Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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domingo, 4 de abril de 2010

A penetração da pseudo reforma na Rússia.







Cerca de 1585 os calvinistas já haviam instalado suas seitas nas cidades russas de Arkhangelsk e Vologda, até que 1616 durante o reinado de Fedorovich, abriram seu primeiro termo na capital, Moscow.


Simultaneamente diversos grupos de anabatistas: menonitas, huteritas, unitarianos, etc perseguidos pelos papistas, luteranos e calvinistas encontraram asilo no grande país do Leste e lá permaneceram em paz até o décimo nono século quando parte deles cambiou livremente para o novo mundo (alguns para o Sul do Brasil inclusive).


Convem pois registrar que muito antes da fundação da província de Maryland (EEUU) por George Calvert, Lord Baltimore (romanista) e da emissão do 'ato de tolerância' - feito em 1649 e considerado pelos apologistas do papismo como a primeira lei de tolerância promulgada no Ocidente Cristão - OS PROTESTANTES ESTRANGEIROS INSTALADOS NA RÚSSIA ORTODOXA DESDE 1585 OBTIVERAM PERMISSÃO PARA ADORAR A DEUS SEGUNDO SUAS CONSCIÊNCIAS OU SEJA O RECONHECIMENTO DE SUAS LIBERDADES NO QUE DIZ RESPEITO AO EXERCÍCIO DA RELIGIÃO.


Da era de Ivan a era de Anna - durante 150 anos - pessoa alguma foi molestada por motivos religiosos na Rússia, como prova do que escrevemos podemos citar o Ato de 1702, que garantia a todos os estrangeiros total liberdade nos domínios da fé.


Disto aproveitaram-se os sectários do Ocidente já para disputar entre sí e provocar distúrbios (como os luteranos e calvinistas) já para espalhar suas traduções e doutrinas entre os russos... Por isso em 1734 a dita Imperatriz baixou um novo decreto segundo o qual cada nova seita surgida ou instalada no país ficava obrigada a apresentar uma confisão de fé explicitando suas crenças.


ASSIM SENDO - COMO CONFESAM OS PRÓPRIOS CALVINISTAS - EM 1864 4% DE SEUS SECTÁRIOS - CERCA DE 70.000 ALMAS - HABITAVAM OS TERRITÓRIOS DO CZAR, E CERCA DE 1200 DELES ESTAVAM RADICADOS JUSTAMENTE EM MOSCOW OU SEJA AS BARBAS DO CLERO ORTODOXO...


Já em 1619 um dos primeiros russos convertidos ao calvinismo Piotr disputava livremente sobre as escrituras com nossos hierarcas, afirmava em alto e bom som que nossos ícones não passavam de ídolos e tantas outras parvoices que os protestantes costumam afirmar sem que por isso sofresse qualquer dano por parte das autoridades do país.


Disto resultou que durante a Raskol de 1667 formou-se um grande partido intitulado Bespopovtsy cuja semelhança com as seitas protestantes é notória.


De modo que inumeros historiadores e analistas vinculam os Bespopovtsy, as comunidades de anabatistas, menonitas e huteritas, asseverando que foram influenciados por elas.


De algum modo tais seitas assimilaram já alguma propaganda, já o exemplo dos sectários ocidentais.


A ponto de, como eles, apregoar a apostasia da Santa Mãe Igreja e a ímpia doutrina do sacerdócio universal.


Também implantou-se entre eles - embora sem assumir o cárater de dogma - a abominável teoria da predestinação.


Todas caracteristicas dos luteranos, anabatistas e calvinistas.


Assim também a Rússia foi atingida e devastada pela rebelião urdida por Lutero na Wittemberga.


A princípio os Raskol foram punidos e supliciados pelo Estado, posteriormente todavia obtiveram a tolerância.


Catarina a grande, não por melindres religiosos, mas por inspirações de ordem filosófica, fez deportar grande número deles para a Sibéria já porque lhos encarava como fanáticos, bárbaros e selvagens, enquanto eles encaravam-na como o verdadeiro anti-Cristo (devido a sua familiaridade com o iluminismo).


Durante o décimo nono século, ainda por questões meramente políticas e não religiosos eles não deixaram de sentir a mão dos czares autocratas... seja como for, desde 1700 nenhum deles foi condenado a morte por heresia...


E ainda hoje subsistem alguns milhões deles na Rússia.


Como prova de que antes de florescer no Ocidente por volta do século XIX, a liberdade religiosa florescera na Rússia ortodoxa pelo espaço de trezentos anos.


Pois excetuando-se as execuções dos líderes staroverits (como o Metropolitano Awacun) durante o reinado de Pedro, não são conhecidas outras execuções semelhantes na História do pais.


sábado, 3 de abril de 2010

O cavalo de Tróia na Ortodoxia> Cirilo Lucaris




No tópico anterior tivemos ocasião de ver que já por ocasião da morte de Crusius em 1607 os luteranos haviam desesperado de qualquer acordo com a Ortodoxia e classificado nossas igrejas como mais supersticiosas que a igreja papólica.



Os calvinistas porém não se davam por reduzidos e cuidavam em obter, por bem ou por mal, o testemunho da Ortodoxia.



Esta ocasião se lhes apresentou na última década do século XVI quando um jovem grego de grande talento - sabedor de Latim e francês - Cirilo Lucaris, fora enviado a Polônia com o objetivo de sustentar os intereses da Ortodoxia frente a sacrílega união de Brest e os ataques cada vez mais furiosos do romanismo.



E como os protestantes poloneses também se opunham as pretenssões romanas acabou ocorrendo uma aproximação estratégica entre o jovem sacerdote e os teólogos da seita.



Desde então o jovem Lucaris - após peregrinar por Genebra e Wittemberg - principiou a estudar com ardor as obras dos principais corifeus da pseudo reforma, em especial as de Calvino e a afastar-se gradativa, imperceptivel e irremissivelmente dos padrões Ortodoxos. Até que sem perceber ou dar-se conta estava já perfeitamente calvinizado...



Era de se esperar que como tantos e tantos clérigos e prelados ocidentais, o nosso Cirilo lança-se a batina as urtigas e se fizesse pregador protestante...



Foi exatamente o que não se deu permanecendo Lucaris entre as fileiras do clero ortodoxo como cripto calvinista.



Tal e qual o 'deformador' inglês Cramner, o nosso Lucaris executava todos os ofícios pescritos no ritual violando sua própria consciência na medida em que não acreditava neles e escrevia a seus amigos ocidentais sobre o quanto se sentia mortificado ao dirigir preces a Virgem e aos Santos em nossa hierúrgia.



Tal a geração dos reformadores de Albion a Constantinopla, geração de fariseus hipócritas, de covardes e oportunistas que não se envergonhava de por em prática uma série de obras que na verdade odiava...



Assim eles diziam Missa sem crer nela, incensavam imagens e ícones que no fundo criam não passar de ídolos pagãos, intercediam pelos mortos sem crer que tais intercessões fossem uteis...



O caso é que os calvinistas do Ocidente ainda contavam em obter o testemunho de nossas igrejas contra a igreja papal objetivando sua desmoralização. Assim sendo os embaixadores da Holanda e da Inglaterra aconselharam Cirilo a permanecer formalmente na Ortodoxia com o intuito de realizar suas esperanças pois era de fato um homem de grande talento.



E por ser um homem de grande talento não devemos nos espantar por ve-lo elevado, no ano de 1602, a séde do patriarcado greco-bizantino de Skanderia, séde que veio a governar pelo espaço de quase vinte anos com graves danos para a fé reta e imaculada.



Pois durante esse tempo estabeleceu relações públicas de cordialidade com os soberanos heréticos do Ocidente chegando a presentear Tiago IV de Inglaterra com um dos códices bíblicos mais antigos preciosos de que se tem notícia, o código alexandrino.



E enviou parte de seu clero para estudar as ímpias doutrinas de Calvino já em Oxford, já em Genebra e assim logrou corromper a fé de muitos e a semear as novas e falsas doutrinas por todo o Oriente provocando grande comoção entre os filhos da Verdade.

Dentre estes clérigos estavam Zacarias Garganos que mais tarde tornou-se Bispo de Larta e Yhoana Caryophylles, dito o Logotheta.

Tendo falecido Timóteo II, Cirilo, sentindo-se forte pelo apoio ($) que lhe era dado pelos embaixadores das potências protestantes e pelo prestígio dos clérigos que lho acompanhavam, passou a Istamboul com o intuíto de fazer-se eleger e sagrar como novo patriarca.

E mal desembarcara na cidade mandou chamar o superior dos Frades franciscanos - in "Nueva historia de La Iglesia" Vol V ed Cristianidad - para dizer-lhe que: "sentia-se inclinado a submeter-se a sé apostólica."

Em contrapartida o Papa Urbano VIII remeteu-lhe quatro mil taleres através do embaixador austríaco Schmid, parte deste montante foi somado ao que já lhe havia sido oferecido pelos embaixadores da Holanda e da Inglaterra e repassado ao Sultão.

Nove anos depois - 1629 - Cirilo compoz uma 'confisão de fé' inspirada nos ensinamentos de Calvino querendo fazer passa-la por ortodoxa e visando convencer os Ocidentais de que a fé de nossas igrejas estava de pleno acordo com a fé protestante.

Dentre outras coisas afirmava o desatinado Patriarca, a suficiência das Escrituras em matéria de fé, a falibilidade da Igreja, o solifideismo, o predestinacionismo, o infernismo, o bi sacramentalismo, o iconoclasmo bem como a doutrina zinwigliana da presença simbólica de Jesus na Eucaristia, que por esse tempo já havia suplantado a doutrina calvinista dentro do próprio calvinismo...

Esta ímpia confisão foi publicada, primeiro na Holanda - sob os auspícios do embaixador holandês na sublime porta - depois em Genebra (em 1633) e sucessivamente reproduzida pelos principais apologistas e corifeus do protestantismo como Claude, Allix, Smith, Hottinger, Spanheim... causando grande espanto e escândalo entre os adptos do papismo.

Uma tal discusão serve apenas para ilustrar a má fé e a desonestidade dos protestantes. Afinal não foi no Oriente que Lucaris e seus partidários receberam tais teorias mas do Ocidente ou seja dos próprios Lutero e Calvino... Portanto tais ensinamentos jamais representaram a tradição ou o testemunho de nossas igrejas, mas apenas e tão somente a infiltração de doutrinas e crenças luteranas e calvinistas entre os nossos, noutras palavras: jamais significaram outra coisa que doutrinas alienígenas e importadas.

E no entanto os calvinistas não cessavam de atribuir tais doutrinas que eles mesmos ensinaram a Lucaris a tradição de nossas igrejas...

Seja como for o dito Lucaris acabou por enredar-se em diversas intrigas políticas, até ser estrangulado por ordem do Sultão e ter seu corpo lançado ao Bósforo na era de 1638. É inexato que os jesuitas estejam por trás de sua execução, apoiada todavia pela maior parte de nossos clérigos que lho encaravam como uma espécie de anti-Cristo subido dos infernos para destruir a igreja...

Enquanto Lucaris promovia tais distúrbios na Ásia menor e na Grécia, causando tantos dissabores a mãe Igreja, o Patriarca de todas as Rússias Petrus Mohila forcejava por desacreditar sua 'confisão de fé' e por refutar as heresias nela contidas. Assim, passados dois anos da morte de Lucaris - em 1640 - fez imprimir sua própria 'confisão', esta sim, ao menos em essência, fiel ao sentimento e a crença de nossas igrejas.

Foi assim que o pensamento de Lutero atingiu nossas Santas Igrejas de Deus quase cem anos após a sua morte.

Segundo somos informados por Mircea Eliade, Lucaris "Além de trocar cartas com George Abbot, arcebispo de Canterbury, em 1617 enviou um jovem monge grego, Metrophanes Kritopoulos (1589-1639), para estudar em Oxford. Kritopoulos permaneceu na Inglaterra até 1624, vindo posteriormente - em 1636 - a ocupar a sé grega de Alexandria."

Séde que ocupou até 1639 dando seguimento as lucubrações de seu mestre e protetor Cirilo.

Sabemos outrossim que Metrophanes também havia circulado pela Suiça e pela Alemanha - chegou a fixar-se em Altdorf - entretendo-se em conversações com os principais líderes protestantes e quiçá acreditando na possibilidade duma união entre tais seitas e nossas Santas Igrejas Apostólicas.

Ele também legou a posteridade uma 'confisão de fé', igualmente infectada pelos calvinismo - no que concerne a graça e a predestinação - mas sob todos os outros aspectos muito mais sóbria do que aquela que fora composta por Lucaris. Esta confisão foi direcionada aos anglicanos com o objetivo de reconcilia-los com a ortodoxia e é bastante apreciada pelos ocidentalizantes e ecumenistas de nossa época.

É forçoso admitir que apesar de seus flertes com o protestantismo Metrophanes de Alexandria morreu na paz da igreja. Pois participou, em 1638 do sínodo congregado por Kontaris no qual a memória e as teorias de Cirilo foram solenemente condenadas pelos Bispos das principais sés do Oriente.

Entrementes as nuvens se acumulavam no céu da Igreja e um novo sínodo, tanto mais solene, teve de ser congregado, desta vez em Jassy, na Moldávia. Corria a era de 1642.

Examinadas as duas confisões, a de Lucaris e a de Mohila, foi esta solenemente aprovada e louvada pelos padres enquanto aquela foi solenemente denunciada e anatematizada como herética, abominável, ímpia e sacrílega.

Meletius Sverigos após fazer algumas acomodações e suprimir algumas expressões que cheiravam a papismo - como transubstanciação por exemplo - verteu-a para o grego e fez com que fosse pregada as portas de todas as nossas Igrejas, mas, nem assim as coisas serenaram, pois Zacarias, Caryophylles e outros teimavam em disseminar as doutrinas de Calvino em meio ao povo de Cristo.

Contra estes lôbos ferozes ergueram-se diversos padres ortodoxos cheios de toda doutrina e piedade como Coressyus, Meletius Pigas - antecessor de Lucaris na Sé grega de Skanderia - Gabriel Severios de Veneza, Nectarios de Jerusalem, Arsênio, Meletius Sverigos, Genádio, Gregório Protocyncelos, Gabriel de Filadélfia e outros que trilharam fielmente a senda de Jeremias II e dos antepassados; os teóforos apóstolos, egrégios mártires e abençoados confesores amados de Cristo Jesus Nosso Senhor.

Para por fim a tais controvérsias e disputassões iniciadas pelo infeliz Lucaris, Dossiteus Notaras fez congregar outro sínodo em Al Kudush na era de 1672, o qual afirmou ponto por ponto as doutrinas ensinadas pelos Padres e condenou, mais uma vez, a memória e os ensinamentos de Cirilo qualificando-o como Mestre ímpio e ministro da apostasia. O mesmo sínodo reconheceu a versão grega da confisão de Pedro Mohila como prístina expressão da fé ortodoxa e ameaçou depor tantos quantos não se submetessem a seus decretos.

Assim a Igreja de Deus ficou purificada da lepra maligna do calvinismo e as intenções dos calvinistas, de apresentar suas novidades profanas como pertencentes a tradição apostólica e a veneranda antiguidade, ficou frustrada para todo sempre.

Desde então os calvinistas, tal e qual os luteranos, passaram a referir-se a Igreja Ortodoxa como sendo mil vezes mais idolatra e perniciosa do que a Igreja papal...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Das relações entre a ortodoxia e o protestantismo.








Em que pesem seus inumeros erros em matéria de fé e de doutrina, emitiu o Bispo de Hipona uma das normas mais sábias enunciadas por boca de homem:


"Odeia as doutrinas errôneas mas ama aquele que as professa."


Pois se amassemos ao erro como haveriamos de honrar a Verdade Suprema?


Por outro lado, caso odiassemos aqueles que erram, como haveriamos de glorificar ao Amor Infinito?


De modo que odiando ao erro fazemos juz a verdade e amando ao homem que erra fazemos juz ao amor divino.


Pois se sucede na maioria das vezes que aquele que erra cuida estar acertando e por verdade prístina toma o erro.


Sendo até possivel que haja nele mais amor e zelo pelo que pensa ser a verdade do que naqueles que conhecem a verdade.


Conforme estar certo ou errado pertencem ao domínio do conhecimento e não da vontade.


A mentira enquanto oposição entre o que se conhece e o que se diz esta no domínio da vontade e merece ser qualificada como má.


Erro porém é outra coisa.


Pois pode se suceder que se tome a parte pelo todo ou o provável pelo certo...


Erra pois o homem sem saber que erra e sem ter conhecimento de seu erro.


Erra pois de boa fé ou de boa vontade e errando de boa vontade não é digno de castigo ou punição mas de dó.


Aquele que mente bem merece castigo, aquele que erra desejando estar em posse da verdade tem no erro que dela o afasta seu pior castigo.


Portanto a única 'punição' com que se deve punir o erro é o esclarecimento daquele que erra.


Esclarecer aquele que erra não é favor mas necessidade.


Necessidade imposta pelo amor.


Pois se aquele que erra tem por meta a aquisição duma verdade que não possui e que tendo em vista tal meta dissipa baldadamente seu tempo e suas forças, seria demasiadamente trágico, que aqueles que estão já em posse da verdade que ele tão empenhadamente procura, nada fizessem para auxilia-lo, assistindo seus fracassos de camarote...


É pois um grave dever para aqueles que cuidam estar em posse da verdade auxiliar aos demais para que também cheguem a ela.


Auxiliar aos que erram não é como muitos pensam um ato de orgulho ou uma manifestação de vaidade mas um ato de amor...


Afinal como o pão é alimento do corpo a verdade é o alimento da alma.


Acaso mostra ter amor pelo próximo aquele que o contempla impassivelmente, com o rosto velado, tateando em meio as trevas e dando voltas em torno de si mesmo?


Portanto se amamos aos protestantes não podemos nos calar diante de seus erros, antes haveremos de exorta-los e de admoesta-los, com muita suavidade, paciência e ternura.


Não quero dizer com isto que devemos sempre e a todo momento contender com eles.


O homem sábio e prudente sabe quando deve e quando não deve contender.


Pois sabe que em certos momentos e situações é melhor calar.


Especialmente quando há perigo de se perder de vista a caridade que é o dom supremo.


Em tais conjecturas é melhor calar.


Afinal como poderias discutir lições de grego com a diarista ou o açougueiro?


Não é porque o protestantismo não esta a nossa altura que todos estão a altura ou preparados para receber a Ortodoxia ou mesmo o espiritismo ou ainda o romanismo em sua forma mais elevada.


Tudo isto supõe certo preparo intelectual e certa educação que por razões de ordem econômica não são acessiveis a maior parte da população. De modo que parte dos homens, por razões de ordem material ou econômica são lançados nos braços da superstição e do charlatanismo sem que haja neles qualquer culpa.


São as condições sociais desumanas e injustas que impedem a assunção espiritual de grande parte de nossos irmãos enquanto lhos mantem prezos a miséria e a ignorância.


Discutiras tu com os ignorantes?


Certamente que não.


No entanto caso te depares com pessoas cultas e civilizadas que professem os erros de Lutero, Muntzer e Calvino e sobretudo se elas tomarem a iniciativa - é sempre bom que elas tomem iniciativa - convem resistir firmemente a argumentação delas e redarguir ponto por ponto.


Caso elas se voltem para a verdade tanto melhor, caso não se voltem ao menos ficarão cientes de que nem todo ortodoxo é estúpido.


Tantos quantos saimos das fileiras protestantes sabemos muito bem que os heréticos em geral creem ser peritos e especialistas nas escrituras e que os ortodoxos e papistas em geral nada sabem sobre elas... ficam pois surpreendidos e confundidos sempre que topam com algum ortodoxo ou papista conhecedor das escrituras e isto lhes causa grande pavor.


No que toca a nossas pessoas nenhum protestante culto desta região aceitaria disputar em público conosco... resta-nos pois vir a público para refutar tudo quanto costumam a dizer e escrever a respeito da ortodoxia.


É pois este espaço um espaço de partilha no qual pretendemos exercitar aos ortodoxos e demais interesados para que possam sair a campo e dar a competente resposta a esses intrujões...










Até onde nos é dado saber - e nosso conhecimento sendo humano é limitado - Lutero jamais teve qualquer conhecimento EXPERENCIAL sobre a Igreja Ortodoxa.


Queremos dizer com isto que jamais assistiu a suas cerimônias ou conferenciou com seus ministros.


Partindo de tal fato luteranos e ortodoxos ecumenistas procuram desculpa-lo por não ter se limitado a romper com o papado e a erigir uma igreja 'cismática' reconciliada com as demais igrejas apostólicas... alguns atrevidos ousam dizer que ele sequer deveria ser encarado como herético pela Igreja Ortodoxa já porque nunca emitiu qualquer juizo com relação a ela.


Salvo a sinceridade e a boa fé de tais pessoas, penso que tais alegações não passam de sofisma.


Pois se Lutero não teve qualquer conhecimento experencial sobre a igreja Ortodoxa, teve certamente um bom conhecimento histórico ou conceitual sobre ela.


Quero dizer que Lutero ao invés de ignorar a existência de tais igrejas apostólicas independentes com relação a tirânia romana, tinha pleno conhecimento delas e um conhecimento bastante nítido por sinal.


Digo isto porque as obras de Lutero contra o papa romano e sua igreja estão cheias de alusão as 'igrejas dos gregos' no sentido de que tais igrejas subsistiam e muito bem sem cogitar das pretenssões papais... amiude Lutero recorre ao exemplo de tais igrejas contra os curialistas e defensores da monarquia romanista.


É certo porém que Lutero, o mesmo Lutero que por milhares e milhares de vezes achincalhou despudoradamente ao papado, deu como absolutamente certa a doutrina corrente na igreja latina segundo a qual nossas igrejas não passavam de igrejas apóstatas ou decaidas.


Se Lutero ao romper com a igreja romana fundou sua própria seita ao invés de associar-se a alguma de nossas igrejas apostólicas e receber a fé ortodoxa, isto se deu porque ele certamente cria ser a Igreja romana a única remanescente ortodoxa dentre todas as igrejas apostólicas...


Fazer uma 'releitura' de 1054 e considerar a possibilidade de que a igreja romana fosse uma igreja particular e cismática parece jamais ter passado pela cabeça de Lutero.


Sinceramente ou por razões de ordem política parece que jamais passou pela cabeça de Lutero revisar ou reformar o dogma romano do 'cisma oriental'. Sua visão permaneceu tão ocidental e ocidentalizante como a do papa...


Do contrário ele teria percebido que os novos princípios por ele enunciados bem como a própria tradição agostiniana eram ignorados pela tradição comum de todas as nossas igrejas e que certas doutrinas ou práticas postas em dúvida por ele - como a do sacríficio da missa e da intercessão dos Santos - eram patrimônio comum a todas as igrejas orientais e não peculiaridades ou invenções da igreja romana.


Podemos dizer então que Lutero tomou o caminho mais fácil: considerou como apóstatas todas as demais igrejas apostólicas (mesmo sem conhece-las mais de perto) - mantendo neste sentido a tradição do papa - e inaugurou uma nova comunidade - não apostólica - que recebeu seu nome, passando a chamar-se luterana.


E neste estado de espírito veio a adormecer sem procurar qualquer tipo de aproximação com nossas igrejas ou com nossa tradição. Como era de se esperar de um teólogo tão ilustrado como ele.


Entrementes os protestantes, especialmente os luteranos, começavam a espalham entre os seus em entre os papistas que a crença deles era idêntica a crença de nossas Igrejas ortodoxas.


Os padres papistas no entanto diziam que não e que salvo a doutrina do papado, a fé ortodoxa era bem mais conforme com a deles.


Desde então houve grande celeuma e ambas as partes cuidaram de obter o testemunho de nossa Santa Igreja.


Os protestantes com a vã esperança de dar algum fundamento histórico aos novos dogmas do solifideismo e da predestinação e os romanistas com o intuito de afirmar que não haviam alterado qualquer iten no que concerne a fé.


Cerca de dez anos após a morte de Lutero seu púpilo e braço direito, Phillip Schwarzerd dito Melanchtonius ou Melanchton, convenceu Paulo Dolscius a traduzir para o grego uma das versões correntes da "Confisão de Augsburgo". Em 1559 chegou a Wittemberg o diácono Demetrius Misos enviado pelo patriarca Josafá II com o objetivo de examinar a revolução religiosa inaugurada pelo falecido Lutero. Após conversar bastante com Misos Melanchton entregou-lhe a referida tradução e mais um prólogo escrito em grego clássico, rogando que ambas fossem entregues a Josafá... pouco tempo depois Melanchton veio a falecer, o patriarca por sua vez declinou de pronunciar-se sobre o teor dos documentos recevidos.


Passados cerca de vinte anos, em 1574/5 dois erúditos alemães versados em grego Jacob Andreas e Martin Kruzius tomaram a tradução de Melanchton, acrescentaram-lhe a fórmula da concórdia e enviaram tais documentos ao Phanar pelas mãos de Stephen Gerlach. E assim chegaram as mãos do novo patriarca Jeremias II, homem de fina e sólida erudição.


Após examinar detidamente os documentos que lhe haviam sido enviados do Ocidente o venerando patriarca compoz uma judiciosa resposta na qual após elogiar o restabelecimento do matrimônio entre os clérigos, rechaçou como novidades profanas os principios fundamentais do protestantismo enunciados cinquenta anos antes por Lutero.


Tendo recebido a resposta do patriarca, os doutores da universidade Luterana de Tubigen compuzeram uma 'apologia' da 'confisão de augsburgo' e da 'fórmula da concórdia' e remeteram-na ao pobre Patriarca.


Desta vez o bom padre - que ja lhes havia enviado duas cartas plenas de amabilidade e cortesia - resolveu-se a dar-lhes uma boa lição e compoz um livreto de noventa páginas reafirmando cada dogma recebido pelas igrejas ortodoxa e latina a excessão é claro, do papado. Cada afirmação doutrinária vinha acompanha por diversas citações dos padres da Igreja grega...


Ninguém sabe como mas - para o azar dos reformados - tal livreto vindo a cair nas mãos de um sacerdote romanista polonês foi logo posto ao prelo - com o sugestivo título de "Censura Orientalis Ecclesiae" - vindo a destruir as pretenssões dos reformados que esperavam por fazer passar por ortodoxas suas caprichosas doutrinas.


Uma terceira carta foi enviada ao patriarca.


Na qual parece que os protestantes ou haviam tirado a máscara ou perdido toda compostura; pois nela afirmavam que jamais tiveram a "intensão de aprender algo com ele - o Patriarca ortodoxo - mas a esperança de ensinar-lhe a 'doutrina de Jesus Cristo' e que se ele, não queria recebe-la restava-lhes apenas 'lançar-lhe o pó das sandálias'..."


Para sua maior glória Jeremias II jamais respondeu a tais disparates...


Os protestantes todavia continuaram sua chicana.


E segundo lemos em Arnauld passaram a alegar que: "Os gregos criam como eles - protestantes - só que se expressavam com outras palavras ou não sabiam bem o que criam." in "perpetuité de la foi..."


Entrementes, no ano de 1577, ao fazer sua entrada em Kochenhausen, na Livônia, Ivan dito 'o terrivel' travou em plena rua amigavel discussão teologica com um pastor luterano, todavia quando este poz-se a comparar Lutero com o apóstolo Paulo, o czar bateu-lhe com o chicote na cabeça e se afastou gritando: - Para o Diabo contigo e o teu apóstolo Lutero. in Chadwick opus cit


Vitus Myller todavia assim se expressou nos funerais de seu mestre Crucius (em 1607):

"Pontificiis Longe magis superstitiosi graecos sunt." Ph. Schaff in "Creeds of cristendom"


Ao que parece, neste momento os luteranos começaram a perceber que o juizo emitido pelo patriarca Jeremias - de que Ortodoxia e Luteranismo são incompatíveis - era rigorosamente exato e a posicionarem-se tanto mais seriamente em face à nossas igrejas.
Desde então abriu-se um abismo entre as duas formas e a única forma de transpo-lo e a conversão de uns ou a apostasia de outros.








Extra, extra> Próximo tópico: Cirilo Lucaris, Ortodoxia X calvinismo.









Corolário






Eis que finalmente chegamos ao têrmo de nossa demonstração quanto a Unidade de Fé existente entre as diversas Igrejas Apostólicas que compõem a Unica Igreja de Cristo: Santa, Católica e Ortodoxa.

Podemos pois definir 'Catolicismo' como o ensino comum ministrado por todas as Igrejas Apostólicas do universo e 'ortodoxia' como uma perseverança temporal na fé Católica.

Enquanto os protestantes permenecem divididos entre sí no que diz respeito aos ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo apresentando-se uns como pedobatistas, outros como anabatistas, uns como luteranos e outros como calvinistas, uns como pentecostais e outros como tradicionais, uns como metodistas e outros como congregacionalistas, uns como unitarios e outros como trinitarios, uns como sabatistas e outros como dominicais, uns como solifideistas e outros como sinergistas, uns como adventistas, outros como jeovistas, outros como assembleianos outros como eloinrafistas, etc podendo-se dizer o mesmo dos papistas que ora se dividem entre moderados, tradicionalistas, liberais, carismáticos, autocefalos, etc

Os ortodoxos, em que pesem a autonômia administrativas de suas igrejas particulares, estão firmemente unidos pelo mesmo pensar, pelos menos sentimentos e pela mesma compreenção sobre o que seja Cristianismo e entre eles não se verifica as diversidade e a variação de doutrinas vigentes entre os outros dos grupos nominalmente Cristãos (romanos e protestantes).

Pelo que se pode falar em um espírito, numa mentalidade ou numa ideologia ortodoxa que apesar as expressões, penetra todas as Igrejas Apostólicas da Persa a Ukraniana, caracterizando-as de modo inequivoco...


Pensamento ortodoxo sobre Deus (teologia) -


Em nossas Igrejas desde 325 não há qualquer disputa sobre a natureza de Deus... assírios, jacobeus ou bizantinos não há unitários ou triteistas entre nós...


Aeconomia>


Pensamento ortodoxo sobre Cristo e seus mistérios (cristologia) -



Assírios, jacobeus e bizantinos todos cremos na divindade e da humanidade de Cristo - embora as expressões empregadas não estejam de acordo - e na intima ligação que há entre elas bem como em seu verdadeiro nascimento, em sua morte, em sua ressurreição, em sua ascenssão aos céus e em sua segunda vinda gloriosa pois ortodoxo algum ousa alegorizar sobre tais mistérios como é costume no Ocidente.

Para nós a natividade, a morte, a ressurreição, a ascenssão e a segunda vinda de Cristo não são fábulas ou mitos, mas dogmas de fé a serem aceitos e cridos por todos os filhos de Deus.



Pensamento ortodoxo sobre a restauração (soteriologia) -
Nós também cremos na salvação do homem não como expiação do Filho para com o Pai, mas como obra de restauração planejada e implementada pelos três pessoas divinas: O Pai, o filho e o Espírito Santo... para nós a restauração é uma obra trinitária pois em Deus não pode haver conflito ou diferença de vontade como supõe os Ocidentais desviados...

Por meio do amor manisfestado na Encarnação e na Paixão de Cristo a Santa Trindade deseja chamar, comover e persuadir a todos os mortais para que passem do pecado a obediência, da iniquidade a santidade, do egoismo a justiça e a caridade... para que deixem de praticar obras más e coadjuvados pela união e a vida divina reformem suas existências convertendo-se em homens novos segundo a imagem daquele a que devem imitar em todas as circunstâncias: o Senhor Jesus Cristo.

Assim a mensagem de Cristo é antes de tudo uma mensagem de reforma e de transformação a serem implementadas concretamente pela graça e não uma promessa de salvação incondicional para um bando de oportunistas e debochados que não desejam mudar mas perseverar no pecado e na iniquidade.

Jesus não é um Deus que vem nos salvar de sua cólera ou de castigos eternos decretados por si mesmo, mas UM DEUS QUE VEM PARA SALVAR-NOS DE NÓS MESMOS OU SEJA DE NOSSOS MAUS INSTINTOS, INCLINAÇÕES, OBRAS E MALDADES... plasmando-nos a sua semelhança na medida em que recebemos seu propósito e colaboramos com ele.


Pensamento ortodoxo sobre a salvação -
Tampouco há divergência entre nós - assírios, jacobeus ou bizantinos - no que diz respeito ao caminho da salvação... pois dentre os nossos jamais houve quem proclamasse doutrinas tão imundas e asquerosas quanto as do solifideismo e da predestinação. Todos sempre afirmamos a necessidade da graça e das obras... da comunhão espiritual e da ação... da vida divina e da prática... entre nós o sinergismo é uma tradição comum e sobre a qual jamais pairou qualquer dúvida.

Nossas igrejas compreendem pois a salvação como parceria e processo.



Pensamento ortodoxo sobre o homem (antropologia) -



Quanto aos varões iluminados que plantaram as igrejas do Oriente seja na Pérsia, na Ukrania, na Etiópia, ou na Grécia jamais houve dentre eles um só que rejeitasse a doutrina do livre arbítrio ou a necessidade do homem racional corresponder a graça divina e cooperar com ela... jamais nossas igrejas encararam o homem como uma pedra ou um pedaço de pau; como um bruto ou como ou louco... jamais ouvimos falar nessa doutrina horrenda e abominável de corrupção total da natureza humana...


Pensamento ortodoxo sobre a igreja (eclesiologia) -


Tampouco existe qualquer diferença entre nós no que tange a natureza da Igreja, encarada naturalmente como visivel e apostólica ou episcopal... assírios, jacobeus ou bizantinos entre nós não há quem compreenda a igreja como organismo puramente invisivel ou sob o ponto de vista presbiteriano...



Pensamento ortodoxo sobre os sacramentos (sacramentologia) -

Quanto aos sacramentos é certo que a listagem oficial da igreja assíria diverge das demais igrejas, enquanto parece excluir o matrimônio e a unção dos enfermos... E no entanto na lista de serviços da congregação de Santa Maria de Los Angeles - http://www.stmaryassyrianchurch.com/church_services.html

encontramos tanto o matrimônio quanto a unção dos enfermos, além da eucaristia, do batismo, do enterramento e da penitência... afinal segundo os SS Pes tudo quanto a Igreja sela com o sagrado sinal da Cruz converte-se em verdadeiro sacramento. (os assírios também contam a ordenação e o Miron entre seus sacramentos)

Podemos até convir com os protestantes que hajam três sacramentos superiores como a Eucaristia, o Batismo e o Miron, ou quatro se lhes acrescentamos a ordem...

Podemos convir com os papistas e contar sete ou oito sacramentos de média importância...

Para nós ortodoxos porém tais números: 3, 7 ou 8 não esgotam a vida sacramental da Igreja... pois encaramo-los como mínimos e não como máximos e lhes juntamos outras tantas cerimônias como o lava pés, o monacato, a oblação, o fermento, o fogo, até atingirem o número de doze.

E não cremos que tal número possa abranger e limitar a vida sacramental da Igreja de Deus.

Para nós todas as cerimônias e ritos de nossa hierúrgia são verdadeiros sacramentos segundo é a Igreja Sacramento universal de Salvação e seu fundador e Mestre nosso grande e supremo sacramento.

Digam o que disserem os latinos ou os latinizados a moda de Roma ou da Wittemberga, a Igreja Ortodoxa jamais pensou em limitar os sacramentos como se alguma de suas cerimônias, ritos ou preces deixasse de comunicar ou de potencializar a divina graça.

Erram pois aqueles que julgam ter nossa igreja apenas três ou sete sacramentos.

Para nós tais listagens são meramente convencionais ou teológicas e não dogmáticas.

O ortodoxo encara a Igreja em sua totalidade como Sacramento de salvação e nisto há uma diferença crucial entre o ethos ortodoxo e o ethos latino seja romano ou protestante.

Para o ortodoxo cada ofício, cada ação, cada operação da Igreja comporta uma participação ou um aprofundamento na vida divina sendo verdadeiramente sacramental.



Pensamento ortodoxo sobre o Batismo -


Assírios, Jacobeus ou bizantinos todos cremos que o Batismo é uma ordenança do Senhor para tantos quantos desejam abraçar a fé imaculada e não uma opção que o crente possa receber ou não conforme a sua vontade... Nós cremos que aqueles que teem fé verdadeira não disputam, mas se submetem com reverência e humildade as ordenanças baixadas pelo divino Mestre... não compreendemos pois aqueles sectários que dizem poder ser salvos e santificados sem batismo ou que o batismo não serve para nada...

Para nós ortodoxos as palavras de Cristo valem muito, mas a palavra desses falsos instrutores, que contradizem publica e formalmente as palavras de Cristo é que não valem absolutamente nada...



Pensamento ortodoxo sobre a Virgem Maria (mariologia) -



Tampouco é divergente nosso pensamento com relação a Virgem Maria... sejamos assírios, jacobeus ou bizantinos todos nos inclinamos com reverência diante da Mãe de Nosso abençoado Salvador Jesus Cristo, todos a encaramos como a criatura mais santa que já passou por este mundo, todos confessamos sua virgindade perpétua, todos comemoramos a sua dormição e suplicamos suas intercessões... e nenhum de nós compreende ou pode compreende-la como uma mulher vulgar, como uma pecadora inveterada, como matriz de diversos filhos, como alma que dorme na sepultura ou como corpo que serviu de pasto a vermina...

Ide dizer a um Bispo assírio que a Virgem foi mãe de um simples homem, que teve vários filhos e que por fim apodreceu em sua sepultura e ele vos anatematizara como herético e blasfemador...

Fora as expressões teológicas nosso pensamento sobre a Virgem é uno e um abismo intransponível lho separa das opiniões protestantes...

Para tais opiniões não há espaço em qualquer igreja apostólica - por isso os protestantes tiveram de fundar suas próprias seitas - porque tais pensamentos e teorias não nos foram legados pelos beatos apóstolos...


Pensamento ortodoxo sobre os veículos da Divina revelação -


No que diz respeito as Santas e divinas escrituras do Novo Testamento, as únicas autoritativas em matéria de fé Cristã, todas as nossas igrejas convem que são compostas por vinte e sete documentos, os quais principiam pelo Evangelho de São Mateus e terminam pelo Apocalipse de João o presbitero. Dentre todos estes documentos todavia sobressaem-se os quatro Evangelhos, que contem as palavras divinas do Senhor Jesus Cristo e toda excelência da verdade.

Sejamos assírios, jacobeus ou bizantinos, jamais houve entre nós - a excessão de Aério - quem ousasse interpretar individual ou particularmente as escrituras santas sem recorrer ao testemunho dos apóstolos e a tradição comunitária da Mãe igreja... que ortodoxo haveria de imaginar que a igreja fundada por Cristo fosse capaz de esquecer o significado de suas palavras ou de atraiçoa-lo a ponto da verdade desaparecer da face da terra e precisar ser restaurada pelo arbitro de um homem qualquer?

Jamais tais fábulas ou pensamentos transloucados passaram pela mente de um ortodoxo...

Acaso haverá arrogância maior do que o juizo de um só colocar-se acima do juizo de todos os outros fiéis ou melhor: acima do juizo de todos os fiéis de todas as épocas?

Bendita ortodoxia que jamais contou com homem semelhante em suas fileiras!



Pensamento ortodoxo sobre a vida eterna (escatologia) -


Concordamos ainda a respeito da vida eterna pois não entre nossas igrejas uma só que não recorra com fervor a intercessão dos apóstolos, mártires e padres cujos corpos adormeceram no Senhor Jesus Cristo ou que procure iluminar através de preces solenes e oblações sagradas aqueles que morreram sob o jugo da ignorância ou presos aos laços da iniquidade, querendo significar com isto que uns e outros estão vivos e consciêntes, que seus estados não foram fixados e que haverão de ressuscitar no último dia.


Do culto divino -


E sobre o culto divino plena é a unanimidade entre nós.

Pois não há entre nós quem oficie culto, cruzada, corrente, etc

Todos oferecemos a Trindade Suprema o mesmo culto que é o sacríficio de louvor e oblação mística... todos recitamos a abençoada epiclese a adoramos com verdadeira adoração ao pão e ao vinho habitados pelo Logos Divino.

Nenhum de nós encara a Qurbana, sináxe ou hierúrgia como algo natural, mas como verdadeira ascenssão ao golgóta e aplicação particular e medicinal dos merecimentos espirituais obtidos pelo Senhor Jesus Cristo em favor de todos os homens... e nenhum de nós encara aos elementos como meros símbolos, mas como símbolos duma realidade latente, significando um novo tipo de Encarnação por meio da qual aquele que se fez homem ora se faz pão e comida para os discípulos seus.


Rituais e símbolos -



Nosso culto é um e uno sobre toda face da terra comportando diversos gestos e símbolos como: o incenso, as luzes, a cruz, as guirlandas de flores, as procissões, os ícones, paramentos, alfaias, etc que com maior ou menor abundância são empregados por todas as Santas Igrejas de Deus.

É verdade que no tempo presente a Igreja assíria, premida pelo Islam, não emprega icones em seus oficios... os fatos porém nos mostram que empregou-os no passado, que não condena seu emprego no presente e que são empregados por seus fiéis no culto privado. Quiçá foi tal culto gradativamente substituido pelo culto do precioso e vivificante lenho da Cruz a ponto de podermos dizer que não há entre nossas igrejas, igreja que supere a Igreja Assíria em reverência para com ele...


A veneração a Cruz -

Não foi sem profunda magoa que os mesmos missionários protestantes que tanto haviam decantado a ausência de icones no culto desta igreja apostólica, tiveram de reconhecer que o culto assírio poderia ser definido, do começo ao fim como uma staurolatria ou culto a cruz...

Os 'deformadores' protestantes porém, ignorando o testemunho desta igreja tão antiga encararam como supinamente agradavel a Deus o ato de derrubar as Cruzes do alto dos zimbórios e das torres de nossas igrejas... inaugurando a stauratofobia... para a alegria dos muçulmanos com sua meia lua e dos hebreus com sua estrela de David.


Preces escritas e cantadas -


Ide a uma missa ortodoxa seja assiria, jacobita ou bizantina e percebereis que a dinâmica ou o ethos é o mesmo... As orações sempre escritas e sempre cantadas...

As seitas protestantes porém glorificam ao Uno cada qual a sua maneira, umas com parafernálias, sassaricos e coreografias, outras com sobriedade; umas com preces escritas outras com preces livres; umas com gritos, outras com comedimento; umas com símbolos, outras sem...


Dia da adoração -


Nós ortodoxos adoramos todos no dia da Anastasis, que entre nós foi denominado Kiriake emera ou dia do Senhor e ninguém ousa prestar culto publico em outro dia...

Os protestantes porém sequer sabem em que dia se deve adorar de modo que uns adoram no dia correto, enquanto que outros adoram com os judeus no sábado e outros dizem que se pode adorar em qualquer dia...


Da distinção entre os pecados -

Todos os ortodoxos sem excessão recebem o ensinamento divino segundo o qual existem diversos tipos e categorias de pecados, como pecados que são de morte e pecados que não são de morte ou faltas... os protestantes por sua vez renovam o erro dos estóicos crendo que matar uma galinha é crime tão grave quanto matar a própria mãe...


Da vida regular -

Nós ortodoxos fixados na vida e no exemplo do Verbo encarnado confessamos a superioridade da vida casta associada a pobreza voluntária e ao serviço fraterno e por isso possuimos monastérios e rahibs que neles vivem prestando assistência aos membros mais fracos e humildes do Senhor Jesus Cristo, inda que muitos deles tenham caido no lastimável erro dos maniqueus e da contemplação morta... Nem por isso o exemplo do Senhor e de sua Mãe, que consagraram suas vidas ao bem e a verdade fica anulado por tais abusos de modo que a igreja e a vida cristã sofreriam grave dano no dia em que tal noção fosse perdida e o sentido da Virgindade nivelado ao do matrimônio.


Demonstramos pois que o sentir, o pensar e o crer da ortodoxia é Uno, como deve ser uma a Verdade e una a verdadeira religião.


E contrapuzemos a Babel das seitas protestantes a simplicidade do Kerigma e pregação apostólica transmitida invariavelmente de geração a geração até os dias de hoje segundo a promessa do Senhor e a ação sobrenatural do divino Espírito Santo.


Para finalizar este tomo, o primeiro de nosso sobre a confrontação dos princípios, haveremos de compor um breve extrato das relações entretecidas entre o protestantismo e a ortodoxia desde dos dias de Lutero até os dias de hoje, patenteando publicamente a cavilosidade e o maquiavelismo de nossos adversários.