A partir de S Origenes no entanto pode-se notar ou perceber uma tendência paralela no seio da Igreja com relação aos ditos registros deuterocanonicos.
O melhor porém seria falar-mos em diversas tendências...
Na verdade de modo geral esta outra tendência é anterior a Origenes, remontando certamente a S Melitão de Sardes e a segunda metade do segundo século.
Refiri-mo-nos a tendência de se adotar a um Canon hebraico(esdrino/palestiniano) já formado ou em vias de formação.
E a reduzir o numero de livros santos a 22/24 (39/66).
Já dissemos que o primeiro testemunho judaico concernente ao dito canon palestiniano remonta ao tratado talmudico Baba Batra, uma listagem composta quiçá no ano 120 desta era, mas, no entanto, puramente teórica e sujeita a ulteriores questionamentos por parte dos próprios hebreus até pelo menos o quinto século desta nossa era. Não é menos certo porém que a dita listagem contava já com uma aceitação mais ou menos geral na época em que foi lançada e que estava destinada a prevalescer entre os hebreus.
Pois bem, cerca de 180 desta era, ou seja, quatro anos antes da morte de Origenes, S Melitão, Bispo de Sardes, compoz uma lista de livros sagrados do Testamento antigo - segundo (afirma ele) corria entre os judeus palestinianos do seu tempo - formada por vinte e dois registros e que foi preservada na História Eclesiástica de Mar Eusébio.
Demos a palavra ao Dr Saravi: "O primeiro autor cristão cuja opinião explícita do cânon do AT se conservou (graças a Eusébio de Cesareia) é Melitão, bispo de Sardes na Ásia Menor (m. cerca de 190). Na sua carta a Onésimo dá um «catálogo dos escritos admitidos do Antigo Testamento» que corresponde essencialmente ao cânon hebreu, apenas com a omissão de Ester."
E no entanto os protestantes recebem o livro de Ester...
E também os Trenos ou Lamentações atruidas ao profeta Jeremias, igualmente omitidas por S Melitão juntamente com o livro de Neemias. (Os protestantes gostam de dizer que tais livros estavam agregados a outros livros mas não são capazes de demonstra-lo)
E rechaçam decididamente o livro da Sadedoria, embora seja possivel - ja vimos que toda argumentação protestante se alicerça sobre o 'possível' - {Se bem que improvavel; nós mesmos optamos pela leitura - cf Mar Eusébio Hist Ecle IV, 26, 12 - corrente entre os protestantes 'de Salomão provérbios OU também Sabedoria'} que S Melitão esteja alundido a ele.
A segunda lista comumente citada pelos protestantes é demoninada lista de Bryennios, pois foi localizada no ano de 1873, juntamente com do Didake - no Codex Hierosolimitano - pelo sacerdote ortodoxo Philotheus Bryennios.
A lista de Bryennios foi datada por Audet como tendo sido composta cerca do ano 100 desta era, outros porém atribuem-lhe outras datas de 150 a 350 d C, identificando-a com uma versão paralela - ou original - da lista de S Epifânio.
Pela primeira vez temos diante de nós uma lista, aparentemente Cristã, que concorda perfeitamente com o canon judaico/protestante.
Acontece que o Codex Hierosolimitano não passa duma cópia proveniente de 1056...
Ademais a lista é anônima e escrita em três idiomas: o grego, o hebraico e o aramaico...
Quem poderia nos assegurar que de tal lista não foi composta por um ebionita ou mesmo por um judeu?
No entanto foi transcita por um monge ortodoxo...
Certamente que haviam monges ortodoxos partidários do Canon palestiniano no século XI, como já haviam Bispos - como S Melitão de Sardes - partidários desse Canon no século II; não é a questão...
A questão em pauta é se poderiamos admitir com certeza plena e absoluta que foi redigida no ano 100 d C e por mão Cristã?
Neste caso a resposta só poder ser Não.
Pois tanto pode ter sido composta em 150 ou 200 ou mesmo em 250 como pode ter sido escrita por um ebionita ou um judeu.
E neste caso sob influxo das decisões tomadas em Jamnia/Iabné.
Tal e qual as listas do Talmude.
Não constitui pois prova de primeira categoria... na medida em que pode não representar qualquer tradição cristã.
Portanto, para além de S Melitão, não estamos no terreno do concreto - como é próprio dos artigos de fé - mas no terreno das aparências, possibilidades, conjecturas e opiniões; coisa que todo protestante deveria reconhecer honestamente.
Philoteus Bryennios
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