Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Artigo L) O sentido da rebelião protestante, uma seita para Agostinho.

É lei da natureza que por força de lógica o homem superior partindo das causas chegue as últimas consequências.

Eis porque ao canonizar a primeira metade ou parte do sistema agostiniano a Igreja Romana tornou-se responsável pelo advento e afirmação da Reforma protestante.

Desde que o semi agostinianismo foi assumido em Orange II (530) a igreja romana teve de lutar durante mil anos contra aqueles que a exemplo de Gotteschalk e Wicliff pretendiam deduzir até o fim e vindicar a integralidade do agostinianismo como sistema fechado e coerente.

O agostinianismo ortodoxo sempre esteve as portas da Igreja 'vigiando', desde que ela tomara a imprudente decisão de condenar o semi pelagianismo ancestral e de assumir alguns elementos tomados as obras do Bispo de Hipona.

Santificados alguns pressupostos do sistema é certo que mais cedo ou mais tarde haveria de ocorrer uma irrupção agostinianista. Dedicada a resgatar a plenitude das ideias concebidas pelo Doutor Africano.

Desde que a Igreja romana exitará assumir a totalidade do sistema agostiniano - identificado pelos agostinianos como a quintessencia da soteriologia Cristã - não podia deixar de ser encarada pelos mesmos agostinianos como corruptora da fé. Durante cerca de mil anos desenvolveu-se e foi sendo gestada no imaginário dos agostinianos ortodoxos a tese segundo a qual a igreja jamais fora cem por cento fiel quanto a doutrina da graça e que em parte apostatara dela e desamparara Agostinho.

Efetivamente os agostinianos fiéis não podiam ver com bons olhos certos aspectos assumidos pela teologia romana medieval, assim o limbo das crianças... Assim a identificação da predestinação com a presciência e a consideração do mérito... Assim a hipótese de uma reativação geral da graça por conta da Encarnação do Senhor... Assim a ideia de que todos os homens eram chamados a unidade de Jesus Cristo... Para eles cada uma destas teorias cheirava a pelagianismo e a traição.

E não podiam deixar de evocar os testemunhos de Fulgêncio, Isidor e Prudêncio contra as inovações suspeitas de Himcmar ou Aquino. 


Desde 529 e 860 esteve a igreja romana cindida em duas correntes rivais: Uma decidida a aproximar-se ao máximo de Agostinho e seu sistema, até nutrir sérias dúvidas a respeito da capacidade da razão e da especulação teológicas e outra destinada a afastar-se ao máximo dele e a conciliar-se o quanto possível fosse com Juliano ou mesmo com Celestius e Pelágio no sentido da teologia especulativa grega.

Lamentavelmente os advogados de Agostinho - como Bernardo, Pedro Damianos, Scottus, Hallesius e Wicliff - destacaram-se pelo cultivo da virtude a ponto de atrair a simpatia das multidões. Basta dizer que após Agostinho latino algum adquiriu um status semelhante ao de Bernardo e que Bernardo utilizou-se dele com o objetivo de danificar não a Abelardo mas certamente o que ele significava: A afirmação da odiada teologia especulativa que os africanos, desde Tertuliano encaravam como uma espécie de semi gnosticismo.

Finalmente por volta do século XIV e XV em que pese a aparição de Wicliff de modo geral - ao menos na França e na Itália - a balança parecia pender para o lado do semi pelagianismo, do que resultou o Renascimento humanista e o antropocentrismo. Dir-se-ia, que a exceção do Norte, a Cristandade como um todo estava disposta a assumir até o fim a ideia de uma liberdade natural...

Foi quando entre os agostinianos do Norte ergueu-se um monge assaz habilidoso com o objetivo de vindicar o legado de Agostinho. O nome deste monge era Martinho Lutero e seu argumento mais persuasivo era atribuir as ideias de Agostinho ao Apóstolo Paulo e, consequentemente a Jesus Cristo. Afinal até hoje a maior parte dos Cristãos só se recorda de Paulo ter se apresentado como o 'alter Christus', jamais de Paulo ter advertido repetidamente: Digo eu não o Senhor... é opinião minha não mandamento do Senhor...

Diante disto a estratégia foi bastante bem sucedida e a conexão: Paulo, Agostinho, Wicliff e Lutero ou Calvino admitida por certa parte da Cristandade.

Adicionamos o nome de Wicliff porque Lutero enquanto leitor e admirador do presbítero inglês admitiu-lhe os pressupostos - ainda mais radicais que o de Agostinho - em torno do livre arbítrio. Basta dizer que Agostinho teve de admitir com a Igreja Antiga que ao menos nos eleitos ou predestinados era o livre arbítrio reativado pela graça para cooperar com ela (o que é igualmente admitido por Calvino). 

Wicliff e Lutero no entanto, a semelhança dos maniqueus e ulemás muçulmanos, declararam que o livre arbítrio era apanágio exclusivo de deus e que o homem jamais seria verdadeiramente livre mas sempre escravo de deus ou do diabo conforme fosse eleito ou réprobo. Grosso modo eram deus ou o diabo quem realizavam as boas obras ou os pecados dos eleitos ou dos réprobos respectivamente. O homem fosse salvo ou condenado jamais fazia qualquer coisa e ficava sempre sendo montadura de deus ou do capeta.

Para Lutero como para Wicliff o homem não passava dum boneco ou duma marionete nas mãos de deus ou do demônio, mesmo após sua conversão ou adesão a Jesus Cristo e o tal do livre arbítrio jamais era reativado ou restabelecido pela graça. Tudo era governado pela vontade de deus que fazia as vezes do antigo destino. O homem era sempre escravo de algum pode superior a si, fosse este bom ou mau; é o que registrou Lutero repetidas vezes na obra "O arbítrio escravo". 

Foi assim que o Agostinianismo ressurgiu com uma feição ainda mais virulenta sob os auspícios do monge teutônico. Posteriormente foi o sistema restabelecido com mais felicidade (i é fidelidade) pelo reformador francês João Calvino patriarca dos neo predestinacionistas. Com Calvino admitiram os neo predestinacionistas que deus desde toda eternidade predestinou parte dos seres humanos ao pecado e a condenação eterna ficando o edifício ímpio arrematado.

E não podemos deixar de compreender o protestantismo como um revanche ou reafirmação do agostianianismo. Ao menos a princípio foi isto e tal foi o ponto de partida da seita.

No entanto, por terem os reformadores canonizado com exclusividade a autoridade do Livro, nem todos os discípulos permaneceram fiéis a doutrina do gracismo e disto resultou como veremos o renascimento acintoso das disputas em torno da livre vontade e da graça, desta vez centradas nas letras sagradas.








domingo, 29 de maio de 2016

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo IX> Divisões a respeito da Santíssima Virgem Maria > Sub capitulo 02 - Atacam Maria, atingem Jesus

AS RAÍZES DA DESUNIÃO ou fontes da discórdia


Sem embargo da concordância existente entre os principais reformadores protestantes em torno de tais dogmas; lobrigava já a discórdia desde o princípio entre os filhos do livre examinismo.

Evidentemente que a dissenção teve de partir dos anabatistas os quais, dentre todos os estudantes da Bíblia, eram os mais ineptos e despreparados...

Assim, quanto a maternidade divina da Virgem, o primeiro primeiro Ocidental blasfemo que ousou lançar dúvidas a respeito dela foi o alemão Kaspar Schwenckfeld, o qual, iniciado por Lutero nos arcanos do Biblismo, não tardou a revindicar para si mesmo o mérito de ter dado com a verdade até então oculta aos olhos de todos os mortais, inclusive os de seu querido mestre...

Assim sendo, no ano de 1541, nosso homem publicou a "Confissão da Glória de Cristo."  obra em que ressuscitava todas frioleiras Eutiques e Juliano, asseverando ter sido a humanidade de Cristo gradualmente absorvida por sua divindade... Esta doutrina era já conhecida pelos padres do sexto século sob a alcunha de aftardocetismo... ou Monofisitismo.

Dentre os ouvintes de Schwenckfeld destacou-se Melchior Hoffmann, homem de imaginação fértil que acreditava papear diariamente com o próprio deus. 



Hoffmann como todos os fautores de novidades profanas, acreditou estar fazendo grande coisa ao desenvolver a opinião blasfema de seu colega e certificar que Jesus Cristo jamais fora gerado na carne de Maria ou na nossa natureza humana e verdadeira, sendo equipado com uma carne celestial e aparente. 



Consequentemente Maria Santíssima estava já despojada de seu supremo apanágio: A Geração da carne de Deus, e por um motivo bastante simples > O Deus dos Cristãos é que fora despojado do complemento de sua humana natureza e mais uma vez reduzido a condição de espectro ou fantasma. Pelo que a Virgem Maria jamais poderia ter gerado a carne de um Cristo isento de carne ou feito apenas de luz.


E aqui estamos já em pleno terreno do docetismo, teoria ímpia e blasfema segundo a qual Jesus Cristo jamais poderia ter se encarnado ou assumido verdadeiramente a matéria pelo simples fato de ser ela essencialmente má e indigna (maniqueismo)... Do que resultava ser sua Encarnação falsa ou aparente. Jesus apenas fingia ter um corpo de carne ou encenava com o objetivo de iludir-nos. Era assim mais ator do que educador dos mortais... Mais ilusionista e prestidigitador do que médico dos homens. 

O Jesus doceta jamais se encarna e jamais se faz homem, não possui realidade externa ou física, não assume a natureza ou condição humana. 


Esta 'bela doutrina' fora inventada ainda no século I por um certo Dociteus e zelosamente combatida antes de tudo pelo próprio apóstolo João, o teóforo:

"Assim os sedutores perversos tem se manifestado no mundo. Os quais não admitem que Jesus Cristo se tenha manifestado na Carne. Tal o enganador e anti Cristo. II João 7

E em seguida por Inácio Mártir, cujas palavras reproduzimos igualmente:

"Eles falam em nome de Cristo mas não o anunciam, antes repudiam-no. Eles duvidam de seu nascimento, envergonham-se da cruz, negam sua paixão e morte e não creem na sua ressurreição." in ad Trall VI



Tal a opinião de M Hoffmann o qual legou suas tradições Menno Simons, Joris, Denck e outros... Assim se o anabatismo é anti mariano devemos compreender que seu anti marianismo é efeito do docetismo e portanto de um posicionamento equivocado com relação a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

A Virgem Maria não deixou de ser Mãe de Deus para eles porque o conceito de Mãe de Deus fosse blasfemo, absurdo, sacrílego, pagão, politeísta ou qualquer outra coisa. Nada disto. Os primeiros críticos desta doutrina jamais analisaram o conceito da maternidade divina em si mesmo. Concluíram contra a maternidade divina a partir da premissa Cristológica segundo a qual Cristo não se havia Encarnado de fato ou assumido verdadeiramente a natureza humana. A Virgem não podia ser mãe de Deus porque Jesus Cristo não era verdadeiro homem!!!

A partir daí: Da heresia docetista foram de consequência em consequência até a negação de sua virgindade perpétua e o anti marianismo rancoroso. Afina, ao contrário de seus sucessores, repudiavam qualquer ligação ontológica entre Jesus e Maria, eram blasfemadores mas não idiotas ou inconsequentes e sua linha de raciocínio era absolutamente lógica ou coerente.

Repudiando a existência de qualquer vínculo existente entre Maria Santíssima e Jesus Cristo, os anabatistas não puderam deixar de vir a concebe-la como um ente vulgar, uma mulher comum ou uma pecadora ordinária. Afinal Jesus e Maria jamais se encontram...

Totalmente oposta e igualmente coerente ou lógica é a perspectiva de Zwinglio, o qual, partindo do dogma da Encarnação e admitindo a existência de uma vínculo real entre o Senhor Jesus Cristo e a Virgem Maria não podia deixar de concluir que:

"O mais santo dos homens só poderia ter sido gerado pela mais santa das mulheres."

A grande tragédia do anabatismo e do protestantismo posterior foi associar a Cristologia Ortodoxa ou tradicional - Em torno da realidade da Encarnação enquanto vínculo existente entre Jesus Maria - e o anti marianismo decorrente da Cristologia doceta, essencialmente herética e anti encarnacionista. Resultando daí um híbrido disforme e monstruoso...



Repudiou o protestantismo subsequente - Cada vez mais irracionalista - as premissas: Cristo não encarnou-se de fato, logo não teve mãe... para manter com as consequências: Maria não passa duma criatura ordinária... O que é absurdamente monstruoso. 

Assim para os batistas demais protestantes de hoje essa Virgem é verdadeira mãe de Jesus - E como tal responsável por ter fornecido a natureza divina o complemento de sua carne - sem no entanto deixar de ser uma mulher comum ou defeituosa! Agora como isto é possível se é o Deus Santo, Bom, Sábio e Perfeito que a toma por mãe ou a escolhe?

(Eis a pergunta que pastor protestante algum jamais poderá responder-nos satisfatoriamente sem admitir que o Deus Perfeito ame a imperfeição ou que o Deus Santo tolere a maldade...)



É perfeitamente possível porque o anabatismo após ter abandonado o docetismo ancestral saltou de olhos vendados noutra churrasqueira, a churrasqueira do Nestorianismo, fazendo reviver outro erro não menos abominável concernente - Mais uma vez - a pessoa da Jesus Cristo. O qual ainda aqui é miseravelmente abatido, sacrificado e desintegrado para que Maria seja atingida e tenha suas prerrogativas negadas...

Jamais haverei de esquecer-me quanto a um fato sucedido durante minha juventude enquanto participava de uma polêmica com os protestantes ( E eu era um recém convertido ao papismo). Naquela ocasião pude ouvir um pastor bastante idoso e experimentado (conhecedor de grego inclusive) dizer a outro pastor bem mais jovem: Jamais aborde esse tema da maternidade divina de Maria, fuja dele como o Diabo da Cruz porque te conduzira a uma tempestade Cristológica...



Tais palavras não puderam deixar de chamar-me a atenção mas, aquele tempo eu ainda não era capaz de compreender a profundeza de seu significado.

Hoje no entanto, passados cerca de vinte anos, sou perfeitamente capaz de aquilata-lo e por isso mesmo de aplaudir de pé a coerência dos Catolicismos. Afinal de contas a questão Marial ou Mariana nada é, em última analise, do que epifenômeno da questão Cristológica tocando não a Virgem Maria ou somente a ela - Como julgam aos ovelhinhas analfabetas do Rinaldi - mas antes de tudo pessoa do próprio Mestre Jesus Cristo!!! 

Eis porque uma Cristologia saudável, que honorifique ao máximo nosso abençoado Salvador e Mestre, encaminhar-nos-a necessariamente a uma mariologia saudável ou nos exporá ao ridículo.

Não é a compreensão dos protestantes sobre a pessoa de Maria que capenga mas a ideia que os protestantes tem do próprio Jesus e os empréstimos que fazem ora a Dociteu ou aos sucessores de Nestor... Ali negando pura e simplesmente a realidade da Encarnação e aqui dividindo o único Jesus Cristo em dois seres, entidades ou pessoas separadas...

Resta dizer que com seu lema de retorno a Bíblia, de repúdio a tradição da Igreja, de menosprezo para com os antigos padres, não possuem uma Cristologia elaborada, saudável e honrosa para com o Senhor Jesus Cristo. Triste observar como essas criaturas rústicas malbarataram um esforço filosófico e conceitual formulado ao cabo de três longos séculos pelos elementos mais hábeis e destacados da comunidade Cristã. E do qual resultou a possibilidade exprimir com exatidão, clareza e sobretudo piedade, o mistério central de nossa fé face a tantos quantos solicitarem  seus fundamentos racionais.

Afinal tudo quanto contém a Escritura canônica do Novo Testamento são os fundamentos mais remotos desta esperança, expressos de maneira diversificada e imprecisa. Foi a reflexão em torno destes elementos rústicos e imprecisos a luz do aparelho conceitual fornecido pela Filosofia grega que possibilitou a Cristandade manifestar esta fé ou esperança com a mais absoluta acuidade e precisão. Evidenciando que a ideia de um Deus Encarnado ou feito homem nada tem de extravagante ou absurda, como querem os judeus, muçulmanos e unitários.

Lamentavelmente, por uma questão de inabilidade e ódio a igreja antiga, os protestantes não só puseram-se a demolir este edifício, que é a glória da Cristandade, como chegaram ao ponto de restabelecer as Cristologias capengas e malsanas criticadas não apenas pelos Padres antigos mas pelos próprios apóstolos na Escritura que alegam amar. 

sexta-feira, 27 de maio de 2016

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da presença real do Senhor da Eucaristia: Sub Capitulo VIII - O impacto da rebelião luterana

Foi quando apareceu em cena o esposo de Dna Catarina von Bora... fr Martinho Lutero de Eisleben.

Não que ele mesmo tivesse suscitado qualquer questão em torno de tão certa e segura doutrina. Pois aqui conformou-se definitivamente com a tradição e sempre acreditou como qualquer ortodoxo ou papista. Conservando imaculadamente a fé Católica, e isto a ponto de seus próprios continuadores classificarem-no como um monge ou troglodita... Nada mas fácil do que espezinhar leão morto!!! Mas ah se Lutero fosse vivo!!! Com que carinhosos epítetos não brindaria seus 'filhos' assembleianos ou adventistas!

No entanto foi ele que destravou as portas da igreja... ou que 'abriu' as porteiras da doutrina as cogitações individuais pelo simples fato de questionar a autoridade divina e negar a tradição.

Oferecendo a seus ouvintes e continuadores - ANABATISTAS, UNITÁRIOS E ZWINGLIANOS - o 'modus operandi' porque haveriam de justificar muito comodamente suas teorias e opiniões profanas.

Referi-mo-nos obviamente ao 'Sola Scriptura' e ao LIVRE EXAME i é a doutrina segundo a qual todo e qualquer Cristão tem o dever de questionar a pregação da Igreja Histórica e de extrair sua fé diretamente do livro, compreendido de modo geral como uma transposição - humana e falível - para o vernáculo do original inspirado e divino.

Foi da Bíblia ou melhor de suas traduções humanas e falíveis que indivíduos prevenidos contra a Igreja antiga extraíram todas as opiniões exóticas que viriam e vieram a DEBILITAR a fé Cristã e preparar os caminhos da incredulidade, do ateismo, do judaísmo e acima de tudo do islã... 

O primeiro passo para o obscurecimento e eclipse da fé entre os europeus foi a confusão doutrinária produzida pelo livre examinismo e o Biblismo afirmados por Lutero em Worms! Urgia baralhar a pregação de modo a torna-la incompreensível. Foi o que Lutero fez e com maestria.

Principiou nosso agostiniano emitindo algumas dúvidas, meio inocentes, a respeito das indulgências papais, passando logo ao terreno da salvação, da fé e das obras, até chegar aos confins da tradição - cujo testemunho desamparava-o - e da igreja, cuja autoridade desamparava-o.

Arrastado por uma polêmica nem sempre honesta e serena, acuado por Eckius, pego de improviso e enrolando-se cada vez mais não restou ao 'profeta saxão' outra alternativa ou recurso que encastelar-se na tal 'suficiência das escrituras' e no exame particular contra as pretensões do Vaticano. 

Isto sem sequer perceber que a longo prazo laborava contra sua própria autoridade e sabotava a fé ancestral, por ter elaborado e assumido a um princípio corrosivo. E corrosivo porque individual, subjetivo, caprichoso e arbitrário... Por meio do qual a Verdade eterna e a divina Revelação foi substituída pelo conceito de Interpretação...

A tragédia aqui foi que após o Papa, os cardeais, os Bispos, os clérigos, os monges e até mesmo o Concílio Geral terem sido denunciados - como corruptores - pelo filho de Dna Margarida todo e qualquer homem deveria acautelar-se de apresentar a si mesmo como mestre ou líder autorizado da Cristandade... Sobrepondo suas opiniões ou interpretações ao foro do juízo individual.

Assim sendo, quando o próprio - esquecendo de tudo quando havia dito e escrito pouco antes - Lutero ousou faze-lo (Revindicando submissão a sua doutrina e chamando os demais livre examinadores a uniformidade luterana) foi tratado pelos dissidentes ou sectários da mesma maneira como tratara o Papa romano e seus auxiliares ou seja com um adversário da liberdade cristã, usurpador, tirano, déspota, anti cristo, sedutor, hipócrita e falso profeta. 


Isto pelo simples fato de não querer avançar com a dita reforma - que segundo a opinião de muitos era insuficiente - e demolir a uma só vez todos os artigos do credo Católico: Da divindade de Cristo ao Domingo... Por não ter abatido por completo e posto a rés de chão todo edifício da fé Ortodoxa, passou Lutero a ser encarado como inconsequente e leviado pela maior  parte de seus herdeiros espirituais. 

Quando a situação chegou a este ponto anabatistas, zwinglianos unitários declararam a uma só voz estar em posse tanto de exemplares da Bíblia - ou melhor traduções dela - quanto de juízo suficiente para compreende-la. Descartando a mediação, a autoridade ou o auxílio do 'grande reformador'...

Espalhados tantos exemplares da Bíblia entre a parte letrada do povo, tornou-se o 'gigantesco' e 'colossal' M Lutero desnecessário, inútil ou mesmo ameaçador face as pretensões do marceneiro, do sapateiro, do padeiro, do pedreiro, do cavaleiro, etc elevado a condição de Bispo particular ou de 'estudante da Bíblia'.

Pois se ao colossal e divino, e predestinado Lutero parecia haver algumas coisas boas no Catolicismo no no Cristianismo ante reformado, para seus sucessores e continuadores o Catolicismo era pagão e diabólico dos pés a cabeça e o Cristianismo alguma outra coisa, ainda em parte 'ignorada' e desconhecida (!!!). Era Lutero um profeta 'meio católico' ou 'meio pagão' a que estranhamente, o deus protestante, iluminará apenas em parte, deixando-o em parte nas trevas do erro e nas garras do paganismo!

Tal a miséria suprema e eterna da pregação protestante; segundo a qual a verdade é restituída homeopaticamente ou a conta gotas, de modo a amancebar-se provisoriamente com o erro e de conviver perfeitamente com ele... Até que surja outro iluminado e continue a demolição.


Nem podia deixar de ser assim...

Afinal no momento mesmo em que Lutero ganha seu minuto de fama, glória e imortalidade por ter resistido corajosamente ao Imperador e ao Papa em Worms cada indivíduo sente-se estimulado a tomar um exemplar da mesma Bíblia e a dar sua contribuição, arvorando-se em reformador ou árbitro da doutrina Cristã e fazendo avançar esta eterna reforma que jamais chega ao fim. Pelo que surgiu na Europa um número impressionante deles. Ficando pulverizada a divina Revelação.

Por via dessa reforma jamais acaba nada sobre a face da terra será mais instável do que a fé Cristã!!! Nada mais instável, confuso e vulnerável as justas críticas postas pela razão!

Na medida em que cada individuo publica ou edita uma versão distinta da fé ou um tipo diferente de Cristianismo a Unidade e a Verdade estão mortas e enterradas como relíquias de Eras passadas. E fechou-se a porta para o acordo e o entendimento.


Se Lutero ao menos por um instante acreditou ingenuamente que seria capaz de comandar toda essa imensa hoste ou turba de leitores da Bíblia não tardou a perceber que as forças que suscitara e retirara do abismo eram incontroláveis e que sequer podia cogitar a respeito dos rumos que haveriam de tomar.


Na medida em que impossibilitava a afirmação de qualquer tipo de autoridade comum, externa a Bíblia, e consequentemente aos indivíduos. 

Mesmo sem vir a percebe-lo Lutero libertará o individuo e demolirá a comunidade da fé e abatera a verdade até os fundamentos. Tornando-se responsável por obscurecer o conceito de divina Revelação, mantido ciosamente pelo próprio islamismo. Aqui, como já dissemos o conceito de Revelação cede passo ao conceito puramente humano e subjetivo de interpretação... Nada de concreto nos é dado ou oferecido pelo Cristo e entregue pela igreja em termos de doutrina e verdade. Cabendo a cada fiel produzir as suas!

Desde então tudo era possível e todas as doutrinas ulteriores e futuras estavam potencialmente contidas na decisão que tomou. De arvorar um livro como autoridade suprema no âmbito da fé... Quando este livro, e consequentemente a Verdade, a doutrina, a revelação e o Cristianismo tornam-se objeto de juízo por parte do individuo e da razão. A qual em tese todos tem acesso...

Fez-se Lutero tão inútil, como fizera inúteis os Bispos, Padres, clérigos, monges, doutores, pastores, líderes eclesiásticos, etc ao admitir que o simples examinador da Bíblia é autoridade suprema em matéria de fé. Criou igrejas individuais, doutrinas individuais, credos individuais, 'cristianismos' a mancheia e demoliu o padrão divino da autoridade. Convertendo o protestantismo futuro ( a que chamamos histórico) - enquanto eterno retorno ao Catolicismo - numa perpétua mentira!

Emitindo teoria sobre a falibilidade parcial - ou 'meia' apostasia - da Igreja histórica, Lutero facultou aos demais a possibilidade de ampliarem ao máximo o alcance desta falibilidade e de porem em dúvida todos os artigos de fé historicamente afirmados pela Cristandade, assim o batismo infantil, a presença real, a divindade do Senhor, o número dos Sacramentos, a comunhão dos Santos, etc, etc, etc

Nem podia Lutero atalha-los. Pois se a Igreja antiga fundada pelo divino Mestre errará como poderia ele Lutero achar-se completamente a salvo do erro??? Como por em duvida a igreja tiga sem estender a mesma dúvida a nova? Como descrer do romanismo sem descrer igualmente do protestantismo ou do luteranismo? Por que acreditar que o monge alemão era superior ao clero italiano ou latino? Se a igreja anterior fracassará como crer ingenuamente que sua sucessora seria incorruptível? Portanto a dúvida e o ceticismo já ali estavam no berço mesmo do protestantismo a envenena-lo por completo!

E ele não passou de um acordo provisório ou de uma transição da fé ancestral e Católica para a incredulidade moderna. Protestantismo foi solução de compromisso entre a crença e a descrença desde o princípio e jamais deixou de ser encarado pelos sábios mais atilados como curso de introdução ao ateísmo, ao materialismo e a indiferença.

Pois a busca da Unidade e da Verdade através da Bíblia e do engenho humano produz apenas frustração e desengano. Biblismo e livre exame jamais superam a fragmentação, sinal evidente do erro, e o protestantismo jamais satisfaz os apelos da mesma razão, a qual demanda por critério que conduza-a a estabilidade. Evidentemente que estamos falando de 'autoridade' e de tradição enquanto veículos que nos auxiliam a apreender o sentido dos Santos Evangelhos.

Se a Igreja de Cristo equivocou-se como poderia uma reformação encetada e dirigida por homens estar a salvo do erro e do engano, ou imunizada enfim??? 


Se a igreja Católica que remonta aos apóstolos corrompeu-se tão miseravelmente como supor que a sorte do protestantismo fosse diversa?

Em que os profetas alemães do século XVI seriam superiores ao divino Mestre ou a seus apóstolos? 

Portanto se o Mestre e os abençoados apóstolos nada construíram de definitivo ou de perene...

Deveríamos nos contentar em saltar de corrupção em corrupção??? E de nos contentar com meias verdades provisórias???


Não, não há como fugir a esta amarga verdade: Toda dinâmica da reforma protestante, envenenada pelo ceticismo, conduz fatalmente a perda da fé, a apostasia, a angústia e a desolação. Pois priva a pobre humanidade do único aceno com que a divindade ousou agracia-la no curso da História, a saber, da posse de uma Revelação incorruptível, infalivelmente transmitida e consequentemente da posse da Verdade eterna!

E o que resta após isto e apenas busca inútil, interpretação, opinião, conjectura, teoria, achismo, etc

Criticamente falando não podia a Sociedade dar por certa a falsidade das doutrinas tradicionais em torno do Batismo, da Eucaristia, da divindade de Cristo, dos Sacramentos, etc sem concluir pela falsidade do Evangelho, do nascimento virginal, da ressurreição, etc E mergulhar de cabeça e corpo inteiro no pântano da incredulidade...


Nem podia tecer dúvidas a respeito da igreja, custodiaria da Escritura, sem acabar concebendo dúvidas a respeito da própria Escritura. 

E o próprio protestantismo, foi por este caminho, tornando-se liberal até repudiar a doutrina da inspiração... digo do EVANGELHO. Logo ele que fazia tantas galas sobre a falsa doutrina da inspiração plenária ou linear, e elaborou um falso Corão 'cristão'. Chegou aos extremos de pelo liberalismo repudiar a divindade das palavra de Jesus Cristo e por sua 'ortodoxia' vã a misturar a palavra de Jesus Cristo com as palavras de outros tantos escritores até perder sua especificidade e excelência. 

É sintomático que o protestantismo raramente assuma posicionamentos equilibrados. Pois se alguns de seus adeptos repudiam formalmente a autoridade dos Santos Evangelhos ou das palavras de Cristo, a maior parte deles ainda encontra-se presa a ideia de uma Bíblia unitária de gênesis a apocalipse, do que resulta a voz de Cristo perder-se em meio as outras vozes...

É e sempre será uma religião de extremos e de extremistas. De liberais incrédulos e de fanáticos judaizantes, e raramente sai disto sem sair de si e atingir a verdade divina do Catolicismo. 

Um destes degraus que conduziram o mundo ao abismo da negação foi o anabatismo, outro o zwinglianismo, outro o unitarismo, outro o iconoclasmo, outro o sabatismo e assim sucessivamente.