Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

Total de visualizações de página

Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador Escatologia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Escatologia. Mostrar todas as postagens

domingo, 4 de setembro de 2016

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 11: Divisões a respeito da Escatologia Capítulo E) A manobra dispensacionalista

Cerca do décimo nono século desta Era o Cristianismo protestante de lingua inglesa já poderia ser definido como majoritariamente milenarista.

O próprio Lord Macaulay judiciosamente observara que parte de seus contemporâneos estava convencida de que que "Por ocasião de sua segunda vinda o Senhor Jesus Cristo estabelecerá um governo terrestre para os Santos."

Seja como for o retoque final foi dado pelo sectario Plymouthiano John Nelson Darby - o qual havia partido das teorias elaboradas pelo calvinista Edward Irving - a ponto de receber o nome de Darbismo e de converter-se numa nova forma de Cristianismo.

Fundamentados na falsa ideia de um Corão Cristão i é na inspiração linear e plenária bem como na literalidade do antigo testamento Darby chegou a conclusão de que a História humana estaria cindida em sete Eras, fases ou períodos distintos, cada qual regido por uma espécie de pacto firmado entre deus e os homens e caracterizado por uma espécie de relação peculiar. A tais Eras Darby fez chamar dispensações e daí o termo dispensacionalismo, pelo qual seu sistema costuma ser conhecido.

Tais as Eras ou períodos por ele propostos: Inocência (antes da queda), consciência (da queda a Noé), o governo humano (de Noé a Abraão), a promessa (Abrão a Moisés), a Lei (de Moisés a cristo), a Igreja (de Cristo a sua volta) e o milênio (após o retorno de Cristo). Ainda, segundo esses homens perversos, ao final de cada período os homens são provados ou melhor tentados por deus com 'tribulações' e assim sera ao fim do tempo da Igreja e a implantação do Reino milenar. Por isso esses cegos dividem a vinda do Senhor em duas partes ou pedaços, supondo que antes da dita provação o divino Mestre virá ocultamente i é invisível e arrebatará os fanáticos sem que se lhes de falta. Feito isto os pecadores e infiéis serão entregues ao pode do Demônio como Jó ou os excomungados e maltratados por ele ao cabo de sete anos ou de três anos e meio. Entrementes, segundo os blasfemadores, os judeus serão convertidos e exaltados em lugar da Igreja de Deus. Eis senão quando o Senhor regressará com os fanáticos para implantar o tal reino milenar. Por fim eles encaixam aleatoriamente no esquema, o harmagedom, o dilúvio de fogo, a ação do Anti Cristo e da Besta, o martírio dos profetas, etc


Os campbelianos (Cujo órgão oficial editado por Campbell intitulava-se 'O prenúncio do milênio') e o Sr Scofield - Que iniciou sua carreira como congregacionalista, tornou-se presbiteriano do Sul e morreu anabatista - aderiram quase que de imediato as baboseiras ensinadas por Darby.

Assim em 1840 John Thomas, Wilson Benjamin e Joseph Marsh (campbelianos) sustentavam publicamente a restauração temporal de Israe do ponto de vista pos milenista... Eles formaram as seitas dos Cristadelfos e dos Abraâmicos..

Este sistema veio a prevalecer por completo nos EUA a partir da guerra civil e serviu ideologica e politicamente para promover a causa da restauração do Estado de Israel, como ainda hoje tem servido de estímulo ao sionismo. Pois todos estes fanáticos, enquanto judaizantes, encaram o triunfo do sionismo como um sinal de deus e evidência de que Irving e Darby estavam corretos. Disto resulta usarem do poder político Norte Americano com o objetivo de proteger Israel e até mesmo de enviarem dízimos e coletas com o objetivo de beneficiar as guerras promovidas por aquele pais.

Do mesmo modo que os hebreus por quem são manipulados eles também aguardam a restauração do Templo e dos sacrifícios, acreditando que disto dependerá a conversão dos próprios judeus e os eventos subsequentes. Evidentemente que este modo de pensar esta em franca oposição a fé exercida por nossos ancestrais segundo a qual aquele tempo jamais deveria tornar a ser reconstruído e que por isso foi demolido pelos rumi e entregue ao povo de Seir, para que jamais seja restabelecido como lugar e culto e sacrifícios pelos infiéis.

Isto é tão certo quanto a Igreja de Cristo ter se lamentado e gemido ao ser informada que Juliano César havia autorizado a reconstrução do templo pelos hebreus no século IV. Aqui o Padre D arras:



"No começo de 363, os trabalhos preliminares da reconstrução do templo estavam quase concluídos. O concurso de trabalhadores estrangeiros sob a direção de Alípio e os créditos abertos generosamente por Juliano tinham imprimido à obra nacional dos judeus uma incrível atividade. Os fundamentos do novo edifício estavam prontos; o terreno estava preparado; o material necessário estava junto à obra.
      Foi fixado o dia para a colocação solene da primeira pedra do novo edifício. De manhã, uma imensa multidão invadiu o monte Sião, para assistir à grande cerimônia. Nesse momento fez-se sentir um tremor de terra. A convulsão intestina foi tal, que lançou pedaços de rochas das entranhas da terra, como se movidas por uma erupção vulcânica, matando os operários mais próximos e levando a morte longe, nas fileiras dos espectadores.

     Os edifícios públicos vizinhos desmoronaram com imenso fragor, sepultando sob os escombros uma multidão de curiosos que se tinham juntado ali. Os gritos dos moribundos e dos feridos eram ouvidos no meio do “salve-se quem puder” geral. No meio da multidão espavorida, que fugia para todos os lados, uns tinham perdido um braço, outros um olho, outros uma perna. O tremor de terra durou o dia todo, com terríveis intermitências.
      No dia seguinte, os abalos não mais se fizeram sentir. As pessoas retomaram coragem e foram revistar os escombros, para retirar as vítimas que pudessem ter sobrevivido à catástrofe. Após a primeira operação, que nada veio perturbar, a esperança e a coragem foram reanimadas no fundo dos corações. Pensaram poder retomar a obra, tão bruscamente interrompida. O exército de trabalhadores ocupou de novo aquele canteiro de desolação, para reparar o desastre. No entanto, mal os operários se instalaram, uma erupção de fogos subterrâneos, combinados com horrível tempestade, arrebentou de repente. Desta vez as vítimas foram em número muito maior.
       A chama produzida pelos raios tinha tal energia, que consumia num piscar de olhos e reduzia a cinzas o ferro dos martelos, dos machados, das picaretas e das serras. Um ciclone, turbilhonado sobre a montanha, dispersou como se fosse de palha o material reunido para a construção. A tormenta durou o dia todo. Quando chegou a noite, tomou ela um caráter ainda mais prodigioso. Uma grande cruz de fogo foi desenhada no céu, e milhares de outras pequenas cruzes do mesmo tipo, circulando nos ares, vinham incrustar-se nas roupas dos judeus, traçando nelas distintamente cruzes negras, consteladas por meio de furos de uma estreiteza e regularidade que teriam desafiado a agulha mais sutil.
      Nessa terrível noite, cujo espanto lembrava o dos egípcios sob a vara de Moisés, eram ouvidas vozes atônitas proclamando a divindade de Jesus Cristo e pedindo o batismo. Todavia, grande número de judeus se obstinaram em sua incredulidade. Atribuíram os fenômenos estranhos ao tremor de terra, que devastou não apenas a cidade de Jerusalém, mas também Nicópolis, Napluse, Eleuterópolis, Gaza, enfim, toda a zona do litoral asiático."
 J.E. Darras, “Histoire Generale de L’Église” – Ed. Louis Vivès, Paris, 1867, vol. 10)

"Juliano sabia que, segundo a predição de Jesus Cristo, não devia ficar pedra sobre pedra do edifício do templo, e quis dar um desmentido ao “Deus dos galileus”. Posto que não gostasse dos judeus, chamou-os para a obra e prodigalizou-lhes dinheiro e promessas. Encarregou o conde Alípio, um dos seus mais fiéis oficiais, de vigiar e apressar os trabalhos.
      Começaram por arrancar os antigos alicerces. O número dos operários era incalculável, e o seu ardor parecia que superaria todos os obstáculos. Contudo, S. Cirilo, Bispo de Jerusalém, zombava de todos os seus esforços e dizia publicamente que era chegado o tempo em que se cumpririam literalmente os oráculos do Senhor: “Nem sequer porão uma pedra sobre outra” — repetia o santo prelado sem se perturbar. Efetivamente, tirados os velhos fundamentos, sobreveio um horrível terremoto, que encheu as escavações, dispersou os materiais amontoados, derrubou os edifícios vizinhos, matou ou feriu uma parte dos trabalhadores.
      Passados poucos dias, lançaram outra vez mão à obra. Mas imensos globos de fogo saíram das entranhas da terra, repeliram os materiais e devoraram os obreiros e as ferramentas. Este terrível fenômeno reproduziu-se várias vezes. O fogo só cessou de aparecer depois de abandonada a obra. Este fato é incontestável. Atestam-no S. Cirilo, testemunha ocular, S. Jerônimo, S. Ambrósio, S. Crisóstomo e S. Gregório Nazianzeno, contemporâneos deste prodígio. Além desses, os historiadores Rufino, Sócrates, Sozomeno, Teodoreto, Zonoras, Epifânio, o diácono Nicéforo, Calixto, 
o ariano Filostorgo, o judeu David Gunzi, o rabino Gédaliah e o próprio Amiano Marcelino, pagão, amigo íntimo e zeloso defensor de Juliano.
      A este respeito, S. Crisóstomo exclama: “Cristo edificou a sua Igreja sobre a pedra, e nada pôde derrubá-la. Ele derrubou o templo, e nada pôde reedificá-lo. Ninguém abate o que Deus eleva, nem eleva o que Deus abate”. Segundo a maior parte dos autores eclesiásticos, juntou-se um fogo vindo do céu às chamas saídas da terra, e apareceram cruzes luminosas nos ares, e até sobre a roupa dos trabalhadores. Tão extraordinário prodígio espantou todos os espectadores. Muitos judeus, e até idólatras, confessaram a divindade de Jesus Cristo e pediram o batismo.
      Deste modo, em lugar de destruir a profecia do Salvador, Juliano completou-a, tirando até a última pedra do templo de Jerusalém. Ele ficou confundido, mas nem por isso abriu os olhos à luz." é o que diz outro eclesiástico o Pe. Rivaux em seu “Tratado de História Eclesiástica” – Livraria Chardron, Porto, 1876, Tomo I, pp. 305-307).


Será que eu preciso soletrar e explicar que o Dr Gunzi, o Rabi Gedalias e mais ainda Amiano Marcelino não tinham qualquer interesse em promover o Cristianismo????

Tudo quando quero dizer e declarar é que a Cristandade antiga ao contrário dos tais dispensacionalistas não podia ver com bons olhos a restauração do Templo e tampouco a reinserção dos judeus na Palestina, o que em parte se deve justamente aos esforços dos protestantes ingleses e Norte Americanos.Seja como for Spurgeon, que também era calvinista, acusou Darby de ter abandonado a doutrina da justiça imputativa ou vicária (solifideismo crasso) para chafurdar no pântano do sinergismo e tornar-se herético...

Posteriormente não só os adventistas e jeovistas como diversas seitas de iluminados fizeram sensíveis alterações ao sistema de Darby deslocando uns eventos para frente e outros para trás do que resultou tantas versões do fim ou do Apocalipse quanto cabeças. Desde então, nos últimos dois séculos, os protestantes vivem a discutir a respeito de tais roteiros sem que no entanto tenham chegado a qualquer acordo. E no entanto leem a mesma Bíblia que apontam como clara a auto evidente....
Por isso que os sectários milenaristas e amilenaristas não cessam de atacar-se de a tratar-se mutuamente por heréticos 

"Alguns, além de não crerem no arrebatamento, ainda alegam que já estamos vivendo a tribulação." lamenta-se um dos líderes deles.

De fato faz bastante pena que os papistas e nossos Ortodoxos, palermas e acomodados em matéria de religião, não estejam a par de tais discussões porquanto bastam para que qualquer homem civilizado e instruído possa aquilatar a imensa miséria espiritual produzida pelo Biblismo e pelo livre examinismo.. A este propósito recomendamos entusiasticamente a obra de Loraine Boettner intitulada 'O millennium'. Tome um Dramin antes mas leia toda e fique ciente sobre disputas absurdas a que os fanáticos foram levados...

Faz pena ver como esses desgraçados substituiram os mistério divinos da Trindade, da Encarnação, da Restauração, dos Sacramentos, da Comunhão dos Santos, etc por tribulações, anti cristos, bestas, dilúvios de fogo, arrebatamentos, templos, sacrifícios, milênios, etc, etc, etc Combinando tais elementos em dúzias de esquemas opostos...


Apresentamos por fim um testemunho bastante significativo coletado num site protestante dedicado a controvérsia escatológica:


"Gostaria que não fosse verdade, mas aproximadamente 50% da Igreja Evangélica Brasileira não crê no arrebatamento pré-tribulacional, alguns nem no arrebatamento crêem.
Gostaria de crer que ter um posicionamento errado sobre esta questão não ferirá em nada o cristianismo que temos vivido, mas estaria mentindo abertamente, pois assim não creio. 
Isto, a meu ver, é muito mais importante do que ser arminiano ou calvinista.
Pois o posicionamento que tomo a esse respeito poderá me trazer conseqüências catastróficas."

No entanto apesar da 'importância do tema' nem sombra de unidade.

Encerramos o assunto descrevendo sucintamente o estado de divisão doutrinal prevalecente entre os sectários em termos de escatologia:









Tal a divisão básica entre as seitas.

No entanto para piorar as coisas eles também não estão de acordo em situar a mítica tribulação e o falso arrebatamento dos santos:




E assim acham-se separados em diversos grupos cada qual com sua versão do fim, porque naturalmente todas as versões são produtos da especulação humana e não manifestações reveladas da verdade eterna.



sexta-feira, 2 de setembro de 2016

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 11: Divisões a respeito da Escatologia Capítulo C) O milenarismo e o livro da Revelação/Apocalipse


Seja como for, temos para conosco que o fator decisivo em termos de afirmação do milenarismo no contexto Cristão foi a canonização do livro do Apocalipse primeiramente na Ásia menor, pelo círculo dos efesinos, e subsequentemente pela Igreja de Roma após o ano 230. Nem podemos deixar de confessar que esse livro constitui a parte menos nobre de todo Novo Testamento caso levemos em conta seu teor judaizante, reconhecido até mesmo por Martinho Lutero, o qual expressou-se do seguinte modo: "Neste livro Jesus não é apresentado como nos demais livros do Novo Testamento."

Seria o caso de nos perguntarmos sobre os motivos que tem levado as massas e os sectários a estimam-lo mais do que aos Evangelhos ou os escritos do querido Paulo???

E sobre o quanto esta inversão monstruosa tem colaborado para obscurecer o Cristianismo, convertendo-o numa espécie de apocalipticismo, coisa que de modo algum é.

Embora exista no livro certo elemento simbólico relacionado com as fases ou períodos porque passou o Império romano não é menos verdade que tais elementos estejam associados a uma percepção equivocada de que o fim do Império Romano equivaleria ao fim ou a consumação do mundo material e a toda uma série de eventos relacionados com o imaginário judaico.

Nós já escrevemos um livro inteiro sobre a problemática do Apocalipse com o objetivo de demonstrar que ele não constituiu, salvo raras exceções, testemunho bastante seguro sobre a doutrina Cristã.

Já nos referimos ao juízo - alias bastante objetivo - de S Dionísio, Bispo de Alexandria cuja crítica em termos literários demonstrou cabalmente que não existe qualquer afinidade entre os escritos legitimamente joânicos como o Quarto Evangelho e a primeira Epistola canônica e o livro da Revelação cujo estilo é bem outro. Mar Eusebius H E VII  24 - 25 O livro da Revelação, qual o segundo Evangelho, é prenhe de semitismos e de imagens tomadas ao judaismo rabínico como fora constatado por Marcion de Sinope (cf Mounce R 'The book of Revelation' p 23). Enquanto que os escritos joânicos denotam certa afinidade com os efesinos, os alexandrinos e o pensamento grego de modo geral.



Limitar-me-ei a dizer que após o trabalho deste erudito Bispo a igreja de lingua grega passou a desprezar este livro e não consentiu em recebe-lo senão no século VII devido a insistência dos latinos tendo em vista a paz e a unidade. Cirilo de Jerusalém, João Crisóstomo Mar Teodoreto de Cyrrus não incluem o livro em suas listas canônicas do N T. Assim a lista canônica composta pelos padres de Laodiceia em 360. 

Já Mar Eusebius em sua tabela de classificação situa este livro entre os contestados.

Basta dizer que foi comentado apenas por três padres gregos: Oecumenius, André de Cesaréia e Aretas, o grande. 

Já a Igreja Siríaca recebeu-o apenas no século VI  - quando parece ter sido incluído na Peshitta - ou mesmo X e a Assíria entre os séculos XIII e XVI. 

Seja como for ele jamais em nossas liturgias ou apresentado ao povo como uma espécie de Novo Evangelho e só adquiriu popularidade nos últimos dois séculos, ainda devido a perniciosa influência dos latinos.

Ciente de tudo isto Jerônimo de Stridon na Epistola a Dardanus assumiu publicamente suas reservas.

Para os antigos mestres ortodoxos o Apocalipse não possuí a mesta dignidade que os demais registros por não ser de origem apostólica ou por não ser da autoria do Apóstolo João como insistem os fanáticos. Basta dizer que o citado Caius de Roma cerca do ano 200 supunha ter sido este livro escrito pelo herético Cerinto. cf Mounce R 'The book of Revelation' p 23 Enquanto os 'alogos' assinalavam o caráter arbitrário de sua simbologia como indigno de um apóstolo.

Neste caso, quem o teria escrito?

Segundo o já citado Mar Eusebius o verdadeiro autor do livro teria sido o 'presbítero João' uma personalidade enigmática citada por Pápias em suas 'Exegeses das palavras do Senhor' e comumente associada a Ariston e a S João Evangelista. De fato Suleiman de Bassorá, escrevendo (O livro da Abelha) no século XIII registrou:
"O discípulo dele, João, autor do Apocalipse ele disse ter escrito tudo quanto ouvira do evangelista João."  Caput XLVIII

Alias a bem da verdade essa personagem estranha pouco escreveu uma vez que limitou-se a reunir e juntar uma porção de pedaços ou fragmentos de apocalipses hebraicos anteriores a Era Cristã, reelaborando-os e conferindo-lhes uma feição Cristã. Nem é exato ou correto dizer que recorreu a falsidade, pois em parte alguma do livro este João apresenta-se como Apóstolo... Identificação proposta pela primeira vez por Justino de Roma em sua polêmica com o rabino judeu Tarfon. Justino no entanto é bastante conhecido por suas imprecisões, a respeito de Simão, o mago por exemplo, o qual identificava com a estátua da divindade Etrusca Semo sancus...

Outra questão é porque motivo teria um Cristão elaborado semelhante obra?

Para tanto devemos ter em mente que os primeiros Cristãos em sua maior parte estavam inseridos na cultura judaica, a qual era por assim dizer essencialmente apocaliptica. 

Jesus todavia parece ter tomado a direção oposta.

Pois quando lhe perguntaram sobre a consumação dos tempos ao invés de contemplar sua assistência com um sermão apocaliptico que teria sido entusiasticamente aplaudido, optou por jogar um balde de água fria sobre a assistência e a declarar que - tendo em visto a limitação imposta por seu estado de encarnado - sequer estava em posse de semelhante resposta ou, segundo outra opinião, que não estava nem um pouco disposto a fornecer semelhante informação aos mortais.

Face aos imperativos apocalipticos do tempo a resposta oferecida por Jesus deve ter sido frustrante.

Os apóstolos todavia optaram por insistir e perguntaram novamente, agora sobre os sinais de sua vinda e sobre o fim daquele estado que era a dominação dos Rumi.

Todavia eles sequer suspeitavam que a próxima vinda do Mestre seria uma vinda de juízo sobre seu povo, em especial sobre a cidade de Jerusalém, de que resultaria não o fim do império romano mas o fim da nacionalidade judaica. E como não lhes pudesse falar abertamente sobre aquele tema escabroso, elencou os sinais que haveriam já de antecipar, já de acompanhar a primeira guerra judaica. 


Então lhes falou NÃO sobre as circunstâncias da sua terceira vinda, vísivel e final, que precederá a consumação dos tempos e inaugurará o Reino eterno sobre a terra, mas sobre sua segunda vinda (invisível) de justiça sobre a casa de Israel, a destruição do templo e o fim do mundo judaico. Sobre o impacto cósmico ou universal daquele evento e sobre a afirmação de seu reino espiritual, a Igreja, sob o signo da abençoada Cruz. (Todos estes mistérios foram detalhadamente em nosso 'Manual de escatologia Ortodoxa')

Esse período (Mt)  24,30 sobre "sinal do Filho homem" corresponde ao tempo da Igreja e será sucedido pela vinda do Filho do homem "Vindo sobre as nuvens do céus com poder e glória." A única informação fornecida pelo Salvador sobre tal evento e bastante sucinta. Assim o Verbo nada diz a respeito de apostasias, catástrofes, tribulações, pragas, milênios, etc Tais elementos, legados pelo pessimismo derrotista dos antigos hebreus pertence exclusivamente ao livro da Revelação, de modo algum aos Evangelhos onde lemos nas Parábolas Sagradas que o fermento divino levedará toda massa do mundo!

E que o sal da mensagem divina veio para de fato salgar a terra.

Quanto as opiniões apocalipticas dos Zugot compiladas pelo discípulo de S João, o outro João, dito, o presbítero devemos encara-las apenas e tão somente como conjecturas supersticiosas ou frioleiras judaicas sem valor algum. E nem devemos nos escandalizar de que um ouvinte dos apóstolos ou mesmo um dos setenta discípulos tenha reproduzido tais crendices caso levemos em conta a mentalidade primitiva dos próprios apóstolos no que dizia respeito as carnes sacrificadas, ao sangue sufocado, aos animais impuros, a circuncisão, aos sacrifícios rituais e tantas outras instituições judaicas a que se mostravam apegados.

Basta termos em mente o quanto Paulo - que era um tanto mais avançado - teve de demandar para convence-los sobre aquele mistério que sequer ao tempo do Senhor haviam podido suportar e que correspondia a total separação entre a Igreja de Cristo e a Sinagoga. Consideremos ainda a defecção dos dez discípulos mencionada por Mar Suleiman de Bassorá no Livro da Abelha, a obstinação de Judas, a apostasia de Nicolau diácono...

Diante disto como nos admirarmos que um discípulo ou epigono judeu tenha procurado suplementar o silêncio do Senhor recorrendo as tradições ancestrais de seu povo sobre apostasias, tribulações, milênio e outras tolices do gênero???


No entanto ao menos para a parcela amilenista da Cristandade Latina, a canonização oficial do Apocalipse (cerca de 230) e a presença de um fragmento milenista nele, exigiram da parte daquela Igreja uma resposta adequada. A qual só pode ser oferecida pelo sagaz Bispo de Hipona Agostinho.

Partindo da afirmação origenista, segundo a qual: 
"Antes de retornar visivelmente pela carne o Senhor Jesus Cristo regressará a este mundo pelo jugo da fé em sua mensagem." Agostinho - comentando o texto em questão - declarou que aqueles mil anos não deveriam ser compreendidos literalmente mas significando uma Era ou Período, o período da Igreja, que antecede a terceira e visível vinda do Divino Mestre. Período em que a Igreja, numa linha evolutiva ascendente, acabará por conquistar e por santificar a maior parte do gênero humano. No sentido oposto da apostasia e da tribulação concebidos pelos antigos hebreus e pelos judaizantes a ortodoxia assume uma perspectiva triunfalista ou esperançosa crendo que a quase que totalidade dos seres humanos passará a Igreja e observará a bela lei de Jesus Cristo.

Esta vitória concedida a Igreja no exercício de sua função é o único milênio que devemos esperar e já estamos nele. Nós filhos da verdade vivemos o milênio de Jesus Cristo no tempo presente e não haverá outro. Após o encerramento desta economia e a ressurreição dos justos sucederá o Reino Eterno na terra transformada. Sob a presidência visível do corpo glorificado do Salvador.

Após a afirmação de nossa fé o Senhor da História regressará visivelmente a este mundo para demandar juízo e e em seguida glorifica-lo na unidade dos outros mundos em que prevaleceu a obediência. 

E nenhum destes eventos será separado do outro por qualquer tipo de milênio ou Reino transitório e terreal de Jesus Cristo. E menos ainda por angústia, desespero, apostasia, tribulação, etc

A vantagem desta teoria é que proporcionou a Cristandade uma superação teológica face ao pessimismo catastrofista legado pelo judaismo antigo e mantido pelos sectários, judaizantes e maniqueus...

Como agostianiana a Idade Média de modo geral ignorou supinamente os delírios milenaristas.

No entanto, a semelhança do divino Redentor eles não tardariam a ressuscitar por obra e graça do livre examinismo.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 11: Divisões a respeito da Escatologia Capítulo B) A inserção do milenarismo no contexto Cristão

"Alguns pré-milenistas têm se referido ao Amilenismo como uma nova doutrina ou como a uma novidade de origem recente. Este veredito no entanto não parece estar de acordo com o testemunho da história. O termo é de fato recente, o significado todavia é tão antigo quanto o próprio Cristianismo. Ele contava pelo menos como tantos defensores quanto o milenarismo entre os Padres da Igreja dos séculos II e III, apresentados por muitos como correspondendo ao auge do milenarismo." Louis Berkhof



Em que pesem as origens judaicas do milenarismo não há como negar que certo número de doutores, mestres e oficiais eclesiásticos dos primeiros séculos tenha assumido este ensinamento.

Dentre eles Justino, Irineu, Papias, Melitão, Hipólito, Tertuliano, Cornélio, Vitorino, Novaciano, Lactâncio, Metódio, Comodiano, Koraice, Arnóbio, Ambrósio, etc 

Equivale isto a admitir que o milenarismo foi ensinado pela totalidade dos padres antigos ou ao menos dos mais antigos?

Trata-se dum questionamento importante uma vez que os milenaristas costumam alegar 
que nós amilenistas estamos traindo sordidamente a tradição de que tanto fazemos gala e arrematam declarando e jurando de pés juntos que o milenarismo foi sustentado, crido e ensinado PELA TOTALIDADE DOS PADRES MAIS ANTIGOS i é dos séculos II e III.

Havendo quem afirma inclusive, e sem maiores cerimônias, que a 'heresia' amilenista foi inventada no século IV pelo querido Agostinho o que de modo algum é verdade.

A princípio nós mesmos abraçamos o milenarismo como um 'quase dogma' pelo simples fato de crermos que estava de fato fundamentado na IDJIMA ou no acordo unânime dos padres dos primeiros séculos como alegam desonestamente alguns apologistas do milênio (Alguns como Wood Plate chegam a elencar Inácio, Teófilo e até mesmo Clemente de Alexandria como milenaristas)

Um exame mais detalhado e atento da questão no entanto, revelou-nos que não era bem assim e que o pretenso acordo absoluto não passava de falsa propaganda.

Berkoff por exemplo chega a afirmar que cinquenta por cento dos padres do segundo século eram pelo amilenismo. De minha parte não sei se chegavam a cinquenta por cento. No entanto que haviam vozes dissonantes certamente haviam.

Tal a confissão feita pelo milenarista Justino ao rabino Tarfon com quem estava a polemizar e ao qual disse:

"Eu e muitos outros, como você sabe, somos deste parecer e acreditamos que tal de fato se sucederá. No entanto devo reconhecer que muitos daqueles que GUARDAM A FÉ PURA E A PIEDADE, APESAR DE SEREM CRISTÃOS VERDADEIROS, CREEM DE OUTRA FORMA." Dialogo com Trifon LXXXX


É para lamentar que o ilustre catequista romano não dê 'nome aos bois'... Um dos quais era certamente o presbítero Caio, o qual - admitem todos, inclusive os milenaristas mais honestos como Walvoord (1949) - esteve em atividade cerca de trinta anos após seu passamento i é por volta de 197. Grosso modo a primeira figura conhecida a repudiar formalmente a doutrina do milênio foi S Clemente de Alexandria uns dez ou doze anos antes (185).

Por outro lado não podemos deixar de dar certa razão a G N H Peters por ter classificado Atenagoras entre os amilenistas pelo simples fato de não ter feito qualquer referência sobre o reino milenal em sua obra sobre a Ressurreição dos mortos, que é um tema correlato. Por minha conta adicionaria a esta conta Inácio, o mártir o qual em suas dezenas de cartas não fez uma menção sequer a esta doutrina (cf Ripley e Dana na 'New American Cycolpedia p 505) Assim o apóstolo Paulo de quem os protestantes fazem depender praticamente toda doutrina Cristã! Os citados Ripley e Dana alistam ainda Clemente de Roma e o autor da Carta a Diogneto (segundo P Nautin, Quadrato de Atenas) como igualmente omissos em matéria de Milênio.

Foi além disto a doutrina do milênio formalmente repudiada no começo do seguinte século por Orígenes, Dionísio de Alexandria e Cipriano da Cartago dentre outros.

Por donde se vê que não se tratava dum ensinamento unânime e portanto genuinamente Cristão mas duma opinião teológicas ou theologumena.

Longe de nós subscrever a opinião da igreja romana e de alguns ortodoxos mal avisados, segundo a qual o milenarismo corresponderia a uma heresia.

Heresia não é porque não implica a negação de qualquer dogma ou elemento da fé. Estando mais para uma superstição.

Nem podemos admitir - como faz observar JND Kelly - que Irineu, Tertuliano ou Hipólito dentre outros possam ser alistados como heréticos pelo simples fato de estarem constantemente preocupados em suster a doutrina eclesiástica, inclusive em termos de escatologia, face aos desvios do gnosticismo.


Por isso temos o milenarismo em conta de uma opinião teológica equivocada tomada de empréstimo aos antigos hebreus e não a Jesus Cristo Nosso Senhor, o qual, como Paulo, jamais ensinou a existência de qualquer reino intermediário de caráter físico ou político.

No frigir dos ovos o milenismo foi inserido no meio Cristão por obra e graça dos conversos procedentes do judaismo; sendo até provável que alguns apóstolos - assim Pedro, assim Tiago - tivessem comunicado tal crença as igrejas 'locais'. Introduzida na pregação eclesiástica por parte do colégio apostólico não é para estranhar que tal doutrina tenha adquirido desde muito cedo o status de quase dogma...

Sendo este o caso como teria tal crença conseguido insinuar-se nas igrejas de tradição Paulina??? E sobretudo como conseguiu afirmar-se tão generalizadamente???

Uma vez que não há mínimo traço dela nos Santos Evangelhos... 

Se nem Paulo nem Jesus proclamaram o milênio como sua aceitação tornou-se tão difusa entre os primeiros Cristãos?

Para compreendermos bem o fenômeno milenarista teremos de considerar diversos fatores, tais como:
  • Sua aceitação pela Ortodoxia farisaica, predominante ao tempo em que Nosso Senhor anunciou a verdade divina.
  • O fato de Nosso Senhor jamais te-la condenado como falsa, ao menos explicitamente, limitando-se a afirmar que não tinha se manifestado com o objetivo de estabelecer um domínio político ou temporal.
  • A ausência duma dimensão política no contexto do Cristianismo primitivo associada a um pessimismo ou negativismo em termos naturalistas. Do que decorre certo apelo místico em torno do magico e do prodigioso.