FOI AGOSTINIANO AGOSTINHO?
No entanto da mesma maneira como
Adam Smith jamais teria ensinado o liberalismo crasso, como
K Marx jamais teria ensinado o marxismo 'ortodoxo' ou comunismo - criado por
Lênin - como
Freud jamais teria ensinado o pan sexualismo ou freudismo concebido pelo profo
Ed Claparéde... De Dióscuros e Severo sabemos jamais terem ensinado o monofisitismo (cf
Patrologie Cayré e Fliché y V Martin -
História de la Iglesia v X e XI). Quanto a Nestório, sabemos pelo '
Bazar de Heráclides', que jamais fora nestoriano, mas, perfeitamente Ortodoxo e vítima das intrigas de Cirilo.
Logo seria agostinho inocente face a ideologia que veio a receber seu nome i é o agostinianismo e seria o agostinianismo uma elaboração posterior, produzida por seus discípulos?
Tal o ponto de vista de
H I Marrou em sua obra '
Agostinho e o agostinianismo' dentre tantos outros panfletários, empenhados em salvar o 'super padre' latino, custe o que custar...
Em que pesem as objeções de
Lucidius, Goteschalk, Wicliff, Lutero, Calvino e especialmente de
Jansenius; todos,
profundos conhecedores da obra do Bispo de Hipona, não leigos e tampouco arrivista, como a igreja romana nos faz querer crer...
Noutras publicações teológicas de origem papista, tanto mais sinceras, damos com outra explicação - Segundo a qual o querido
Agostinho teria
avançado muito (E portanto concebido o sistema que lhe trás o nome)
e
sustentado certas opiniões que jamais seriam abraçadas pela Igreja romana
como um todo (Tendo ela ficado no meio do caminho). É necessário
explicitar que por outro lado, tais opiniões avançadas,
jamais teriam sido condenadas como
heréticas pela igreja romana e que sempre foram sustentadas
fanaticamente por um núcleo de agostinianos fiéis, a exemplo dos Cardeais Norris e Berti.
No entanto apenas muito raramente topamos com alguma informação mais positiva a respeito destas suas doutrinas mais avançadas... a respeito das quais, exceto entre os agostinianos, se faz um piedoso silêncio...
AGOSTINHO E O LIMBO.
Em
algumas obras damos com a doutrina
da condenação das crianças não
batizadas. Crianças que a teologia romana posterior lançou ao Limbo idealizado por
S Pedro Crisólogo. É o limbo um local isento de dor ou sofrimento mas que não equivale a posse de Deus ou a unidade divina.
Tendo o bretão
Pelágio sustentando que as crianças mortas sem o Batismo seriam salvas pela misericórdia de Deus, opos-se-lhe o Bispo de
Hipona sustentando que as ditas crianças haveriam de ser condenadas ao fogo do inferno De pecc. mer. 1.16.21 (CSEL 60, 20 s);
Sermo 294.3 (
PL 38, 1337);
Contra Iulianum5.11.44 (
PL 44,
809). E quando o piedoso Bispo de Aeclanum
propos-lhe algo semelhante
ao Limbo declarou que o conceito de Limbo era igualmente filho do
pelagianismo; e não só repetiu-o diversas vezes como obteve do sínodo de
Cartago (418) o seguinte decreto (contra o limbo):
"Não
existe qualquer lugar posto no meio ou alhures, onde vivam felizes os
recém nascidos que morreram sem Batismo, que é necessário para entrar no
Reino e obter a vida eterna."
Uma coisa no entanto podemos dar por certa: Ao afirmar que as crianças não batizadas seriam necessariamente reprovadas
Agostinho manteve-se dentro de uma linha de coerência.
OS ENSINAMENTOS DE AGOSTINHO
O que nos leva diretamente as demais doutrinas por ele formuladas e não recebidas - oficial ou formalmente - pela Igreja romana, assim:
1) A da imputação do pecado de Adão
2) A da Massa damnata
3) A da vontade salvífica restritiva; e enfim
4) A da soberania absoluta da graça
As quais conduzem-nos necessariamente a perspectiva Luterano, calvínico jansenista.
A
Igreja romana de fato durante toda idade Média
esforçou-se por achar
uma via media entre o Agostinianismo e o semi pelagianismo, antecipando o protestantismo revisionista e arquitetando
diversas formas de pré arminianismo. Tal a perspectiva conciliatória de Trento... Que seguiu
Agostinho até o meio do caminho.
Agostinho no entanto foi muito mais além e por via de necessidade lógica
chegou as mesmas conclusões que Wicliff, Lutero, Calvino e Jansenius mil anos antes deles.
Hoje estamos perfeitamente convencidos de que Agostinho foi
um perfeito calvinista e estamos dispostos a demonstra-lo com o objetivo de
alertar
a Igreja Ortodoxa e a evitar que tome o mesmo caminho imprudentemente
tomado pela Igreja latina.
Admitidos os mesmos pressupostos não se pode
deixar de chegar as mesmas conclusões inaceitáveis...
Negar
que o Bispo de Hipona tenha chegado a semelhante conclusão, a respeito da condenação
das criancinhas mortas sem Batismo é coisa que hoje praticamente ninguém faz.
Em geral os mais sensíveis limitam-se
a ocultar ou esconder este belo
ensinamento com o intuito de poupar o Mestre ou padralhão. Nega-lo levianamente, ninguém mais nega.
Explicar porque
Agostinho se
fez apóstolo dos 'torturadores de crianças' é coisa que ninguém quer,
pois implica chegar aos fundamentos e tais fundamentos encaminham
necessariamente aquilo que a igreja romana afeta condenar:
O calvinismo.
Agora como reter as causas sem chegar as consequências? E violar a razão...
Tal
a miséria da Igreja romana e de seus arminianismos. Isto significa apenas falta de coragem para seguir o Bispo de Hipona escolasticamente até o fim ou
para condenar como herética sua doutrina.
Toda confusão posterior e a própria afirmação do protestantismo teem seu ponto de partida nesta atitude tímida, indecisa, ambivalente, incoerente e covarde.
De fato não se pode admitir a doutrina do Limbo sem demolir o agostinianismo pela base. É algo que não se encaixa, que não se coaduna... um elemento espúrio.
Implicaria afirmar que as crianças não tem pecado e que a imputação ou transmissão do pecado é uma farsa.
AS CRIANÇAS MORTAS SEM BATISMO E A TRADIÇÃO GREGA
Nossos padres gregos já o sabiam e fácil é demonstra-lo citando nada mais nada menos do que a própria
Enciclopédia Católica (Verbete LIMBO):"De
acordo com Gregório - de Nazianzo - as crianças que morrem sem o
Batismo não receberão a honra de ver a Deus, no entanto um estado
intermediário ou neutro é perfeitamente admissível uma vez que não
cometeram pecados pessoais e que por isso mesmo não podem ser punidas.
Quanto ao Ocidente Tertuliano não dá tanta enfase ao Batismo infantil por crer que as crianças eram inocentes, enquanto Ambrósio explica
que o pecado original é antes de tudo uma inclinação para o mal do que
uma culpa em sentido estrito, o Ambrosiaster por fim declara que a
'segunda morte' e a condenação eterna não podem ser atribuídos ao pecado
de Adão mas apenas aos pecados pessoais."
Convém acrescentar que S Gregório de Nissa, tendo escrito um opusculo sobre a sorte das crianças que morrem sem o Batismo fez a seguinte declaração: "Não
há motivo para crer que as crianças haverão de ser espiritualmente
punidas ou para crer que desfrutarão do mesmo status que os santos
remidos."
Já S Anastácio Sinaíte é explicito em declarar que
os infantes mortos sem o Batismo não podem ir para a Geena destinada aos
ímpios, embora acrescente ser-lhe impossível declarar qual o destino
delas. Perguntas e respostas 81
E
quando os padres gregos declaram que as crianças não teriam acesso
direto ao sagrado não o faziam por crer que tivessem herdado o pecado de
Adão e sim por não terem tido tempo de exercitar a virtude ou de
adquirir merecimentos em Jesus Cristo. A negação era a mesma mas os motivos diversos.
Seja
como for o Oriente jamais admitiu que as crianças não batizadas fossem
condenadas pelo pecado de outrem, no caso Adão, e enquanto uns deixavam a
questão em aberto, apelando ao mistério ou a misericórdia de Deus, outros
acabaram por formular a doutrina do Limbo, quiçá por ignorarem a
possibilidade da reencarnação, ao menos para esta categoria de seres.
Os agostinianos é que por razões teológicas assumiram uma posição fechada, inda que não fossem acompanhados por sua igreja...
Esta
a seu tempo, por ter recebido a doutrina do limbo, desconsiderou o
sínodo de Cartago (418) e assumiu princípios pelagianos, ao menos
segundo a ótica do agostinianismo estrito.
- Se Agostinho de Hipona ensinou a doutrina da Imputação ou trasmissão do pecado adâmico aos nascituros.
"Agostinho
foi o PRIMEIRO a elucidar com clareza e precisão o caráter da CULPA
inerente ao pecado de Adão TRANSMITIDO A TODOS OS HOMENS."Patrologia, ed Paulinas 436
Resta esclarecer porque modo ou via é o dito pecado transmitido.
Tendo
adotado por conveniência o ponto de vista traducionista, segundo o qual
os pais geravam a alma dos filhos ficava muito fácil para ele , Agostinho,
demonstrar que todas as almas haviam sido contaminadas na fonte
original, o mítico Adão, o nos ancestrais.
Infirmada a hipótese
traducionista, pelo simples fato de jamais ter sido apoiada pela Igreja, fica o agostinianismo privado de um de seus principais argumentos, e cai por terra a doutrina da
transmissão do pecado original ou da infecção. Agostinianismo sem traducionismo fica parecendo Saci ou mula sem cabeça...
Por isso que os
calvinistas tiveram de queimar as pestanas para imaginar uma nova e distinta forma de transmissão, que alias não fosse natural, assim a doutrina
do pacto ou do contrato igualmente estranha as Escrituras canônicas. Eles creem em sucessivos pactos ou acordos jurídicos estabelecidos entre o Sagrado e a humanidade, sendo a Encarnação do Verbo ou melhor sua imolação cruenta sobre a cruz, apenas mais um deles...
Torne-mos porém a doutrina da transmissão dos pecados. Admitida
a hipótese judaica ou tradicional da produção imediata ou mágica do
espírito (ou alma) por Deus - O qual só pode criar coisas puras e boas - não há como
suster a teoria da transmissão a menos que seja atribuída a matéria ou
ao corpo físico, pelo que chegamos mais uma vez ao maniqueísmo. A alma boa e pura seria sepultada num corpo mau e sujo, contaminado pelo pecado rsrsrsrs E aqui ualquer semelhança com o neo platonismo fica sendo mais do que simples coincidência.
Do
traducionismo chegamos a ideia de concupiscência, mil e uma vezes
discutida, mas que para o Bispo de Hipona equivalia ao prazer sexual ou
ao orgasmo que ele classificava como pecaminoso a exemplo de tantos
outros padres antigos influenciados pelos delírios de Platão e,
obviamente Manes ou seja, mais neo platonismo...
Fechando-se o ciclo o maniqueísmo... É esse pecado de Adão ou essa culpa relacionado com o corpo, a geração ou o prazer... Nem mais nem menos. Tal a visão do Africano, biologista e totalmente diversa da nova versão jurídica, produzida pelo jurista francês nos fornos da Genebra com o auxílio da querida Torá...
2 . Se Agostinho de Hipona inventou o conceito de 'Massa Damnata'?
As expressões 'Massa Damnata' e 'Massa perditionis' encontram-se na Civita Dei 21,12 e no Sermão XXVI 12 -13.
ATÉ AQUI NÃO HÁ CONTROVÉRSIA.
3. Se
Agostinho ensinou que a vontade salvífica de Deus era RESTRITA noutras
palavras se DEUS DESEJOU SALVAR ALGUNS HOMENS APENAS AO INVÉS DE TODOS
OS HOMENS.
Admitida
a doutrina da Massa damnata, segundo a qual a humanidade como um todo
estava perdida e separada de Deus. Sem ao menos poder conhece-lo,
deseja-lo ou conseguir aproximar-se dele (Devendo portanto ser atraída
por ele!). Resta-nos perguntar qual o posicionamento de Deus com relação a
ela.
Pois havia quem admitindo um grau maior ou menor de
alienação do gênero humano face a vontade de Deus, admitia igualmente
que Deus aspirava salvar esse gênero humano como um todo e sem excluir
uma única criatura racional; assim Orígenes, Dídimo, Gregório
Iluminador, Gregório de Nissa, Basílio, Gregório de Nazianzo,
Teodoro, Ambrosiaster, Rufino, Isaac, Paulo Erigena, etc Mesmo o latino Gregório Dialogos, reproduziu a narrativa de como o Imperador pagão Adriano fora removido da geena e perdoado devido as preces dos Cristãos e durante a Idade Média proliferaram narrativas de como a Virgem havia removido seus devotos das chamas eternas... O que evidencia a falsidade da doutrina de um inferno eterno...
Agostinho no
entanto, como latino e péssimo conhecedor do grego - já o dissemos - estava já enredado
pela péssima opinião sobre as penas ou castigos eternos i é pelo
infernismo, acreditando, consequentemente, que segundo a doutrina do Evangelho nem todos os
homens haveriam de salvar-se. Para ele a salvação era restrita ou para alguns apenas.
Logo não havia esperança para a 'massa damnata' como um todo mas apenas para parte dela.
Assim
a conclusão a que chegou foi bastante simples: Se não era possível ao
homem aproximar-se de Deus e abraçar a salvação, era a Deus que cabia aproximar-se dele e
salva-lo, sem que ele homem, tomasse parte nisto. Deus é que devia extrair uma parte da Massa Damnata...
Se nem todos os homens salvavam-se, constatou ele, era justamente porque DEUS NÃO DESEJAVA SALVAR A TODOS MAS APENAS A ALGUNS. A RESTRIÇÃO SALVÍFICA PARTIA DE DEUS!!!
Foi esta a derradeira constatação a que chegou o Bispo de Hipona após suas discussões com Vitalis de Cartago:
"Se nem todos são salvos é porque não se movem a salvação e se não se movem é porque deus não os move." isto poder ser lido na "Enciclopédia Católica' no íten semipelagismo
E no livro da "Correção e da graça" ensinou claramente o fatalismo, alardeando que "A perseverança final é dom da graça de deus e apenas aquele a quem ele concedeu tal favor haverá de perseverar até o fim.".
Assim
ele mesmo destrói a sua doutrina sobre a oração da Igreja pela
conversão uma vez que a oração da Igreja não pode alterar ou mudar os
planos de deus e outorgar a graça a um não predestinado. Não é a oração
do fiel devoto que impetra a graça ou a igreja que salva uma vez que
isto pertence a vontade eterna de deus que tudo decidiu de antemão...
E ele torna a oração da igreja inutil... E assim o anúncio do Evangelho e a vida sacramental. Afinal ativar a predestinação eterna no tempo jamais equivale a causa-la. E para os não eleitos, todos os recursos postos pelo Evangelho: Anúncio, Igreja, sacramentos, preces, etc tudo é absolutamente estéril...
A Igreja já não pode salvar os infiéis ou retira-los do pecado e remove-los para a graça. Em certo sentido é a igreja limitada e impotente, enquanto mera associação dos que foram previamente salvos por Deus desde toda eternidade. É um clube de presdestinados, e são estes que aproximam-se dela.
Para tanto, o africano continua "Ninguém pode ser adicionado ou subtraído." de modo que sua teoria fatalista opõem-se ao ministério da igreja, restringe-o ou mutila-o. A simples ideia que a igreja tomou ao Evangelho, e que a leva a querer salvar os descrentes, é absurda - Se há predestinação a igreja não salva a quem quer que seja.
Tudo
em seu sistema ímpio remete ao maktub dos infiéis com seu destino, aqui
atribuído não a Alla ou ao destino mas a Excelsa Trindade.
Outra não é a opinião de seu porta voz mais fiel Fulgêncio de Ruspe:
"Deus não se manifestou para salvar todos os homens." 'Verit Praed' III, 14 - 15; 17 - 22
E se salvava a alguns apenas ou a um reduzido número de eleitos era apenas em função de sua generosidade e misericórdia. Id I
É a essa misericórdia limitada e mesquinha que Agostinho, Fulgêncio, Cesário e Próspero assim como todos os agostinianos e calvinistas, não cessavam de louvar... Afinal pela restrição ou condenação dos demais, afirmava Deus a sua justiça ou a sua ira; e por ai vão eles...
De
fato saímos do Evangelho e tornamos a Torá onde o caprichoso javé
proclama: Vou ser misericordioso para quem quiser e irredutível para
quem quiser.. E não estamos longe do Corão com seu: Alla salva a quem
quer e perde a quem quer...
E eliminamos por completo a noção preciosa de Pai ou paternidade...
O deus de Agostinho é
apenas Pai do Filho Eterno e não mais Pai Nosso e se Pai Nosso apenas
pai dos predestinados, não da humanidade... É esse deus, INCAPAZ de amar a
todos, incapaz de acolher a todos, incapaz de aceitar e convocar a
todos...
Implica saber se esse deus restringiu uma misericórdia -
que deveria ser infinita - constrangido por algum fator externo ou se
restringiu-a de 'motu proprio'
A luz de sua onipotência só podemos deduzir sua mesquinhez e portanto sua falsidade. É um proto tipo de deus limitado, concebido a imagem e semelhança do próprio homem, vingativo, colérico, rancoroso e iracundo como ele... E não um terno Pai de Amor ou foco de Bondade ilimitada...
Pois
não há amor algum e perfeição alguma na restrição de seus dons. E se a
reconciliação é fruto perfeito do amor só podemos concluir pela
imperfeição do deus de Agostinho, um ente humano e demasiado humano...
3. Se Agostinho ensinou a doutrina da Soberania da Graça ou da predestinação dupla e positiva para a condenação?
Se
a massa humana esta Damnata, 'perdita' ou condenada e Deus deseja salvar
apenas alguns de seus elementos só nos resta empurrar esta sua vontade aos
confins da eternidade e sacar a doutrina da predestinação.
Disto
resulta que desde toda eternidade - ou mesmo antes que o mal se manifestasse neste mundo - desejou Deus salvar uns e repudiar/abandonar outros. E portanto que alguns foram escolhidos por
Deus desde toda eternidade e outros não. Sem que o homem sequer tenha a chance de fazer qualquer coisa que possa alterar semelhante estado de coisas, pelo simples fato de ter podido exercer sua liberdade ou escolher. Pois a
decisão foi tomada por Deus desde sempre ou por um certo 'Adão' no tempo. Este Adão escolheu por todos os seus filhos e isto foi feito segundo a vontade de Deus - A ESCOLHA DE UMA PESSOA PELA OUTRA E A PUNIÇÃO DE DIVERSAS PESSOAS PELA OPÇÃO LIVRE DE UMA SÓ!!!
E como em função da
corrupção total engendrada pelo pecado não pode este homem conhecer a
Deus e menos ainda desejar o Bem ou mover-se na direção dele, temos de
concluir igualmente que é Deus mesmo, que por meio de um poder interno,
soberano e irresistível atraí, converte e vivifica os que deseja
salvar, isto é os eleitos ou privilegiados.
Pelo que a conversão
fica sendo um ato mágico realizado exclusivamente por Deus, sem o
concurso ou colaboração do homem. É a graça de Deus que tudo faz ou
opera, tal a doutrina ÍMPIA do monergismo.
Deus atraí e vivifica
aqueles que previamente escolheu desde toda eternidade. E deixa os
demais elementos da Massa damnata entregues a sua própria sorte - os
tormentos de fogo eterno! - sem ocupar-se deles ou como se sequer
existissem.
Esta doutrina é de fato tão assustadora que parte dos escritores papistas tem tido escrúpulos em atribui-la a Agostinho pelo que tem fabricado uma porção de desculpas esfarrapadas. E deixam-na reservada ao pobre Calvino.
A não afirmação - por parte de Agostinho
- da doutrina da graça irresistível e da predestinação para o mal seria
a última e tênue barreira a separar os Mestres da África dos mestres da Suíça... Hipona de Noyon... os agostinianos dos calvinistas. De fato teria Aurélius Augustinus - levado por algum tipo de pudor ou reserva - parado a beira do abismo ou sido piedosamente colhido pela mão da morte????
Há cerca de quatrocentos anos Jansenius descobriu que não. E alardeou que Agostinho havia
de fato ensinado a doutrina da graça irresistível e da dupla
predestinação, causando constrangimento e aflição entre os teólogos do
Vaticano, empenhados em sua luta contra o calvinismo. Afinal como esmagar a Hidra calvinista se o querido Agostinho havia sido, ele mesmo, um calvinista ou melhor se o reformador genebrino fora seu fiel intérprete????
De fato Roma ficou em maus lençóis e os filhos de Jansenius por
terem dado com a verdade oculta e indesejável tiveram de ser
excomungados. De fato a igreja jansenista é a Igreja - episcopal ou
católica por assim dizer - de Agostinho. A versão episcopal do calvinismo.
A partir de Jansenius nós mesmos nos pusemos a analisar as obras que Agostinho havia escrito sobre a graça, até que numa delas topamos com a expressão Graça a que não se pode resistir. (Irresistibilis gratia)
Já no livro da "Correção e da Graça" XXVIII pudemos localizar as fatídicas palavras: "Indeclinabiliter et insuperabiliter"
Consideremos por fim que tanto ele quanto seu continuador Prudêncio e mesmo Isidor empregaram - como assinalou Gotteschalk - a expressão Gemina predestinatio
Com efeito - por pura e simples questão de honestidade e prudência, - somos levados a indagar se mesmo empregando semelhante forma estava ele na posse do conceito teológico em questão, plena e conscientemente formulado. Pois há quem tendo as palavras diante de si, seja por uma solução negativa...
Partindo dos já assinaladas doutrinas a respeito da condenação dos bebes, da transferência do pecado, da corrupção
total, da massa Damnata e da vontade salvífica restrita, como deixar de concluir que a doutrina da graça irresistível correspondesse a última e necessária peça que faltava ao quebra cabeças encaixando-se perfeitamente nele??? Para nós ficou bastante claro que Agostinho tinha plena consciência sobre o significado do que escrevia e que sua amarga disputa com Juliano levara-o a formular um sistema completo.
Agostinho era agostiniano de fato e Fulgêncio, Cesário e Próspero limitaram-se a conservar e a divulgar fielmente seus ensinamentos. Eles não adicionaram nada e nada alteraram.