ser padrinho de um seu filho recém nascido. E tendo o filho do GRANDE REFORMADOR E PROFETA DAS ALEMANHAS, acedido ao pedido do odiado teólogo sinergista tornou-se ele também alvo das críticas acrimoniosas dos 'ortodoxos'. 

Sendo no entanto quem era, o pupilo do supremo despadrado, compôs uma APOLOGIA, em que acusava os de Weimar por terem "TEREM ESTABELECIDO UM NOVO PAPADO E ANATEMATIZAR TANTOS QUANTOS RECUSAM-SE A CONCORDAREM COM ELES."

Graças a esta poderosa voz houve paz para os luteranos. Esta paz porém não foi mantida por muito tempo.

Pois cerca de dois anos depois - 1561 - na Berna, foi a vez dos Melanchtonianos atracarem-se com os flacianos e triturarem-nos a pancada... Neste mesmo ano João Frederico II muda de opinião e os flacianos, juntamente com seu líder são convidados a deixar Iena...

Em 1563 no entanto, o Eleitor de Saxe "determinou que todos os pastores sob sua jurisdição SUBSCREVESSEM OS PRINCÍPIOS CONTIDOS NO 'CORPUS DOCTRINAE' DE MELANCHTON. AQUELES QUE RESISTIRAM FORAM CONSIDERADOS COMO SENDO PARTIDÁRIOS DE FLACIUS E COMO TAIS DEDIGNADOS E EXPULSOS DO PAIS."

Em que pese a passagem de seu 'Mestre' Stoltz do sinergismo ao flacianismo e a publicação de uma obra sua contra Major no ano anterior. Obra que vinha subscrita igualmente pelo famoso Johann Aurifaber, companheiro de Mathesius. 




No auge da tormenta Selnekker foi citado em Riddaghausen por ter asseverado que "AS OBRAS ERAM NECESSÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA JUSTIÇA." 

Temendo ser dedignado, o ilustre doutor respondeu alegando 'TER SUSTENTADO A TEORIA DAS OBRAS APENAS COM O INTUITO DE EXERCITAR A DIALÉTICA, O QUE ESTAVA TOTALMENTE DE ACORDO COM A NATUREZA DO TEMPO. MAS QUE TENDO SERVIDO AOS IRMÃOS COMO PEDRA DE TROPEÇO ABRIA MÃO DELA E SE RETRATAVA."

Mal Selnekker recua apavorado, abraçando os erros de flacius; propõe Neogergis em alto e bom som a doutrina da 'Segurança do crente' posteriormente repudiada pelos autores da fórmula da concórdia e completamente desmantelada por Gehard em seus 'Locii'.

Segundo este doutor constituia uma ideia demasiado grosseira "Imaginarmos que o Espírito Santo permanece num incessante vai e vem para dentro e para fora dos homens... OS QUAIS SENDO ASSIM NÃO PASSARIAM DE UM POMBAL..." Dai suster a doutrina ímpia e imoral do 'uma vez salvo sempre salvo'.

Praetorius e Spangemberg atribuiam a dita teoria a Lutero, Mencel no entanto fez congregar sínodo e condena-la como falsa em 1576. Se bem que dez anos antes - 1566 - o sinuoso Jean Wigand - adepto da 'terceira via' - compuzera uma alentada obra contra 'O amaldiçoado substancialismo' e obtivera de João Ernesto, Conde de Wolrath, a condenação dos flacianos.

Praetorius, não menos sinuoso, replicou bastante claramente desta vez e testificou que:

"ESSES PASTORES IMBECIS IMAGINAM QUE PROFESSAMOS UMA NOVA TEOLOGIA OU UMA INVENÇÃO DOUTRINAL, QUANDO NA VERDADE ESTAMOS A REPETIR O QUE LUTERO E SÃO PAULO ANUNCIARAM. ELES É QUE PLASMARAM UMA NOVA TEOLOGIA... ISTO SE DÁ PORQUE JAMAIS LERAM QUALQUER OBRA DE LUTERO, ESTE HOMEM DIVINO E ANJO DO CÉU ENVIADO POR DEUS, ASSIM PERDEM SEU TEMPO ESTUDANDO OBRAS IMPURAS E ENGENDRAM DOUTRINAS NOVAS E INCOERENTES." 

'Este Mencel com seu maldito acidente causou mais desordem entre os nossos do que os antinominiastas e majoristas juntos.' in Grosse antwort auf d... Eisleb 1577

Eis porque Ammerbach em sua 'Apologia...' assevera que ele jamais se retratou de coração, morrendo fiel ao flacianismo.

Entrementes, cerca de 1566, perdeu Flacius um de seus principais partidários Moerlin devido a sua insistência a respeito do substancialismo 'maniqueu'... foi nesta ocasião que Moerlin publicou sua "Tres disputationis de tercio usu legis." contra os partidários de Amsdorf...

No ano seguinte Moerlin e Chemnitz antes pupilo de Melanchton, seguiram para a Prússia onde convenceram o Duque a condenar o osiandrismo. A 6 de maio Moerlin e Chemnitz entregaram-lhe a "Repetitio corporis doctrinae Christianae" e proscreveram a um lado o osiandrismo, o filipismo e o majorismo como heresias sinergistas e a outro o flacianismo e o amsdorfianismo como heresias antinomiasmicas, formando um grupo médio ou de compromisso.

Wigand no entanto, passara a apoiar discretamente os majoristas por ter sido informado pelos juristas Striegel, Wessembeck, etc a respeito dos frutos produzidos pelo antinominiasmo flaciano e do terrivel perigo porque passava a sociedade germânica... & assim obtiveram o apoio do Estado secular contra os distúrbios provocados pela legítima pregação luterana. Ele mesmo convenceu Mencel e este os pastores do condado que haviam jurado fidelidade a Flacius e a Amsdorf os dois principais expoentes da ortodoxia luterânica.

Simon Musaeus no entanto, tal e qual Alesius em Leipzig, optou por retratar-se, publicando uma obra intitulada "Sententia de peccato, quod nom sit substantia." (1572). Foi o quanto bastou para indispo-lo contra os flacianos de Mansfeld... Pois ele havia auxiliado Flacius e Aurifaber contra Striegel e passava por co autor das Refutações de Weimar...

Por outro lado Musaeus era reticente quanto o papel das obras no processo de salvação, mantendo-se igualmente longe dos melanchtonianos.

Eis porque os dois lados enviavam-lhe cartas ameaçadoras e bilhetinhos indecentes... assobiavam e buliam quando ele, ou mesmo sua esposa e filhos saiam a rua... E ENQUANTO AGONIZAVA LANÇAVAM PEDRAS SOBRE SUA RESIDÊNCIA. (Após sua morte festejaram com comes e bebes). Ele mesmo aludindo aos fanáticos de um lado e outro, confessava jamais ter lidado com gente tão maldosa e suspirava pela morte; constando ter baixado ao túmulo levado pela depressão...

Diante de tanto tumulto e violência provocados pela disputa em torno da 'salvação' registrava o conselho de Westphal:

"É IMPOSSIVEL CONTER A POPULAÇÃO E EVITAR QUAISQUER DESORDENS QUANDO ADEREM AO EVANGELHO."

Em 1568 o sucessor de João Frederico II, expulsou os filipistas e majoristas e permitiu o retorno dos flacianos a Iena se bem que mantivesse o interdito lançado contra Flacius, o qual era corrido pelos filipistas de cidade em cidade... Antuérpia, Franckfort, Strasbourg...

Como a expurgação dos filipistas produzisse grande comoção no pais, o eleitor de Saxe, o conde de Volrath e Guilherme, sucessor de João Frederico; concordaram em congregar uma espécie de sínodo em Altenbourg - 1568 a 1569 - Durante a última sessão deste sínodo os de Iena e os de Wittemberg e Leipzig subscreveram a seguinte fórmula:

"A obediência e o acolhimento a palavra de Deus tem seu princípio numa operação interna e graciosa produzida por Deus no coração do homem."

AQUI FICA SUPOSTA A PREDESTINAÇÃO E CONSAGRADA A AMBIGUIDADE NO QUE TOCA A NECESSIDADE OU NÃO DAS OBRAS PARA A SALVAÇÃO.

Destarte a polêmica continuou acesa resultando na condenação e exílio de Ciriac Spamgenberg, o derradeiro discípulo de Lutero...




Mathesius - um dos primeiros biografos de Lutero - esforçou-se em apresentar seu mestre como sinergista ou majorista.

Eis o teor de um de seus sermões:

"É bastante ENTRE OS FALSOS IRMÃOS A PRÁTICA DE LISONGEAR OS PÉSSIMOS COSTUMES DAS MASSAS, ATRIBUINDO A JUSTIFICAÇÃO A FÉ SOMENTE E NADA DIZENDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS BOAS OBRAS, DA OBEDIÊNCIA OU DO TEMOR; A PONTO DE FAZEREM EXORTAÇÕES IMPRUDENTES> Acreditai somente e de resto, sejam vossas obras boas ou más sereis salvos... NO ENTANTO ELES DEVIAM PRESTAR MAIS ATENÇÃO NO ENSINO SEGUNDO O QUAL AS BOAS OBRAS SÃO NECESSÁRIAS A SALVAÇÃO..." in Hist Christi, Leipzig, 1622 - I - 10

É assaz curioso o fato de que Mathesius não exita em atribuir a doutrina solifideista aos falsos irmãos, isto é, Flacius, Amsdorf, Moerlin, Spangemberg, Praetorius, etc

Nicholas Gallus, que passava por amigo e protetor de Flacius também se poz a apresentar aqueles que "Assim que tornam a pecar repetem: sou pecador mas creio em Jesus Cristo." como falsos cristãos e falsos luteranos...





Dentre todos no entanto, o paladino da confusão, foi o grave humanista Joachim Camerarius, amigo de Melanchton. 

Compoz Camerarius um panfleto intitulado "Querela Martinus Lutherii, somnium seu." na qual apresentava Lutero como campeão do majorismo/sinergismo e fazia-o condenar a doutrina da salvação pela fé somente, asseverando ter sido ela inventada pelos sectarios, isto é, por Flacius, Amsdorf, Praetorius, Spangemberg... com o intuito de justificar seus vícios.

Trata-se dum verdadeiro sermonário em que Lutero, sustenta a cada passo a doutrina Ortodoxa da necessidade das obras e da nova obediência para a salvação. Dir-se-ia que o piedoso erudito voltou Lutero contra Lutero e fez Lutero condenar a si mesmo com suas 'próprias' palavras... Obra de mestre que produziu furor entre os luteranos fiéis...

Stoltz foi um dos que 'resistiram em face' a farsa composta por Camerarius; censurando-o por ter "OUSADO POR NA BOCA DE LUTERO, A MAIS DESONESTA DE TODAS AS DOUTRINAS, ENCETANDO UMA TRISTE FARSA E MACULANDO A MEMÓRIA DO ILUSTRE REFORMADOR AO POSTULAR QUE AQUELES QUE FORAM JUSTIFICADOS PELA FÉ  DEVERIAM ESPERAR A SALVAÇÃO POR MEIO DA OBSERVÂNCIA DE QUAISQUER MANDAMENTOS QUANDO TUDO NA OBRA DO FALECIDO HOMEM DE DEUS MOSTRA O MAIS VIVO E PROFUNDO HORROR FACE A TEORIA DE MAJOR ( o sinergismo)."
  
Destarte ninguém se entendia ou sabia o que era salvação na palhoça de Lutero...




Até que em 1577, elaborou-se a assim chamada 'Fórmula da Concórdia'... sob a direção de Andraeas e Chemnitz

Aqui, apesar da admiração do segundo por Melanchton, optou-se por reportar as obras de Lutero - E NÃO NECESSARIAMENTE A BÍBLIA!!! - todo e qualquer ponto controverso.

Esta decisão, firmada em Berg, selou a ruptura entre Andraeas e Chemnitz a um lado e Chytraeus a outro, sendo que este fez questão de registrar: "Meu nome não pode ser contado entre os dos autores desta fórmula."

Desde então admitiu-se que que "Aquele que possui a verdadeira fé, ainda que peque, não deve perder a esperança da salvação."

Insistiu-se pois mais no perdão gracioso do que na responsabilidade e na santidade anunciados por Jesus Cristo no Abençoado Evangelho. O que tem sido geralmente interpretado como a possibilidade do 'crente' viver no pecado e salvar-se pecando.

"Condenamos as seguintes proposições 'Que o homem não possa ser salvo sem boas obras' que 'As boas obras são necessárias a salvação.' e que 'Ninguém jamais salvou-se sem praticar boas obras."" in IV, das condenações

Destarte o arrependimento é concebido ou definido como mero sentimento de culpa e não como uma renuncia efetiva ao pecado ou como uma vitória real obtida contra o Reino impiedade.

E na mesma sessão, pouco mais além, segue esta condenação adrede fabricada contra Osiandro, Melanchton, Pfeffinger, Brentius, Pomeranus, Mathesius, Cruciger, Menius, Mohr, Selnecerius, Chytraeus, Major, Camerarius e Striegel:

"Condenamos igualmente a teoria segundo a qual após a regeneração o homem seja capacitado para observar fielmente todos os mandamentos divinos e deixar de pecar. IDEIA FRÍVOLA E SUPERSTICIOSA INVENTADA PELOS MONGES."

E por fim: "Condenamos igualmente aqueles que ousam dizer que após a regeneração nada sobreviva em nós do velho Adão de modo a arrastar-nos novamente para o mal e o pecado."


Pendeu pois a balança novamente para Flacius, Amsdorf e Spangemberg, etc embora o posteriormente o próprio Chemnitz - por influência de Chytraeus - tenha se aproximado da doutrina 'heterodoxa' de Melanchton e acusado de apostasia (pelo que veio a perecer em estado de demência!)

Também a geração subsequente - do século XVII - encabeçada pelo já citado Gehard voltou-se novamente para Melanchton e seus Locii...


Mesmo assim, muitos, a exemplo de Wigand recusaram-se a assinar a fórmula. 

Diante disto recorreram os pastores - de Hersberg - ao principe, suplicando sua exoneração para que "A perigosa dignidade de Bispo não pudesse ser explorada por um patife como ele." (Wigand)

Replicou Wigand que todos aqueles pastores não passavam de argentários e que viviam cobrando juros dos mais pobres, iniciando nova lavagem de roupa suja...

Heshusius foi outro - dos ortodoxos - que tendo assinado a fórmula por receio do poder temporal, retirou sua aprovação e denunciou-a como ímpia...

Selnecerius ainda que polidamente resistiu-lhes em face e alegou que "Andraeas e seus colaboradores deveriam rever suas opiniões devido ao grande escândalo que estava embutido em seus escritos." pouco tempo depois no entanto disse que "Tais escritos não podiam ser lidos sem faze-lo corar de ódio e de vergonha." pelo que condenava seus autores e signatários as 'chamas eternas'.

A respeito do Dr Muskulos temos o juízo de Greser - Histo zu Beschreib... Dresda 1584 - "Satã logo tomou posse o Dr Muskulus com o objetivo de separar os irmãos, pois ele recusava-se a aprovar qualquer artigo."

Nenhum todavia foi mais acintoso do que o Dr Moerlin, cujas palavras achamos por bem reproduzir nesta memória:

"Pessoalmente meu maior prazer seria ver a concórdia reinar entre nossos doutores, mas devido ao samaritanismo de Andraeas, houve falha ao estabelecer uma fórmula de concórdia para toda esta igreja. ASSIM ELA ME INSPIRA PROFUNDA AVERSÃO. E CASO A ANTIGA DISCIPLINA AINDA ESTIVESSE EM VIGOR NÃO DUVIDO DE QUE SEU AUTOR SERIA CONDENADO A PENITÊNCIA ECLESIÁSTICA." in Ep a Columbinus

& dando continuidade a controvérsia. 

Pois quando Statius publicou o 'Tesouro eclesiástico' com base nos escritos de Praetorius, Arnd classificou-o como sendo a 'Quintessencia do Evangelho e um tesouro da graça de Jesus Cristo.' , Hildebrand de Nordhausen no entanto apresentou a mesma obra como "Arque herética, blasfematória e antinomiasta."   
acrescentando que "As obras de Praetorius antecipam as loucuras dos hochbourgianos, weigelianos, Quacquerianos, quietistas e outros heréticos..." 

Pois não havia entre eles concórdia alguma apenas disputações exegéticas em torno de textos e livros, o que bem pouco religioso é.

Conclusão:

Após termos apresentado 75 (setenta e cinco) citações, como testemunho, julgamos ter cumprido nossa tarefa e demonstrado cabalmente que os discípulos, seguidores e sucessores de Lutero ofereciam ao povo protestante duas pregações diametralmente opostas no que tange a salvação da alma, acordando; parte deles, que Paulo, Agostinho e Lutero haviam ensinado o sinergismo - ou seja que os homens não se salvavam sem boas obras ou em seus pecados - enquanto a outra parte sustentava que o homem é magica e externamente salvo por Deus, sem a necessidade que qualquer obra boa, ou seja o monergismo solifideista.

E se discordavam e disputavam em torno do assunto é porque não estavam na posse da verdade divinamente revelada, que é Una.

Adicionamos assim - a questão do Batismo, da Eucaristia e do número dos Santos e divinos mistérios - mais um item a respeito do qual os reformadores não estavam de acordo evidenciando que o padrão Reformado jamais esteve em posse do carater divino da Unidade.

Nos próximos artigos demonstraremos que os calvinistas, anabatistas e sectários também estavam em conflito sobre o modo como o homem deve proceder para conquistar sua salvação. E que os sectários de hoje perseveram na divisão, havendo tantas opiniões quanto cabeças a respeito desta doutrina.

Posteriormente abordaremos outra questão bastante espinhosa para nossos protestantes, a questão da liberdade e da graça, demonstrando mais uma vez que os protestantes jamais chegaram a qualquer acordo a respeito do assunto e que sempre estiveram divididos, excomungando-se mutuamente.

Sustente-nos o Verbo Encarnado e seus Santos, abençoados e divinos Evangelhos!!!







Amigo leitor luterano ou protestante pertencente a qualquer agremiação, após ter lido tantos e tantos testemunhos relativos a divisão ou melhor a confusão doutrinal reinante no caminho escolhido por si, ponha a consciência diante de Deus e considere como tal estado possa estar de acordo com a Verdade Una que Jesus Cristo quis legar ao gênero humano por meio da divina Revelação???

Acaso não disse nosso mestre amado que "TODA CASA DIVIDIDA ESTA A CAMINHO DA RUÍNA"???
Então como ele mesmo poderia ser arquiteto e edificador de semelhante casa???


Casa em que cada pedra luta contra si anunciando doutrinas diferentes.... casa em que o telhado luta contra os alicerces e os alicerces contra as paredes!!!

Como Jesus, sendo divino por natureza, poderia ter construído para si uma habitação toda fragmentada em rachaduras e escombros???

Será que você ainda não se deu conta de que Karlstadt, Muntzer, Zwiglio, Lutero e Calvino estavam em oposição uns com os outros??? Que Melanchton, Amsdorf, Andraeas, Moerlin, Brentz, Heling, Lambert, Flacius, estavam em oposição??? Que Denk, Joris, Socino, Ferenc, etc estavam em oposição??? E que hoje os Malafaias, Josias, Macedos, Soares, Hernandes, Santiagos, etc continuam em oposição... É quase meio milênio de luta, discordância, oposição...

Como este estado de combate espiritual pode corresponder a vontade daquele que disse: "Que eles sejam um oh Pai, como eu e tu somos um." ACASO O FILHO DISPUTA COM O PAI A RESPEITO DA VERDADE???

Considere tais fatos sabendo que cada um de nós é plenamente responsável por sua destinação ou futuro espiritual e que melhora-lo já depende apenas de você.

Rompa definitivamente com o padrão da divisão, da ignorância, do erro e da mentira e abrace o padrão da verdade una associando-se aos adoradores e servos do Único Deus Verdadeiro: Jesus Cristo filho da Virgem.

Ponha os preconceitos de lado e reserve algum tempo para pesquisar a respeito do Catolicismo Ortodoxo ou da Igreja Ortodoxa, associação que há quase vinte séculos vem mantendo com amor e zelo a integralidade da divina revelação.

De minha parte posso assegurar-vos: Não há maior deleite que a simples posse da verdade plena. Seja nossa recompensa neste mundo a posse e a contemplação da verdade divina Revelada aos homens pelo Mestre amado.

Não deixe o tempo passar, não perca esta oportunidade.