Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sub capítulo 14: Divisões a respeito do dia consagrado a adoração


Otswald Glait, o patriarca do sabatismo


Quem já viu um judeu ou um maometano titubearem a respeito do dia em que se deve adorar ou prestar culto ao deus deles???

Judeu algum seria capaz de conceber a mais leve duvida a respeito do sábado e muçulmano algum seria capaz de questionar o caráter sagrado da sexta feira.

Entre os infiéis o dia reservado ao descanso jamais foi perdido de vista ou submetido a discussões...

Nada mais patético do que um judeu disposto a adorar no Domingo ou um maometano desejando adorar no sábado...

De fato a sinagoga e a mesquita jamais foram maculadas por semelhante tipo de controvérsia...

Foi o protestantismo que perpetrou o supremo agravo feito a instituição Cristã e lançou sobre a face do divino Mestre o mais refinado de todos os vitupérios...

Pois em algum momento os protestantes, sempre em nome da bíblia, principiaram a disputar até mesmo sobre o dia em que se deve adorar; sustentando uns - com a Mãe Igreja - que é no Domingo da ressurreição e outros - por puro e simples ódio a tudo quanto é Católico ou melhor Cristão - que é no sábado dos infiéis e disto resultou uma terceira opinião segundo a qual não existe qualquer dia dedicado a adoração!!!

Estabelecidas a sombra do sagrado ministério episcopal as igrejas Ortodoxa, romana e anglicana estão de pleno acordo sustentado que o povo de Jesus Cristo deve adorar no Domingo, já por determinação implícita das Santas escrituras, já pelo testemunho unânime da tradição apostólica, já por memória da Ressurreição. E durante quinze séculos foi esta uma certeza comum a toda Cristandade!

Dia houve no entanto em que o monge saxão arvorou em dogma sacrossanto o exame individual das escrituras... E a partir desse dia infeliz não houve mais mistério Cristão que pudesse estar a salvo de questionamento não por parte dos infiéis mas dos próprios 'Cristãos'. Da Santa Trindade a própria Bíblia nada ficou imune a sanha iconoclástica dos livre examinadores... Assim o dia consagrado a adoração!!!

E foi assim que nós cristãos nos convertemos em objeto de escárnio para os próprios infiéis...

Desonestos como são, os apologistas do 'protestantismo ortodoxo', costumam alegar que o sabatismo não teve outra origem que o cérebro enfermiço da profetiza adventista Ellen Gould White...

Sabemos no entanto que alegação é artificiosa e improcedente.

Não querido leitor, não foi o sabatismo produzido pela mente perturbada da sra White. Pai mais ilustre tem ele no livre exame... Remontando como ele aos primeiros dias da pseudo reforma.

Nem podemos deixar de concordar com o sr Ward quando declara que Da própria crença protestante na Bíblia como única regra de fé e prática resultou como inevitável que alguns questionassem a adoração dominical e buscassem restabelecer o sétimo dia bíblico ou o sábado e assim se fez....

Mal Lutero outorgara a plebe ignara o direito de julgar a Divina Revelação houve quem partido do antigo testamento visasse restaurar o sábado dos judeus e erigisse o sabatismo como dogma! No momento em que a Bíblia foi posta nas mãos dos semi analfabetos e a Torá passou a ser confundida com o Evangelho, o 'ovo' do sábado estava posto!

O avô Lutero no entanto, não viu com bons olhos a inovação e já em 1538, escreveu - segundo Heiko Oberman - uma Epístola contra os anabatistas da Moravia e da Silesia, o quais judaizavam no ano de 1528!!! Nem a pseudo reforma completará dez anos e já se questionava a capacidade da igreja antiga ter preservado algo tão simples quanto o dia da adoração.

Ainda aqui - como no caso do da Eucaristia, do pedobatismo, do Cânon bíblico, do celibato, etc - o pioneiro não foi Lutero, e sim o mais odiado de seus desafetos Andraeas Bodstein,Dr Karlstadt.

"O Domingo - escreveu ele - é uma instituição puramente humana. Quanto ao sábado a questão está em aberto. NO ENTANTO VOCÊ PODE OBSERVAR O SÉTIMO DIA E PERMITIR QUE SEUS FUNCIONÁRIOS REPOUSEM APÓS SEIS DIAS DE TRABALHO."

Foi o quanto bastou para que o ex luterano - cooptado pelo anabatista Hubmayer - Otswald Glait postula-se a substituição do Domingo pelo sábado na obra intitulada 'A guarda do sábado' dada a luz em 1530. Glait desde logo recebeu o apoio de Andraeas Fisher... o qual em 1532 publicou uma 'apologia da guarda do sábado' em defesa de Glait cujas opiniões haviam sido atacadas por Kaspar Schwenckfeld, a pedido de Wolfgang Capito.

O mesmo Wolfgang Capito que tendo a princípio simpatizado com os anabatistas, apartou-se decididamente deles por causa do sabatismo.

Também Valetim Crautwald publicou no final do mesmo ano uma resposta a Fisher.

Entrementes Lutero bradava:

"Em nosso tempo - quer dizer no tempo da Reforma e do Livre axame - apareceram na Morávia uns idiotas, que afirmam dever o sábado ser guardado pelo povo Cristão; sendo assim penso que ainda haverão de restabelecer a circuncisão." e mais além "Judeus são judeus; os sabatistas não passam de macacos dos judeus..."

E pouco tempo depois Erasmus Alber:

"Em seguida o maligno suscitou outras tantos que puzeram-se a restaurar o sábado, a circuncisão e outras tantas práticas judaicas. TUDO ISTO ELE PREPAROU E CONCEBEU COM O INTUITO DE DESMORALIZAR O NOSSO EVANGELHO. (ou seja o Luteranismo, a Reforma e o Livre exame)." 

Fisher no entanto alegava que: "Os Dez Mandamentos de Deus são dez itens da aliança em que o sábado real é estabelecido e incluido. Onde ele não é mantido os mandamentos são profanados e reduzidos a nove itens." e se alguém dele discordasse arrematava 'Isto te parece assim a ti, a mim no entanto me parece...'

Acrescentava ainda que Moisés e os profetas israelitas e hebreus eram autoridades legitimamente Cristãs - e por ai se vê que professavam a ímpia doutrina da inspiração plenária e linear - que haviam afirmado a  santidade do sábado... Que o Novo Testamento sustem a perenidade do Decálogo... Que este mandamento era mais excelente do que todos os outros... Arrematando que se judeus e cristãos acreditavam no mesmo deus deveriam adorar no mesmo dia... Assim ele certamente não levou em conta nem a Encarnação e muito menos a Ressurreição do Deus dos Cristãos!

Em 1558 foi o sabatismo introduzido no unitarismo romeno por Davi Ferenc.

Já no século século XVII - pouco antes de 1617 - foi o sabatismo introduzido na Inglaterra por um certo John Traske desta vez associado as leis dietéticas dos antigos judeus. Todavia o 'mérito' de estabelecer a primeira congregação Batista do sétimo dia em Londres estava reservado a Francis Bampfield, um ex clérigo anglicano que tornou-se igualmente famoso por dogmatizar em torno do imercionismo batismal. Outro clérigo da 'igreja' baixa a aderir a esta superstição foi Teófilo Brabourne Posteriormente alguns deles passaram aos EEUAN onde até hoje seus descendentes são conhecidos como batistas do sétimo dia.

Thomas Tillam de Colchester foi um dos primeiros a radicalizar e a proclamar que os Batistas do sétimo dia deviam apartar-se dos dominicais e constituir uma congregação a parte.

Subsiste uma memória composta pelo patriarca M Misson na qual esta registrado que os sabatistas ingleses evitavam comer carne de porco, carnes sufocadas e carnes imundas adotando a dieta dos antigos hebreus sem dar qualquer importância ao decreto do Senhor: "Não é o que entra pela boca do homem que o torna impuro mas o que procedendo do coração sai de sua boca."

No entanto como o rei Charles segundo deste nome publicasse um Édito de uniformidade em 1662 a maior parte destes judaizantes teve de passar aos EUA.

No século seguinte foi a vez de Joanna Southcott, reunir em torno de sí uma pequena congregação de metodistas do sétimo dia, posteriormente conhecidos como Southcottians ou joanitas. Esses infelizes acreditavam piamente que aos sessenta e quatro anos de idade esta mulher haveria de dar a luz a encarnação do Espírito Santo!!!

Já o décimo nono século foi o sabatismo foi associado ao adventismo de Willian Muller pelo sr J Bates e o casal Withe, os quais passaram a encarar guarda do Domingo o sinal da Besta descrita no Apocalipse.

O profeta do adventismo - Miller - no entanto, jamais aderiu ao sabatismo segundo temos registrado na 'Apostila da congregação reformada dos adventistas do sétimo dia': "Mas Miller, apesar de permanecer, até a sua morte, firme e convicto na sua crença de que JESUS CRISTO voltaria no tempo determinado, e que se ele tardasse seria preciso esperá-lo...  ele não acreditou em todas as crenças Bíblicas fundamentais, que deus havia ofertado ao movimento Adventista por ele liderado, na década de 1840. Foi por isso que ele retornou a igreja Batista, a que pertencia antes de organizar o movimento Adventista, e nela morreu....


Joseph Bates, através de contato com os Batistas do sétimo dia, é que foi convencido pela Sr.ª Rachel Oakes - que era uma Batista do sétimo Dia - de que o dia Sagrado que deveria ser guardado era o Sábado e não o domingo, como eles, os adventistas Milleritas, acreditavam."

Como se vê parece que o deus dele ministra sua revelação ou sua restauração em doses homeopáticas permitindo que seus profetas e escolhidos continuem a chafurdar no erro sem qualquer prejuízo espiritual. O que é certamente um menoscabo para com a verdade eterna!

Torne-mos no entanto ao sabatismo.

Até o comecinho do século XX ainda haviam remanescentes de presbiterianos do sétimo dia no interior dos EEUAN.

Destarte...

Batistas polemizam com batistas... presbiterianos discutem com presbiterianos... metodistas debatem com metodistas e adventistas disputam com adventistas a respeito do dia em que se deve adorar... E todos possuem a mesmíssima Bíblia! Que alegam ser de fácil compreensão! Tão fácil que não são capazes de entender-se sobre o dia da adoração no interior de suas próprias seitas!


Diante disso, algumas seitas, como a das testemunhas de Jeová e a CCB chegaram a conclusão (igualmente apoiadas na Bíblia!!!) segundo a qual o povo de Jesus Cristo não precisa guardar dia algum...

"Voltemos, agora a nossa pergunta original: Precisa guardar um sábado semanal? A BÍBLIA SAGRADA RESPONDE QUE NÃO. A ÚNICA COISA NECESSÁRIO É REPOUSAR EM DEUS, EXERCENDO FÉ NA PROVISÃO SALVÍFICA OFERECIDA POR JESUS CRISTO..." declara a W T na publicação 'Coisas em que é impossível que deus minta' pp 297

Assim, nos domínios do Biblismo há quem veja - no mesmo livro - o sábado, quem veja o Domingo e quem não veja dia algum!!!

Magnífica a clareza deste livro não???







terça-feira, 31 de maio de 2016

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo X> Divisões a respeito das Adiaphoras - Subcapítulo C) Uma bíblia e diversas crenças

AS INCERTEZAS DOS LUTERANOS


Aqui temos o príncipe George de Anhalt "... a favor de um grande número de cerimônias católicas e por isso tido como suspeito por parte de seu grupo."  e decrito por Flacius como "Alguém que deseja apenas consertar ao invés de criar algo novo como nós."

(E então já se vê pelas palavras do Ylirico que os protestantes nada queriam reformar, conservar, purificar, etc mas demolir, destruir, exterminar, tudo quanto fosse antigo ou tradicional e produzir um NOVO padrão de Cristianismo ou um Cristianismo diferente...)

No entanto em 1548 Melanchton, Pfeffinger, Pomeranus e outros colaboradores do já falecido Lutero, assinaram um acordo - O interim de Augsburgo - pelo qual reconheciam oficialmente a neutralidade dos símbolos e cerimônias. Desde então tais homens foram conhecidos por interinistas, adiaforistas ou filipistas; a respeito dos quais escreve Christiani:

"Eles pretendem que a verdade não pode ser atingida por coisas indiferentes..."

As quais, para seus adversários - Calvinistas -  eram tidas em conta de pura e simplesmente diabólicas!

Todavia ainda durante a vida de Lutero, Brentius, um de seus discípulos prediletos, ousou implementar um tipo de Reforma mais radical no Wurttemberg, cujas igrejas e capelas acabaram sendo despojadas de seus ornamentos e enfeites.


A CONTROVÉRSIA DE HOOPER NA INGLATERRA.


Repercutiram tais controvérsias bastante cedo do outro lado da Mancha quando John Hooper, representante do calvinismo radical, foi escolhido para 'Bispo' (sic) de Gloucester, devendo portanto servir-se de paramentos e oficiar conforme o cerimonial anglicano o qual encarava como anti bíblico. Optou assim por resistir, do que resultou envia-lo o rei a prisão de Fleet...

Consultados, tanto Cramner quanto Ridley convieram entre si - contra Hooper e Lasky - que o uso de alfaias, paramentos e formulários de oração era coisa neutra ou adiaphora que de modo tocava a a essência do Cristianismo.

Também Martin Bucer que havia sido chamado por Hooper com o intuito de apoia-lo, esquivou-se logo dizendo que tais assuntos não passavam de picuinhas (Mesmo porque havia concordado em assinar o Interin de Augsburg em 1549)... Mesmo Pietro Martir, que a principio havia simpatizado com Hooper, acabou reconsiderando sua opinião abraçando o adiaphorismo...

Por fim o próprio Hooper acabou cedendo... E consentindo em ser consagrado segundo o ritual anglicano o qual antes havia descrito como idolátrico e pagão.

Após a morte de Maria no entanto, puseram-se os puritanos a atacar tudo quanto fosse calvário ou cruz a beira dos caminhos e mesmo nas igrejas aspirando consumar a grande purificação iniciada por Eduardo. A rainha Isabel todavia opôs-se decididamente a seus planos e conservou piedosamente o crucifixo entronizado em sua capela particular... E assim permaneceram os emblemas e representações nas grandes catedrais sob as vistas dos Bispos anglicanos... Sendo varridos apenas das pequenas igrejas paroquiais dominadas pelos membros da facção baixa ou vulgar. Mesmo a cruz Eleonor de Cheapside só pode ser demolida pelos fanáticos em 1643 - após o martírio do arcebispo Laud - e a cruz Eleonor de Charing em 1647.


II - OS PROTESTANTES E O SAGRADO SINAL DA CRUZ.

Apesar disto a quase totalidade dos luteranos incontaminados pelo liberalismo teológico continua fazendo amplo uso do sinal da cruz (A exemplo de Lutero e dos principais líderes até o século XVIII) o qual também tem sido conservado por parte dos metodistas norte americanos - igreja metodista unida - e até mesmo por uma minoria de presbiterianos pertencentes a PCUSA e a I P de Cumberland.

Já para nossos sectários e pentecostais o sinal da Cruz é pouco menos do que o sinal da Besta ou do anti Cristo...

Também aqui não há acordo a respeito de qual seja o sentido do livro lido e comentado por todos...

Conclusão: Nem mesmo sobre como cultuar ou adorar a Deus os protestantes estão de acordo mas cindidos entre si em duas correntes rivais e inconciliáveis> A formal e a iconoclástica, esta última majoritária no Brasil a ponto dos nossos 'tupiniquins' acreditarem que todos os protestantes da face da terra estejam de acordo com eles... Assim o que em Helsinki ou Spyer é objeto de reverência para os leitores da Bíblia entre nós não passa de vil idolatria para outros tantos leitores...

protestante: Julgo que devamos manter uma fidelidade irrestrita ao padrão bíblico e tentar seguir resolutamente na direção apontada por Calvino.

ortodoxo: No entanto quem nos garante que a opinião de Calvino esteja mesmo de acordo com a mensagem do livro???

Afinal Lutero, que não dedicava menos tempo ao estudo das Escrituras, era o parecer oposto...

Por que Lutero, Osiandro, George de Anhalt, Melanchton, Pomeranus, Oecolampadius, Bucer, Zwinglio, Cramner, Ridley, etc não poderiam estar certos???

protestante: Nossos líderes tem afirmado que as imagens ou representações não passam de ídolos, que o sinal da cruz equivale a uma superstição grosseira, que os paramentos e alfaias são de origem pagã e que o ritual e o calendário são elementos prejudiciais no que diz respeito a adoração verdadeira.

Ortodoxo: Apesar disto luteranos, metodistas, presbiterianos e até anabatistas já na Europa, já nos EUA tem conservado tais elementos não apenas como algo neutro, mas como algo bastante positivo e favorável a piedade...

protestante: Mesmo depois de ter visto com nossos próprios olhos o emprego de tais recursos por parte de nossas igrejas fica difícil acreditar em tal testemunho... O sentido do protestantismo brasileiro insiste em se sobrepor após cada averiguação... De fato não podemos compreender ou assimilar o uso de emblemas ou representações por igrejas que apresentam-se como 'evangélicas'. Sinto-me confuso.


III - Irmãos que não se reconhecem.



Ortodoxo: Eu mesmo tenho um amigo neto de alemães e que é luterano a toda prova. E apesar disto quando o pastor de sua congregação viaja prefere antes assistir missa na Igreja romana do que assistir culto na assembléia de deus...

Certa vez não podendo resistir ousei perguntar-lhe sobre o pôrque de 'quando seu pastor ausentava-se' não assistir culto na deus é amor ou na CCB... Ao que ele, visivelmente encolerizado respondeu-me dizendo que tais "seitas" sequer eram protestantes(!!!) Senti-me tentado a perguntar-lhe a respeito de quem teria posto a Bíblia nas mãos dos fundadores de tais seitas, mas, preferi ficar calado por apreço a amizade...

Noutra oportunidade o mesmo amigo confidenciou-me que os adventistas e batistas que com ele trabalhavam na mesma fabrica, encaravam-no do mesmo modo, não como um 'evangélico' ou protestante e sim como  um romanista idólatra...

Conclusão: Os protestantes sequer reconhecem-se uns aos outros!!! Protestante há que encaram os demais protestantes como sectários caídos das nuvens e protestantes há que encaram os demais protestantes como 'Católicos' ou papistas rsrsrsrsrsrsrs E TEM A MESMA BÍBLIA!!! E - ao menos teoricamente - LIVRE EXAMINAM!!! PAI DO CÉU!!! 

Bela uniformidade doutrinal...

Protestante: Acho que o amigo está exagerando um pouco...

ortodoxo: Veremos...

protestanteVejamos!



IV - O profundo sentido da divisão



ortodoxo: Caso os líderes da organização a que pertence estejam de fato corretos como deveríamos encarar os luteranos, metodistas, presbiterianos e batistas da grande República do Norte com seus campanários, cruzes, sinais, círios, alfaias, paramentos, altares, vitrais, relevos, imagens, etc?

protestante: Se de fato, apegam-se a tais emblemas, só nos resta encara-los como idólatras e pagãos já por que: "Na igreja do povo de Deus, da antiga aliança, não havia imagens, todos os escritores do Velho Testamento o declaram. Que na igreja dos apóstolos não havia tal culto os evangelhos, atos e epístolas o afirmam." Miguel G Torres, iden 238

ortodoxo: Por outro lado caso estejais equivocados e tais práticas sejam de fato toleráveis ou edificantes como os luteranos, metodistas e anabatistas deveriam encarar-vos???

protestante: Se assim fosse possível e o emprego de representações agradável aos olhos de Deus - O que repito é impossível e absurdo! - mereceríamos ser encarados como sacrílegos e apóstatas pois todo aquele que ousa opor-se a instrução divina deve ser tido em conta de pagão ou publicano.

ortodoxo: Portanto caso os luteranos et aliae não passem de idólatras, fica patenteada vossa fidelidade...

protestante: Concedo.

ortodoxo: Todavia, caso os luteranos et aliae tenham dado com a Verdade oculta contida na 'palavra de deus' - pois também eles examinam como vós as mesmas escrituras - vossa condição de ímpios e sacrílegos é manifesta!

protestante: É. É o que me parece. 

Ortodoxo: Portanto deveis admitir que não é possível conciliar as duas opiniões - a de Lutero e a de Calvino - a menos que tomemos a fidelidade por superstição, a piedade por idolatria, a devoção por sacrilégio e o Cristianismo como um todo em palavras vazias ou desprovidas de sentido...

protestante: É, concedo. Parece que não há mesmo esperança de conciliação no que diz respeito a tais práticas e doutrinas.

Ortodoxo: Agora dizei-me cá uma coisa> Como uma prática ou assunto capaz de converter o cristão em idólatra ou em legítimo adorador pode ter importância secundária?

protestante: Sou levado a reconhecer que este, como os demais pontos por nós analisados seja essencial e que possamos por a questão nos mesmos termos que Miguel G Torres"Vão para o inferno os que morrem em pecado mortal, morrendo de pecado de idolatria que é pecado mortal, não podem ter ido para o tal purgatório, mas para o inferno." iden 219

Ortodoxo: Outrossim, em se tratando dum ponto de importância capital e que diz respeito ao destino eterno do homem por que cargas d água as diversas facções de livre examinadores ainda não chegaram a a um acordo plausível permanecendo separadas e em estado de animosidade?




V - Igreja, instituição mundana ou divina?


protestante: "A diversidade pois, de organizações protestantes obedece a uma tendência inata, a um instinto de sociabilidade humana e não a meras paixões do momento." Eduardo C Pereira. iden 65

Ortodoxo: Que as organizações humanas e divinas sejam administrativamente autônomas parece corresponder de fato um principio natural e universal. Ponto pacífico.

Que nas organizações de origem puramente humana haja certa flexibilidade e variabilidade em torno de ao menos alguns princípios constituitivos também parece-me aceitável ao menos até certo ponto.

Sem embargo disto há instituições humanas bastante coesas, teórica ou ideologicamente falando - sejam os Partidos políticos, Clubes, Sindicatos ou simples ONGs, como o Green Peace - e até me parece que em algumas delas (Em que pesem suas origens puramente terrenas) haja mais uniformidade do que no seio do protestantismo.

Quanto aos Cristãos porém esta escrito que são gerados por um princípio superior a natureza e a todas as leis que regem este mundo, a saber, por Deus mesmo, do qual tornam-se filhos (Jo 1,13) adotivos, recebendo uma nova criação e uma segunda natureza.

Diante disto, considerando que Deus seja Uno e indivisível, que a revelação comunicada por ele seja Una e que a igreja por ele fundada seja igualmente una - 'E sobre esta pedra edificarei minhA igreja', em singular, significando que existe algo de UNO na Igreja - não vemos porque a doutrina deva ser fragmentária, comportando diversas versões ou opiniões contraditórias.

Ademais se como todas as coisas uteis trazidas a existência a igreja possui uma finalidade ou propósito definido não podemos deixar de concluir que esteja posta para a manutenção da divina Revelação em termos de verdade Una. 

Ou não deveria a DOUTRINA REVELADA SER TÃO COERENTE E UNIFORME QUANTO O SUPREMO REVELADOR O É??? Por que haveria ela de ser múltipla e variável até a confusão??? Se a ordem corresponde a um Bem e a confusão a um Mal porque haveria Deus de amar a confusão??? Agora se abomina a confusão por que estaria ela presente na doutrina? Faltará ao Onipotente meios ou maneiras para evitar a confusão e estabelecer o entendimento doutrinal entre os membros da Igreja por ele fundada???

Assim se não há deuses julgo que não haja motivo plausível para que admitamos a existência múltiplas verdades e seitas COMO ALGO QUERIDO OU DESEJADO POR DEUS. 

Trata-se portanto de algo que não pode nem deve fazer parte constituitiva da igreja idealizada por ele. A menos que não possa idealizar ou fazer algo melhor.

Se Deus deveria fazer, não poderia deixar de fazer - Uma vez que não pode deixar de preferir sempre o Bem ao Mal e o perfeito ao imperfeito - e não lhe faltava poder para fazer, como deixar de admitir que estabeleceu uma igreja infalível, incorruptível, competente, hábil e apta tendo em vista o fim divino para que foi posta???


Neste caso a que vem condição humana, ego, instintos, tendências, etc???

Dirás tu, amigo protestante, que as tendências inatas que porventura possam malsinar a convivência humana e encaminhar os homens a rivalidade não podem ser superadas com o auxílio da divina Graça na Unidade de Jesus Cristo??? Como fosse impossível para ele educar, corrigir, orientar e melhorar o homem??? Ou como se estimasse a imperfeição e a inferioridade???

Ou Deus não ama a Unidade (Neste caso então porque não se fez deuses?) ou a ama. Ou pode atuar segundo as exigências do amor (Pondo os seres humanos na Unidade da fé) ou não pode... Se pode porque não faz? Se não pode...

Admitido que Deus seja um, que o Cristo seja um, que o Evangelho seja um, que a salvação seja una, que a graça seja una, que a igreja seja una; o discurso dos verdadeiros crentes deve ser pautado pela uniformidade e esta encarada como um valor desejável no plano da fé.

Divididos estão os protestantes, três, sete, doze, quinze ou vinte vezes, justamente por serem incapazes de penetrar com suas próprias forças naturais o sentido do livro, porque examinando sem fazer caso da tradição apostólica não podem dar com a verdade Una, porque cada qual interpreta o que lê segundo os preconceitos da facção a que pertence, porque atribuem ao livro suas próprias idéias e crenças, porque não são capazes de examinar imparcialmente, etc Enfim porque o método do livre exame conforma-se perfeitamente com a vulgaridade da natureza, jamais fazendo jus a condição divina de Jesus Cristo.

E assim a escritura em suas mãos acaba fazendo as vezes duma gaita de foles...



VI - Schaff folgando com as divisões - Resposta dos principais líderes protestantes


Protestante: "Talvez as variações tão decantadas pelos controversistas romanos não sejam tão más" Schaff. iden 207

Ortodoxo: Passo a palavra a vossos reformadores:

Martinho Lutero: "ESTE NÃO DESEJA O BATISMO, AQUELER REJEITA OS SACRAMENTOS, HÁ QUEM ADMITA OUTRO MUNDO ENTRE ESTE E O JUIZO FINAL, QUE NEGA A DIVINDADE DE CRISTO, UNS DIZEM ISTO, OUTROS AQUILO E LOGO SERÃO JÁ TANTAS SEITAS E RELIGIÕES QUANTO CABEÇAS." Weimar XVIII, 547 &

"SE ESTE NOSSO VELHO MUNDO DURAR MAIS TEMPO, SERÁ NECESSÁRIO RECEBER DE NOVO OS DECRETOS DOS CONCILIOS A FIM DE CONSERVAR A UNIDADE DE FÉ CONTRA AS DIVERSAS INTERPRETAÇÕES DA ESCRITURA QUE POR AI CORREM." Epistola a Zwinglio

João Calvino: "É DE GRANDE IMPORTÂNCIA QUE NÃO CHEGUE AOS SÉCULOS FUTUROS QUALQUER SUSPEITA SOBRE AS DIVISÕES QUE EXISTEM ENTRE NÓS, PORQUE É SUMAMENTE RIDÍCULO PENSAR QUE, APÓS TERMOS ROMPIDO COM O PAPADO, ESTEJAMOS EM TÃO POUCO ACORDO DESDE O PRINCÍPIO." Epistola a Melachton.

Thedoro de Beza, sucessor de Calvino: "EIS QUE NOSSO POVO É LEVADO POR TODO VENTO DE DOUTRINA, O QUE CRÊ HOJE TALVEZ O SAIBAS, MAS O QUE CRERÁ AMANHÃ NÃO PODEMOS ATINAR." In Epistola a Andrea Duditium

Myconius: "As coisas não vão nada bem desde que os leigos atribuiram a si mesmos toda autoridade e o magistrado se fez Papa."in ep a Calvino

Capiton: "A autoridade dos ministros foi totalmente abolida e assim tudo se perde e se arruina. Eu não conheço uma igreja, uma só, onde haja disciplina... pois o povo não cessa de dizer: Vós vos fizestes tiranos duma igreja que é livre e estabelecestes um novo papado." in ep a Farel

Melanchton: "Que será da igreja? Pois desde que mudamos todos os costumes antigos as pessoas estão persuadidas de que não há mais necessidade de líderes ou de condutores autorizados... - ...certamente que não apoio a tirânia dos Bispos, mas sim o restabelecimento de sua administração, conforme o costume da igreja. Pois se não restabelecermos logo a polícia eclesiástica então a tirânia atingirá niveis verdadeiramente insuportáveis."

O mesmo: "O rio Elba com todas as suas águas NÃO BASTARIA PARA SE CHORAR A DESGRAÇA DE UMA REFORMA DIVIDIDA."

Protestante:...

Samuel Puffendorf, jurista protestante do décimo sétimo século: "COMO O PROTESTANTISMO NÃO POSSUI QUALQUER AUTORIDADE PARA ENCERRAR AS DISPUTAS QUE SURGEM ENTRE AS PARTES, FRAGMENTA-SE EM SI MESMO." De monarch.

Bernardo de Mandeville: "Mas os lideres protestantes apartaram-se bastante cedo uns dos outros e com grave dano introduziram a divisão e até os dias de hoje tem se esforçado para congregar os dissidentes e por fim a luta religiosa..." Id, praef Pg Viii.





Cochlaeus: As sete cabeças ou caras de Martinho Lutero


"Impiedade e blasfêmia é suster que a divina palavra seja obscura." MARTINHO LUTERO JOVEM.

"NINGUÉM SERÁ CAPAZ DE COMPREENDER AS BUCÓLICAS DE VÍRGILIO SEM TER SIDO PASTOR POR CINCO ANOS. NEM AS GEÓRGICAS SEM TER SIDO CAMPÔNIO POR OUTROS CINCO ANOS. PARA COMPREENDER AS CARTAS DE CÍCERO, SUSTENTO QUE É MISTER TER GOVERNADO POR CERCA DE VINTE ANOS UM GRANDE ESTADO. NINGUÉM CREIA POIS QUE SEJA POSSÍVEL COMPREENDER A ESCRITURA AQUELE QUE JAMAIS DIRIGIU A IGREJA POR CEM ANOS COMO OS PROFETAS ELIAS E ELISEU, SÃO JOÃO BATISTA, JESUS CRISTO E OS APÓSTOLOS." MARTINHO LUTERO MADURO

"AINDA QUE OS PAPISTAS ME MOSTRASSEM UMA MULTIDÃO DE TEXTOS BÍBLICOS NOS QUAIS AS BOAS OBRAS SÃO PRECEITUADAS, NÃO ME IMPORTO COM TAIS PALAVRAS, EMBORA CITASSEM AINDA MAIS. PAPISTA ALTIVO E ORGULHOSO QUE MANEJAS A ESCRITURA, SABE QUE TENHO A CRISTO POR MESTRE. ASSIM NADA ME COMOVE, APOIA-TE SOBRE A SERVA, EU ME APOIO SOBRE O SENHOR DA ESCRITURA QUE É JESUS... A ELE PREFIRO RENDER AS HOMENAGENS DA FÉ, AO INVÉS DE APARTAR-ME DO SENTIMENTO QUE ABRACEI, MESMO TENDO CONTRA MIM TODA ESCRITURA." MARTINHO LUTERO ESPERTO in Perrone "Regra de fé" tomo I pp 308

sexta-feira, 27 de maio de 2016

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da presença real do Senhor da Eucaristia: Sub Capitulo 09 - O Dr Karlstadt




Dentre os primeiros a assimilar suas dúvidas e a apoiar a grande rebelião achava-se um cura suíço de Glarus chamado Ulrico Zwinglio, o qual fora iniciado por um de seus tios na escola de Platão cujos erros e venenos bebeu em abundância.

Presumido como era este Zwinglio chegou inclusive a revindicar para sí mesmo uma espécie de co paternidade - cf Merlé Daubigne 'Reforma na Suíça' - quanto ao advento da Reforma protestante. Alegando ter tomado a iniciativa de purificar a igreja independentemente Lutero e quiçá antes dele... 

Foi esta, sem sombra de dúvida, uma das farpas mais agudas lançada contra o esposo de Dna Catarina ou no dizer de S Paulo um 'espinho da carne' do 'profeta saxão'... O qual de modo algum estava disposto a partilhar, com quem quer fosse, a glória de ter restabelecido a luz da verdade onde antes havia apenas escuridão e trevas.

Não a reforma era sua, somente sua, pensava Lutero, e ai que quem cogitasse priva-lo de tal 'glória'!

Fora ele Lutero o escolhido para 'salvar' a fé Cristã, o cristianismo e os cristãos... Ele era o coadjutor de Cristo, e auxiliar em sua obra... Ele era o 'associado' destinado a restabelecer o que Cristo e os apóstolos não haviam firmado coma a devida habilidade.

Ele era o 'reformador' necessário sem o qual o Cristianismo jamais teria retomado seu rumo...


A simples sugestão de que existia algum co reformador, cuja fama ameaçasse a sua era o quanto bastava para enche-lo de ódio e amargura infinitos. 

Por isso que a ninguém odiou mais do que ao 'impudente' Ul Zwinglio 'mais ameaçador do que o turco e o papa!'.

A crítica no entanto - mesmo protestante - vindicou já a reputação de Lutero. Estabelecendo com abundância de provas a dependência do Suíço quanto a suas obras e exemplo, dos quais alimentou-se ao menos no primeiro momento de sua atividade reformista. O impulso, sem dúvida, veio das Alemanhas...

Ainda aqui mentiu e falseou o matreiro Zwinglio quando disse ter iniciado uma reforma paralela por conta própria, ocultando sua dívida para com o Revolucionário Wittemberguense.

Até nisto foi a reforma - e ainda é - uma feira interminável de vaidades e festival de pretensões destinadas a alimentar o ego insaciável dos vaidosos. 

Foi este Zwinglio que - A semelhança de Américo Vespúcio - emprestou seu nome a doutrina simbolista ou alegórica do Sacramento, AINDA QUE NÃO A TENHA FORMULADO.


De fato chamasse zwingliana porque foi abraçada e divulgada pelo reformador suíço, mas não concebida ou formulada por ele.

Então por quem????

Quem seria o mestre ou inventor?






Poucos são, mesmo entre os protestantes, os expositores capazes de indicar com exatidão o verdadeiro autor da teoria. 

PASSANDO ZWINGLIO POR PAI DE FILHO QUE NÃO É SEU!!!


Em verdade a paternidade da teoria simbolista ou sacramentária da Eucaristia cabe ao Dr Andreas Bodenstein, mais conhecido como Karlstadt, a um tempo amigo, a outro predecessor ou ao menos companheiro de Lutero, durante as primeiras aventuras reformistas.

De fato a este Karlstadt cabe o mérito de ter inventado diversas doutrinas ou dogmas ainda hoje altamente estimados por nossos protestantes assim o pedobatismo, a iconofobia, a rejeição ao celibato, a santificação do 'cânon' judaico, e o sacramentarismo dentre outros. 

O que Th A Edison foi para a tecnologia contemporânea, Karlstadt foi para o protestantismo emergente, traçando-lhe as linhas fundamentais, sempre em oposição a Lutero...

Todas divulgadas entre os primeiros círculos anabatistas por seus companheiros de 'ministério' os profetas de Zickwau.

Aos quais ensinou que ao proferir as palavras eucarísticas ' Este é meu corpo' Jesus teria apontado para seu próprio corpo, e, assim aludido a si mesmo e não ao pão.

Sintomático que em qualquer das dúzias de Evangelhos apócrifos ainda hoje existentes e atribuídos a St Maria, Madalena, Pilatos, Judas, Mateus, Pedro, Tiago, Bartolomeu, Filipe, etc inexista qualquer alusão, inda que indireta, a tão patética cena concebida pelo imaginioso companheiro de Lutero.

Teria ele captado tal imagem por telepatia??? Seria ele médium ou sensitivo??? Teria poderes paranormais ou estaria delirando??? É O QUE JAMAIS VIREMOS A SABER!

Seja como for pretendia o Dr Andreas, com sua caprichosa explicação, suprir a omissão ou incúria dos apóstolos, evangelistas e hagiografos, que, apesar de inspirados, haviam deixado de registrar tão importante pormenor; e consequentemente, precipitado a Cristandade no abismo da hartolatria!!!

Já Otto de Brunfels, advertira que o 'desvio' eucarístico deveia ser atribuído as próprias escrituras, no caso omissas, logo falíveis e vulgares... Como veremos nos próximos tópicos.

Os anabatistas - Que eram, via de regra, pessoas simples e parcamente instruídas (como ainda hoje são) - acolheram devotamente a estranha explicação do Dr Karlstadt e deram-se por satisfeitos pelo simples fato de terem podido quebrar mais um dos tantos elos que prendiam a pobre Cristandade a Babilônia papal. 

Os eruditos no entanto... rsrsrsrs

Tiveram pudor ou vergonha... Afinal nem todos os protestantes haviam perdido aquele belo apanágio da natureza chamado razão ou senso do ridículo. 

Por aí se vê que deus sequer fora capaz de iluminar dignamente o pai e profeta dos sacramentários. E que tudo partira duma grande cagada!


Entrementes Zwinglio alimentava em seu coração aos mesmas dúvidas que Berengarius: "Se subiu aos céus e está assentado a mão direita de Deus Pai, como pode estar do mesmo modo sobre diversos altares ao mesmo tempo???"

imprimindo a tais dúvidas uma conotação cada vez mais severa. Enquanto Lutero - obtendo apoio do braço secular - esmagava o pobre Karlstadt impondo-lhe o silêncio!

Zwinglio no entanto disse para sí: "Talvez o alemão ridicularizado por Lutero esteja certo." todavia não podemos adotar sua explicação... POR SER RIDÍCULA...

E... assim sendo hesitava...

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VI > Divisões a respeito dos demais sacramentos: Sub capítulo 02 - Sobre o sentido dos Sacramentos





  1. Um choque de sentidos
  2. Esvaziamento da Encarnação
  3. Lutero e Calvino com o pezinhos no Catolicismo
  4. Duas tradições sacramentais distintas
  5. De como a concepção zwingliana não desgostou os incrédulos
  6. A propósito de Dimas, o bom ladrão
  7. Platão ou Jesus



Cisões em torno da natureza e do sentido dos Sacramentos


Ortodoxo: Isto no entanto não é tudo. 


Pois mesmo entre aqueles que estão unidos pela afirmação a respeito da quantidade ou do número de sacramentos, existe outra divergência não menos grave que toca a definição, o sentido ou essência mesma dos sacramentos multiplicando ao infinito as divisões já existentes...

Protestante: Que quer dizer sentido ou essência do Sacramento?


Ortodoxo: Quero dizer um luterano ou calvinista define sacramento duma maneira enquanto que um Zwingliano ou anabatista define-o em termos totalmente diversos. Bi polar, gira o protestantismo em torno de duas concepções opostas ou contrárias de sacramentos. Os protestantes pensam a vida sacramental de modo diferente. 

No frigir dos ovos queremos dizer que não há conformidade ou acordo entre os protestantes a respeito do que seja um sacramento... Para um grupo é uma coisa e para o outro grupo, outra coisa. 

Protestante"Sacramentos são ordenanças externas decretadas por Jesus Cristo com o objetivo de testemunhar publicamente a fé." 


Ortodoxo: Tal a definição fornecida por Zwinglio e recebida ou professada por grande número de protestantes (Yankees e brasileiros). Julgo poder expressa-la da seguinte maneira: Os sacramentos não passam de ritos, cerimônias ou emblemas externos cuja observância foi decretada por Jesus Cristo Nosso Senhor com o objetivo de propiciar uma manifestação pública da fé da igreja perante o 'mundo'. Tratar-se-ia portanto de um exercício da fé destinado a fortalece-la ou a aumenta-la.


Como se vê aqui, Zwinglio não faz qualquer menção a graça subentendida como um contato espiritual com Jesus Cristo. A definição zwingliana não relaciona a execução do rito com a produção ou o aumento desse estado de espírito.






2 - Platonismo, o esvaziar da Encarnação


Sendo assim só nos resta concluir - a luz da doutrina zwingliana - que os sacramentos jamais penetram ou recôndito alma atingindo a dimensão espiritual (atingida pela fé somente!) do ser humano. Eles permanecem sempre fora do homem e portanto na periferia da religião. Sacramento aqui jamais é vida espiritual comunicada por Cristo ou aumento de 'comunhão' mas de fato uma profissão externa da fé.
A luz desta definição meramente externa, formal, cerimonial e fideista fica bastante fácil compreender porque a vida sacramental declinou em todas as parcelas do protestantismo por onde alastrou-se zwinglianismo, cuja matriz é idealista, descarnada e platônica. Alias, esta relação causal ajuda-nos a compreender porque Zwinglio, na contrapartida do mistério da Encarnação - por meio do qual a materialidade é associada ao espírito - estabeleceu uma barreira irredutível entre o corpo e a alma...


Da qual resultou uma sensível perda de consciência sobre o mistério central de nossa fé, que é a entrada de Deus no mundo e consequentemente sua materialização e introdução na esfera do sagrado. De modo que o protestantismo zwingliano, tal e qual o judaismo antigo, converte-se em negação e fuga diante do mundo. De fato esse sistema de Cristianismo platonizado não pode admitir a incorporação do mundo por Deus... Desesperando e repudiando muito facilmente aquilo que ele desejou assumir. As consequências dessa teologia super espiritualizada acabam sempre sendo mais notórias em termos de 'doutrina social', e a única doutrina social que os sectários, zwinglianos e judaizantes possuem com relação ao mundo é justamente a da apostasia e do catastrofismo... Ainda nessa perspectiva é comum que desgostem do Evangelho e super valorizem a Revelação de João ou Apocalipse,

Também fica bastante fácil compreender porque os herdeiros de Zwinglio, tendo fé, menosprezam as ordenanças ou sacramentos a ponto de encara-los como vestígios de farisaísmo ancestral e aspirar por sua abolição. Se já possuem a fé e essa fé é suficiente para salva-los pouco importa manifesta-la ou não, pois o que salva é a fé e não sua manifestação por meio de emblemas. Adicione agora a doutrina da predestinação, segundo a qual os salvos foram escolhidos desde toda eternidade sem qualquer outro critério além da graça posta para a fé... Então se você tem a fé e se julga predestinado nada do que fizer ou deixar de fazer mudará isto, nem mesmo a recepção ou não recepção dos Sacramentos. Os quais nesta perspectiva são abatidos ainda mais.

Dir-se-ia que a doutrina protestante seja a de Lutero, a de Zwinglio e a de Lutero sufocam paulatinamente a vida sacramental estabelecida por Jesus Cristo e patenteada pelo Santo Evangelho até extermina-la.


O Sacramento de fato continua a existir (pelo simples fato de 'estar escrito') mas apenas 'pro forma' e portanto fora da vida da alma e completamente esvaziado de seu legítimo sentido que é a incorporação da matéria pelo espírito enquanto extensão ou ampliação da Encarnação do Verbo.



Protestante: De minha parte ignoro que haja qualquer outra perspectiva.






3 - Lutero e Calvino com os pezinhos no Catolicismo


Ortodoxo: Segundo Kleim (cf 'Os sacramentos na tradição reformada) Lutero e Calvino - em que pese a polêmica em torno do número - nada teriam alterado em termos de definição, conceito, natureza ou essência dos Sacramentos mas conservado o ensinamento atribuído a teologia romana (comum a Igreja Católica e Ortodoxa) ou melhor Católica, aqui tributária de Agostinho.


ProtestanteSeja mais claro por favor.


ortodoxo: Farei o possível. 


“Sacramento é o sinal de uma coisa sagrada” (cf. Cidade de Deus X,5). 

Eis como Agostinho define a natureza do rito a que nós Ortodoxos chamamos de mystêria.



E noutra parte (Doutrina Cristã II, 1) declara com mais precisão ainda: “Sacramento é um sinal visível de uma graça invisível, instituído para nossa justificação”  

Desde então suas palavras foram textualmente subscritas por Hugo de S Victor, Pedro Lombardo, e outros doutores ao cabo de quase mil anos. Bem como pelos clérigos latinos congregados em Trento (pseudo concílio de Trento XIII cap 3).






Assim ao definir Sacramento como "...sinal material ou sensível que unido a palavra sagrada produz um efeito espiritual." Lutero limita-se a reproduzir a definição fornecida por Agostinho e a permanecer no terreno da tradição Cristã ou da mentalidade comum aos primeiros séculos.

Ruptura alguma aqui!






Mesmo Calvino não é doutro parecer; pois reconhece francamente que:  "Esta definição - dada por ele Calvino nada difere em sentido daquela de Agostinho, o qual ensina ser o sacramento ‘Sinal visível de uma cousa sagrada’, ou, ‘a forma visível de uma graça invisível."





Os ortodoxos apreciam sobremodo a definição de Isidoro nas "Etimologias": "Ato visível que oculta a ação do Espírito Santo que é aproximar o homem de Jesus Cristo."Calcada Igualmente na do Bispo de Hipona e jamais houve qualquer controvérsia a respeito mesmo após o Cisma.



Noutras palavras: Sacramento é um rito ou uma cerimônia externa e material que representa uma operação espiritual e interna produzida por Cristo nas almas de seus servidores. É justamente essa dupla realidade - material/espiritual < > esterna/interna - que relaciona-o com as 'duas' formas ou categorias do Único Jesus Cristo: Divindade e Humanidade.

O Sacramento é a um tempo material e imaterial, externo e interno, humano e divino porque seu estatuidor, Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem; e o Sacramento identifica-se com ele e reproduz seus traços.


Podemos defini-lo ainda como um rito ou cerimônia que nos associa ou nos aproxima de Jesus Cristo. 


Alias, cada rito esta relacionado, ainda que remotamente, com algum dos mistérios de Cristo, do qual retira seu mérito ou valor: Assim nosso Batismo esta na dependência do Batismo de Cristo, a Eucaristia ligada a paixão do Senhor, a Crisma reporta ao Espírito Santo, e sucessivamente... Dir-se-ia que pelo Sacramento cada mistério cristológico é inserido em nossas almas em determinada etapa de nossa existência.



Por isto Kleim, acertadamente declara que a teologia sacramental de Lutero, Calvino, Agostinho ( e Isidoro, Damasceno, etc) é praticamente a mesma. Em termos de conceito a visão sacramental de Lutero e Calvino é perfeitamente católica ou ortodoxa, não inovadora, distinta ou conflitante.

Protestante: Sendo assim nossa compreensão de Sacramento encontra-se em estado de oposição face a compreensão de Lutero ou Calvino? 



4 - Duas tradições sacramentais distintas


Ortodoxo: Sem sombra alguma de dúvida. O protestantismo atual assume duas visões ou teorias sacramentais radicalmente opostas, contraditórias, antagônicas e inconciliáveis. 

Protestante: Quer dizer as opinião de Agostinho Zwinglio?


Ortodoxo: A princípio parte do movimento protestante aderiu aberta ou inconscientemente a opinião do despadrado Suíço enquanto que a outra parte permaneceu atrelada a opinião de Lutero Calvino, a qual como já dissemos, foi tomada a Agostinho e corresponde ao sentir da Ortodoxia.


Com o passar do tempo no entanto, o ódio consagrado pela generalidade dos protestantes a tudo quanto seja ou pareça ser católico foi aproximando-os cada vez mais da visão zwingliana, segundo a qual fé e a graça operam independentemente dos Sacramentos, concebidos como meros emblemas cujo objetivo é dar testemunho público da fé.







5 - De como a concepção zwingliana não desgostou os incrédulos


Esta visão platônica ou neo platonizante (e idealista) como já dissemos, foi endossada igualmente pelos liberais ou protestantes 'incrédulos' os quais após terem assumido por completo os pressupostos do naturalismo só podiam encarar a realidade interna da operação sacramental como uma espécie de ato mágico. De fato os naturalistas, materialistas e adversários da religião beneficiaram-se amplamente da teoria zwingliana uma vez que a partir dela ficava sempre mais fácil negar a existência de qualquer realidade espiritual... 

Assim a ideia de que nada havia neles além de expressão gestual ou simbólica foi entusiasticamente acolhida por tantos quantos repudiavam os pressupostos nicenos ou atanasianos e consequentemente a Encarnação de Cristo.

Afinal se Jesus Cristo não era Deus os Sacramentos não podiam possuir a capacidade de inserir os homens no plano da espiritualidade ou aproxima-los verdadeiramente do Sagrado. 


Assim parte dos que vieram a esvaziar os sacramentos de sua realidade espiritual e a apresenta-los como formalidades meramente externas e superficiais não tardaram a acalentar dúvidas a respeito da Natureza de Jesus Cristo enquanto os que já não acreditavam na Natureza divina do Verbo foram levados a canonizar as opiniões reducionistas de Zwinglio a respeito deles e desde modo a acalmar suas consciências.

Pois desta forma o Cristo perdia acesso imediato e direto ao íntimo do ser. 


Unitarismo, anabatismo e teoria sacramental externa ou meramente simbólica associaram-se por 'afinidades eletivas' e não por mero acaso. O sentido geral ou a tendência era a mesma.

Protestante: Deixe-me ver se compreendi bem.

Para Lutero e Calvino os sacramentos eram sinais externos que de algum modo produziam, aprofundavam ou aumentavam a graça divina, enquanto que para Zwinglio a produção ou o aumento da graça corresponde a uma relação direta entre Deus e a alma fiel que se concretiza e esgota no plano invisível da fé, e; consequentemente sem a necessidade de qualquer sinal ou rito material e visível???

Ainda segundo esta perspectiva os sacramentos não passariam de cerimônias públicas de caráter ou social destinadas a exercitar a fé ou a estimular a afetividade do crente.

ortodoxo: Exatamente. Acertou em cheio.


Nós, com os Luteranos e Calvinistas, acreditamos que quando um servo obediente recebe o batismo, conserva ou amplia sua relação com o Sagrado, vinculando-se a Jesus Cristo ou aproximando-se mais dele. Já o zwingliano encara o Batismo como mero testemunho externo de fé, o qual nada produz em termos espirituais e do qual não resulta qualquer benefício interno como o perdão dos pecados, a vida eterna ou a adoção espiritual. 

Ele descarta como mágica ou supersticiosa a ideia de um Batismo regenerador que vincule a alma do fiel ao divino Mestre e vivifique-a espiritualmente, e capacite-a para observar seus mandamentos. 

Sendo assim até podemos defini-lo como um banho qualquer, com a diferença de que se trata de um banho público exigido por Jesus Cristo e realizado em nome do Deus Trino! 

Seja como for nem a exigência baixada pelo Mestre nem a solene alusão a natureza divina são suficientes para que este banho se torne vivificador e produza qualquer efeito interior de natureza espiritual.

Pelo que o Batismo zwingliano não regenera antes é recebido por crentes já regenerados pela fé em Jesus Cristo ou predestinados. É por amor apenas que os crentes já resgatados e obedientes oferecem este testemunho externo face ao mundo. No entanto em termos de vida espiritual ele nada significa. É irrelevante.








6 - A propósito de Dimas, o Bom ladrão


Com batismo ou sem batismo o crente fiel esta salvo e o predestinado predestinado. E de imediato toda a protestantada nos oferece o Dimas, o ladrão moribundo, como exemplo nesse sentido. Sem compreender que ele NÃO PODIA batizar-se, fazer penitência ou executar qualquer obra porque estava prestes a morrer! E rejeitando aprioristicamente a sugestão de que Dimas ao exercer sua fé, prontificou-se a fazer - caso tivesse vida e oportunidade - tudo quando Jesus e sua lei determinassem que ele fizesse, e assim receber o Batismo, fazer penitência, abster-se de pecar, amar o próximo, abster-se de julgar, ter paciência, etc


Nós Ortodoxos cremos que por meio da Eucaristia tomamos posse de Jesus Cristo de uma maneira especial e mais intensa do que pela fé. Já os Zwinglianos creem que ingerem pão e vinho ou fazem um lanchinho em memória da paixão do Senhor e que esta colação nada produz em termos espirituais limitando-se a simbolizar ou a representar a fé pela qual a alma do crente alimenta-se espiritualmente de Jesus Cristo (!!!). Assim a Eucaristia acaba fazendo o mesmo que o simples ato de fé faz. Nada mais, nada além... 

Como bem se vê os zwinglianos colocaram uma barreira ou obstáculo entre cada rito e a operação espiritual por ele representada concebendo o sacramento como pura e simples ordenança de caráter externo, público ou social. Como se entre a divindade e humanidade daquele que estatuiu os sacramentos existisse a mesma rígida barreira de separação e não permutação de bens. De fato as formas ou naturezas são distintas, o que não destrói a relação existente entre elas..


Por que não são dois jesuses ou dos cristos separados, mas um só Cristo que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem e cujas forças estão conectadas. Mas eles não admitem que o sacramento reproduza esta conecção sendo a um tempo realidade externa e material e a outro interna e espiritual. 

O resultado desta teologia platônica foi que a vida Cristã inspirada pelo zwinglianismo alienou-se cada vez mais dos Sacramentos. Em termos de afastamento progressivo e desinteresse. De fato raramente tais cerimônias são realizadas pelos sectários, mas fria e mecanicamente, apenas porque decretadas pelo 'livro', não porque sejam realmente necessárias, acrescentando algo a fé.

De fato os protestantes não tem desejo ou saudade da 'ceia' exceto quando superam o zwinglianismo e são contaminados, sem saber, e inconscientemente pelo sentido católico. 

De modo geral, em termos sectários esta vivência tornou-se cada vez menos frequente ou rara... Até deixar de ser percebida como algo especial já pela igreja já pelo mundo. E, em alguns domínios, desaparecer sem deixar saudades...

Foi uma ruptura significativa porque a partir dela o sectarismo protestante apartou-se e continua a apartar-se cada vez mais da realidade concreta do mundo e a enfatizar mais a dimensão do espírito numa perspectiva descarnada. Indo na contramão do sentido marcado pela Encarnação do Verbo, que é a reconciliação e pela incorporação do mundo material.


Ao forjar sua teoria Zwinglio tornou a restabelecer a velha e decantada tensão existente entre os mundos espiritual e material, transcendente e imanente, o semítico e pagão e este restabelecimento foi dramático. Tendo em vista certa aproximação com o judaismo antigo e o islamismo que são outras tantas formas de platonismo ou de transcendentalismo absoluto.

Aqui o Cristo é rompido, sua obra de superação cindida e restaurada, e reforçada a antinomia material e imaterial. O que implica reversão e perda de consciência.


Protestante: Agora sei porque os Calvinistas - e Luteranos - a semelhança dos papistas insistem teimosamente a respeito das tais ordenanças elevando ao máximo a importância delas.


Ortodoxo: A menos que os zwinglianos e anabatistas, numa perspectiva oposta ao mistério da Encarnação do Senhor - e portanto platônica ou neo platônica - tenham principiado a menospreza-las abandonando progressivamente seu uso.


Paradoxalmente o objetivo deste menosprezo foi completar ou fazer avançar a obra de Lutero em torno da máxima importância da fé e do acesso direto a Deus... Tal a 'boa intenção'.






7 - Platão ou Jesus?

Foi o próprio Kleim que fez esta triste constatação a respeito dos neo Zwinglianosasseverando que oficiavam a Ceia muito raramente ou quase que nunca. 


Do ponto de vista do zwinglianismo no entanto tal abandono é perfeitamente compreensível. Pois se já comungam do Cristo direta, diariamente e a todo instante pela fé, para que se dar ao trabalho de adquirir e consumir pão e vinho com o mesmo objetivo??? Ademais o ofício da ceia demanda certo trabalho... Prevalecendo naturalmente a 'lei do menos esforço'. E o abandono do sacramento...

Abandono que remonta ao unitário Socino, o qual ainda no século XVI negou que a Eucaristia fosse verdadeiro Sacramento!

O problema aqui é Jesus Cristo ter fixado exterioridades a semelhança dos escribas e fariseus e proclamado - na perspectiva de Lutero - simultaneamente que a fé era tudo. Numa linha de coerência Jesus, como Platão, deveria ter excluído da religião e do culto tudo quanto pertencesse a esfera do sensível. E criado uma religião total ou absolutamente espiritual e isenta de ritos ou exterioridades vãs... 


Todavia, pelo Batismo e a Eucaristia, penetramos os domínios da incoerência. Intuitivamente ao menos, este estado de tensão parece ter sido detectado pela consciência protestante, e o resultado foi o abandono completo dos sacramentos. Pois o núncio da espiritualidade pura e descarnada jamais poderia ter decretado tais cerimônias...

Em certo sentido os neo protestantes ou neo zwinglianos mostram mais coerência do que aquele a quem alegam cultuar e cuja obra devem necessariamente desconstruir, obscurecer e ao menos inconscientemente aborrecer. 

De minha parte não percebo como esta indiferença ou má vontade esteja de acordo com a praxis da Cristandade primitiva, mãe dos mártires. A qual, como se depreende das pinturas assentes nas Catacumbas, fundamentou toda sua vida espiritual em tais cerimônias, especialmente no Batismo e na Eucaristia. 

Os 'Atos dos mártires' inclusive testificam o imenso amor e carinho com que nossos heroicos ancestrais costumavam recorrer aos santos e divinos mistérios estabelecidos pelo Supremo Benfeitor do Gênero humano. As reverências de que eram objeto, o zelo com que eram guardados, os cuidados com que eram ministrados e oferecidos, tudo esta detalhadamente referido ali. Assim na vida de S Tarcísio, o mártir da eucaristia! E nas vidas daqueles que ousaram descer a fonte sagrada mesmo sob a ameaça da morte e da tortura, arrostando toda sorte de perigos... Na partida por fim daqueles que no dia do martírio envergavam a túnica imaculada do Batismo!

Fica difícil imaginar ou conceber que a piedade deles pudesse ter sido alimentada por uma fé platônica e descarnada nos moldes da de Zwinglio cujo fruto tem sido o menosprezo e a indiferença por tais instituições. São elementos díspares, que não se encaixam.

Penso que o fervor sacramental da Igreja antiga e sua praxis bastem para dar testemunho a respeito da fé que a inspirava partindo duma perspectiva encarnacionista (da Encarnação de Deus em Cristo Jesus) e não duma perspectiva idealista, descarnada, espiritualizante, platônica, maniquéia ou ante Cristã.

Protestante: Com toda sinceridade do mundo parece-me que a opinião de Zwinglio seja a mais acertada...


Ortodoxo: Não nos cabe agora travar discussão sobre a natureza dos sacramentos, especialmente no terreno da escritura. 


Neste momento não quero nem desejo estabelecer quem esteja correto ou incorreto mas apenas e tão somente demostrar que ainda neste ponto os protestantes encontram-se cindidos em dois grupos rivais e irredutíveis e que a tão celebrada Reforma nada fez além de turbar a doutrina dos Sacramentos em benefício da dúvida e de envenenar as fontes espirituais da vida Cristã.


Enfim que parte dos protestantes enuncia e anuncia os sacramentos duma forma e parte doutra forma sem que haja uniformidade ou concordância e consequentemente veracidade. O que temos ainda aqui são opiniões e não revelação divina.

Pois enquanto para alguns cada uma destas ordenanças, posta para um determinado mistério da vida de Cristo e para determinada fase da vida dos fiéis, tem a capacidade de conectar ambas as realidades produzindo uma efusão de graça para outros elas  não passam de cerimônias ocas, vazias e postas apenas para um objeto externo: o mundo.


Conforme a primeira perspectiva temos uma instituição cujo significado é precipuamente religioso ou espiritual. Já conforme a segunda perspectiva temos apenas um significado social ou externo.

Uma coisa no entanto é absolutamente certa: Jesus jamais poderia ter ensinado ambas as doutrinas ou teorias sacramentais pelo simples fato de serem excludentes. 

Aqui, mais uma vez impõem-se a conclusão: Caso uma das facções protestantes esteja correta a outra só pode estar completamente enganada. E no entanto ambas recorrem fanaticamente a MESMA ESCRITURA, QUE APRESENTAM COMO ABSOLUTAMENTE CLARA E LUMINOSA!!! Recaindo o juízo mais uma vez, e sempre, sobre o Biblismo e o livre examinismo!!!

Pois o protestantismo não nos consegue oferecer a verdade Una e simples. Porque os discurso protestante é duplo e contraditório!

Do contrário, se a Escritura é mesmo clara e luminosa como costumam dizer, por que raios eles, protestantes, ainda não chegaram a qualquer acordo a respeito do número e da natureza dos Sacramentos instituídos POR JESUS CRISTO AO CABO DE QUATRO SÉCULOS??? Por que não nos oferecem uma doutrina comum? Porque não nos brindam com a simplicidade da Unidade que é a evidência da verdade? Continuando a oferecer-nos simultaneamente a afirmação e a negação... Como se a Revelação divina não passasse de hipótese!

Mas como poderiam chegar a qualquer definição COMUM a respeito do número e da natureza dos Santos Sacramentos se sequer chegaram a qualquer definição COMUM a respeito da divindade, das naturezas de Jesus Cristo, do Batismo e da Eucaristia??? 


HAVENDO INÚMERAS TEORIAS, OPINIÕES, 
 SUGESTÕES, HIPÓTESES OU INTERPRETAÇÕES PARA CADA UM DESTES DOGMAS OU MISTÉRIOS...

E como poderia o Cristão encarar como bom, edificante ou normal este estado de anomia e confusão em torno dos RITUAIS FIXADOS PELO PRÓPRIO SENHOR JESUS CRISTO??? Acaso poderia ele dar de costas e murmurar: Que tenho eu com tais cerimônias, ao Diabo com elas??? Ou responder: podem ser realidades espirituais ou emblemas de carater puramente externo; podem ser dois, três, quatro, seis ou quanto você bem quiser...

Concluo portanto pela suma gravidade de mais esta imprecisão doutrinal reinante nos domínios protestantes.


O Cristo que eles conhecem, adoram e cultuam é um Jesus diáfano, pálido, romântico, descarnado (ou apenas meio encarnado), semi doceta e produzido por suas próprias mentes sob impulso da doutrina platônica. Eles é que assumiram um postulado que não é apenas pagão mas totalmente falso e equivocado.

De fato não se trata do Cristo plenamente encarnado da Igreja antiga, do Cristo com corpo, com mãe, com apóstolos, com morte, com cruz, com sacramentos, com sangue, com carne, com ossos e com Eucaristia! Este Cristo que incorpora e assimila, e dignifica, abençoa e santifica os elementos materiais NÃO É NEM PODE SER O CRISTO DOS PROTESTANTES!!!

Diante disto fica fácil compreender porque os desorientados não cessam de pugnar contra economia sacramental, material e visível -conservada fielmente pela igreja antiga como sinal ou memória da presença de seu fundador no mundo físico - e de 'preparar as veredas' para o avanço das forças sinistras do ateísmo, do materialismo, do judaismo e sobretudo do islamismo! Tal a Cristologia, a soteriologia e a sacramentologia... Caminham juntas inspiradas pelo princípio realista e encarnacionista ou pelo princípio oposto do espiritualismo platônico e da transcendência absoluta.

Atanasianismo, sinergismo, realismo sacramental, presença real, maternidade divina, comunhão dos Santos, iconofilia, ritual simbólico, etc não são doutrinas isoladas mas organicamente articuladas nos sistemas Católicos. Assim sendo unitarismo, solifideismo, anti sacramentalismo, simbolismo eucarístico, anti marianismo, iconoclasmo, etc são doutrinas que tendem a aglutinar-se devido a solidariedade ideológica e a produzir um novo padrão de Cristianismo cada vez mais anti Católico, judaizante, transcendente e disposto, naturalmente, a incredulidade ou ao islã.

Muitos tendo acesso ao Evangelho e percebendo a diferença radical entre o neo Cristianismo protestante e os ensinamentos de Jesus acabarão perdendo a fé e tornando-se irreligiosos. É solução que atravessa os séculos e alimenta a descristianização dos países protestantes. Outros no entanto serão encaminhados pelo próprio Cristianismo neoplatonizante a sinagoga ou a mesquita. 


O protestantismo ontem, hoje e sempre jamais deixará de ser uma fonte de decepção espiritual e de frustração religiosa para tantos quantos tomem o caminho da reflexão partindo dos Santos Evangelhos ou da Antiguidade Cristã. Ele jamais conseguirá ocultar para sempre suas contradições.

O problema é que aspecto tal frustração ou desencanto assumira ou que orientação será dada aqueles que perderem a fé. 


Permaneçamos pois nós Cristãos Ortodoxos com o DEUS ENCARNADO JESUS CRISTO, com a sagrada Eucaristia, com a vivificante Cruz, com a Virgem imaculada, com os abençoados apóstolos e todos os Santos vitoriosos no seio de nossa Mãe, mestra e Senhora que é a Igreja Una, Santa, Apostólica, Ortodoxa e Católica! 


A qual partindo da tradição ininterrupta tem interpretado corretamente os Evangelhos e encaminhado os povos a verdade una.

As seitas fornecem a seus apaniguados diferentes interpretações, todas e origem puramente humana. A Igreja de Cristo fornece a seus membros a verdade plena entregue aos Santos uma única vez para todo sempre. Agora se nesta Unidade não há verdade, COMO PODERIA SUBSISTIR A VERDADE EM MEIO A VARIAÇÃO E A MUTAÇÃO????