Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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terça-feira, 26 de julho de 2016

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da Soteriologia L) Breve peroração

Após termos apresentado 75 (setenta e cinco) citações, como testemunho, julgamos ter cumprido nossa tarefa e demonstrado cabalmente que os discípulos, seguidores e sucessores de Lutero ofereciam ao povo protestante duas pregações diametralmente opostas ou dois Evangelhos completamente distintos no que diz respeito a Salvação.

Assim, parte deles insistia declarando que Paulo, Agostinho e Lutero haviam ensinado o sinergismo e portanto que os homens não se salvavam sem boas obras ou em seus pecados, enquanto outra parte sustentava que o homem é externamente salvo por Deus, sem a necessidade que qualquer obra boa mas apenas da fé. Adquirindo este discurso uma conotação monergista. 

E se discordavam e disputavam em torno do assunto é porque não estavam na posse da verdade una e simples comunicada pelo Deus Verbo.

Adicionamos assim - As questões da Trindade, da Divindade de Cristo, da Condição de Cristo, do Batismo, da Eucaristia e do número dos Santos e divinos mistérios - mais um item (o sétimo!!!) a respeito de que os luteranos não estavam de acordo evidenciando que o padrão Reformado jamais esteve em posse do caráter divino da Unidade inerente a divina Revelação.

No próximo artigo, daremos continuidades a esta demonstração evidenciando que tampouco os calvinistas, anabatistas achavam-se de acordo a respeito de como o homem deve proceder para ter acesso a Cristo e obter a salvação. 

E que os Bíblicos ou estudantes da Bíblia do tempo presente perseveram na mesma divisão ou indecisão, havendo tantas opiniões quanto cabeças a respeito desta doutrina tão preciosa.

Posteriormente abordaremos outra questão bastante espinhosa (a oitava) para nossos protestantes, a questão da liberdade e da graça, demonstrando que ainda neste terreno os protestantes jamais chegaram a qualquer conclusão ou entendimento comum apesar da Bíblia clara e auto evidente...

Talvez por serem incompetentes (uma vez que a Bíblia é tão clara) embora desejem ensinar-nos...

Sustente-nos o Verbo Encarnado e seus Santos, abençoados e divinos Evangelhos!!!







Amigo leitor luterano ou protestante pertencente a qualquer agremiação, após ter lido tantos e tantos testemunhos (sete) relativos a divisão ou melhor a confusão doutrinal reinante nos caminhos trilhados por si, coloque sua consciência diante de Deus e considere se um tal estado de coisas possa mesmo estar de acordo com a Unidade que Jesus Cristo aspirou comunicar ao gênero humano por meio da divina Revelação???

Acaso não declarou o Supremo Mestre e disse que "TODA CASA DIVIDIDA ESTA A CAMINHO DA RUÍNA"???

Então como ele mesmo poderia ser arquiteto e edificador de semelhante casa ou melhor labirinto????


Casa em que cada elemento luta contra os outros anunciando doutrinas diferentes.... Casa em que cada pedra ou tijolo faz guerra aos demais... Casa em que o telhado luta contra os alicerces e os alicerces contra as paredes!!!

Como Jesus, sendo divino por natureza, poderia ter construído para si uma habitação toda fragmentada em rachaduras e escombros??? Como poderia ele habitar em ruínas? 

Será que você ainda não se deu conta de que Karlstadt, Muntzer, Zwiglio, Lutero e Calvino pelejavam uns contra os outros e compreendiam e interpretavam a mesma Bíblia de modo diverso anunciando Cristianismos diferenciados????

Que Melanchton, Amsdorf, Andraeas, Moerlin, Brentz, Heling, Lambert, Flacius, estavam em oposição???

Que Denk, Joris, Socino, Ferenc, etc estavam em oposição??? 

E que ainda hoje os Malafaias, Josias, Macedos, Soares, Hernandes, Santiagos, etc continuam em oposição... 

E tudo quanto temos é quase meio milênio de luta, discordância, oposição...

Podes tu compreender ou explicar de que forma semelhante estado de conflito espiritual possa estar de acordo com a vontade daquele que rogou: "Que eles sejam um oh Pai, como eu e tu somos um." ACASO O FILHO DISPUTA COM O PAI A RESPEITO DA VERDADE???

Considere e encare tais fatos sabendo que cada um de nós haverá de responder diante do próprio Jesus Cristo pelas decisões que tomar, e portanto que estamos obrigados a refletir serenamente a respeito deles e de julga-los tomando por base as exigências da razão!

Rompa definitivamente com o padrão da divisão, da ignorância, do erro e da mentira e abrace o padrão da verdade una associando-se aos adoradores e servos do Único Deus Verdadeiro: Jesus Cristo filho da Virgem.

Ponha os preconceitos de lado e reserve algum tempo para pesquisar a respeito do Catolicismo Ortodoxo ou da Igreja Ortodoxa, associação que há quase vinte séculos vem mantendo com amor e zelo a integralidade da divina revelação.

De minha parte posso assegurar-vos: Não há maior deleite que a simples posse e contemplação intelectual da verdade em sua plenitude. 

Seja nossa recompensa neste mundo a posse e contemplação da verdade divinamente Revelada aos homens pelo Supremo Instrutor do gênero humano, médico de nossas mentes e pastor de nossos corpos.

Não deixe o tempo passar, não perca esta oportunidade. A responsabilidade é sua. O progresso ou o atraso espiritual será seu!

Então busque passar a dianteira espiritual da humanidade ao invés de ficar na retaguarda. 


Não há pior castigo do que paralisia espiritual tampouco melhor recompensa que progredir em Jesus Cristo. 

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da Soteriologia J) Uma concórdia que gera discórdia




Até que em 1577, elaborou-se a assim chamada 'Fórmula da Concórdia'... sob a direção de Andraeas e Chemnitz

Aqui, apesar da admiração do segundo por Melanchton, optou-se por reportar as obras de Lutero - E NÃO NECESSARIAMENTE A BÍBLIA!!! - todo e qualquer ponto controverso.

Esta decisão, firmada em Berg, selou a ruptura entre Andraeas e Chemnitz a um lado e Chytraeus a outro, sendo que este fez questão de registrar: "Meu nome não pode ser contado entre os dos autores desta fórmula."

Desde então admitiu-se que que "Aquele que possui a verdadeira fé, ainda que peque, não deve perder a esperança da salvação."

Insistiu-se pois mais no perdão gracioso do que na responsabilidade e na santidade anunciados por Jesus Cristo no Abençoado Evangelho. O que tem sido geralmente interpretado como a possibilidade do 'crente' viver no pecado e salvar-se pecando.

"Condenamos as seguintes proposições 'Que o homem não possa ser salvo sem boas obras' que 'As boas obras são necessárias a salvação.' e que 'Ninguém jamais salvou-se sem praticar boas obras."" in IV, das condenações

Destarte o arrependimento é concebido ou definido como mero sentimento de culpa e não como uma renuncia efetiva ao pecado ou como uma vitória real obtida contra o Reino impiedade.

E na mesma sessão, pouco mais além, segue esta condenação adrede fabricada contra Osiandro, Melanchton, Pfeffinger, Brentius, Pomeranus, Mathesius, Cruciger, Menius, Mohr, Selnecerius, Chytraeus, Major, Camerarius e Striegel:

"Condenamos igualmente a teoria segundo a qual após a regeneração o homem seja capacitado para observar fielmente todos os mandamentos divinos e deixar de pecar. IDEIA FRÍVOLA E SUPERSTICIOSA INVENTADA PELOS MONGES."

E por fim: "Condenamos igualmente aqueles que ousam dizer que após a regeneração nada sobreviva em nós do velho Adão de modo a arrastar-nos novamente para o mal e o pecado."

Pendeu pois a balança novamente para Flacius, Amsdorf e Spangemberg, etc embora o posteriormente o próprio Chemnitz - por influência de Chytraeus - tenha se aproximado da doutrina 'heterodoxa' de Melanchton e acusado de apostasia (pelo que veio a perecer em estado de demência!)

Também a geração subsequente - do século XVII - encabeçada pelo já citado Gehard voltou-se novamente para Melanchton e seus Locii...

Mesmo assim, muitos, a exemplo de Wigand recusaram-se a assinar a fórmula. 

Diante disto recorreram os pastores - de Hersberg - ao principe, suplicando sua exoneração para que "A perigosa dignidade de Bispo não pudesse ser explorada por um patife como ele." (Wigand)

Replicou Wigand que todos aqueles pastores não passavam de argentários e que viviam cobrando juros dos mais pobres, iniciando nova lavagem de roupa suja...

Heshusius foi outro - dos ortodoxos - que tendo assinado a fórmula por receio do poder temporal, retirou sua aprovação e denunciou-a como ímpia...

Selnecerius ainda que polidamente resistiu-lhes em face e alegou que "Andraeas e seus colaboradores deveriam rever suas opiniões devido ao grande escândalo que estava embutido em seus escritos." pouco tempo depois no entanto disse que "Tais escritos não podiam ser lidos sem faze-lo corar de ódio e de vergonha." pelo que condenava seus autores e signatários as 'chamas eternas'.

A respeito do Dr Muskulos temos o juízo de Greser - Histo zu Beschreib... Dresda 1584 - "Satã logo tomou posse o Dr Muskulus com o objetivo de separar os irmãos, pois ele recusava-se a aprovar qualquer artigo."

Nenhum todavia foi mais acintoso do que o Dr Moerlin, cujas palavras achamos por bem reproduzir nesta memória:

"Pessoalmente meu maior prazer seria ver a concórdia reinar entre nossos doutores, mas devido ao samaritanismo de Andraeas, houve falha ao estabelecer uma fórmula de concórdia para toda esta igreja. ASSIM ELA ME INSPIRA PROFUNDA AVERSÃO. E CASO A ANTIGA DISCIPLINA AINDA ESTIVESSE EM VIGOR NÃO DUVIDO DE QUE SEU AUTOR SERIA CONDENADO A PENITÊNCIA ECLESIÁSTICA." in Ep a Columbinus

& dando continuidade a controvérsia. 

Pois quando Statius publicou o 'Tesouro eclesiástico' com base nos escritos de Praetorius, Arnd classificou-o como sendo a 'Quintessencia do Evangelho e um tesouro da graça de Jesus Cristo.' , Hildebrand de Nordhausen no entanto apresentou a mesma obra como "Arque herética, blasfematória e antinomiasta."   
acrescentando que "As obras de Praetorius antecipam as loucuras dos hochbourgianos, weigelianos, Quacquerianos, quietistas e outros heréticos..." 

Pois não havia entre eles concórdia alguma apenas disputações exegéticas em torno de textos e livros, o que bem pouco religioso é.

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da Soteriologia I) O Lutero do Dr Camerarius



Dentre todos no entanto, o paladino da confusão, foi o grave humanista Joachim Camerarius, amigo de Melanchton. 

Compoz Camerarius um panfleto intitulado "Querela Martinus Lutherii, somnium seu." na qual apresentava Lutero como campeão do majorismo/sinergismo e fazia-o condenar a doutrina da salvação pela fé somente, asseverando ter sido ela inventada pelos sectarios, isto é, por Flacius, Amsdorf, Praetorius, Spangemberg... com o intuito de justificar seus vícios.

Trata-se dum verdadeiro sermonário em que Lutero, sustenta a cada passo a doutrina Ortodoxa da necessidade das obras e da nova obediência para a salvação. Dir-se-ia que o piedoso erudito voltou Lutero contra Lutero e fez Lutero condenar a si mesmo com suas 'próprias' palavras... Obra de mestre que produziu furor entre os luteranos fiéis...

Stoltz foi um dos que 'resistiram em face' a farsa composta por Camerarius; censurando-o por ter "OUSADO POR NA BOCA DE LUTERO, A MAIS DESONESTA DE TODAS AS DOUTRINAS, ENCETANDO UMA TRISTE FARSA E MACULANDO A MEMÓRIA DO ILUSTRE REFORMADOR AO POSTULAR QUE AQUELES QUE FORAM JUSTIFICADOS PELA FÉ  DEVERIAM ESPERAR A SALVAÇÃO POR MEIO DA OBSERVÂNCIA DE QUAISQUER MANDAMENTOS QUANDO TUDO NA OBRA DO FALECIDO HOMEM DE DEUS MOSTRA O MAIS VIVO E PROFUNDO HORROR FACE A TEORIA DE MAJOR ( o sinergismo)."
  
Destarte ninguém se entendia ou sabia o que era salvação na palhoça de Lutero...

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da Soteriologia H) O Dr Mathesius e Nicholas Gallus




Mathesius - um dos primeiros biografos de Lutero - esforçou-se em apresentar seu mestre como sinergista ou majorista.

Eis o teor de um de seus sermões:

"É bastante ENTRE OS FALSOS IRMÃOS A PRÁTICA DE LISONGEAR OS PÉSSIMOS COSTUMES DAS MASSAS, ATRIBUINDO A JUSTIFICAÇÃO A FÉ SOMENTE E NADA DIZENDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS BOAS OBRAS, DA OBEDIÊNCIA OU DO TEMOR; A PONTO DE FAZEREM EXORTAÇÕES IMPRUDENTES> Acreditai somente e de resto, sejam vossas obras boas ou más sereis salvos... NO ENTANTO ELES DEVIAM PRESTAR MAIS ATENÇÃO NO ENSINO SEGUNDO O QUAL AS BOAS OBRAS SÃO NECESSÁRIAS A SALVAÇÃO..." in Hist Christi, Leipzig, 1622 - I - 10

É assaz curioso o fato de que Mathesius não exita em atribuir a doutrina solifideista aos falsos irmãos, isto é, Flacius, Amsdorf, Moerlin, Spangemberg, Praetorius, etc

Nicholas Gallus, que passava por amigo e protetor de Flacius também se poz a apresentar aqueles que "Assim que tornam a pecar repetem: sou pecador mas creio em Jesus Cristo." como falsos cristãos e falsos luteranos...

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da Soteriologia G) Flacius ilyric e o grande conflito luterano




Em sua resposta aos de Hambourg Flacius admitiu francamente ser melhor "ENVIAR OS FILHOS A UMA CASA DE PROSTITUIÇÃO DO QUE A ESCOLA TEOLÓGICA DE WITTEMBERG." 

"Dentre todas as acusações com que Ilyric - este herético e inimigo de Deus, palhaço sedicioso - e seu infame bando tem brindado os teólogos de Leipzig e Wittemberg não passam de deslavada mentira." objetava Pfeffinger, acrescentando "Ilyric É UMA VERDADEIRA PESTE QUE AMEAÇA A SÃ DOUTRINA." in Nich Boehm 'Relation'

Nem por isso os de Wittemberg deixaram por menos e descrevendo o 'segundo Lutero' como "CORVO INSIDIOSO, BRUTO DA ILIRIA, LOUCO, INIMIGO DE DEUS, INSTRUMENTO DO INFERNO, VASO DE CÓLERA, TÍTERE DO DIABO, MESTRE DOS POLTRÕES, MANÍACO, TORPE, SICOFANTA, CHARLATÃO, MISERÁVEL, ASNO GROSSEIRO QUE PRETENDE SE PASSAR POR PAPA DOS LUTERANOS." 

Pelo fim deste ano (1553) Amsdorf elaborou um símbolo em que declarava que as boas obras "NÃO SÃO APENAS INUTEIS MAS PERNICIOSAS A SALVAÇÃO DO CRENTE."

Na ocasião tanto Major quanto Melanchton foram gentilmente levados a assinar este decreto ímpio.

Praticamente na mesma ocasião escreveu o mesmo Amsdorf ao rei da Dinamarca, apresentando Major e Melanchton como adeptos da heresia sinergista.

Sem delongas escreveu o rei a Major convidando-o a abrir mão de seu ponto de vista.

Cercado por todos os lados e em franco desespero, respondeu-lhe o infeliz pregador:

"SUSTIVE AQUELA TEORIA - sobre a necessidade das obras - NO ARDOR DAS DISCUSSÃO COM AMSDORF, PORTANTO NÃO DEVEIS CRER OU IMAGINAR QUE FOI DEFENDIDA SERIAMENTE E PODEIS ESTAR SEGUROS DE QUE NÃO TORNAREI A DEFENDE-LA FUTURAMENTE E PROIBO A QUEM QUER QUE SEJA DE CITA-LA COMO OPINIÃO MINHA." Salig I, 638 & Corpus Reformatorum VII, 1061 e VIII, 64

No ano seguinte (1554) porém, agindo sob pressão, procedeu exatamente como os flacianos esperavam.




"SIM EU CONTINUO A ENSINAR QUE AS OBRAS SÃO NECESSÁRIAS A SALVAÇÃO JUNTAMENTE COM A FÉ. NO ENTANTO QUANDO MINISTRO TAL ENSINAMENTO, NADA MAIS FAÇO DO QUE REPETIR O QUE ESTA ESCRITO NOS 'LOCIS' DE MELANCHTON. O qual por sinal, publicou-os enquanto o Dr Lutero ainda estava entre nós E SE POR ALGUMA RAZÃO QUE EU IGNORO ELE NÃO DEU QUALQUER APROVAÇÃO FORMAL A DITA OBRA, NÃO É MENOS CERTO QUE JAMAIS A CONDENOU." Salig III,324




Por esse mesmo tempo Erasmo Sarcerius de Mansfeld fez congregar todos os seus pastores e emitir uma declaração segundo a qual: "A FÉ SEM OBRAS BASTA PARA SALVAR O HOMEM." O mesmo sínodo depoz o diacono Ettiene Agricola - amigo de Melanchton e sinergista fervoroso - e anatematizou tantos quantos concordavam com ele.

Todavia, como alguns dos participantes - flacianos - dessem com algumas passagens 'de natureza duvidosa' nos escritos do próprio Sarcerius e insinuassem a necessidade de depo-lo juntamente com Agricola; retratou-se Sarcerius por ter escrito "Que as obras conservam a fé como o fogo é mantido pelas chamas." e pediu perdão a seus confrades.

Durante 1554 e 1555 logrou Amsdorf duas grandes vitórias:
a deposição do insigne oficial eclesiástico Jadocus Mening - igualmente amigo de Malanchton - bem como a expulsão de seus partidários; a excessão dos poderosos Striegel e Wesenbeck. Neste mesmo ano Pfeffinger compoz a obra intitulada 'De libero arbitrio' sustentando publicamente sua posição de sinergista.

Em 1556 foi a vez de Major refugiado na Wittemberga junto a Melanchton publicar seu 'Von der zum Bereitung seligen Sterben' no qual sustentava que embora o princípio da salvação correspondesse a operação do Espirito santo no coração do crente, ela poderia não ser atingida na medida em que o homem interpuzesse o obstáculo do pecado.

Por uma segunda vez, em 1556, concordou Melanchton em assinar outra forma 'ortodoxa' ou semi - flaciana com o intuito de manter a paz e a concórdia no seio da 'igreja'.

Pois nesse tempo já "Wittembergenses e os flacianos tratavam-se mutuamente por idumeus, filisteus, cananeus, etc..."

Os de Wittemberg animados pelo círculo de Melanchton e pelos primeiros discípulos de Lutero aspiravam lapidar os emissários de Flacius enquanto seu diacono Werner era apresentado ao povo como um 'bebado, jogador e frequentador de lupanares."

"Acreditais, boa gente, que há entre nós enviados de Flacius em busca de conciliação, ocupai-vos vós somente em serenar os acessos de ódio e de loucura desse patife e charlatão que não cessa de blasfemar e mentir." rugia o velho Pomeranus ensandecido.

Diante disto Flacius achou por bem atacar:

"O SOFISTA FILIPE COMPORTA-SE DE SUA PARTE DUBIAMENTE SOBRE O ASSUNTO DAS BOAS OBRAS SUCESSIVAMENTE CONDENANDO E APROVANDO; POIS TENDO CONDENADO CONOSCO POR DUAS VEZES, EM 1553 E NOVAMENTE EM 1556; O QUE INSISTE HOJE EM DEFENDER NAS FIGURAS DE MAJOR E MENIUS. POIS NÃO SE LIMITANDO A TOLERAR APROVA.
E EM SEUS FLERTES COM OSIANDRISTAS E CALVINISTAS NÃO SÃO MENOS EVIDENTES E COMPROMETEDORES. JAMAIS CONHECI TEÓLOGO TÃO HÁBIL EM PASSAR DUM EXTREMO A OUTRO."
Flacius in 'Apologia auf zu unchrist sch justus menius' Iena 1558

Ainda assim concorda Melanchton em ir justificar-se em Worms (1558) - Onde teve por adversário seu ex pupilo Erasmus Sarcerius - ACUSANDO OS ADVERSÁRIOS DE MAJOR DE SUSTENTAREM A HERESIA DOS ANTINOMINIASTAS E AFIRMANDO, FACE A AMSDORF, QUE A NOVA OBEDIÊNCIA ERA UMA INSTITUIÇÃO DIVINA ENQUANTO EFEITO DA JUSTIFICAÇÃO.

Neste mesmo ano Praetorius - que a principio militara com os flacianos e sustentara a doutrina da 'segurança do crente' - tendo passado as fileiras dos 'sinergistas' iniciou sua polêmica com Agricola na qual envolveu-se posteriormente o já citado Muskulus. Em 1559 os ortodoxos obtem - de João Frederico II - sua derradeira vitória com a expulsão de um de seus principais desafetos Striegel, o qual recusou-se a subscrever a 'Confutacio...' de Flacius Aurifaber.

Neste passo a querela atinge seu ápice pois Major agindo tal e qualStrigel e possivelmente aconselhado por Melanchton convida nada menos do que Paulo Lutero para ser padrinho de um seu filho recém nascido. E tendo o filho do GRANDE REFORMADOR E PROFETA DAS ALEMANHAS, acedido ao pedido do odiado teólogo sinergista tornou-se ele também alvo das críticas acrimoniosas dos 'ortodoxos'. 

Sendo no entanto quem era, o pupilo do supremo despadrado, compôs uma APOLOGIA, em que acusava os de Weimar por terem "TEREM ESTABELECIDO UM NOVO PAPADO E ANATEMATIZAR TANTOS QUANTOS RECUSAM-SE A CONCORDAREM COM ELES."

Graças a esta poderosa voz houve paz para os luteranos. Esta paz porém não foi mantida por muito tempo.

Pois cerca de dois anos depois - 1561 - na Berna, foi a vez dos Melanchtonianos atracarem-se com os flacianos e triturarem-nos a pancada... Neste mesmo ano João Frederico II muda de opinião e os flacianos, juntamente com seu líder são convidados a deixar Iena...

Em 1563 no entanto, o Eleitor de Saxe "determinou que todos os pastores sob sua jurisdição SUBSCREVESSEM OS PRINCÍPIOS CONTIDOS NO 'CORPUS DOCTRINAE' DE MELANCHTON. AQUELES QUE RESISTIRAM FORAM CONSIDERADOS COMO SENDO PARTIDÁRIOS DE FLACIUS E COMO TAIS DEDIGNADOS E EXPULSOS DO PAIS."

Em que pese a passagem de seu 'Mestre' Stoltz do sinergismo ao flacianismo e a publicação de uma obra sua contra Major no ano anterior. Obra que vinha subscrita igualmente pelo famoso Johann Aurifaber, companheiro de Mathesius. 




No auge da tormenta Selnekker foi citado em Riddaghausen por ter asseverado que "AS OBRAS ERAM NECESSÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA JUSTIÇA." 

Temendo ser dedignado, o ilustre doutor respondeu alegando 'TER SUSTENTADO A TEORIA DAS OBRAS APENAS COM O INTUITO DE EXERCITAR A DIALÉTICA, O QUE ESTAVA TOTALMENTE DE ACORDO COM A NATUREZA DO TEMPO. MAS QUE TENDO SERVIDO AOS IRMÃOS COMO PEDRA DE TROPEÇO ABRIA MÃO DELA E SE RETRATAVA."

Mal Selnekker recua apavorado, abraçando os erros de flacius; propõe Neogergis em alto e bom som a doutrina da 'Segurança do crente' posteriormente repudiada pelos autores da fórmula da concórdia e completamente desmantelada por Gehard em seus 'Locii'.

Segundo este doutor constituia uma ideia demasiado grosseira "Imaginarmos que o Espírito Santo permanece num incessante vai e vem para dentro e para fora dos homens... OS QUAIS SENDO ASSIM NÃO PASSARIAM DE UM POMBAL..." Dai suster a doutrina ímpia e imoral do 'uma vez salvo sempre salvo'.

Praetorius e Spangemberg atribuiam a dita teoria a Lutero, Mencel no entanto fez congregar sínodo e condena-la como falsa em 1576. Se bem que dez anos antes - 1566 - o sinuoso Jean Wigand - adepto da 'terceira via' - compuzera uma alentada obra contra 'O amaldiçoado substancialismo' e obtivera de João Ernesto, Conde de Wolrath, a condenação dos flacianos.

Praetorius, não menos sinuoso, replicou bastante claramente desta vez e testificou que:

"ESSES PASTORES IMBECIS IMAGINAM QUE PROFESSAMOS UMA NOVA TEOLOGIA OU UMA INVENÇÃO DOUTRINAL, QUANDO NA VERDADE ESTAMOS A REPETIR O QUE LUTERO E SÃO PAULO ANUNCIARAM. ELES É QUE PLASMARAM UMA NOVA TEOLOGIA... ISTO SE DÁ PORQUE JAMAIS LERAM QUALQUER OBRA DE LUTERO, ESTE HOMEM DIVINO E ANJO DO CÉU ENVIADO POR DEUS, ASSIM PERDEM SEU TEMPO ESTUDANDO OBRAS IMPURAS E ENGENDRAM DOUTRINAS NOVAS E INCOERENTES." 

'Este Mencel com seu maldito acidente causou mais desordem entre os nossos do que os antinominiastas e majoristas juntos.' in Grosse antwort auf d... Eisleb 1577

Eis porque Ammerbach em sua 'Apologia...' assevera que ele jamais se retratou de coração, morrendo fiel ao flacianismo.

Entrementes, cerca de 1566, perdeu Flacius um de seus principais partidários Moerlin devido a sua insistência a respeito do substancialismo 'maniqueu'... foi nesta ocasião que Moerlin publicou sua "Tres disputationis de tercio usu legis." contra os partidários de Amsdorf...

No ano seguinte Moerlin e Chemnitz antes pupilo de Melanchton, seguiram para a Prússia onde convenceram o Duque a condenar o osiandrismo. A 6 de maio Moerlin e Chemnitz entregaram-lhe a "Repetitio corporis doctrinae Christianae" proscreveram a um lado o osiandrismo, o filipismo e o majorismo como heresias sinergistas e a outro o flacianismo e o amsdorfianismo como heresias antinomiasmicas, formando um grupo médio ou de compromisso.

Wigand no entanto, passara a apoiar discretamente os majoristas por ter sido informado pelos juristas Striegel, Wessembeck, etc a respeito dos frutos produzidos pelo antinominiasmo flaciano e do terrivel perigo porque passava a sociedade germânica... assim obtiveram o apoio do Estado secular contra os distúrbios provocados pela legítima pregação luterana. Ele mesmo convenceu Mencel e este os pastores do condado que haviam jurado fidelidade a Flacius e a Amsdorf os dois principais expoentes da ortodoxia luterânica.

Simon Musaeus no entanto, tal e qual Alesius em Leipzig, optou por retratar-se, publicando uma obra intitulada "Sententia de peccato, quod nom sit substantia." (1572). Foi o quanto bastou para indispo-lo contra os flacianos de Mansfeld... Pois ele havia auxiliado Flacius e Aurifaber contra Striegel e passava por co autor das Refutações de Weimar...

Por outro lado Musaeus era reticente quanto o papel das obras no processo de salvação, mantendo-se igualmente longe dos melanchtonianos.

Eis porque os dois lados enviavam-lhe cartas ameaçadoras e bilhetinhos indecentes... assobiavam e buliam quando ele, ou mesmo sua esposa e filhos saiam a rua... E ENQUANTO AGONIZAVA LANÇAVAM PEDRAS SOBRE SUA RESIDÊNCIA. (Após sua morte festejaram com comes e bebes). Ele mesmo aludindo aos fanáticos de um lado e outro, confessava jamais ter lidado com gente tão maldosa e suspirava pela morte; constando ter baixado ao túmulo levado pela depressão...

Diante de tanto tumulto e violência provocados pela disputa em torno da 'salvação' registrava o conselho de Westphal:

"É IMPOSSIVEL CONTER A POPULAÇÃO E EVITAR QUAISQUER DESORDENS QUANDO ADEREM AO EVANGELHO."

Em 1568 o sucessor de João Frederico II, expulsou os filipistas e majoristas e permitiu o retorno dos flacianos a Iena se bem que mantivesse o interdito lançado contra Flacius, o qual era corrido pelos filipistas de cidade em cidade... Antuérpia, Franckfort, Strasbourg...

Como a expurgação dos filipistas produzisse grande comoção no pais, o eleitor de Saxe, o conde de Volrath e Guilherme, sucessor de João Frederico; concordaram em congregar uma espécie de sínodo em Altenbourg - 1568 a 1569 - Durante a última sessão deste sínodo os de Iena e os de Wittemberg e Leipzig subscreveram a seguinte fórmula:

"A obediência e o acolhimento a palavra de Deus tem seu princípio numa operação interna e graciosa produzida por Deus no coração do homem."

AQUI FICA SUPOSTA A PREDESTINAÇÃO E CONSAGRADA A AMBIGUIDADE NO QUE TOCA A NECESSIDADE OU NÃO DAS OBRAS PARA A SALVAÇÃO.

Destarte a polêmica continuou acesa resultando na condenação e exílio de Ciriac Spamgenberg, o derradeiro discípulo de Lutero...

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da Soteriologia F) A controvérsia majorita, os Amsdorfianos, o Dr Striegel



Cerca de 1552 Major principiou por afirmar com mais empenho e clareza ainda a necessidade das obras segundo a teoria da 'nova obediência.

"NÃO POSSO APOIAR ESSES SEDUTORES QUE REPETEM DIARIAMENTE QUE A FÉ SOMENTE NOS JUSTIFICA E QUE AS OBRAS NÃO SERVEM PARA COISA ALGUMA... COMO FILHOS DE DEUS QUE REVINDICAM PARA SI A HERANÇA DE JESUS CRISTO É NECESSÁRIO QUE PONHAMOS EM PRÁTICA AS VIRTUDES A RESPEITO DAS QUAIS ELE MESMO NOS LEGOU EXEMPLO NO EVANGELHO." in Dreitehn Predigten 

No entanto "Para obter dos condes de Mansfeld o posto de super intendente de suas igrejas o mesmo Major FORA OBRIGADO A JURAR DIANTE DE TODOS OS PASTORES E PREGADORES NADA DIZER CONTRA A DOUTRINA LUTERANA DA JUSTIFICAÇÃO." Juramento que de per si contraria o principio do 'livre examinismo' e firma, por assim dizer, UMA TRADIÇÃO PROTESTANTE.

O mesmo escritor acrescenta que "Apesar disto, a promessa feita não foi capaz de impedi-lo de anunciar a necessidade das boas obras, de modo que os pastores viram-se obrigados a acusa-lo de perjuro."

Foi quando numa carta a Melanchton, Major assegurou que "A respeito deste assunto não haveria de alterar sua opinião, mesmo sob risco de morte." 





Enquanto isto Amsdorf publica seu 'Dr. Pommer und und Dr. major Aergernis Verwirrung angerichtet' no qual ataca Major como fautor de sinergismo.

Major rebate meses depois em seu 'Auf des Herrn ehrwürdigen N. Schrift von Amsdorf do Antwort (Wittenberg, 1552), ' onde numa linguagem bastante dúbia, assevera crer que o homem é justificado pela fé somente; mas que para manter esta mesma justificação e assegurar sua salvação deveria evitar as obras más ou pecados, logo praticar boas obras uma vez que as ações humanas não são neutras.

Fica patente que Major distinguia a justificação da salvação (distinção negada por Lutero e por todos os solifideistas ou antinominiastas) concebendo-a em termos dum processo, tal e qual a Ortodoxia ou o papismo.


Outro historiador assim se expressa:

"Ilyric (Flacius) em sua qualidade de campeão da ortodoxia luterana, achou por bem denunciar Menius e Major (1553). Pouco depois disto o debate recomeçou de modo ainda mais intenso; QUANDO MAJOR EM SEU SERMONÁRIO SUSTEVE, EM VISTA DO JUIZO FINAL, A NECESSIDADE DE POR CERTA CONFIANÇA NAS OBRAS. ELE TAMBÉM SUSTEVE A DOUTRINA DA JUSTIÇA INFUSA QUE ATUAVA PELA CARIDADE." 

Osiandro mesmo com os dias contados, manifesta-se mais uma vez, desta vez contra Flacius, e declara: 

"Tua doutrina só serve para semear o orgulho, a temeridade e o desprezo pela virtude."

Lasius não é menos categórico em seus ataques a 'ortodoxia', argumentando que "CERTOS HOMENS FRACASSADOS PUZERAM-SE A ANUNCIAR ENTRE NÓS A 'PENITÊNCIA' FLACIANA QUE DE PENITÊNCIA SÓ TEM O NOME. ELES ASSEVERAM QUE MUDANÇA ALGUMA OCORRE APÓS A CONVERSÃO, QUE NADA HÁ NO HOMEM PARA CONVERTER, QUE O ARREPENDIMENTO E A REPARAÇÃO NÃO SEVEM PARA ABSOLUTAMENTE NADA, QUE PODEMOS PERSEVERAR HABITUALMENTE NO PECADO E MESMO ASSIM SER VISITADOS E PURIFICADOS PELO ESPIRITO SANTO." in 'Fundament Wahrer' Francfort 1568, V - 08 fl 18

Eis porque no ano de 1553 Major em seu "Sermão sobre a conversão de Paulo" argumentava que a fé sem obras não pode existir, como o sol não pode existir sem brilho. As obras, segundo ele, não são necessárias como um tipo de mérito, mas como sinal e testemunho divino; não obtem a salvação, mas conservam-na. Caso não estejam presentes é um sinal claro de que a fé esta morta... Aqui a petição a teoria da 'Nova obediência' é patente.

Major estava sendo usado como isca pelos 'ortodoxos' com o intuito de pescar peixes maiores e obter o controle da seita dos luteranos. Desastrosamente Major conseguira atrair para sua causa o professor Striegel, que - para espanto dos flacianos - anunciava já a 'Nova obediência' entre seus pupilos do curso de direito. 

Era necessário expulsar não apenas Major mas também Striegel para por de guarda os melanchtonianos. Acontece que o insigne jurista Matheus Wesembeck estava prestes a fazer-se padrinho do filho de Striegel; seu amigo. Exigiram os flacianos que Wesembeck declinasse e diante da negativa excluiram-no da ceia... foi assim que os príncipes e margraves foram metidos na controvérsia e com eles todo povo...

Os de Hambourg no entanto enviaram uma carta a Flacius cujo extrato julgamos por bem anexar a esta narrativa:

"Caso levemos mesmo a sério A DOUTRINA DA SALVAÇÃO PELA FÉ SOMENTE, TODAS AS BOAS OBRAS DEVERÃO SER VERDADEIRAMENTE BANIDAS DA FACE DA TERRA, tal como alegam os papistas caluniando nossa doutrina e insistindo que dentro da igreja luterana não se discute seriamente a questão da remissão dos pecados, UMA VEZ QUE NÃO OUSAMOS ADMITIR UMA RESTAURAÇÃO DO HOMEM PARA AS BOAS OBRAS, tal a acusação feita por Osiandro face a doutrina da imputação. Eis porque condenais Major, o qual firmado sobre as mesmas razões afirma que justificados sem obras somos justificados para as obras, que nos mantem e conservam na senda da justificação.
NÃO SENDO ASSIM MERGULHAREMOS NA BÁRBARIE.
Nós mesmos de Hambourg pudemos observar com nossos próprios olhos que os mais virtuosos dentre nossos pastores são odiados pelo vulgo e pelas massas na mesma medida em que condenam os vícios e recomendam a penitência e a obediência a Nova Lei do Evangelho." Staphorst in 'Hist eccl Hambourg' II, 01

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da Soteriologia E) Urbano Regius, Wigand, Spangemberg



Quanto a denuncia de Urbano Regius conhecemos dois testemunhos:

"Esta gente carnal e grosseira seguiu-nos por acreditar seriamente que ficariam livres de todos os preceitos da Lei Moral, que já não seriam obrigados a fazer qualquer coisa e que doravante PODERIAM ROUBAR, MENTIR E TRAIS DE BOA CONSCIÊNCIA." Augsburg 1527 

&

"Quando iniciamos a pregação FALANDO MUITO DA FÉ E MUITO POUCO DA PENITÊNCIA A GENTE SIMPLES COMPREENDEU QUE A POSSE DA FÉ SIGNIFICA NÃO MAIS PRECISAR ABANDONAR O PECADO E ROMPER COM O MAL." in Ulysseae


Enquanto isto, do lado dos ortodoxos Joachin de Magdeburg exclamava: "Jamais deixarei de combater em face e até o último suspiro denunciarei todos os heréticos e sedutores ESPECIALMENTE OS SINERGISTAS QUE SÃO DENTRE TODOS OS MAIS NEFASTOS."

Theobaldo Thamer, quem compreendia as coisas doutra maneira "Ousou suster que  A DOUTRINA LUTERANA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ ERA A PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA CORRUPÇÃO REINANTE NO PAIS."

"És certamente réu de eterna condenação, MERECENDO SER ESBORDOADO COM VARAS E EXPULSO DESTA VILA COM TODOS OS DIABOS DO INFERNO." foi a resposta que recebeu de Johannes Drakonites, luterano fiel.

Fabritius de Meissen também era da opinião segundo a qual: "A doutrina da salvação pela fé somente que em nossos dias ocupa quase que todos os nossos teólogos REDUNDARÁ NA TOTAL RUÍNA DA IGREJA E EM MAIS UMA MUTAÇÃO CREDAL." 
desejando ao menos que ambas as partes permanecessem em silêncio.

Outro Fabritius (de Nordhausen) igualmente luterano: "O diabo pretende retirar do coração dos fiéis e destruir a doutrina da justificação pela fé; apresentando-a como nociva."

A controvérsia no entanto, como uma tempestade em alto mar, aumentava dia após dia lançando os teólogos e líderes luteranos uns contra os outros. Sem que a Bíblia por todos lida, citada, comentada, interpretada, torcida, etc pudesse dirimir tamanha controvérsia e implementar a paz. Antes, mal alguém acabava de folhear o livro e arvorava uma doutrina diferente...

Wigand - que posteriormente mudou de partido - por exemplo encarava já a santa Wittemberga "Onde principiara a brilhar a luz da verdade." como "UMA OFICINA DE MENTIRAS." 





Enquanto Spangemberg desabafava: "LUTERO MESMO PREDISSERA QUE NÃO MUITO TEMPO APÓS SUA MORTE ESTA ÍMPIA E DETESTÁVEL DOUTRINA - O SINERGISMO - SERIA REINTRODUZIDA NO SEIO DA IGREJA POR DEBAIXO DO PANO." 

"Oremos contra o Diabo do Sul QUE SUSTENTA SEREM AS BOAS OBRAS NECESSÁRIAS A SALVAÇÃO." rezava o piedoso Agrícola, fervoroso defensor do antinomiasmo...

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da Soteriologia D) Melanchton, Brenz, Pomeranus, Pfeffinger, Menius, Heling e Praetorius

Ocorre no entanto que mesmo antes da morte de Lutero, havia o querido Melanchton concebido uma 'teoria soteriológica' bastante parecida com a de Osiandro na medida em que mostrava-se simpática não só quanto as 'obras' mas até mesmo quanto o 'livre arbitro' (cf próximo capítulo).

"O Verbo, o Espírito santo e a vontade do homem, não passiva mas lutando contra a enfermidade de que padece." formam o cristão. Tais suas palavras registradas na segunda edição dos 'Loci...' publicada em 1535...





Sem acolher abertamente a doutrina osiandrista, anunciou Johann Pfeffinger - colaborador de Melanchton nos 'Loci...'  cerca de 1552 (três anos antes de publica-la) a doutrina da 'Nova obediência' (e do arminianismo ou sinergismo post conversão) segundo a qual as obras eram frutos produzidos pelos redimidos, no caso, necessárias, ao menos enquanto produtos da salvação

Esta teoria foi entusiasticamente acolhida pelos círculos osiandristas e melanchtoanianos, mas... IMPLICAVA NEGAR QUE HAVIA SALVAÇÃO SEM OBRAS (ou seja árvore sem frutos) e em retirar os ímpios e celerados toda e qualquer esperança. Seja como for mesmo Calvino achou por bem abraça-la e ainda hoje tem sido sustentada por diversos grupos em particular pelos adventistas. Daí estarem os protestantes divididos até hoje a respeito da salvação...

Na medida em que luteranos ortodoxos, anabatistas e pentecostais insistem em classifica-la como herética, sacrílega e blasfematória. Pois segundo dizem não passa dum 'sinergismo invertido e dissimulado, fabricado nos fornos do Vaticano pelo papa.'

Um dos primeiros a sustentar este ponto de vista foi Christophorus Irinaeus "Irinaeus com Spangemberg rejeitava as novas fórmulas que Melanchton e os seus quiseram dar a doutrina luterana encarando-a COMO UMA REAÇÃO PAPISTA DESTINADA A SOLAPAR OS FUNDAMENTOS DA IGREJA. A DOUTRINA SOBRE A NECESSIDADE DAS BOAS OBRAS E DA COLABORAÇÃO DA VONTADE HUMANA NA OBRA DA CONVERSÃO; BEM COMO A SUAVIZAÇÃO DA DOUTRINA DO PECADO ORIGINAL REPRESENTAM PARA ELE O TRIUNFO DA APOSTASIA CONTRA O QUAL ELE E SEUS AMIGOS LUTAVAM COMO O MESMO ZELO QUE LUTERO."

Pouco tempo depois Joachim Heller; matriculado entre os luteranos ortodoxos sobe ao púlpito de sua igreja e exclama:

"ESSE ESPÍRITO ANTI CRISTÃO - Heling, partidário da nova obediência - não cessa de repetir que as boas obras são necessárias a salvação e que aquele que as prática será salvo. ACHAIS POR BEM QUE ELE NOS DESAFIE COM SEMELHANTE LINGUAGEM. Haverá por aqui nestes tempos quem já esteja de acordo com ele???"

Pouco tempo depois Schelhamer registrava suas inquietações:

"A HORDA DOS FLACIANOS DESEJA QUE EU FORCE HELING E LECHNNER para que condenem PFEFFINGER E MAJOR; pois não podem suportar que alguém ouse afirmar contra eles a necessidade de boas obras; e esta razão é bastante simples: eles jamais fizeram uma única obra boa. HELLER ATÉ MESMO PRESO FOI, POR FREQUENTAR CASAS DE PROSTITUIÇÃO, CHEGANDO A FAZE-LO COM TODA SERIEDADE E ALEGANDO ESTAR PAUTADO NA PALAVRA MESMA DO EVANGELHO ONDE SE DIZ QUE AS PROSTITUTAS ENTRARÃO PRIMEIRAMENTE NO REINO, ENTÃO ELE GRITA E BERRA QUE VAI COM ELAS!!!" in Cod Manh 358 folha 321

A respeito do citado Major vociferava o terrível Amsdorf:

"O opinião de Major e Mening (deve-se ler Meniussegundo a qual as boas obras são necessárias a salvação é a mais perigosa e a mais ímpia de todas as heresias que jamais poluiram a face da terra." 

No entanto até mesmo um 'Pomeranus' que havia escrito em seu Comentário aos Salmos: "Somente os fariseus hipócritas ousam questionar a justificação pela fé e recusam-se a contentar-se com a justiça de Jesus Cristo que é o puro e simples perdão dos pecados." agora proximava-se dos melanchtonianos, a ponto de um de seus púpilos Alberti, exclamar enfurecido:

"Pfeffinger de Leipzig, Mohr de Torgau e os de Misnia apostataram já e com ele meus venerandos mestres Pomeranus e Major, sem contarmos Agrícola o energúmeno da Marca... QUANDO EXAMINAMOS A DOUTRINA ENSINADA POR ELES PERCEBEMOS HORRORIZADOS QUE LONGE DE ESTRIBAR A JUSTIFICAÇÃO NA FÉ E NA ESPERANÇA POSTAS UNICAMENTE SOBRE OS MÉRITOS DE JESUS CRISTO, FAZEM-MA DEPENDER DE BOAS OBRAS..." in 'Ad primarium nostri temporis...' Magdeburgii 1551






Entrementes Menius redarguia: "Sim, fiz imprimir esta obra contra os fanaticos que dizem: ACREDITAI E FAZEI DE RESTO TUDO QUANTO DESEJAIS, TUDO QUANTO PODEIS FAZER DE MAU NADA É POIS A FÉ TEM O PODER DE APAGAR TODOS OS PECADOS DE MODO QUE AS BOAS OBRAS NÃO SÃO NEM NECESSÁRIAS NEM UTEIS A VIDA ETERNA." e juntava: Flacius e Matheus fossem de Werden ou de Amsdorf; Bispos ou barbeiros nem por isto deixariam de ser impostores.

(Entrementes Agricola e Schenk, gritavam aos quatro ventos: "VIVEI COMO DESEJAS, FAÇAI O QUE QUERES E MESMO ASSIM SERÁS SALVO PORQUE ISTO VEM DE DEUS.")

Respondeu-lhe Christopher Fisher nos seguintes termos:

"Não há proprosição mais idiota do que aquela segundo a qual JESUS CRISTO SATISFEZ APENAS UMA PARTE DOS PECADOS DOS HOMENS E QUE A NÓS, PECADORES, CUMPRE SATISFAZER A OUTRA PARTE." 





Outro, dentre os pioneiros, que não receou em falsear a doutrina de Lutero foi o ja citado Brenz "o qual afirmou - na consultação recomendada pelo próprio Moerlin - que a doutrina de Osiander era idêntica a de Lutero, embora aquele tivesse se servido de algumas 'expressões' insólitas ao formula-lo." 

Este foi o motivo pelo qual os de Koenisberg justificaram-se, alegando que "Aquela peste devastadora (Brenz) ao invés de ter permanecido fiel aos antigos princípios ousou contradizer a fé da igreja inteira."

Tendo o mesmo Brenz sustentado diante de Moerlin e Sarcerius que caso Osiander fosse condenado 'Jamais haveria entendimento ou unidade entre eles' foi denunciado e anatematizado juntamente com os papistas, sacramentarios e anabatistas como 'Osiandrista que professa opiniões heréticas sobre a justificação..." Moerlin et Stoessel

Antes porém Moerlin é que fora corrido da Prússia pelo Duque por ter se recusado a endossar os seis artigos enviados de Wittemberg pelo próprio Brenz

Os melanchtonianos no entanto sairam em sua defesa... pois no dizer de Flacius "Brenz e Melanchton havia feito um pacto secreto com o intuito de destruir a fé luterana, jurando aquele tolerar as opiniões deste a respeito da Eucaristia e este tolerar a opinião daquele sobre a salvação (osiandrismo)."

Sabemos no entanto que Brenz preparou uma profissão de fé ubiquitaria, a qual, de acordo com Melanchton era "Não menos oposta a verdade do que a doutrina papista." in Conf Wittembergensii

A este tempo no entanto Melanchton guardava prudente silêncio...

Em que pese ser continuamente atacado pelos membros do partido 'ortodoxo'.

Pois na edição da Confissão de Augsburgo publicada em 1540 sustentara já que as obras eram frutos da fé, insinuando, destarte a necessidade das mesmas serem postas em prática pelos verdadeiros crentes internamente regenerados.





Segundo lemos em Praetorius; Muskulus teria se referido a Melanchton como a "um teólogo filosofante, escritor insipido e patriarca de todas as heresias que assolam esta nossa igreja..." acrescenta o mesmo Praetorius no entanto que, antes; quando Melanchton ainda estava bem de saúde; o mesmo Muskulus era um de seus mais devotados aduladores, que vivia a reverencia-lo com palavras humildes e aclamações...

"No sínodo de Herzberg todavia propôs que os ossos de Melanchton fossem exumados e queimados juntamente com todos os seus escritos." Ep de Franzius a Schaller- 1578 in 'Riederer nachrichten zur kirchen.' I, 366

Ainda conforme o mesmo escritor, Muskulus "Ensina que a observância da lei moral pertence exclusivamente ao poder civil e não a esfera da religião, e que aqueles que sustentam haver qualquer LEI DE JESUS CRISTO NÃO PASSAM DE PERVERTIDOS E CONDENADOS.". Convem no entanto o Dr Praetorius que "AS TEORIAS DE W MUSKULUS ENCONTRAM-SE EM DIVERSAS PASSAGENS DE LUTERO."

Eber também lamentava amargamente que "Muskulus TEIME EM APRESENTAR LUTERO COMO ANTINOMIASTA.in 'Jac Milichii Vita' por Menius, Wittemberg 1562 tomo V

De sua própria parte conhecemos as seguintes palavras: "São uns perdidos aqueles que ensinam que a nova obediência é necessária. ESTA DOUTRINA NÃO É APENAS FALSA, É VERDADEIRA HERESIA DIABÓLICA." Muskulus






Moerlin não era menos enfático: "Vocês apostataram da doce e amável doutrina da imputação que tanto consolo trás a nossas almas e ignoram que a obra expiratória de Jesus Cristo e a Justificação sejam uma só e mesma coisa." Moerlin 1554






Desde então e até o fim de sua vida Heshusius começou a denunciar Melanchton, Major e Eber como filhos do inferno em cada um de seus sermões. Posteriormente o mesmo Heshusius asseverou que Heling, Praetorius e Chytraeus "Haviam apostatado da pura doutrina luterana por terem inserido na 'Pedagogia' uma defesa do sinergismo." 

"Heling tem uma ideia bastante grosseira a respeito da conversão de Paulo, extraída certamente das pestilenciosas obras de Major. Praetorius admite a ímpia doutrina da penitência e assevera existir uma lei de Jesus Cristo e Chytraeus que é um sinergista confesso e renitente não passa dum fantoche nas mãos do Demônio." in Nicholovius wurde in Preussen 219





Chytraeus a seu tempo replicou:

"QUE IMENSO DANO CAUSAM A IGREJA ESSES LIDERES PERVERSOS QUE ANUNCIAM UMA FÉ SEM PENITÊNCIA E UM EVANGELHO SEM LEI, O QUE FORA JA DENUNCIADO POR URBANO REGIUS NOS PRIMÓRDIOS DE NOSSA REFORMAÇÃO.in Opera D Chytraeus orat studio Theolog p 39

LIVRO PRIMEIRO - Capítulo VII > Divisões a respeito da Soteriologia C) Creuziger e Osiander






Dentre os luteranos o primeiro a rebelar-se contra este dogma ímpio e profano foi o Dr Caspar Creuziger no ano de 1537. 

LUTERO E OS SEUS, todavia, OBRIGARAM-NO A RETRATAR-SE e ele, a seu tempo, nada publicou... in Doellinger II, 1849. FICANDO A QUESTÃO ABAFADA!!!

Todavia nem mesmo cinco anos completos haviam passado após a morte do 'reformador' e o sinergismo frutificava já no interior da 'igreja restaurada' dando origem a uma acirrada controvérsia.






Principiou esta convulsão 'maligna' quando Andraeas Osiander ou 'Osiandrius' - companheiro de Lutero e reformador da cidade de Nuremberg e do principado da Prússia - publicou as obras 'De lege et evangelio' e 'De justificatione' no ano de 155o.

Segundo o já citado Doelliger (1849) pps 98 sg "Ele (Osiander) repudiou a doutrina justiça imputativa ou vicária e passou a ensinar que uma justiça real é produzida no coração de cada de fiel."

Grosso modo Osiandrius tornou a apresentar com nova roupagem verbal, a doutrina de sempre, segundo a qual todo aquele que adere a Jesus Cristo é REGENERADO, tornando-se apto - Após sua conversão - para obedece-lo e, consequentemente, para viver segundo os ditames do Evangelho frutificando em boas obras e cessando de pecar.


Diante disto fica fácil compreender porque a teoria de Osiander caiu como uma bomba sobre as cabeças dos 'piedosos' luteranos.

Ademais enquanto Lutero proclamava que a redenção dos seres humanos havia sido operada pela natureza humana de Cristo e seus martírios, Osiander alegava que a redenção era obra da natureza divina inda que por via da Encarnação, e esta perspectiva é suficiente para tudo alterar...

Segundo Lutero a natureza humana de Jesus, submetendo-se voluntariamente aos castigos merecidos pelos homens mortais e cumprindo obedientemente todos os preceitos de justiça estabelecidos pela Lei moral, obtivera para todos os crentes - necessariamente pecadores para Lutero - não apenas a abolição do castigo como uma santidade externa ou vicária capaz de tornar o pior dos pecadores 'perfeitamente justo' aos olhos de Deus... 

Tal a doutrina da imputação externa ou vicária segundo a qual a redenção não passava duma permuta executada entre Cristo e os seres humanos, recebendo aquele o castigo merecido por estes e estes a santidade possuída por aquele... 

E conforme criam na eternidade das penas e que Jesus, após sua morte, havia 'descido aos infernos'; cogitaram que o mesmo Jesus sofrera inclusive os castigos e torturas merecidos pelos condenados. Calvino ja o insinuara, enquanto Aepinus anunciou abertamente ter Jesus Cristo 'queimado' no enxofre do mítico inferno pelo espaço de três dias, ou seja, enquanto esteve fisicamente morto(!!!)

Osiander em contrapartida sustentava que por mercê da morte da Natureza humana de Cristo "Sua natureza divina passava a habitar nos corações dos crentes, capacitando-os a viver o amor de Deus e a observar os preceitos da Lei evangélica."

Eis como sua doutrina é exposta por Brenz: "OSIANDRO MANIFESTOU EM ALTO E BOM SOM SUA POUCA SIMPATIA PARA COM A DOUTRINA LUTERANA DA JUSTIFICAÇÃO FORENSE OU EXTERIOR IMPUTADA POR CRISTO E SUSTENTOU QUE O HOMEM É JUSTIFICADO POR UMA GRAÇA INTERNA QUE NELE ATUA PERMANENTEMENTE CAPACITANDO-O A OBEDECER JESUS CRISTO." in Doellinger II (1849) pp 350

Por graça interna queira o amigo ler graça verdadeira, ativa, forte ou eficiente. Em oposição a graça externa e inoperante de Lutero.

Importa dizer que o homem já não se salvava confortável ou comodamente em seus vícios e pecados; como imaginara e sempre apregoara o Dr Lutero

Era de fato remido sem concurso de obras, mas remido para as mesmas obras... Era purificado sem obediência, mas para a obediência... Era restaurado sem virtude, mas para a virtude... 

AQUI, COMO PARA A IGREJA CATÓLICA, A SALVAÇÃO DEIXA DE SER ENCARADA COMO UM ATO MÁGICO, IMEDIATO E DEFINITIVO PARA SER ENCARADA COMO PROCESSO ÉTICO QUE IMPLICA A AQUISIÇÃO E O EXERCÍCIO DE CERTOS VALORES PARA OS QUAIS O HOMEM FOI DISPOSTO PELA PRÓPRIA VONTADE DIVINA.

Capitaneados pelos legítimos sucessores de Lutero (como certificaremos em nossos apontamentos a respeito da vida de Lutero) Moerlin, Flacius e Amsdorf  - secundados por Spangenberg, Gallus, e Praetorius - os luteranos ortodoxos, puseram-se quase 'em guarda' quase que de imediato contra 'os delírios do asno prussiano'...

De fato o primeiro a denunciar Osiandro como herético foi Moerlin em sua "Antilogia doctrina inter Lutheum et OsiandrUM." pouco tempo depois, Moerlin acusou Osiandro de depreciar os méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Argumentou Osiandro dizendo que era a Igreja - Enquanto Bispo protestante de Samland - e que Moerlin estava obrigado a prestar-lhe obediência. Assim como se vê não cogitou em apelar a Bíblia sempre clara e auto evidente mas havia já retornado ao princípio eclesiástico sancionado pela tradição.

Moerlin a seu tempo redarguiu a Osiandro como Lutero ao papa, apelando, não a Bíblia clara e auto evidente, mas a um sínodo livre de luteranos alemães.

Desta vez Osiandro limitou-se a declarar que Moerlin "Não passava dum famigerado herético."

Todavia como apesar do Duque, o sínodo não saia... Os partidários de Moerlin - imitando mais uma vez messer Lutero - optaram por criar uma igreja a parte ou separada da oficial... Disto resultando um outro luteranismo ou segundo luteranismo(!!!)

Não vendo com bons olhos semelhante estado de coisas - ou seja a pulverização da recém fundada seita luterânica - remeteu o Duque a Moerlin uma confissão de fé elaborada por Osiandro, 'suplicando gentilmente' sua aprovação.

Moerlin no entanto ousou resistir proclamando inclusive ter sido divinamente comissionado para desmascarar a heresia osiandrista. 

E tendo recebido uma carta bastante ambígua, enviada por Melanchton - Ver mais a frente - asseverou que os ensinamentos de Osiandro também não estavam de acordo com os da igreja de Wittemberg...

Pouco tempo depois veio novamente a público para do alto de seu púlpito acusar Osiandro de especular futilmente a respeito dos mistérios divinos... 

Respondeu-lhe Osiandro publicando sua Schmeckbier após o que a polêmica descambou na vulgaridade de um botequim... Evocando os velhos tempos de Lutero Karlstadt na bodega do urso.


Logo em seguida foi a vez de Erasmus Alber cita-lo como herético num daqueles famosos sermões em que comprazia-se em insultar o maior número possível de sectários a começar por Karlstadt e Zwinglio. Lá já aparece o antes 'notável' Osiander...