Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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quinta-feira, 2 de junho de 2016




LIVRO PRIMEIRO - Capítulo XI> Divisões a respeito da Liberdade, da Graça, da obediência e das obras - Sub capítulo G) Fulgêncio e S Genádio de Marselha

Passado meio século um certo presbítero chamado Lucidius Segurando de Riez renovou os erros de Agostinho e - segundo admite Sirmond - concentrou certo número de fanáticos em torno de si. As crenças desses infelizes giravam em torno das já mencionadas doutrinas da


  • Vontade Salvífica restrita
  • Dupla predestinação e
  • Irresistibilidade da graça divina cf Patrologie Cayré II 29
Tendo em vista a retratação de Lucidius e seus sequazes Fausto, Bispo de Riez compôs um Memorial sobre a Graça (intitulado 'De Gratia') cujo teor é mais ou menos este:

  • Não há predestinação absoluta ou incondicional, mesmo para o bem e a salvação. Doutrina que ele atribuí não há Lucidius mas a Agostinho.
  • Toda economia divina prevê e estipula a colaboração futura do homem.
  • A vontade livre precede a graça podendo aspira-la e devendo obte-la.
  • A única graça que precede a conversão e a fé é a graça externa da Igreja com a Escritura, a pregação, etc Ainda aqui acompanha não somente a Pelágio (IV obra sobre o Livre Arbítrio) mas a tradição grega.
Como no entanto Lucidius e os seus se mantivessem inflexíveis obteve o mesmo Fausto a convocação de um Sínodo em Arles (480) o qual aprovou os seus seis (06) anatematismos:

  • Se declara que não se deve adicionar a graça divina a colaboração humana. Seja anátema!
  • Se declara que após a queda do primeiro homem o LIVRE ARBÍTRIO FOI EXTINTO. Seja anátema
  • Se declara que Jesus não morreu pela Salvação de TODOS. Seja anátema
  • Se declara que alguns estão predestinados a morrer. Seja anátema
  • SE DECLARA QUE GENTIO ALGUM PÔDE SALVAR-SE ATÉ A VINDA DE CRISTO PELA PRÉVIA ATRIBUIÇÃO DA GRAÇA DE DEUS. Seja anátema

É verdade que alguns menos avisados afirmam que se trata dum Sínodo Semi Pelagiano. Sabemos no entanto que no ano seguinte suas atas foram lidas e aprovadas pelos Padres de Lion. Foram ademais inseridos por Denziger no Enchiridion Symbolorum mas com que fundamento???

PORQUE FORAM ABENÇOADOS E SUBSCRITOS PELO PAPA ROMANO SIMPLÍCIO!!! Marquem bem isto!!!

De modo que os latinos não se podem opor sob qualquer pretexto aos decretos deste Sínodo e consequentemente a doutrina de Fausto, Bispo de Riez.

Pouco tempo depois no entanto ergueu-se entre os da África o Bispo de Ruspe, Fulgêncio fazendo-se campeão do Agostinianismo e reafirmando tudo quanto o Sínido de Arles condenara, e reportando tais ensinos a Agostinho cujos escritos tão bem conhecia, a exemplo do anatematizado padre Lucidius.
Foi pela primeira vez, ao tempo deste, que um Papa romano, Hormisdas declarou positivamente que a doutrina da graça deveria ser buscada não nos escritos de Fausto e dos monges Lerinenses mas na obra de Agostinho, Próspero e nos decretos da Igreja, e nas obras de Paulo. 

Diante disto pos-se Fulgêncio a atacar os ensinamentos de Fausto em diversas obras.

Importante salientar que Fulgêncio apresenta-se como porta voz de Agostinho e advoga do de SUA doutrina com a qual pretende estar de PLENO ACORDO.
Temos portanto de levar tais advertências em consideração caso queiramos fugir ao erro de Allister MacGrath e outros que pretendem negar ou atenuar o calvinismo de Agostinho! Temos contra eles o testemunho autorizado de Fulgêncio o campeão do predestinacionismo no século seguinte!

No caso que diz Fulgêncio?

Diz ele:

  • Declara que o homem mesmo após o pecado permanece livre. No entanto para que haja adesão a Jesus Cristo a vontade, que é fraca, precisa ser previamente socorrida ou amparada pela graça. O livre arbítrio apenas não pode nem mesmo desejar o bem.
  • É este pecado transmitido pelo ato sexual ou a geração carnal.
  • Disto decorre que a humanidade seja de fato uma 'Massa damnata'.
  • Adota a teoria da Predestinação absoluta que atribuí a seu Mestre Agostinho "Chamamento, conversão, graça e glória tudo foi disposto eternamente por Deus" Ad Monimus I,12
  • Explicita ainda que a doutrina da predestinação absoluta decorre do fato segundo o qual o homem decaído é impotente para aproximar-se de Deus e obter a graça, ficando tudo entregue a ação de Deus. De Verit Praed livro I
  • Sustenta abertamente a predestinação particular ou a vontade salvífica restrita de deus. Ad Monimus apelando evidentemente a narrativa RABÍNICA coletada por Paulo Apóstolo a respeito dos 'VASOS DA IRA'. 
  • Quando Monimus arremata recorrendo a Agostinho e menciona a predestinação dos homem para o pecado Fulgêncio limita-se a declarar que estavam diante do Mistério de deus... Não nega entretanto que deus salve alguns e abandone os mais a sua situação.
  • Declara enfim que deus abandona parte da humanidade por causa do pecado de Adão (!!!) ou do orgulho que tudo envenena (!!!).
  • Assim as crianças sem Batismo ficarão sujeiras a uma pena sensível, noutras palavras serão eternamente queimadas em seus corpos restaurados (!!!) 

Fulgêncio após calcar aos pés o Sínodo de Arles e vomitar suas blasfêmias foi, ainda desta vez, corrigido por um grego radicado no Ocidente, o abençoado Genádio de Marselha.

O qual assim exprimiu-se:

  • A Escritura nos mostra o exemplo de pessoas que vieram até o Cristo e socorridos por sua divina graça optaram elas mesmas por mudar de vida, colaborando a graça com a liberdade. Assim Mateus e Zaqueu. Poderíamos acrescentar ainda Nicodimos Ben Gorion e Youssef de Arimatéia
  • Após a queda de Adão o homem não apenas conservou seu livre árbitro como manteve um impulso para o bem. Talvez tivesse diante de si a assertativa de outro africano, mais antigo e mais sábio, Tertuliano, o qual assim se expressou a respeito da condição humana em geral: A alma humana é naturalmente Cristã. E portanto não completamente corrompida e desfigurada"!
  • A imagem de Deus no homem foi apenas maculada não apagada por completo e por isso mesmo a salvação exige a sua colaboração ativa.
  • A vontade de Deus é clara, ele deseja que todos os homens sejam salvos e se alguns não atingem este escopo é porque repudiam a salvação. 
  • A predestinação deve ser compreendida como preordenação ou lei geral tendo em vista a aquisição da virtude.
Foi o que ele registrou as vésperas do segundo Sínodo de Orange.

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo XI> Divisões a respeito da Liberdade, da Graça, da obediência e das obras - Sub capítulo F) Próspero de Aquitânia


Mortos os primeiros atores do drama: Pelágio, Celestius, Agostinho, Mercator e Juliano se lhes sucederam outros assim Próspero Tirus de Marselha, Lucidius, Cesário de Arles, Fulgêncio de Ruspa a um lado e, S João Cassiano - Diacono de São João Crisóstomo - S Vicente de Lerins, S Fausto de Riez e S Genadio de Marselha a outro.


Corroborando o que registramos no capítulo precedente a respeito de Zozimus não ter recebido a doutrina de Agostinho em sua integralidade e dos decretos de Cartago (418) temos que dez anos depois Hilário e Próspero Tirus informaram o próprio Agostinho sobre a viva oposição suscitada por seus ensinamentos sobre a graça nos mosteiros da Gália (cf Altaner Patrologia 447) bem como a ida de Próspero a Roma sob Celestinus I (e 431) com o intuito de obter a condenação efetiva dos anti agostinianos. Do que resultou uma carta em que Agostinho é louvado de modo geral, sem que no entanto sua doutrina sobre a graça seja oficializada. iden id




Outra evidência a respeito de que nem Roma e muito menos Éfeso haviam decidido qualquer coisa de positivo a respeito é que em 432 Vicente, monge tradicionalista de Lerins, dirigiu umas 'Objectiones' - impugnadas por Próspero - contra os seguidores de Agostinho e um ou dois anos depois o afamado Commonitorium ou memorial.

Memorial em que classifica a opinião de Agostinho como: "UMA INOVAÇÃO DEMASIADO PERTURBADORA." in Chadwick "História da Igreja na antiguidade." Portugal 1973 

O resultado disto foi que no fim das contas Próspero foi afastando-se mais e mais do Agostinianismo a ponto de rejeitar a doutrina da vontade salvífica restrita de Deus e da predestinação particular chegando por fim a admitir a vontade salvífica geral pela qual todos os homens são chamados a salvação. Admite por fim a livre vontade para o princípio da conversão e a ação conjunta da graça e da natureza no processo de recuperação. É sintomático que tenha desamparado o predestinacionismo justamente após ter entrado para a chancelaria apostólica sob Leão o Grande.

Também os escritos de João Cassiano de Dobrudscha colaboraram para sua mudança de posição uma vez que este havia sido ordenado diácono por Crisóstomo e era adversário irredutível do agostinianismo.

Em suas Collationes - Vivamente recomendadas por S Bento de Nursia, S Cassiodoro e S Gregório Dialogos - o erudito Altaner extraiu as seguintes proposições:

  • A boa vontade em si mesma compele o homem a abraçar a fé
  • A graça vem em socorro da Boa Vontade
  • A Liberdade e a Graça atuam harmoniosamente levando a cabo o processo da salvação
  • A NEGAÇÃO DA VONTADE SALVÍFICA UNIVERSAL DE DEUS É UMA DOUTRINA SACRÍLEGA
  • A predestinação dos Santos não é absoluta mas condicionada a aceitação e posterior colaboração.
  • A graça é concedida em previsão dos méritos.
S Hilário de Arles apoiou com sua autoridade os ensinamentos de Cassiano, Vicente e Fausto.

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo XI> Divisões a respeito da Liberdade, da Graça, da obediência e das obras - Sub capítulo D) As controversias de Agostinho, Pelágio, Celestius e S Juliano de Aeclanum


protestante: Gostaria de obter maiores detalhes sobre a formulação da teologia romana e da convivência entre Agostinianismo e Semi pelagianismo na igreja latina durante a Idade Média.






ortodoxo: Uma solicitação excelente a tua. Tão excelente que poucos teólogos romanos seriam capazes de responde-la com propriedade ou com sinceridade.


De minha parte, desejando ir de encontro a tua solicitação, tomarei como ponto de partida a afirmação de Loofs segundo a qual: "A História do Catolicismo romano é uma história de eliminação progressiva do Agostinianismo." Estudos sobre a História dos dogmas p 196

Tomo tal afirmação por verdadeira caso consideremos que a Igreja romana poliu as arestas do agostinianismo ou suavizou-o, recusando-se a canoniza-lo como um todo. Mas como falsa, caso consideremos que o agostinianismo foi de fato, ao menos em parte, incorporado a teologia eclesiástica italiana e jamais condenado em sua expressão mais rigorosa.

Basta dizer que a doutrina papista concernente ao pecado original - da transmissão da culpa adâmica -  foi tomada a Agostinho e que não poucas vezes tem sido apresentada num sentido protestante i é de corrupção total, ao menos pelos agostinianos estritos cujas opiniões jamais foram oficialmente repudiadas.

De modo geral podemos defini-la com um potencial estado de tensão ou de conflito entre as partes mais extremas (se bem que o semi pelagianismo não seja um extremo em sentido absoluto, apenas um extremo permitido - o extremo absoluto é o naturalismo pelagiano, alias completamente desconhecido pelos antigos) e uma ocasional busca de conciliações por parte dos elementos mais moderados, aqui a matriz da teologia romana. De modo que podemos falar em espaços e períodos em que prevaleceu o agostinianismo e ao menos em mestres e doutores que professaram o semi pelagianismo, ao menos até Trento; além de momentos em que houve um atrito ou conflito aberto.

Podemos declarar ainda que durante toda a idade média a antropologia e soteriologia romanas COMPORTARAM AS DUAS VERTENTES tendo o agostiniano sido assumido primeiramente por parte do clero galicano e em seguida pelos franciscanos numa dimensão que vai do calvinismo ao arminianismo e tomismo. Já o semi pelagianismo ancestral foi mantido aqui e acolá pelos teólogos mais esclarecidos retomando sua força na Itália dos séculos XIV e XV.

Após a reforma porém, quando o agostinianismo foi guindado a categoria de DOGMA pelos reformadores, viu-se a igreja romana obrigada a decidir a questão e a formular um discurso mais ou menos uniforme e coerente.

Entrementes Agostinho de Hipona (Apesar dos inumeros erros aludidos por S Crisóstomo, S Teodoro, S Fócio e outros tantos Bispos orientais) havia adquirido há séculos o status de doutor supremo e inquestionável entre os latinos (O qual na verdade foi o primeiro 'Papa' deles, seguido por Bernardo de Clairvoux), preconceito ainda hoje sustentado por seus teólogos e doutores...

Em Roma não era possível dialogar com Agostinho e ela jamais logrou desvencilhar-se por completo dele ou mesmo abater os agostinianos fiéis. Formulou uma teologia mista ou uma solução de compromisso para os que não queriam ser agostinianos.




protestanteQuais as evidências a respeito do suposto conteúdo semi-pelagiano presente na igreja romana?

Ortodoxo: A principio nem mesmo podemos falar em Igreja romana. Seria anacrônico pelo simples fato de que o poder do papado ainda não se havia afirmado por toda Europa Ocidental e o próprio sínodo presidido por Aureliano de Cartago em 418 - o mesmo que condenou Pelágio e canonizou a doutrina da transferência da culpa entre os africanos - condenou as apelações 'sobre o mar' i é a Roma, declarando que todas as questões doutrinais ou pastorais fossem decididas pelo metropolita cartaginês.

Portanto, até 1.100 ao menos, prenda-mo-nos a expressão igreja Ocidental o que evidentemente engloba a igreja romana.

protestante: Correto

Ortodoxo: E reportemos sempre que possível ao próprio Agostinho. O qual, a princípio admitia com a tradição comum da Igreja a existência de um Estado ou lugar intermediário para as crianças que morriam sem Batismo. Doutrina que posteriormente condenou como pelagiana, por ser incompatível com suas novas descobertas ou constatações. Ja nos referimos a este aspecto de sua doutrina ou a essa fase, e agora vamos desenvolve-lo.

Agora como chegou até elas?

Toda sua teologia da graça ou gracista ao invés de ser fruto de uma Reflexão teológica ponderada e serena foi fruto de uma disputa amarga, infeliz e passional primeiramente com o bretão Pelágio e posteriormente com os semi pelagianos Celestius e Juliano, o santo e erudito Bispo de Aeclanum. O que até certo ponto nos lembra a disputa de Lutero com Eckius. Portanto ambas as doutrinas, a agostiniana e a luterana, foram forjadas irrefletidamente ou de improviso, sem que suas consequências ou ilações fossem consideradas por seus respectivos autores.Sem que Agostinho se desse conta, acabou, ao fim do curso percorrido, elaborando uma doutrina que de modo algum se encaixava na doutrina corrente da igreja. Assim Lutero mil anos depois.
A polêmica com Pelágio foi até certo ponto sóbria e moderada. Tampouco Celestius estava a altura da erudição do Bispo de Hipona.

Assim as coisas só tomaram outro rumo nos derradeiros anos da vida de Agostinho quando teve de vir a liça com Juliano homem versado tanto em grego quanto na lógica formal de Aristóteles ou seja, na arte da argumentação. Ora Agostinho tinha uma certo conhecimento a propósito de Platão mas sabia muito pouco a respeito de Aristóteles e seu método disputativo. Sua deficiência em termos de grego e portanto em torno do original inspirado dos Evangelhos era também notória e Juliano superava-o em amboD

Diante disto o Bispo de Aeclanum optou tomar os elementos da doutrina aventada por Agostinho e submete-los a 'redução ao absurdo', julgando que tal procedimento haveria de chocar o Bispo de Hipona e faze-lo refletir sobre suas exagerações.

Diante disto foi tomando friamente as causas postas pelo Hiponense e sacando as mais monstruosas conclusões. E qual não foi sua surpresa ao ver Agostinho assumindo as consequências de seus ensinamentos, tomando a via irracionalista, declarando que era assim mesmo, arrematando numa perspectiva quase Luterana: "Quem es tu homem para contender com Deus???" e alegando que a justiça de deus não era injusta mas apenas incompreensível para o homem ou misteriosa. Desde então principiou a repetir a palavra Mistério como uma espécie de mantra ou de 'bicho papão' destinado a assustar seus contendores.

Diante disto seus próprios conterrâneos indignados, chefiados por Vitalis de Cartago, classificaram seus ensinamentos como imorais e declararam que a vontade era apta para abraçar a fé e aderir a divina Revelação segundo a tradição imemorial da Igreja. E acrescentaram ainda que a doutrina da graça preveniente não passava duma novidade tomada a acadêmia de Platão. 

Vitalis reafirmou a doutrina de sempre e disse que "Não havia qualquer outra graça preveniente ou anterior ALÉM DO OFÍCIO DA IGREJA OU DE SUA PREGAÇÃO." 

Agostinho, com a arrogância que lhe era própria, limitou-se a declarar que o ofício e testemunho externo da Igreja não era suficiente e assim rejeitou que a estrutura da Igreja fosse uma graça em si mesma! Buscando graças mágicas e fantásticas aos pés de Plotino... Em certo sentido ele começara a pugnar contra a dignidade da Igreja e sua missão.

Pouco tempo depois, a leitura de sua carta predestinacionista - dedicada ao então sacerdote romano e futuro Papa Sixto III - pelos monges de Hadrumeto produziu uma segunda rebelião serenada a muito custo. Foi justamente com o objetivo de aplacar a cólera dos monges que Agostinho teve de formular bastante claramente a doutrina da reativação da vontade livre dos eleitos após a conversão.

Entrementes os bárbaros Vândalos cercaram Hipo Regius e Agostinho já idoso e combalido veio a morrer socorrendo o pobre povo. Pelo que tem sido tido em conta de Bem aventurado - ou santo de segunda classe - mesmo por S Fócio e não seremos nós que haveremos de julga-lo ou deixar de aplaudi-lo quando procedeu bem e soube ser melhor do que sua doutrina. Nós não podemos julgar os homens, veda-nos a Lei suprema do Evangelho e por isso nos limitamos a julgar seus ensinamentos e doutrinas, uma vez que o próprio Agostinho polemizou ele mesmo com os mortos, apontando seus erros.

Antes disto convém acrescentar que Pelágio tendo sido citado pelos Bispos de Lydda apresentou-se em Dióspolis onde dizem ter falseado suas doutrinas e ter obtido a absolvição por parte dos hierarcas. Este ponto é muito importante porque quando os latinos declaram que Pelágio retratou-se ou ocultou seus ensinamentos INSINUAM nas entrelinhas que ele Pelágio, ASSUMIU UMA PERSPECTIVA GRACISTA OU AGOSTINIANA com o objetivo de ser absolvido. ORA ESTA SUPOSIÇÃO É ABSOLUTAMENTE FALSA.

Na própria Enciclopédia Católica vemos Pelágio ASSUMINDO A PERSPECTIVA SEMI PELAGIANA  e afirmando que a IMPECABILIDADE DO HOMEM CRISTÃO OU CONVERTIDO se dava por colaboração entre a vontade livre e a graça ou ajuda divina. ORA O ENSINO DA IMPECABILIDADE É FORMALMENTE REPUDIADO POR TODOS OS AGOSTINIANOS E OCIDENTAIS MODERNOS. FOI NO ENTANTO APROVADO E SANCIONADO COMO ORTODOXO PELOS BISPOS GREGOS DE DIÓSPOLIS CONSOANTE A TRADIÇÃO DA IGREJA ORIENTAL, COMO HAVERIA DE SER FORMALMENTE SUSTENTADO POR TEODORO, O COMENTÁRISTA.

Da mesma maneira neste mesmo ano de 417 o odiado Pelágio foi a Roma e - segundo a Enciclopédia Católica (verbete Pelágio) - apresentou ao Papa Zózimos - QUE ERA GREGO!!! - uma obra sobre o Livre Arbítrio e uma Profissão de fé submetendo-as a um juízo doutrinal (PELO SIMPLES FATO DE CONTEREM ELEMENTOS DA FÉ!!!). O resultado disto foi que Zosimus enviou duas cartas (Migne XLV 1719) em que reconhecia a conformidade dos ensinamentos de Pelágio com a Verdade Católica.

Ainda aqui, como sempre, insinuam os teólogos romanos, que Pelágio e Celestius haviam ocultado suas crenças e afetado outras, mas se afetaram não foram AGOSTINIANAS ou GRACISTAS, mas certamente SEMI PELAGIANAS. Pelo que fica evidentemente condenado o suposto ou imaginário PELAGIANISMO mas, absolvido e sancionado o SEMI PELAGIANISMO e pelo próprio Papa romano, ainda aqui fiel a tradição grega não agostiniana.

Basta-nos para tanto citar a profissão de fé de Pelágio ou os fragmentos de seu livro sobre o Livre arbítrio. 

Vejam o que ele havia escrito ao Papa Inocente:

"Afirmo que possuímos uma vontade livre que é posta ou não para o pecado e que este livre arbítrio é que leva a cabo as boas obras com o socorro da assistência divina...

Nós atribuímos o livre arbítrio a todos os homens sejam judeus, pagãos ou cristãos. EM TODOS OS HOMENS EXISTE LIVRE ARBÍTRIO POR NATUREZA mas apenas os Cristãos é que obteem o socorro da graça divina...

Os que usam corretamente o dom do Livre arbítrio adquirem a graça de Deus...
Em minha carta ao Santo Bispo Paulino, escrita já há doze anos, havia registrado que não podemos praticar boas obras sem o auxílio de Deus e em minha carta ao Santo Bispo Constâncio declarei que a virtude procede da união entre o livre arbítrio e a graça de Deus. E ainda a Virgem Demetriades escrevi a mesma coisa sobre a boa vontade de homem e a graça de deus."

Desafiamos qualquer pessoa a demonstrar que estas proposições foram condenadas pelo dito Papa Inocente
Protestante: Ao que parece Pelágio jamais ensinou o naturalismo crasso que se lhe atribui ou o pelagianismo propriamente dito?

Ortodoxo: Talvez tenha sido assim mesmo. Talvez tenha se expressado equivocadamente. Talvez tenha sido mal compreendido ou deturpado por seus seguidores. De modo geral o Pelágio histórico que temos é Semi pelagiano e portanto perfeitamente Ortodoxo e porta voz incompreendido da tradição oriental, uma tradição que Agostinho jamais logrou assimilar.

A questão aqui não foi sobre a necessidade ou não da graça ou mesmo sobre a predestinação absoluta. O que se discutiu num primeiro momento foi a noção de transferência de culpa, a capacidade do homem natural para aderir a graça de Deus, o sentido do Batismo infantil e a possibilidade de uma vida impecável para os batizados. A oposição Pelágio Agostinho deu-se antes de tudo nestes termos e a perspectiva de Pelágio como já disse foi grega, foi origenista, foi antioquena, foi oriental...

Protestante: Neste caso quais as diferenças de perspectiva?

Ortodoxo: Quanto ao pecado Original já o dissemos Agostinho vinculava-o metafisicamente a geração enquanto que para Pelágio, na esteira de Orígenes, estava relacionado com a imitação.

Havia para além disso outra grave discordância, pois enquanto para os gregos pena do pecado ancestral resumia-se na perda da posse de Deus para os Latinos incluía determinados castigos.

Esta é a razão porque ambos batizavam crianças mas por motivos completamente diversos. Assim o Crisóstomo retirado de seu devido contexto por Agostinho declara que as crianças não eram batizadas para ser perdoadas de qualquer coisa e sim para serem associadas espiritualmente a Jesus Cristo, não para escapar a punições a que não faziam jus (por não terem pecados pessoais) mas para se tornar membros da igreja.

É por isso que Pelágio jamais negou o Batismo infantil ou sua conveniência mas apenas e tão somente a interpretação segundo a qual seu objetivo era purificar ou perdoar as crianças de alguma culpa transmitida por Adão. Então o que se questionava aqui não era a validade do Batismo ou sua vantagem mas sua estrita obrigatoriedade decorrente da ideia de transferência de culpa.... Então nos deparamos mais uma vez com a ideia de transferência de culpa como eixo da controvérsia e foi aqui, exatamente aqui e somente até aqui que Zozimus e seus sucessores parecem ter dado razão a Agostinho.

Para além disto acreditava Pelágio que o homem ainda que fragilizado pelo pecado ancestral podia aderir livremente a graça ou optar pela salvação o que pela primeira vez foi negado por Agostinho. E ao menos neste primeiro momento a Igreja romana nada decidiu a respeito... Absolvendo Pelágio, como já se viu acima. A ideia de uma graça interna e prévia destinada a reativar a vontade só seria adotada por parte dos latinos no século seguinte.

Outra discordância dizia respeito a possibilidade do Cristão não vir a pecar e de conquistar a perfeição neste mundo. Doutrina geralmente repudiada pelos ocidentais se bem que jamais condenada oficialmente pela igreja romana. Para Agostinho tal possibilidade era essencialmente utópica e impossível. Mesmo após a regeneração a natureza permanecia fraca exercendo o pecado certo poder de atração sobre os homens. O que os levaria a pecar ao menos esporadicamente... Tal o ponto de partida de Lutero.

Protestante: Li em alguns autores romanos que Zosimus por meio da Tractoria reconheceu todos os decretos do Sínodo de Cartago (418).

Ortodoxo: É o que não se dá e nem se pode provar por se ter perdido a Tractoria e dela não restarem senão uns parcos fragmentos (o que evidencia jamais ter sido encarada como dogmática!). O que Zosimus certamente abençoou - contra Pelágio e os gregos - foi doutrina corrente do pecado original ou da transferência da culpa de Adão. E este foi o grande triunfo de Agostinho. A ideia de uma corrupção total, de uma graça preveniente ou de uma dupla predestinação não parecem ter sido assumidas pela igreja romana ao menos naquele momento.

Daí a necessidade do Sínodo de Orange ter canonizado tais proposições no século seguinte. O que seria de todo inutil e ocioso caso o papa Zózimo ja se tivesse adiantado.

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo XI> Divisões a respeito da Liberdade, da Graça, da obediência e das obras - Sub capítulo D) O Calvinismo a barra da Escritura e da Razão

protestante: Compreendo. O amigo esta querendo dizer que do ponto de vista psicológocp não há qualquer diferença entre os conhecimentos de ordem espiritual ou religiosa - a que chamamos de conteúdo intelectual/doutrinário da divina revelação - e os conhecimentos de ordem natural?

Ortodoxo: Jamais devemos confundir o supra racional, o misterioso ou o que não podemos compreender com o irracional ou o contraditório como Já advertiam os Vitorinos em plena Idade Média.

Convém deixar isto bem claro por causa da especiosa doutrina segundo a qual deus apenas converte e salva os eleitos, enquanto que os réprobos condenam-se a si mesmos????!!!! Temos aqui uma contradição formal de termos.

Não podemos compreender perfeitamente a doutrina da Trindade pelo simples fato de que a divindade Santa frui outro tipo de existência, distinta da nossa e, em parte, para além de nosso universo e de nossas categorias de ser... É algo que transcende nosso entendimento, sem que no entanto haja contradição formal de termos, pelo simples fato de não ser um deus em três deuses ou uma pessoa em três pessoas, mas um Deus em três Pessoas. Observe como os conceitos relacionados são distintos.

O que não sabemos é COMO as pessoas podem fruir da única divindade sem que seja por partição. O modo operacional intra trinitário é um mistério para nós. Porquanto não é a divindade limitada pelas mesmas categorias que limitam suas criaturas e não podemos conhecer perfeitamente a vida de Deus. Limitação no entanto, não é contradição e no caso do gracismo temos oposição.

protestante: De fato jamais consegui assimilar perfeitamente tal explicação. 

Ortodoxo: Conforme a opinião deles Deus limitar-se-ia a converter ou a extrair da Massa perdida aqueles que predestinou a vida eterna. Os que não retira da massa perdida condenaram-se a si mesmos por seus próprios pecados, limitando-se Deus a deixar de retira-los da massa perdida ou se salva-los do pecado. Eles simplesmente não recebem os benefícios da Redenção assim, arrematam eles - Deus de nada é culpado porque não os fez ou faz pecar.

É o que dizem mas tudo isto não passa de desculpa esfarrapada ou de embromação.

protestante: Por que?

Ortodoxo: Se é exato que não são condenados por Deus inocentemente ou sem qualquer pecado não é menos exato que não poderiam deixar de pecar ou de escapar do pecado pelo fato de o terem herdado sem terem solicitado ou desejado semelhante herança.

Uma vez que tiveram suas liberdades frustradas antes de virem a existir, e foram fixados no mal, e não podem deixar de pecar e mesmo de aspirar pela penitência isto se deve porque a divindade lançou sobre eles a culpa de outrem, a saber, de Adão. Assim se deus é o responsável pela transferência do pecado, pela imputação da culpa e pela falta de força que os faz pecar e escraviza, é responsável por tudo mais...
Foi deus que por meio de uma Lei condenou-os a pecar ao atribuindo-lhes a culpa de um pecado que não é pessoal, que não cometeram e que foi praticado antes de virem a ser.

Agora como poderia deus cometer tal desvario jurídico - Abominável a luz de qualquer tribunal humano - que consiste em separar o ato da culpa atribuindo a culpa a quem não cometeu o ato e por meio da culpa obrigar a que pequem posteriormente, para por fim puni-los por pecados que estavam obrigados a cometer???

Pois se agora pecam é em função do pecado de outro e sem poder fugir a esse 'destino' fatal.

Se não podem deixar de pecar e se seus pecados tem a origem no pecado de um outro, e se jamais puderam optar, fica evidente que a transferência é arbitrária e que deis estabeleceu uma ordem FAVORÁVEL A DISSEMINAÇÃO DO PECADO, que em sua palavra diz abominar... Agora como podería o Deus Santo estabelecer leis vantajosas para o pecado??? ESTRUTURALMENTE O CALVINISMO É ISTO - Uma Lei destinada a beneficiar o pecado!!!

Pelo que admitida a teoria deles cessa Deus de ser justo por atribuir a humanidade o que não lhe pertence por decisão, a saber, a culpa de Adão. Mas deus pode faze-lo. Neste caso temos um deus arbitrário e caprichoso que faz o que quer e não o que deve i é o que é Santo, Bom, Nobre, Excelente, Justo... segundo sua natureza Boa e perfeita.

Ora o próprio Agostinho definira a justiça como ato de atribuir a cada qual o que lhe pertence.

Assim a culpa aquele que pecou i é a Adão e não a seus descendentes que não pecaram já por não estarem dentro de seu saco escrotal ou ilhargas, como imaginavam os primitivos israelitas, já por não terem suas almas fabricadas pelo pai e pela mãe como imaginavam os antigos romanos...

Caso a culpa de um possa ser herdada por outro não só podem como devem os filhos pagar pelos pais segundo estipulava a lei bárbara dos anciãos. Os profetas, mais bem orientados, todavia declararam: Os filhos não podem responder pelo pecado dos pais, porque a culpa não pode ser transferida arbitrariamente...

Portanto como a descendência de Adão pode responder por um pecado que é dele e herdar uma culpa e uma punição que é dele???

Por outro lado se permitiu a lei divina que a ação de um afetasse os demais o mínimo que dela se pode esperar é que fizesse provisão de modo que os afetados, poluídos ou contaminados tenham uma segunda chance.

Constatamos que a origem do pecado deles não esta neles mesmos mas em um outro, assim a culpa, assim a pena; tudo enfim procede de Adão apenas e não deles pelo simples fato de que perdendo a liberdade de que jamais haviam feito uso perderam a chance de uma nova oportunidade. E tudo se reporta a decisão de um só - Foram predestinados não apenas a condenação, como sucede com aqueles que livremente pecam, mas ao pecado... Agora como poderia o Deus Santo e Justo punir ou castigar criaturas que foram predestinadas a pecar??? Claro que o Deus justo sempre poderia punir e castigar os que livremente pecassem por culpa própria. Agora como pode em sã consciência abater os que já foram previamente abatidos por um decreto fatal??? Afinal - Pecaram livremente? Claro que não, uma vez que o pecado depravou a natureza e cancelou a liberdade! Neste caso pecam por necessidade e a necessidade exclui a responsabilidade.

E ficam condenados ou deus os condena por pecado alheio e alheia falta e ato necessário ao qual jamais poderiam fugir ou evitar. Eles ficam sendo inocentes e deus pela transferência injusto e culpado. Este é o fim da doutrina calvinista e só resta a tais sectários bater os pezinhos e declarar que deus pode fazer o que bem quer ou em última análise que pode querer o mal, deixando o mal neste caso de ser mal e convertendo-se em bem... DEPOIS ESSES CALVINISTAS RECLAMAM DO RELATIVISMO MORAL... O qual subjaz em sua apologética destinada a justificar a arbitrariedade divina.

A respeito do deus 'misericordioso' não desejar socorre-los já nos expressamos devidamente.



Protestante: No fim das contas "Que há de tão horrível na reprovação?" Whitefield in Flitchett 'Wesley e seu século' Porto Alegre, ed Carlos Henrique 1916 Vol II p 34

Ortodoxo: Caso demos por certas as lições de Agostinho, Fulgêncio, Lucidius, Cesário, Próspero, Goteschalk, Wicliff, Lutero e Calvino - e admitamos que Deus converta irresistivelmente uns e abandone os demais, somos forçados a concluir que, em última análise, ele é o principal responsável pela perdição daqueles que abandona e pelo simples fato de não fazer por eles tudo quanto fosse possível fazer.

Pois sendo Deus e Legislador onipotente, caso quisesse, sempre poderia salva-los e se não os salva é apenas porque não quer ou porque algo nele mesmo ou em sua essência leva-o a restringir o dom da sua misericórdia e do seu amor.

Assim o que temos investigar é justamente este impulso interno que o faz restringir seu amor e a limitar sua misericórdia, dos que por definição deveriam ser ilimitados e infinitos para serem divinos.

Afinal como deixar de esperar da parte do Deus infinito todo bem possível? Como deixar de concebe-lo em termos de um Sumo Bem ou de um Bem geral e ilimitado???

A nós nos parece que a simples ideia de um deus mesquinho e restritor corresponda a negação do Evangelho, da Encarnação e da Cruz, para não mencionarmos a própria paternidade divina. Como conceber o Santo Deus como um Ser que por decreto impede seu filho de pedir pão ou peixe, obrigando-o a demandar por pedras e serpentes???

O Evangelho antes de tudo, com sua oferta geral e universal de remissão já não passará de falsa propaganda e mentira, pelo simples fato de CONVOCAR TODAS AS CRIATURAS mesmo sabendo que parte delas esta metafisicamente impedida de corresponder a esta convocação ou chamamento!

Neste caso por que não foi Deus veraz, fixando: Ide e proclamai o Evangelho apenas aos eleitos e predestinados????????

É o mínimo que se esperaria do Bom Deus, transparência e honestidade!

Mas ele falseia a doutrina ofertando a pobre humanidade o que ela não pode abraçar. Atuará o Deus do Evangelho como quem lança uma prancha de madeira ao MANETA OU ALEIJADO QUE ESTA SE AFOGANDO???

Abandonemos a falsidade e honorifiquemos o bem! Admitamos que o chamado universal do Evangelho e sua proclamação generosa é o quanto basta para demolir o sistema elaborado por Agostinho e afirmado por seus sucessores!

Temos contra Agostinho a instrução positiva do Senhor: Ide pelas ruas e convocai para minha comemoração TODOS os feridos, estropiados, enfermos e necessitados pois quando erguido for no madeiro TODOS atrairei a mim! E veja que ele não chama os homens de aleijados ou paralíticos, mas de feridos ou enfermos, e nem todo enfermo entra ou jaz em estado comatoso!


Caso o Evangelho seja leal, sincero e verdadeiro como presumimos, ao invés de artificioso e sutil, o PREDESTINACIONISMO já esta condenado. Pois não podeis substituir cavilosamente o termo CRIATURAS por ELEITOS como costumais a fazer falseando as palavras do Salvador como Agostinho falseou as do Crisóstomo. Estabelecer restrições com base na vossa doutrina, aprioristicamente, é trapaça manifesta - Pois o que os srs devem provar a barra do Evangelho é cabalmente demonstrar é a predestinação. Princípio a que vocês acomodam as santas palavras de Cristo distorcendo-as ou como dizem interpretando...

Este restritor: ELEITOS (ou predestinados) que viveis agregando impudentemente as palavras do divino Mestre é a confissão suprema de vossa desonestidade e leviandade e vos torna adulteradores. Vocês acrescenta, adicionam, inserem e corrompem - Ultrapassam a singeleza da palavra de Cristo que com tanta cara de pau alardeiam face aos Católicos! Mas os srs não creem nessa simplicidade, violam-na! Antepõem a vossa querida doutrina as palavras de Cristo! Ficamos com o Evangelho puro e simples e repudiamos vossa copla restritora.

Quem restringe a salvação são vocês não Jesus. Os seguidores do Bispo de Hipona, não o Evangelho.

No Evangelho leio: CONVOCAI A TODAS AS CRIATURAS e mais além - Atrairei TODOS a mim...

Vocês é que acoplam e adicionam partículas e palavras PARA FAZER ESTE EVANGELHO CONCORDAR COM MOISÉS, PAULO, AGOSTINHO etc

NO ENTANTO AGOSTINHO, PAULO E MOISÉS É QUE PRECISAM CONCORDAR COM O EVANGELHO E SUBMETER-SE A INSTRUÇÃO DESTE VERBO ETERNO GERANDO 'IN SINU PATRIS!"

Para manter vossa doutrina suja e imunda vocês invertem toda a economia Cristã e colocam o Evangelho em último lugar, a ponto de precisar ser revisado ou corrigido, e isto é uma profanação!

LAMENTAVELMENTE ESTE SISTEMA DE FALSEAR A ESCRITURA E ADULTERAR O EVANGELHO É COMUM AO PROTESTANTISMO COMO UM TODO.

Assim quando um zwingliano lê as palavras: ESTE É MEU CORPO, adiciona mentalmente o termo SÍMBOLO que ali não se encontra. Querendo dizer que Jesus não foi PRUDENTE OU QUE O ESPÍRITO SANTO NÃO FEZ O TRABALHO COMPLETO!!!

Assim a Testemunha de Jeová quando lê que Todos estão vivos em Deus, adiciona mentalmente o termo 'No pensamento de deus' querendo da mesma forma insinuar que Jesus não foi prudente e que suas palavras precisam ser esclarecidas pelo Corpo governante... apesar da operação - imperfeita - do Espírito Santo...

Assim os predestinacionistas que ao termo TODOS adiciona 'eleitos' e ao termo 'pecado' adiciona pessoais... Obscurecendo o ensinamento de Jesus, da maior parte dos apóstolos e dos antigos padres.


Resta-nos adicionar que se deus nada faz de improviso temos de admitir que ele fixou uma lei com o objetivo de afirmar em máximo grau e por toda a eternidade a existência do mal e do pecado. Se restringiu o bem e a virtude já por não desejar salvar a maioria ou a totalidade dos seres que criou já por não ter sido capaz de considerar a eliminação completa do mal é a ele que devemos atribuir o triunfo daquilo que lhe contraria - Chegando a questionar a sanidade desse deus...

Se os homens sendo maus ou imperfeitos puderam conceber a eliminação do mal formulando um sistema mais belo, por que raios não poderia Deus, sendo perfeito te-lo concebido e fixado, contemplando as exigências de sua Sabedoria e Santidade??? Por que formular um sistema tão primário, grosseiro e tosco como o calvinismo???

Como poderia o Sumo Bem aspirar pela perpetuação do mal em tão larga escala ou condenar a sofrimentos indizíveis e sem culpa própria tantos seres se sequer precisaria te-los trazido a existência ou retirado da doce paz do nada?

Face a esse deus cruel, arbitrário e caprichoso, o próprio Jó, num momento de lucidez, não chegou a conclusão de que seria melhor não ter sido concebido ou morrer no ventre materno a cair em suas mãos??? Apenas por ter conhecido sua suposta ira 'temporal' que dura um computo limitado de anos... Imagina se ele tivesse diante de si a exótica doutrina de um inferno eterno associada a doutrina escabrosa da predestinação... Que diria ele então???

Podemos pensar o Sumo bem ou a Santa divindade como uma entidade cujos decretos fazem ou fariam a maior parte dos seres humanos aspirar pela inexistência e lamentar a posse do ser como a uma maldição??? Afinal não trata-se de um ser que aspirou, desde toda eternidade, tornar a maior parte dos homens eternamente infeliz??? Como deduzir que este deus seja bom o misericordioso??? Pois se é bom e misericordioso para com alguns poucos e certamente feroz, cruel e vingativo para com muitos outros... Como se Deus pudesse ser feroz, cruel, vingativo, iracundo, limitado...



Em suma por que criar um universo tão defeituoso ou produzir tão grande número de criaturas racionais para o infortúnio? Para que fazer-se algoz de tantas almas ao invés de tornar-se benfeitor delas? Por que lançar tantas e tantas aflições sobre o gênero humano ao invés de torna-lo sumamente feliz??? Por que atribuir a existência este amargo tom de tragédia??? Apenas para demonstrar poder ou massagear o ego - Para ser aplaudido por anjos??? Demasiado humano. Demasiado vulgar...

Por que criar para tornar infeliz e fazer da criação uma fonte geral de desgraça e infortúnio?

Em que a existência de tantos seres seria superior ou melhor do que a inexistência ou vantajosa? Tera o Deus perfeito criado tal categoria de seres para auto promover-se???

O deus de Agostinho e Calvino apenas é capaz de tornar o nada preferível a existência e o nada fica sendo mais misericordioso do que estes suplícios imerecidos que acometerão a maior parte dos homens por toda eternidade. 

E fica Deus privado de sua verdadeira glória. Que até mesmo os rabinos compreenderam como a capacidade de fazer o bem na mais larga escala imaginável, mas que os calvinistas compreendem como a capacidade de torturar sadicamente a maior parte do gênero humano para todo sempre, e sem que tivessem culpa própria!!!

Conclusão: Todas as doutrinas formuladas por Agostinho acham-se em estado de oposição já ao elemento racional com que Deus desejou brindar e esclarecer os mortais, já as próprias Escrituras santas, divinas e infalíveis (Isto é a nossos Evangelhos) as quais em diversos trechos patenteiam que o Bom Deus jamais procede caprichosamente colocando-se acima do bem e do mal; mas que é regra fiel e lei interna para si mesmo.

Não poderia ter Deus condenando o mal e o pecado, apenas externamente ou seja, nos homens, sem que esta condenação correspondesse a um movimento que procede do âmago do seu Ser e que o leva a odiar de verdadeiramente tudo quanto condena em sua lei e a conformar-se imutavelmente com ela.
 

ASSIM, NÃO PODE DEUS ESTAR ACIMA DO BEM E DO MAL OU DESEJAR ESTAR ACIMA DO BEM E DO MAL enquanto orientações ontológicas que partem de sua vontade eterna e imutável.

Imaginar a onipotência de Deus como algo que coloca-o acima do bem e do mal é derrogar sua santidade. Deus apenas pode fazer o que esta de acordo com sua santa vontade. Pelo que sua onipotência não esta posta para o mal e para o pecado. Não porque não possa faze-los ou lhe falte forças para tanto mas porque sua força é regulada por sua vontade e sua vontade imutavelmente fixa no bem. COMO NÃO PODE QUERER O MAL, NÃO PODE DEUS FAZE-LO.

Pois se Deus quanto a força e o poder é plenipotente quanto a vontade é imutável e não sujeito a oscilações. A vontade de Deus jamais se altera. Não conhece variação. É sempre a mesma.

A INSINUAÇÃO dos calvinistas, tomada ao Antigo Testamento, de que deus esteja acima do bem e do mal não é apenas grosseira, primitiva e falsa mas abominavelmente monstruosa. Por perder de vista sua santidade, bondade, amorosidade e perfeição!

Protestante: ???

Ortodoxo: Por fim em que pesem os defeitos de ordem lógica jamais perderemos de vista a diferença crucial existente entre o semi agostinianismo construído pela Igreja romana e mesmo entre o arminianismo e a teoria da redenção particular ou restrita afirmada pelo Bispo de Hipona e assumida, posteriormente, por Lutero e Calvino.

Pelo simples fato de conceder que a graça é ofertada ou oferecida a todos os homens Arminius já se acha noutro patamar e em certa medida, um tanto próximo do autêntico Cristianismo. E já pode compreender e apresentar a divindade como Benfeitora a humanidade e não como uma entidade egoísta e malfeitora que tem seres livres e racionais ou imagens suas em conta de vasos de barro!
Pois no frigir dos ovos ao invés de atingir os homens a única coisa que o calvinismo atinge e mácula é a ideia de um Deus Bom, Santo e Perfeito ou a concepção Cristã de Deus.

Como os antigos hebreus eles imaginam uma salvação aristocrática reservada a uma espécie de elite espiritual. Constituem ainda os 'eleitos' em oposição ao mundo ou a parte em oposição ao todo... Enquanto que a mensagem de Jesus foi posta para o mundo 'que ele tanto amou' a ponto de vir buscar ou recuperar e reintegrar a si mesmo. A graça calvinícola ou agostiniana vem para u diminuto número de os eleitos apenas ou de privilegiados, o Evangelho vem para todo homem, numa perspectiva universal e totalizante. Jesus veio para a espécie ou o gênero humano e esta é sua suprema glória.

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo XI> Divisões a respeito da Liberdade, da Graça, da obediência e das obras - Sub capítulo C)

UMA CONTRADIÇÃO PERFEITAMENTE SOLÚVEL


protestante: Lí nos comentários bíblicos de R N Champlinn que no N.T. existem trechos favoráveis a predestinação e trechos a favoráveis a liberdade e que portanto tal assunto constitui um mistério impenetrável e insolúvel.


ELE É O 'FIEL DA BALANÇA' do livre arbítrio


Ortodoxo: Em nossa obra intitulada 'O livro da liberdade' (Kitab al Hourriat) analisamos detidamente cerca de meia centena de textos neo testamentários recorrendo ao texto grego e chegamos a conclusão de que efetivamente há contradição entre os testemunhos.
Todavia ao contrário do professor R N Champlinn segundo o qual esta condição paradoxal denotaria um 'mistério impenetrável' nós nos perguntamos sobre a origem de cada testemunho e mais, nós nos perguntamos sobre quais dentre eles representariam - na pena apostólica - a tradição fiel ao EVANGELHO e sobre qual seria a origem do outro testemunho???

Nossa primeira constatação, e ousamos dizer que já esperávamos por ela, é que não há qualquer indício de contradição a respeito no que toca os QUATRO EVANGELHOS ou as declarações de JESUS CRISTO AS QUAIS PODEM SER TODAS, SEM MANOBRA OU ARTIFÍCIO, SER CONCILIADAS COM A DOUTRINA DO LIVRE ÁRBITRO, ALIAS CORRENTE NESTE REGISTRO (a pena evangélica).


A primeira constatação que se nos apresenta é que em diversas oportunidades Jesus afirmou e reconheceu a existência do livre árbitro e a necessidade da colaboração humana. Para nós esta constatação é crucial, é nossa bússola, é nosso 'Norte' doutrinário por assim dizer; nosso critério enfim.

Existe alguma evidência exegética ou literal irredutível segundo a qual Jesus tenha negado a existência do livre arbítrio ou restringido a salvação dos seres humanos?

NÃO.
Se Paulo declarou que a vontade de Deus é que todos se salvem Jesus, na mesma linha de raciocínio, declara que após ser suspenso no madeiro 'atrairia todos a si' disse todos e não alguns. E se os protestantes buscam multiplicar mistérios ao infinito, nós nos contentamos com - além do Mistério da Trindade Excelsa - apenas este: Não sabemos o que Jesus fará ou como atraíra todos a si. No entanto cremos no que ele disse e não excluímos a quem quer que seja, introduzindo a seletividade judaica. Se há uma religião totalmente poluída pelo judaísmo antigo - isto é pelo entendimento grosseiro que dele fazia parte natural - como diziam Himmler, Goebels, Streicher, etc É o calvinismo ou melhor o agostinianismo, não o Catolicismo Ortodoxo.

protestante: Então você esta dizendo que não há contradição?

ortodoxo: De modo algum, estou tentando compreende-la satisfatoriamente.

A contradição existe, é irredutível e a honestidade nos obriga a reconhece-la, questionando mitos como a inspiração linear ou plenário (i é a ideia de um Corão Cristão de Gênesis a Apocalipse). A boa notícia é que não se encontram no terreno sagrado do Evangelho, mas no da pena apostólica É na pena apostólica que damos com a oposição entre liberdade e destino. São os apóstolos que se contradizem, se opõem uns aos outros ou empregam uma linguagem deficiente e obscura.


Quero advertir no entanto que a maior parte dos testemunhos e sua imensa maioria são favoráveis ao livre arbítrio consoante a já apontada tradição evangélica. O número de textos favoráveis ou aparentemente favoráveis ao destino são muito poucos cerca de dois ou três, no máximo cinco, e temos aqui uma 'tradição' minoritária. Enquanto os demais chegam a vinte e cinco.

Protestante: Neste caso como resolver o problema?


ortodoxo: Admitida a contradição de termos a respeito deste ponto, assunto ou tema nas páginas do Novo Testamento só nos restaria uma alternativa razoável: Ater-se ao ensinamento uniforme de Jesus e receber a sentença dada por ele ou seja a sentença do Evangelho. A PENA EVANGÉLICA DEVE JULGAR A PENA APOSTÓLICA...

protestante: Neste caso que pensar dos demais textos, em tese divergentes?

Ortodoxo: Julgo que a análise das disputas doutrinais sobre este tema, realizadas no decorrer dos séculos, nos ajudaria bastante a compreender o cerne problema.

Para tanto deveríamos analisar desde a disputa de Agostinho e Juliano ou Pelágio até o 'Árbitro escravo' de Lutero e as 'Institutas' de Calvino


Protestante: E com que objetivo?

Ortodoxo: Caso nos demos ao trabalho de analisar tais obras chegaremos facilmente a constatação de que a maior parte dos autores partiram não do conceito Ortodoxo de soberania ou centralismo Evangélico - Dando prioridade as palavras de Jesus Cristo - e sim da ideia equivocada de Bíblia unitária ou mesmo de inspiração linear assumindo uma perspectiva fundamentalista, matriz da judaização e de todas as penas teológicas pagas pela Cristandade.

protestante: Neste caso em quais partes da escritura os gracistas ou predestinacionistas teriam concentrado sua analise?

Ortodoxo: De fato eles possuem um roteiro comum e partem quase sempre de S Paulo i é da Epístola aos Romanos para, guiados por ela chegarem a Torá e concentraram o foco da disputação na narrativa de como o deus dos judeus, jao, havia alterado a vontade do Faraó a seu bel prazer. É uma leitura comum que passa dos registros judaicos a Paulo e dele aos agostinianos e aos protestantes.


Todos os negadores do livre arbítrio - de Agostinho a Calvino - firmaram-se antes de tudo aqui, nos escritos judaicos mais primitivos, na lenda de Moisés e do Faraó, num escrito arcaico, e não no Evangelho. A guiza de prova mencionarei, de passagem o Sermão XXII de Cesário de Arles sobre o endurecimento do coração do Faraó por deus... A todo momento brotam sermões assim das penas dos predestinacionistas e a conclusão é sempre a mesma - Pode o Deus todo poderoso violar o livre arbítrio dos seres humanos ou move-los, pelo simples fato de não terem qualquer livre arbítrio, ao menos no que concerne as coisas divinas.

E daqui passaram aos neviim ou profetas também imersos na primitiva cultura judaica permanecendo quase sempre a largo ou na periferia dos nossos Evangelhos. ( O único texto do Evangelho que costumam citar é 'Todo que o Pai me deu vem a mim.' conferindo-lhe um sentido individualista e seletivo que não faz parte do contexto). Quando examinaram certas partes do Evangelho fizeram-no sempre buscando uma conciliação com a Torá ou o destino, e portanto visando adapta-lo! O que no Ocidente era facil de fazer recorrendo a traduções ou versões.

Enfim mais de 75% da disputa sobre a liberdade e a graça tiveram como terrenos os escritos paulinos - em especial o fragmento RABÍNICO sobre os VASOS destinados a ira - e o antigo testamento, não as palavras e ensinamentos do Verbo divino e imortal.


protestante: De fato ouço frequentemente parte da irmandade apelar a narrativa sobre Deus ter mudado o coração de Faraó com o intuito de demonstrar que somos diretamente controlados por ele ou que ele assume o controle a seu bel prazer...

Ortodoxo: Diante disto não seria absurdo algum supor que semelhante equivoco ou confusão já havia se dado quando da elaboração da pena apostólica e isto pelo simples fato de que os autores eram quase todos hebreus e de que estavam imersos na cultura ancestral - CULTURA EM QUE A ELEIÇÃO SELETIVA ERA UM DOGMA CENTRAL!!!


De fato a totalidade da Torá e a quase totalidade do Antigo Testamento ignoram o fenômeno da liberdade - mesmo quando pareça estar já presente no primeiro capítulo do Gênesis e na derradeira peroração do Deuteronômio - e assumem o fatalismo numa perspectiva fetichista.

Daí o geonim Saadia Gaon em suas disputas com os Caraítas ter postulado a necessidade de uma tradição oral paralela a Tanak com o intuíto de por meio dela introduzir a doutrina da Liberdade no judaismo. Porque não era capaz de encontra-la nos escritos de seus ancestrais.

COMPREENDENDO A SITUAÇÃO!


Diante disto julgo perfeitamente natural que algumas partes do Novo Testamento reproduzam este tipo de crença primitiva enquanto resíduo cultural do judaismo. 

Jamais nos devemos esquecer de que antes de ter abraçado a doutrina de Jesus, Paulo fora 'FARISEU FILHO DE FARISEU' e aluno do rabino Gamaliel, perito nas tradições do povo. Mesmo Pedro tinha dificuldades para desligar-se dos preceitos judaicos. Para não mencionarmos o autor do Apocalipse cuja linguagem simbólica é essencialmente judaica.

Estavam as raízes da nossa fé permeadas pela cultura primitiva dos ancestrais cujo pensamento era magico fetichista e incompatível com a doutrina helênica do livre arbítrio... Igualmente inexperientes quanto ao exercício da racionalidade os apóstolos acabavam, por vezes, sobrepondo as duas noções... Pelo simples fato de escreverem cartas i é trabalhos de ocasião... É possível que apenas mantivessem uma forma de linguagem da qual era demasiado difícil desprender-se. Falavam e escreviam como judeus, mesmo quando queriam anunciar a fé em sua puridade.

Sim meus amigos, é perfeitamente possível e até compreensível que mesmo depois de terem tomado consciência sobre o assunto e sobre a veracidade do livre arbítrio, nossos maiores - por força do hábito arraigado - ainda se expressassem confusa e equivocadamente. Disto resultando as tais expressões imprecisas ou contraditórias.

ESTABELECENDO UM CRITÉRIO SEGURO



Eis porque é crucial reportar ao veredito de Jesus Cristo, que é o supremo Instrutor do povo Cristão e árbitro de toda controvérsia. A Deus feito homem apenas, não se pode atribuir defeitos de expressão ou de linguagem. Tampouco deixaria o Espírito Santo de sugestionar aqueles que registraram suas palavras, mantendo a correção da forma e a exatidão das expressões. CLARO QUE TUDO ISTO DEPENDE DA DIVINDADE DE CRISTO, DEVENDO SER COMPREENDIDO A LUZ DESTA DOUTRINA OU NUMA PERSPECTIVA ATANASIANA.

protestante: Nossos líderes afirmam que após a adesão a Jesus Cristo o homem torna-se livre. Asseveram no entanto que ninguém é capaz de obrar sua própria conversão, de colaborar com a graça ou de aderir a Cristo sem antes ser antes internamente iluminado, atraído e chamado pelo Espírito Santo.




Ortodoxo: A questão aqui é se esse deus ilumina e vivifica a todos ou apenas os que haverão de responde positivamente. Num primeiro momento não discutimos o tal chamado, mas sua seletividade apenas. Há ainda a possibilidade de que ilumine apenas a alguns ou aos eleitos, aqui estamos diante da doutrina da dupla predestinação ou da predestinação particular para a salvação, e por ext para a condenação... Este é o foco central da discussão. Não acreditamos em qualquer chamamento interno ou místico, mas tampouco o classificamos como blasfemo - apenas como grosseiro. A questão é se todos ou apenas alguns são chamados ou se todos ou penas alguns são salvos e predestinados a salvação. No fundo toca a exclusão. A exclusão é o ponto nevrálgico do tema.

O ARMINIANISMO INGÊNUO REVERTE EM SINERGISMO E SEMI PELAGIANISMO


Protestante: Dizem que como o Sol envia seus raios a todos os seres Jesus Cristo envia sua graça a todos os homens.


Ortodoxo: Se todos são iluminados e chamados por que nem todos se convertem?

Protestante: É que alguns resistem a operação da graça de Deus como certos corpos materiais presentes no mundo natural, fazendo sombra, impedem que os raios do sol tudo iluminem. E essa resistência seria fruto da livre vontade.

Ortodoxo: Caso a vontade leve alguns a resistir a graça divina devemos concluir que a vontade deles é mais forte do que a graça e mais ainda - Que aqueles que não resistem a graça fazem a opção livre de não resistir a ela, e que ao não resistir colaboram, e enfim que esta colaboração é um assentimento a graça ou uma permissão.

Assim se os ímpios não se convertem porque resistem a ação da graça só nos resta concluir que os justos se salvam porque colaboram com ela cessando de resistir ou de impor obstáculos. Se a graça depende de algo externo a ela que parte do homem ou de sua permissão e se não é soberana atuando magicamente, estamos já no terreno do sinergismo! AFINAL A GRAÇA POR SI SÓ NÃO BASTA. A diferença entre salvos e não salvos esta na vontade livre...

E é por isso que não cremos na necessidade de qualquer graça interna, mas apenas no chamamento externo feito pela igreja, ao qual o homem responde por meio de sua vontade natural...


Protestante: Jamais havia pensado nisto.

Ortodoxo: Grosso modo não existe meio termo - A graça soberana atua sozinha e tudo realiza  (Magicamente) quebrando qualquer resistência ou, caso seja condicional, fica sempre na dependência de um elemento externo de origem natural pelo que estaremos sempre no terreno do sinergismo ou do semi pelagianismo. Sejamos justos para com os calvinistas: Se é um chamamento interno ou místico deve ser soberano...

A ideia de que o homem apenas possa resistir e não decidir é a mais imbecil de todas. Pois no caso, aqueles que cessam de resistir passam a colaborar... Ficando destruído o monergismo a que os arminianos perseguem com tanto fervor. Se pode resistir, pode não resistir - e a diferença alias é esta - pelo que estamos no terreno da vontade livre.

O LEGADO DE AGOSTINHO OU O ARMINIANISMO REFINADO DA GRAÇA PREVENIENTE.




protestante: Outros declaram que Deus envia uma graça prévia aos que haverão de colaborar e que esta ativa a liberdade para que colaborem e fica a colaboração sendo produto de uma liberdade sobrenaturalmente reativada, uma graça de Deus enfim.

Ortodoxo: Aqui também há gato.

Vejamos. Caso Deus enviasse sua graça para ativar a vontade livre de todos e soubesse que nem todos haveriam de emprega-la corretamente e colaborar, bem poderia enviar sua graça apenas aos que previu que haveriam de colaborar. Assim o envio da graça seria restrito e não geral.

Por isso eles dizem, com certa razão, que Deus prevê os que haverão de colaborar, e ativa apenas as vontades deles. E esta ativação é uma primeira graça merecida por Jesus Cristo no gólgota! Em seguida ou concomitantemente envia a segunda graça, que é o convite a conversão, o qual eles aceitarão docilmente.

OK???

Tal o sistema arminiano, que muitos atribuem a Agostinho


protestante: OK

Ortodoxo: Muito bem. Se Deus envia sua graça prévia tendo em vista a futura colaboração livre do homem, como negar que a colaboração futura e prevista tenha merecido a graça e que a não disposição para colaborar - no caso prevista por Deus - a tenha desmerecido???


Vocês põem uma graça atrás da outra mas a frente subsiste a humana vontade, mesmo quando prevista por Deus desde toda eternidade. Porque o motivo segundo qual Deus envia a graça é a ulterior colaboração... Se essa vontade ativada não fosse Boa...

É como se Jesus Cristo tivesse merecido antes de tudo esta graça prévia aos homens de boa vontade. É como se Deus desse uma canivete apenas aos que viu que jamais se cortariam com ele i é apenas para os que fariam um bom uso. Quem não percebe que o bom uso visto desde toda eternidade MERECEU A OFERTA DIVINA??? A ativação da liberdade pode até ser obra da graça, mas seu exercício é puramente humano e por isso outros tantos malbaratariam esse dom... Há algo humano aqui. Há colaboração prevista, há mérito... Tudo quanto temos é uma inversão do calvinismo que coloca a ativação da liberdade após a conversão por ação da graça soberana. Aqui apenas os eleitos tem a liberdade restaurada, mas sem previsão de méritos ou colaboração... pelo que a liberdade restaurada poderia ser mal utilizada, sem que a predestinação fosse alterada.


Percebam como estes homens engenhosos livram a divindade da responsabilidade da reprovação, imolando a preciosa doutrina da gratuidade absoluta da graça, uma vez que esta graça é concedida tendo em vista o uso que dela se faz ou a futura colaboração prevista por Deus. Nem há como fugir a qualquer um destes extremos, o que levou a igreja a apegar-se ao sinergismo com o objetivo de salvaguardar a santidade divina. Comprometida pela doutrina da predestinação particular, no caso pela predestinação negativa.
Tal a doutrina da graça antecedente, preveniente ou preexistente que Agostinho - antes de envolver-se na inglória disputa com Pelagio e Juliano - foi tomar aos neo platônicos mas que depois abandonou. Mas que continua sendo apresentada como 'sua' pelos romanistas. Esta teoria tem sido assumida decididamente pelos arminianos.

Dentro do sistema concebido por ele este tipo ou categoria de graça corresponde a uma necessidade estrita, tendo em vista que a Natureza fôra radicalmente afetada pelo pecado original.

Era uma solução Ortodoxa e tolerável, ou de compromisso, dentro de seu sistema, mas ele acabou por abandona-la justamente porque tornava a salvação merecida a posteriori e se podia ser merecida 'a posteriori' clamavam seus adversários por que não podia ser merecida a priori em termos semi pelagianos? O mérito posto a frente ou posto atrás não continuava sendo mérito???

Então, para destruir toda e qualquer ideia de mérito, Agostinho formulou a doutrina radical da graça irresistível ou do monergismo. Se Deus tudo realiza magicamente não resta espaço para ninguém, nem antes, nem depois! Há apenas graça e não interposições de graça e liberdade...


Nós no entanto, como S Fausto de Riez, sustentamos que a graça externa e formal - Que é o testemunho da Igreja face ao mundo ou sua pregação - é perfeitamente capaz e suficiente para ser compreendida, aceita e acolhida pela criatura racional.

A partir desta recpeção ou adesão, a vontade fragilizada pelo pecado ancestral, é consolidada no bem pela Unidade de Jesus Cristo tornando-se o homem perfeitamente capaz de observar seus mandamentos e de viver piedosamente.

Pelo que repudiamos, como supérflua, a doutrina de uma iluminação interna nos termos dos neo platônicos que não seja soberana ou da graça prévia nos termos dos papistas e tridentinos. Pois se o homem pode merecer antecipada ou previamente também pode merecer previamente quando ao tempo em que vive.


Ademais, não há na escritura canônica e divina qualquer evidência a respeito desta graça prévia ou desta iluminação concedida seja a Nicodimos Bem Gorion, a Zaqueu, ao Centurião romano, a Samaritana, etc E JESUS CRISTO NÃO NOS INFORMOU SOBRE QUALQUER ATUAÇÃO INTERNA. Por isso o 'querido' Paulo declara que a única condição pŕevia para que o homem venha a crer é o anúncio externo e formal, fruto do apostolado humano.

Por outro lado propor que o homem seja inapto para perceber, desejar e aderir a revelação divina e que, sem embargo disto, apto para perceber, desejar e aderir tudo quanto se refere a ordem natural não seria propor uma distinção artificial, fantasiosa e arbitrária que parte das experiências individuais e subjetivas de um Agostinho, um Lutero, um Calvino e doutros homens de caráter tímido e pessimista???

Os quais puderam servir-se dos elementos menos nobres do antigo testamento, bem como de certas expressões empregadas pelo apóstolo no começo de sua carreira ou ainda do autor anônimo do Apocalipse com o intuito de turbar a paz da Igreja e poluir a sã doutrina.


Conforta-nos no entanto saber que eles jamais puderam apelar a Jesus Cristo e firmar-se sobre o terreno puro e imaculado do Evangelho que é pela livre vontade ou pela colaboração.

Gnoseologicamente falando não se pode demonstrar qualquer diferença essencial entre as verdades divinamente reveladas e as verdades naturais... E nem pela palavra do Evangelho se pode suster ou vindicar esta capciosa distinção. É algo que não se pode aquilatar facilmente e muito menos demonstrar. Algo que flutua...





Por fim quanto ao testemunho de Paulo, cremos que sendo contraditório, ao que parece, deveria ser examinado com bastante cautela numa perspectiva cronologia, que leve em conta a evolução de seu pensamento e linguajar.

Ademais é sempre bom perguntar se Paulo esta falando em seu próprio nome - GOSTEM OU NÃO OS FANÁTICOS A DISTINÇÃO É DELE!!! - segundo aquilo que deduziu por si mesmo a partir da cultura, ou se esta falando em Jesus Cristo como Mestre e Instrutor autorizado. Acaso não declarou o Santo homem: Julgai vós mesmos o que eu digo! Pois a doutrina de Jesus Cristo, cristão algum pode julgar.


Folgo observar que o próprio Paulo, sendo honesto, estabeleceu esta sã e prudente distinção e que os paulinistas ignoram-na supinamente, encarando seus escritos como uma espécie de Corão caido dos céus. Varramos de nossas mentes a ideia absurda e nociva de um Corão Cristão, a menos que este seja o EVANGELHO DE CRISTO!!!

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo XI> Divisões a respeito da Liberdade, da Graça, da obediência e das obras - Sub capítulo B)


FOI AGOSTINIANO AGOSTINHO?


No entanto da mesma maneira como Adam Smith jamais teria ensinado o liberalismo crasso, como K Marx jamais teria ensinado o marxismo 'ortodoxo' ou comunismo - criado por Lênin - como Freud jamais teria ensinado o pan sexualismo ou freudismo concebido pelo profo Ed Claparéde... De Dióscuros e Severo sabemos jamais terem ensinado o monofisitismo (cf Patrologie Cayré e Fliché y V Martin - História de la Iglesia v X e XI). Quanto a Nestório, sabemos pelo 'Bazar de Heráclides', que jamais fora nestoriano, mas, perfeitamente Ortodoxo e vítima das intrigas de Cirilo.

Logo seria agostinho inocente face a ideologia que veio a receber seu nome i é o agostinianismo e seria o agostinianismo uma elaboração posterior, produzida por seus discípulos?


Tal o ponto de vista de H I Marrou em sua obra 'Agostinho e o agostinianismo' dentre tantos outros panfletários, empenhados em salvar o 'super padre' latino, custe o que custar...

Em que pesem as objeções de Lucidius, Goteschalk, Wicliff, Lutero, Calvino e especialmente de Jansenius; todos, profundos conhecedores da obra do Bispo de Hipona, não leigos e tampouco arrivista, como a igreja romana nos faz querer crer...

Noutras publicações teológicas de origem papista, tanto mais sinceras, damos com outra explicação - Segundo a qual o querido Agostinho teria avançado muito (E portanto concebido o sistema que lhe trás o nome) e sustentado certas opiniões que jamais seriam abraçadas pela Igreja romana como um todo (Tendo ela ficado no meio do caminho). É necessário explicitar que por outro lado, tais opiniões avançadas, jamais teriam sido condenadas como heréticas pela igreja romana e que sempre foram sustentadas fanaticamente por um núcleo de agostinianos fiéis, a exemplo dos Cardeais Norris e Berti.

No entanto apenas muito raramente topamos com alguma informação mais positiva a respeito destas suas doutrinas mais avançadas... a respeito das quais, exceto entre os agostinianos, se faz um piedoso silêncio...



AGOSTINHO E O LIMBO.


Em algumas obras damos com a doutrina da condenação das crianças não batizadas. Crianças que a teologia romana posterior lançou ao Limbo idealizado por S Pedro Crisólogo. É o limbo um local isento de dor ou sofrimento mas que não equivale a posse de Deus ou a unidade divina.

Tendo o bretão Pelágio sustentando que as crianças mortas sem o Batismo seriam salvas pela misericórdia de Deus, opos-se-lhe o Bispo de Hipona sustentando que as ditas crianças haveriam de ser condenadas ao fogo do inferno De pecc. mer. 1.16.21 (CSEL 60, 20 s); Sermo 294.3 (PL 38, 1337); Contra Iulianum5.11.44 (PL 44, 809). E quando o piedoso Bispo de Aeclanum propos-lhe algo semelhante ao Limbo declarou que o conceito de Limbo era igualmente filho do pelagianismo; e não só repetiu-o diversas vezes como obteve do sínodo de Cartago (418) o seguinte decreto (contra o limbo):

"Não existe qualquer lugar posto no meio ou alhures, onde vivam felizes os recém nascidos que morreram sem Batismo, que é necessário para entrar no Reino e obter a vida eterna." 

Uma coisa no entanto podemos dar por certa: Ao afirmar que as crianças não batizadas seriam necessariamente reprovadas Agostinho manteve-se dentro de uma linha de coerência.



OS ENSINAMENTOS DE AGOSTINHO


O que nos leva diretamente as demais doutrinas por ele formuladas e não recebidas - oficial ou formalmente - pela Igreja romana, assim:

1) A da imputação do pecado de Adão 

2) A da Massa damnata 

3) A da vontade salvífica restritiva; e enfim 

4) A da soberania absoluta da graça

As quais conduzem-nos necessariamente a perspectiva Luterano, calvínico jansenista.

A Igreja romana de fato durante toda idade Média esforçou-se por achar uma via media entre o Agostinianismo e o semi pelagianismo, antecipando o protestantismo revisionista e arquitetando diversas formas de pré arminianismo. Tal a perspectiva conciliatória de Trento... Que seguiu Agostinho até o meio do caminho. Agostinho no entanto foi muito mais além e por via de necessidade lógica chegou as mesmas conclusões que Wicliff, Lutero, Calvino e Jansenius mil anos antes deles.

Hoje estamos perfeitamente convencidos de que Agostinho foi um perfeito calvinista e estamos dispostos a demonstra-lo com o objetivo de alertar a Igreja Ortodoxa e a evitar que tome o mesmo caminho imprudentemente tomado pela Igreja latina. Admitidos os mesmos pressupostos não se pode deixar de chegar as mesmas conclusões inaceitáveis...

Negar que o Bispo de Hipona tenha chegado a semelhante conclusão, a respeito da condenação das criancinhas mortas sem Batismo é coisa que hoje praticamente ninguém faz. Em geral os mais sensíveis limitam-se a ocultar ou esconder este belo ensinamento com o intuito de poupar o Mestre ou padralhão. Nega-lo levianamente, ninguém mais nega.

Explicar porque Agostinho se fez apóstolo dos 'torturadores de crianças' é coisa que ninguém quer, pois implica chegar aos fundamentos e tais fundamentos encaminham necessariamente aquilo que a igreja romana afeta condenar: O calvinismo.

Agora como reter as causas sem chegar as consequências? E violar a razão...

Tal a miséria da Igreja romana e de seus arminianismos. Isto significa apenas falta de coragem para seguir o Bispo de Hipona escolasticamente até o fim ou para condenar como herética sua doutrina.

Toda confusão posterior e a própria afirmação do protestantismo teem seu ponto de partida nesta atitude tímida, indecisa, ambivalente, incoerente e covarde.

De fato não se pode admitir a doutrina do Limbo sem demolir o agostinianismo pela base. É algo que não se encaixa, que não se coaduna... um elemento espúrio.

Implicaria afirmar que as crianças não tem pecado e que a imputação ou transmissão do pecado é uma farsa.




AS CRIANÇAS MORTAS SEM BATISMO E A TRADIÇÃO GREGA


Nossos padres gregos já o sabiam e fácil é demonstra-lo citando nada mais nada menos do que a própria Enciclopédia Católica (Verbete LIMBO):"De acordo com Gregório - de Nazianzo - as crianças que morrem sem o Batismo não receberão a honra de ver a Deus, no entanto um estado intermediário ou neutro é perfeitamente admissível uma vez que não cometeram pecados pessoais e que por isso mesmo não podem ser punidas. Quanto ao Ocidente Tertuliano não dá tanta enfase ao Batismo infantil por crer que as crianças eram inocentes, enquanto Ambrósio explica que o pecado original é antes de tudo uma inclinação para o mal do que uma culpa em sentido estrito, o Ambrosiaster por fim declara que a 'segunda morte' e a condenação eterna não podem ser atribuídos ao pecado de Adão mas apenas aos pecados pessoais."

Convém acrescentar que S Gregório de Nissa, tendo escrito um opusculo sobre a sorte das crianças que morrem sem o Batismo fez a seguinte declaração: "Não há motivo para crer que as crianças haverão de ser espiritualmente punidas ou para crer que desfrutarão do mesmo status que os santos remidos."

S Anastácio Sinaíte é explicito em declarar que os infantes mortos sem o Batismo não podem ir para a Geena destinada aos ímpios, embora acrescente ser-lhe impossível declarar qual o destino delas. Perguntas e respostas 81


E quando os padres gregos declaram que as crianças não teriam acesso direto ao sagrado não o faziam por crer que tivessem herdado o pecado de Adão e sim por não terem tido tempo de exercitar a virtude ou de adquirir merecimentos em Jesus Cristo. A negação era a mesma mas os motivos diversos.


Seja como for o Oriente jamais admitiu que as crianças não batizadas fossem condenadas pelo pecado de outrem, no caso Adão, e enquanto uns deixavam a questão em aberto, apelando ao mistério ou a misericórdia de Deus, outros acabaram por formular a doutrina do Limbo, quiçá por ignorarem a possibilidade da reencarnação, ao menos para esta categoria de seres.

Os agostinianos é que por razões teológicas assumiram uma posição fechada, inda que não fossem acompanhados por sua igreja...

Esta a seu tempo, por ter recebido a doutrina do limbo, desconsiderou o sínodo de Cartago (418) e assumiu princípios pelagianos, ao menos segundo a ótica do agostinianismo estrito.



  1. Se Agostinho de Hipona ensinou a doutrina da Imputação ou trasmissão do pecado adâmico aos nascituros.

"Agostinho foi o PRIMEIRO a elucidar com clareza e precisão o caráter da CULPA inerente ao pecado de Adão TRANSMITIDO A TODOS OS HOMENS."Patrologia, ed Paulinas 436

Resta esclarecer porque modo ou via é o dito pecado transmitido.

Tendo adotado por conveniência o ponto de vista traducionista, segundo o qual os pais geravam a alma dos filhos ficava muito fácil para ele , Agostinho, demonstrar que todas as almas haviam sido contaminadas na fonte original, o mítico Adão, o nos ancestrais.

Infirmada a hipótese traducionista, pelo simples fato de jamais ter sido apoiada pela Igreja, fica o agostinianismo privado de um de seus principais argumentos, e cai por terra a doutrina da transmissão do pecado original ou da infecção. Agostinianismo sem traducionismo fica parecendo Saci ou mula sem cabeça... 


Por isso que os calvinistas tiveram de queimar as pestanas para imaginar uma nova e distinta forma de transmissão, que alias não fosse natural, assim a doutrina do pacto ou do contrato igualmente estranha as Escrituras canônicas. Eles creem em sucessivos pactos ou acordos jurídicos estabelecidos entre o Sagrado e a humanidade, sendo a Encarnação do Verbo ou melhor sua imolação cruenta sobre a cruz, apenas mais um deles...

Torne-mos porém a doutrina da transmissão dos pecados. Admitida a hipótese judaica ou tradicional da produção imediata ou mágica do espírito (ou alma) por Deus - O qual só pode criar coisas puras e boas - não há como suster a teoria da transmissão a menos que seja atribuída a matéria ou ao corpo físico, pelo que chegamos mais uma vez ao maniqueísmo. A alma boa e pura seria sepultada num corpo mau e sujo, contaminado pelo pecado rsrsrsrs E aqui ualquer semelhança com o neo platonismo fica sendo mais do que simples coincidência.

Do traducionismo chegamos a ideia de concupiscência, mil e uma vezes discutida, mas que para o Bispo de Hipona equivalia ao prazer sexual ou ao orgasmo que ele classificava como pecaminoso a exemplo de tantos outros padres antigos influenciados pelos delírios de Platão e, obviamente Manes ou seja, mais neo platonismo...

Fechando-se o ciclo o maniqueísmo... É esse pecado de Adão ou essa culpa relacionado com o corpo, a geração ou o prazer... Nem mais nem menos. Tal a visão do Africano, biologista e totalmente diversa da nova versão jurídica, produzida pelo jurista francês nos fornos da Genebra com o auxílio da querida Torá...



2 . Se Agostinho de Hipona inventou o conceito de 'Massa Damnata'?

As expressões 'Massa Damnata' e 'Massa perditionis' encontram-se na Civita Dei 21,12 e no Sermão XXVI 12 -13. 

ATÉ AQUI NÃO HÁ CONTROVÉRSIA.

3. Se Agostinho ensinou que a vontade salvífica de Deus era RESTRITA noutras palavras se DEUS DESEJOU SALVAR ALGUNS HOMENS APENAS AO INVÉS DE TODOS OS HOMENS.


Admitida a doutrina da Massa damnata, segundo a qual a humanidade como um todo estava perdida e separada de Deus. Sem ao menos poder conhece-lo, deseja-lo ou conseguir aproximar-se dele (Devendo portanto ser atraída por ele!). Resta-nos perguntar qual o posicionamento de Deus com relação a ela.

Pois havia quem admitindo um grau maior ou menor de alienação do gênero humano face a vontade de Deus, admitia igualmente que Deus aspirava salvar esse gênero humano como um todo e sem excluir uma única criatura racional; assim Orígenes, Dídimo, Gregório Iluminador, Gregório de Nissa, Basílio, Gregório de Nazianzo, Teodoro, Ambrosiaster, Rufino, Isaac, Paulo Erigena, etc Mesmo o latino Gregório Dialogos, reproduziu a narrativa de como o Imperador pagão Adriano fora removido da geena e perdoado devido as preces dos Cristãos e durante a Idade Média proliferaram narrativas de como a Virgem havia removido seus devotos das chamas eternas... O que evidencia a falsidade da doutrina de um inferno eterno...

Agostinho
no entanto, como latino e péssimo conhecedor do grego - já o dissemos - estava já enredado pela péssima opinião sobre as penas ou castigos eternos i é pelo infernismo, acreditando, consequentemente, que segundo a doutrina do Evangelho nem todos os homens haveriam de salvar-se. Para ele a salvação era restrita ou para alguns apenas. 

 
Logo não havia esperança para a 'massa damnata' como um todo mas apenas para parte dela.

Assim a conclusão a que chegou foi bastante simples: Se não era possível ao homem aproximar-se de Deus e abraçar a salvação, era a Deus que cabia  aproximar-se dele e salva-lo, sem que ele homem, tomasse parte nisto. Deus é que devia extrair uma parte da Massa Damnata...

Se nem todos os homens salvavam-se, constatou ele, era justamente porque DEUS NÃO DESEJAVA SALVAR A TODOS MAS APENAS A ALGUNS. A RESTRIÇÃO SALVÍFICA PARTIA DE DEUS!!!


Foi esta a derradeira constatação a que chegou o Bispo de Hipona após suas discussões com Vitalis de Cartago:
"Se nem todos são salvos é porque não se movem a salvação e se não se movem é porque deus não os move." isto poder ser lido na "Enciclopédia Católica' no íten semipelagismo


E no livro da "Correção e da graça" ensinou claramente o fatalismo, alardeando que "A perseverança final é dom da graça de deus e apenas aquele a quem ele concedeu tal favor haverá de perseverar até o fim.".

Assim ele mesmo destrói a sua doutrina sobre a oração da Igreja pela conversão uma vez que a oração da Igreja não pode alterar ou mudar os planos de deus e outorgar a graça a um não predestinado. Não é a oração do fiel devoto que impetra a graça ou a igreja que salva uma vez que isto pertence a vontade eterna de deus que tudo decidiu de antemão...

E ele torna a oração da igreja inutil... E assim o anúncio do Evangelho e a vida sacramental. Afinal ativar a predestinação eterna no tempo jamais equivale a causa-la. E para os não eleitos, todos os recursos postos pelo Evangelho: Anúncio, Igreja, sacramentos, preces, etc tudo é absolutamente estéril...

A Igreja já não pode salvar os infiéis ou retira-los do pecado e remove-los para a graça. Em certo sentido é a igreja limitada e impotente, enquanto mera associação dos que foram previamente salvos por Deus desde toda eternidade. É um clube de presdestinados, e são estes que aproximam-se dela.

Para tanto, o africano continua "Ninguém pode ser adicionado ou subtraído." de modo que sua teoria fatalista opõem-se ao ministério da igreja, restringe-o ou mutila-o. A simples ideia que a igreja tomou ao Evangelho, e que a leva a querer salvar os descrentes, é absurda - Se há predestinação a igreja não salva a quem quer que seja.


Tudo em seu sistema ímpio remete ao maktub dos infiéis com seu destino, aqui atribuído não a Alla ou ao destino mas a Excelsa Trindade.

Outra não é a opinião de seu porta voz mais fiel Fulgêncio de Ruspe:

"Deus não se manifestou para salvar todos os homens." 'Verit Praed' III, 14 - 15; 17 - 22


E se salvava a alguns apenas ou a um reduzido número de eleitos era apenas em função de sua generosidade e misericórdia. Id I

É a essa misericórdia limitada e mesquinha que Agostinho, Fulgêncio, Cesário e Próspero assim como todos os agostinianos e calvinistas, não cessavam de louvar... Afinal pela restrição ou condenação dos demais, afirmava Deus a sua justiça ou a sua ira; e por ai vão eles...

De fato saímos do Evangelho e tornamos a Torá onde o caprichoso javé proclama: Vou ser misericordioso para quem quiser e irredutível para quem quiser.. E não estamos longe do Corão com seu: Alla salva a quem quer e perde a quem quer...

E eliminamos por completo a noção preciosa de Pai ou paternidade...

O deus de Agostinho é apenas Pai do Filho Eterno e não mais Pai Nosso e se Pai Nosso apenas pai dos predestinados, não da humanidade... É esse deus, INCAPAZ de amar a todos, incapaz de acolher a todos, incapaz de aceitar e convocar a todos...

Implica saber se esse deus restringiu uma misericórdia - que deveria ser infinita - constrangido por algum fator externo ou se restringiu-a de 'motu proprio'

A luz de sua onipotência só podemos deduzir sua mesquinhez e portanto sua falsidade. É um proto tipo de deus limitado, concebido a imagem e semelhança do próprio homem, vingativo, colérico, rancoroso e iracundo como ele... E não um terno Pai de Amor ou foco de Bondade ilimitada...

Pois não há amor algum e perfeição alguma na restrição de seus dons. E se a reconciliação é fruto perfeito do amor só podemos concluir pela imperfeição do deus de Agostinho, um ente humano e demasiado humano...



3. Se Agostinho ensinou a doutrina da Soberania da Graça ou da predestinação dupla e positiva para a condenação?



Se a massa humana esta Damnata, 'perdita' ou condenada e Deus deseja salvar apenas alguns de seus elementos só nos resta empurrar esta sua vontade aos confins da eternidade e sacar a doutrina da predestinação.

Disto resulta que desde toda eternidade - ou mesmo antes que o mal se manifestasse neste mundo - desejou Deus salvar uns e repudiar/abandonar outros. E portanto que alguns foram escolhidos por Deus desde toda eternidade e outros não. Sem que o homem sequer tenha a chance de fazer qualquer coisa que possa alterar semelhante estado de coisas, pelo simples fato de ter podido exercer sua liberdade ou escolher. Pois a decisão foi tomada por Deus desde sempre ou por um certo 'Adão' no tempo. Este Adão escolheu por todos os seus filhos e isto foi feito segundo a vontade de Deus - A ESCOLHA DE UMA PESSOA PELA OUTRA E A PUNIÇÃO DE DIVERSAS PESSOAS PELA OPÇÃO LIVRE DE UMA SÓ!!!

E como em função da corrupção total engendrada pelo pecado não pode este homem conhecer a Deus e menos ainda desejar o Bem ou mover-se na direção dele, temos de concluir igualmente que é Deus mesmo, que por meio de um poder interno, soberano e irresistível atraí, converte e vivifica os que deseja salvar, isto é os eleitos ou privilegiados.

Pelo que a conversão fica sendo um ato mágico realizado exclusivamente por Deus, sem o concurso ou colaboração do homem. É a graça de Deus que tudo faz ou opera, tal a doutrina ÍMPIA do monergismo.

Deus atraí e vivifica aqueles que previamente escolheu desde toda eternidade. E deixa os demais elementos da Massa damnata entregues a sua própria sorte - os tormentos de fogo eterno! - sem ocupar-se deles ou como se sequer existissem.

Esta doutrina é de fato tão assustadora que parte dos escritores papistas tem tido escrúpulos em atribui-la a Agostinho pelo que tem fabricado uma porção de desculpas esfarrapadas. E deixam-na reservada ao pobre Calvino.


A não afirmação - por parte de Agostinho - da doutrina da graça irresistível e da predestinação para o mal seria a última e tênue barreira a separar os Mestres da África dos mestres da Suíça... Hipona de Noyon... os agostinianos dos calvinistas. De fato teria Aurélius Augustinus  - levado por algum tipo de pudor ou reserva - parado a beira do abismo ou sido piedosamente colhido pela mão da morte????

Há cerca de quatrocentos anos Jansenius descobriu que não. E alardeou que Agostinho havia de fato ensinado a doutrina da graça irresistível e da dupla predestinação, causando constrangimento e aflição entre os teólogos do Vaticano, empenhados em sua luta contra o calvinismo. Afinal como esmagar a Hidra calvinista se o querido Agostinho havia sido, ele mesmo, um calvinista ou melhor se o reformador genebrino fora seu fiel intérprete????

De fato Roma ficou em maus lençóis e os filhos de Jansenius por terem dado com a verdade oculta e indesejável tiveram de ser excomungados. De fato a igreja jansenista é a Igreja - episcopal ou católica por assim dizer - de Agostinho. A versão episcopal do calvinismo.


A partir de Jansenius nós mesmos nos pusemos a analisar as obras que Agostinho havia escrito sobre a graça, até que numa delas topamos com a expressão Graça a que não se pode resistir. (Irresistibilis gratia)

Já no livro da "Correção e da Graça" XXVIII pudemos localizar as fatídicas palavras: "Indeclinabiliter et insuperabiliter" 

Consideremos por fim que tanto ele quanto seu continuador Prudêncio e mesmo Isidor empregaram - como assinalou Gotteschalk - a expressão Gemina predestinatio 

Com efeito - por pura e simples questão de honestidade e prudência, - somos levados a indagar se mesmo empregando semelhante forma estava ele na posse do conceito teológico em questão, plena e conscientemente formulado. Pois há quem tendo as palavras diante de si, seja por uma solução negativa...

Partindo dos já assinaladas doutrinas a respeito
da condenação dos bebes, da transferência do pecado, da corrupção total, da massa Damnata e da vontade salvífica restrita, como deixar de concluir que a doutrina da graça irresistível correspondesse a última e necessária peça que faltava ao quebra cabeças encaixando-se perfeitamente nele??? Para nós ficou bastante claro que Agostinho tinha plena consciência sobre o significado do que escrevia e que sua amarga disputa com Juliano levara-o a formular um sistema completo.
Agostinho era agostiniano de fato e Fulgêncio, Cesário e Próspero limitaram-se a conservar e a divulgar fielmente seus ensinamentos. Eles não adicionaram nada e nada alteraram.