Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

A farsa da criação 'ex nihilo' - Gênesis 1,1...















"Assim devemos confessar que o mundo não é eterno mas que foi criado por deus." João Calvino

"Gênesis relata o surgimento do Cosmo a partir do caos... o 'ex nihilo' foi uma teoria formulada posteriormente pelos padres da igreja contra o dualismo e o panteismo monista." Ian Barbour 




Estava eu a folhear um artigo escrito por certo sacerdote papista, quando me deparei com a seguinte afirmação:

"A criação 'ex nihilo' faz parte integrante da tradição cristã."

De fato eu já estava para escrever a respeito. Protelava no entanto.

Por tratar-se de assunto demasiado complexo.

Quanto aos padres de Roma, não saíram aos seus e por isto degeneraram...

Efetivamente não mais pertencem a cepa dum Cesar Barônio (Cardeal) que face a bibliolatria protestante ousou dizer: "O PROPÓSITO DO LIVRO NÃO É DIZER COMO É O CÉU (OU ESTE MUNDO) MAS ENSINAR COMO DE CHEGA AO CÉU (i é a vida eterna)"


Cada vez mais no entanto, cruzamos com algum destes sacerdotes ineptos que tendo embarcado no trem de Lutero e Calvino ousam apresentar a Bíblia ou melhor o A T como manual de física, química, astronomia, geologia, geografia, história, sociologia, política, direito, etc

Naturalmente que tais frioleiras não me surpreendem enquanto tais. Surpreendem-me e atemorizam-me apenas enquanto propaladas por sacerdotes papistas ou seja por homens que cursaram quatro anos de Filosofia e outros tantos de Teologia. E a cujas fileiras pertenceram um Copérnico, um Mably, um Morelly, um Mendel e um Lemaitre...


Retornaram os padres de roma a definição lateranense de 1215...

Repetida quase que textualmente pelos calvinistas em Westminster (1646) quando decretaram que:

"Aprouve a Deus no começo para criar todas as coisas e retirar o mundo do nada." 


Desde menino, com efeito, tenho ouvido pérolas como estas: "É a criação 'ex nihilo' uma doutrina genuinamente bíblica." da parte dos pastores protestantes. Os quais após vomitarem-na, citam enfatuadamente os primeiros versos do Gênesis:

"No princípio criou deus o céu e a terra."


Aplicando-lhes o sentido atribuido por Agostinho, Calvino, Wesley e Mathew Henry... qual fosse o legítimo sentido e querendo significar que antes de ser produzida por decreto ou disposição divina a substância material inexistia.

"Tu não agiste como um artesão humano que fabrica uma coisa fazendo uso de outra coisa já existente mas por decreto de tua palavra produziste todos os seres." exprimiu-se o Bispo de Hipona em suas 'Confissões'.

O objetivo deste artigo não é sustentar a teoria concernente a eternidade da matéria.

Muito pelo contrário parece-nos mais provável que o Big Bang corresponda ao princípio ou inicio de toda entidade material ou a uma criação antes da qual a substância inexistia.

Logo esta discussão não diz respeito a doutrina da produção inicial da matéria ou de seus elementos constituitivos nos termos de um Big Bang. O fóco aqui é se a idéia duma criação 'ex nihilo' pode ser atribuída ao redator do gênesis e/ou aos antigos israelitas.

Neste sentido, nossa resposta é não.

Estamos firmemente persuadidos, pelas evidências, que os redatores do pentateuco ignoravam supinamente esta teoria, dando por certa a existência de algum elemento primordial, concomitante ao espírito e portanto eterno. Como todos os povos e culturas antigas criam os antigos hebreus na eternidade da matéria...

Eis porque o sentido atribuído pelos pastores protestantes ao primeiro capítulo do gênesis - no sentido duma criação 'ex nihilo', foi tomado aos antigos padres, os quais, a seu tempo, encontraram-no nos escritos dos judeus helenistas (Eclesiástico, Judite, Sabedoria, II Macabeus, Epistola de Aristéas, Jubileus, José e Asenat, etc) ou nas obras dos filósofos, o que nos leva a uma matriz de pensamento helênica e não israelita ou judaita.

Efetivamente a maior parte dos termos em que se deu a polêmica entre os padres antigos e os pensadores fiéis ao modelo grego, pertencem ao universo conceitual helênico e não ao universo conceitual dos antigos povos semitas.

Eis porque Gerhard May em sua alentada obra 'A criação ex nihilo' postula que "Desenvolveu-se  esta doutrina no auge da polêmica travada entre os clérigos cristãos, os pensadores gregos e os líderes gnósticos na medida em que os primeiros reverteram os argumentos filosóficos lançados contra só.. Posteriormente os pensadores judeus e muçulmanos apropriaram-se desta elaboração." 


Em parte, o saldo desta amarga polêmica pode ser apreciado na obra do clérigo ortodoxo João Filiponos (século VI) intitulada 'A eternidade do mundo' dirigida contra o pensador neo platônico Proclo.


Eis porque a tentativa de firmar esta opinião sobre a letra do Gênesis jamais poderá ser bem sucedida.

Sabem ou deveriam saber nossos adversários - Eichrodt e Westermann - que as ditas palavras comportam perfeitamente esta tradução:

"NO PRINCÍPIO QUANDO DEUS CRIOU OS CÉUS E A TERRA ESTAVA A TERRA VAGA E VAZIA, ENQUANTO O ESPÍRITO DE DEUS FLUTUAVA POR SOBRE AS ÁGUAS." (tradução NAB)

Diante disto nossos adversários costumam fazer duas alegações, a primeira delas a respeito do termo 'Bara' deve ser vertido por 'criar' - no sentido clássico de 'produzir algo que inexistia' -  e a segunda a respeito da expressão 'tohû W bohû' (verso 2) a qual atribuem o significado de vacuidade ou nulidade.

Examinemos brevemente cada uma delas:

A respeito do termo 'bara' asseveram os advogados da bibliolatria que 'Toda literatura hebraica posterior passou a aplica-lo exclusivamente ao ato divino de 'criar'."


Griffith [Grif.1L, 72] no entanto manifesta-se assim:

"... termos sinônimos e frases espalhadas por toda a escritura hebraica tiram a força de qualquer tentativa feita com o sentido de corroborar uma criação ex nihilo partindo de  Gênesis 1 ... Luis Stadelmann insiste que tanto bara e yasar carregam o sentido antropomórfico de formar, enquanto 'asah conota uma idéia mais geral de produção.''
Ainda segundo Stadelmann até mesmo a relação de exclusividade construida entre o conceito 'Deus' e o conceito 'bara' pode muito bem ser compreendido no sentido de:

"Ação portentosa, para além de todas as possibilidades humanas, ação sem esforço, por meio da palavra ou decreto e sem necessidade de qualquer auxílio externo."


Implicaria pois a adoção ou priorização de 'bara'  pela teologia dos primitivos judeus, num nível ou gráu de força/poder acima e para além de toda possibilidade humana. O que esta plenamente de acordo com a ideia duma criação 'ex nihilo' mas que, nem por isto supõem-na e muito menos exige-a.

A noção de 'bara' como ação especifica de javé implica apenas na possibilidade do 'ex nihilo' não em sua necessidade... assim sendo não excluí de per si a pre existência do elemento material.

A questão da pre existência não esta adstrita ao significado ou sentido de 'bara', postula-lo seria exigir demais da palavra...

A própria Septuaginta parece corroborar nossas conclusões. Para tanto basta comparar a tradução de Gênesis 1,1 com a tradução de Gênesis 46,32:

"en arch epoiHSEN o qeoV ton ouranon kai thn ghn."
Quando no começo fez SURGIR deus o céu e a terra


"andreV gar kthnotrofoi HSAN."
Homens de gado de corte CRIADORES.


O sentido da comparação é manifesto: o 'HSEN' de genesis 1,1 (correspondente ao hebraico 'bara') não significa necessariamente produzir ou criar 'ex nihilo'. Do contrário, tendo em vista a aplicação do cognato 'HSAN' em 46,32, seriamos obrigados a crer que os antigos israelitas produziam ou criavam ovelhas 'ex nihilo'. Infere-se pois que tanto num trecho quanto noutro a raiz HSN pode ser compreendida como ordenação de matéria pré existente... ou seja como trabalho, esforço ou cuidado tanto da parte de deus quanto da parte do homem.

Eis porque o mesmo EPOIHSEN - enquanto transliteração de 'bara' - é aplicado ao servo de Isaac:

"Kai dihghsato o paiV tw Isaak panta ta rhmata a EPOIHSEN."
E contou o servo de Isaac tudo quanto havia FEITO.


Certamente que o servo do patriarca não fizera qualquer ação 'ex nihilo'...

Já em Gn 27,14 EPOIHSEN é aplicado a matriarca Rebeca... a qual muito dificilmente preparara algum quitute 'ex nihilo' para Isaac.

E no decorrer da escritura judaica epoihsen é aplicado centenas de vezes a seres humanos. Mantendo o significado original de 'bara'.

Encerremos esta apreciação com as judiciosas palavras do Pe Rolain de Vaux: "Não convém introduzir aqui a questão metafisica da 'criação ex nihilo' que não será formulada antes de II Macabeus 7,28." in 'Bíblia de Jerusalém' not in Loc.

Passemos agora ao 'tohû W bohû'.


Literalmente consideradas as palavras Tohû e Bohû significam 'informe' ou 'indeterminado' (i é sem forma ou sem determinação). Compreendidas isolada ou separadamente dariam a ideia de 'não ser'; vacuidade, nada, etc Nesta construção todavia são apresentadas como predicativos de terra; daí: "Estava A TERRA vaga e vazia.". O que existia não era o vazio e tampouco inexistia a terra ou a água, antes estava a terra isenta de forma e vazia de seres.

Estava feita já a terra, informe, indeterminada, vazia e coberta por vastas águas sobre as quais se diz que pairava o espírito, ou melhor dizendo o sopro ou o hálito de deus.

Em se tratando de espírito, como querem muitos, somos levados a crer que o redator desta narrativa (dito 'Sacerdote' ou 'Priester" - fonte P) tendo florescido cerca do sexto século antes desta nossa Era (cerca de 550 - 500) era já capaz de conceber a divindade como algo 'espiritual'... e isento de corpo. Em oposição ao redator javista (século IX ou mesmo 900 a C) para o qual javé tem um corpo pesado com o qual desse a terra e se alimenta de manteiga, bolinhos, molho, etc

(É possível, no entanto, que W ruach, signifique simplesmente o sopro ou hálito com que um javé corpóreo atuava sobre a matéria com o intuito de organiza-la ou imprimir-lhe forma)

Seja como for nosso Eloim espiritual voava ou flutuava por sobre um oceano aquoso, a respeito do qual em parte alguma das escrituras - recebidas pelo canon hebraico ou esdrino (adotado pelos judeus e pelos protestantes) - esta registrado ter sido criado ou produzido por ele.

A única escritura a registrar que as ditas águas foram de fato produzidas ou criadas por javé - O livro dos Jubileus - corresponde a categoria das obras greco-judaicas associadas a versão dos LXX e ao canon alexandrino.

"No primeiro dia criou ele o céu superior, a terra, as águas, os espírito servidores que são os anjos e santos..." in II,1

Mesmo porque não eram as águas que ficavam situadas sobre a superfície da terra adrede produzida, mas a terra que ficava completamente coberta e envolvida por águas, tal e qual uma laranja dentro de um aquário ou dum lago...

Por isso a terra aparece no meio das águas, entre as águas de cima e as águas debaixo, conforme acreditavam os antigos israelitas que acima de nossas nuvens havia um mar superior...

Logo, em se tratando duma criação 'ex nihilo' deveria o redator observar que havia deus criado a água... coisa que não faz, dando a água por auto existente.

A água simplesmente aparece junto com o deus, dando a nítida impressão de que sempre esteve ali.

Grosso modo a ação divina resume-se em estabelecer um espaço seco ou um bolsão vazio, no meio de toda essa água. Surgem destarte a terra seca e a abóbada maciça chamada firmamento i é o céu e a terra.

Elas surgem da água, retiradas por Eloim e não por decreto como num passe de mágica.

Aqui javé não cria nem produz matéria alguma, o que ele produz é um novo tipo de espaço ou lugar, adequado para o tipo de vida que tinha em mente.

A matéria propriamente dita existia já debaixo da água e juntamente com ela e a água com o espírito de deus ou seja com deus desde toda eternidade.

Mesmo R K Norrison que a criação absoluta ou 'ex nihilo' encontra-se apenas implicitamente no primeiro capítulo do gênesis ou seja que não faz parte do significante mesmo das palavras...

Esta nossa conclusão encontra apoio nos escritos ou comentários emitidos pelos próprios judeus e cristãos dos tempos antigos.

A começar por Sabedoria 11,17, onde lemos: "A sua Santa mão tarefa díficil não foi, produzir o mundo da matéria informe." ( a 'ex amorphou hyles' de Platão e Aristóteles)

 Passando por Filon, que chega a ser alistado por alguns como partidário da teoria 'ex nihilo'.

Fílon no entanto diz precisamente o contrário, observando - in 'De Providentia'  I,22 - que a água de gênesis 1,2 corresponde a matéria informe e preexistente de Platão, o qual consequentemente esta de pleno acordo com Moisés. Ambos ensinam basicamente a mesma coisa ou seja a ideia da criação como um processo eterno e continuo.

Ele retoma a mesma tese no Opficio mundi II, 1,12 onde descreve javé como causa eficiente e a matéria como causa paciente do universo.

Assevera ser a matéria/água inferior ou mesmo má (Quis rerum div 160) alegando não ter sido elogiada pelo Supremo Ordenador ou classificada como boa no primeiro capítulo do gênesis. Ela só adquiri conotação positiva na medida em que é determinada ou plasmada pelo demiurgo dando origem aos kosmos.

Para Filon deus é antes Ordenador que criador. Aquele que - por meio do demiurgo - plasma e não aquele que produz.

E chegando ao N T, afinal, outra não parece ser a opinião do hagiografo (ii Ped 3,5): "Pois ignoram que pela palavra de Deus nos tempos remotos céus e a terra, que foi tirada da água e no meio dágua subsiste." 


Aqui - para cortar passo - o comentário do profo Champlinn: "Poderia subentender que o autor sagrado aceitava a antiga noção grega de que um dos quatro elementos básicos fosse primário... O AUTOR SAGRADO TALVEZ CONCORDASSE COM A IDEIA DE QUE A ÁGUA FOSSE O ELEMENTO PRIMORDIAL.... O que significa 'tirada da água' & 'meio dágua'? Certamente esta de acordo com as explicações propostas pela filosofia grega."


(O testemunho deste comentarista é precioso porque costuma a partir sempre do Texto Grego ou inspirado e não de traduções .)

O mesmo Champlinn ao comentar o verso subsequente alude a tradição judaica segundo a qual por ocasião do dilúvio o mundo antigo ou pré diluviano teria retomado sua forma primitiva ou seja aquática.

Quanto ao Cristianismo primevo T J Oord e J D Levenson estão corretos quando alegam que alguns dos primeiros padres como Justino de Roma, Basílio de Cesaréia e Gregório de Nissa, mantiveram-se fiéis  ao esquema de Filon e dos platônicos sustentando mais ou menos claramente a teoria da eternidade da matéria. A ponto de Tomás de Aquino, a quem chegou o eco de tais opiniões ter de discuti-las seriamente na 'Summa'.

Basta dizer que nas estimadas 'Homilias Clementinas' (XI, 24) esta registrada a origem de todas as coisas a partir da água...

De modo geral podemos afirmar que esta posição foi posteriormente abandonada o/ou mesmo condenada pela teologia eclesiástica ocidental apenas e tão somente porque fora adotada e explorada pelos gnósticos em geral fossem judeus ou cristãos como Basílides. A igreja grega todavia nunca chegou a repudia-la oficialmente ou a condena-la na medida em que, fiel aos ensinamentos de Justino, Clemente, Origenes, Eusébio, Basílio e Gregório tende a encarar os antigos filósofos - e acima de todos Platão - como profetas ou precursores da instituição Cristã e não como corruptores.

No âmbito do judaismo a primeira crítica explicita ou formal partiu do rabino Gamaliel II, sendo registrada cerca do quinto século desta nossa Era:
.

BR 1.9, Th-Alb: 8 "Um filósofo disse a R. Gamiliel: Seu deus era um excelente artesão, contou no entanto com a ajuda de bons materiais: Tohu wa-Bohu, e as trevas, e vento, e água, e o abismo profundo. R. disse Gamiliel-lhe: ...Cada um destes materiais é referido como tendo sido criado. Tohu wa-Bohu: "Eu faço a paz e crio o mal"; trevas: "Eu formo a luz e crio as trevas"; água: "Louvai-o, céus dos céus, e as águas" - por quê? - "Pois ele ordenou, e eles foram criados"; vento: "Pois eis que forma os montes, e cria o vento", o abismo profundo: "Quando ainda não havia abismo, fui gerado."


A verdadeira origem da doutrina da criação 'ex nihilo'.


Segundo o profo Mondolfo - 'El pensamiento antiguo' I, 41 - "A ideia da água como principio primordial, deriva duma vasta tradição mitológica, comum a todas as teogonias ou cosmogonias do Oriente antigo, sumério, caldeu, egípcio, HEBREU, fenício, egeu, etc todos reproduzindo o mito de um caos aquoso primordial, do qual surge o Cosmos."

Eis porque os sacerdotes de Heliopolis (On) colocavam as seguintes palavras na boca de Aton: "Estava eu com as águas em estado de inércia." (textos das pirâmides n 600 in Buck 'The egyptian Coffin texts II pp 33 )

"A principio havia apenas Num, massa líquida primordial, em cujo seio nadavam confusamente os germes de toas as coisas." tal o parecer de Maspéro in "Historia antigua de los pueblos de Oriente." 27

Outra não era a opinião dos sacerdotes mesopotâmicos: "O céu ainda não havia sido disposto nem havia terra firme abaixo dele, Apsu, Mummu e Tiamat encontravam-se em meio as águas..." in Enuma Elish



  • Os gregos

Homero, que muitos dizem ter sido o primeiro a escrever, de passagem a respeito dos deuses, assim se refere no que toca a origem do Kosmos:

"Okeanos genitor dos deuses e mãe Tétis." in Iliada XIV 201 & 302

Já os  'theologésantas' posteriores a ele, começando por Hesíodo, deram ao elemento anterior ao Kosmos ou universo ordenado o nome de Xaós ou Caos.

"Antes de todas as coisas foi o Caos em seguida a terra de amplo seio, suporte do Olímpo residência dos imortais." in Teogonia 113

Quanto aos órficos temos o testemunho de Alexandre de Afrodisias nos Comm a Metafisica 1091 (Fragm 107 de Kern):

"Segundo Orfeu antes era o Caos, depois o Oceano e enfim a noite.

Acusilao testifica que todas as coisas procedem do Caos enquanto Jerônimo de Rodes declara que: "A principio existia apenas a água." (in Damascio 'Primeiros principios' 123)

Eric Voegelin e alguns outros tentaram demonstrar que o Caos de Hesíodo e seus pares corresponde ao nada ou ao não ser e que a cosmogonia proposta por eles implica numa criação ex nihilo. As evidências no entanto não são convincentes.

Caos em oposição a Cosmos - termo criado por Pitágoras de Samos com o intuito de de designar uma ORDEM universal - parece significar turbilhão aquoso, escuro, nebuloso e desordenado, e confuso, mas em hipótese alguma parece equivaler ao 'não ser' ou ao nada de Parmênides.

Ferecides de Sciros parece ter sido o primeiro entre os gregos a substituir o Caos ou a água pela terra ou 'Ctonia' juntamente com Zas ou Zeus, que operou sobre ela no tempo (cronos). (Cf Pentemychos fragm)

Inaugurando destarte a teoria convencionalmente denominada 'Monismo panteista'

Adotada por Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Xenófanes, Parmênides, Melisso, Heráclito, Empédocles, Demócrito, Anaxágoras, etc

Segundo tais pensadores - que Aristóteles cognominou 'Físicos' - um ou mais elementos materiais, primordiais e incriados; eram organizados como que fecundados pelo elemento espiritual ou divino, o qual operando sobre eles produzia a forma de um universo ordenado ou Cosmo. Grosso modo o elemento intelectual e divino comunicava suas propriedades ao elemento material determinando sua forma.

Para Tales este elemento era a água, para Anaximandro era a terra, para Anaxímenes era o ar, para Heráclito era o fogo, para Empédocles eram os quatro elementos combinados, para Anaxágoras eram as homeomerias, para Leucipo e Demócrito eram os atomos...

Ao que parece nenhum deles concebeu a divindade como uma mente ou espírito isolado produzindo os elementos materiais que antes de serem produzidos inexistiam...

Parmênides parece ter sido o primeiro a ter concebido a teoria do 'ex nihilo' ou a ter tido alguma informação a respeito.

Ele poz a questão em termos filosóficos e sustentou a tradição corrente entre os gregos a respeito da eternidade da matéria.

O nada recebeu de Parmênides a designação de 'Não Ser' e o existente a designação de 'Ser', a relação estabelecida foi a seguinte:

Como ser algum pode comunicar o que não possui o 'não ser' não pode comunicar existência ao 'ser'.

No frigir dos ovos ele estava dizendo que o existente não pode ter sido produzido ou criado pelo nada uma vez que o nada é desprovido de existência, logo de simples atributos...

Conclusão: Uma vez que o ser não pode proceder do não ser, segue-se que o ser - no caso a matéria ou o nosso universo material - é eterno e incriado. A tarefa do elemento espiritual ( a que chamamos Deus) não foi criar ou produzir elementos que até então inexistiam, mas organiza-los ou dispo-los de forma inteligente.

Esta parece ter sido a primeira abordagem a respeito do 'ex nihilo' e como podemos ver foi bastante negativa.

A segunda abordagem, bastante polêmica por sinal, foi feita por Platão no dialogo intitulado 'Timaeus' (28, 51, 53, etc). Aqui a abordagem é bem mais amena ou como se diz aberta... embora obscura. Pois em certos textos Platão parece ter dado certa prioridade temporal a divindade, enquanto em outros parece ter esboçado o ponto de vista tradicional e encarado o Demiurgo como mero ordenador.

Tais divagações parecem ter sido suficientes para que certos membros da primeira acadêmia deduzissem a simpatia de seu Mestre para com a ideia duma produção 'ex nihilo'. Cícero, Atico e Plutarco referem-se explicitamente a esta 'tradição' (sic). O médio platonismo no entanto interpretou a suposta prioridade divina em termos ontológicos e não em termos temporais, reafirmando a doutrina da eternidade do mundo ou da matéria.

Cabe aqui uma pergunta: Qual a origem desta tese condenada por Parmênides e tão discutida por Platão? 


Diversas soluções tem sido propostas pelos eruditos.


Alguns sugerem que a teoria da criação 'ex nihilo' teria sido elaborada na Pérsia pelos seguidores de Zaratas ou Zoroastro.


Diversas publicações (como a 'Historia de las religiones vivas' de Hume) tem apresentado 'yasnas' nos quais Ahura Mazda, o Supremo Senhor, é apresentado como 'Criador'. Deixando implícito que ele teria comunicado a existência a todos os seres.


Cumpre dizer que tais traduções/ suposições laboram em erro.


Pois os 'yasnas' referem-se a Ahura Mazda apenas como ordenador ou como aquele que põe cada coisa em seu lugar e não como aquele que produz as coisas.


Sem embargo disto o Avesta parece sugerir que certas coisas foram de fato 'criadas' pelo Supremo Senhor. E esta sugestão deve ter conhecido certo desenvolvimento entre os mazdeistas, chegando aos termos duma criação 'ex nihilo'.


Posteriormente a ideia teria inspirado certos cultos de mistério como o orfismo, o eleusismo, conquistando alguns círculos pitagóricos, e daí suscitado as críticas de Parmênides e a abordagem de Platão. 


Parmênides no entanto foi quem primeiramente soube ou pode formula-la em termos filosóficos. 


Evidentemente que a simples sugestão duma criação ex nihilo correspondeu as espectativas estritamente monoteístas do judaismo posterior ao exílio, encaixando-se-lhe como a mão a luva.


As tendências mesmas do profetismo encontram sua expressão mais fina e perfeita na formulação helênica.


A princípio no entanto conheceu certa resistência (Como depreende-se de Sabedoria 11,17; II Pedro 3,7 & das Homílias Clementinas). Resistência que serviu-se do mesmo aparato filosófico, corrente entre  as diversas escolas helênicas.


A última parte deste artigo tem por objetivo analisar o diálogo entabolado por estas duas tendências no judaismo e no Cristianismo antigos.





  • Judaismo helenístico e Cristianismo Antigo.


Assinalamos já que a religião do antigo israel ignorava supinamente a ideia duma criação 'ex nihilo', sendo este sentido levianamente atribuido ao primeiro capítulo do Gênesis, a princípio pelos antigos padres e posteriormente por parte do clero papista e pela quase totalidade dos pastores protestantes para os quais a dita teoria, faz parte da 'tradição' ou da 'revelação' Cristã. Juízo a respeito do qual, nós, a exemplo de certos pesquisadores cristãos, discordamos radicalmente.

Fruto de um processo bastante lento, iniciado, quiçá no interior do mazdeismo, desenvolvido pelos cultos de mistério e posto em discussão pelos antigos filósofos da Grécia, foi o ex nihilo assimilado por parte dos teóricos judeus, numa proporção cada vez maior, a partir do século II ou mesmo III a C.

Passando naturalmente ao terreno cristão enquanto elaboração teológica de grande refinamento.

Além do capítulo primeiro do Gênesis, costumam os ex nihilistas apelar a inumeras passagens de Jó, dos Salmos e dos profetas nas quais o deus os judeus é apresentado como Criador.


Na grande maioria dos casos - como Jó 35,10/Sl 120,2/Sl 123,8/ Sl 149,2/Prov 14,31/Prov 17,5/Is 17,7/Is 27,11/Is 45,11/Is 51,13 & Os 8,14 - temos a ocorrência de poiHSAv, poiHSANTA, etc cujo sentido já expusemos. Basta dizer que em I Sm 26,25 o termo é aplicado a David, cujas ações não foram realizadas 'ex nihilo'...


As demais passagens vertidas por Criador ou criar são:


Jó 32,22 "Meu criador logo me levaria" 


"SHTEV edontai"


Shtev no entanto recebe do mesmo redator -  cf Jo 27,18 - o sentido de construir uma casa, sendo inclusive atribuido ao ímpio. Naturalmente que o ímpio não construiu sua casa 'ex nihilo'.


Jó 36,3 "Justificar meu criador."


"ERGOIV"


ErgoiV todavia é atribuido as 'façanhas' de Banaias filho de Joiada em II Sm 23,20 e - pelo cronista (II Cr 32,30) - as obras executadas pelo rei Ezequias na cidade santa. Nem as façanhas de Banaias nem as obras de Ezequias foram executadas 'ex nihilo'.


Jó 31,15


Como esta passagem refere-se a geração do feto no ventre materno - En grastri - não comporta 'ex nihilo' mas elemento preexistente, no caso apenas coordenado pelo deus.


Resta analisar a famosa passagem de Isaias 43,5.


Onde o deus recebe o qualificativo de "KatadeixaV", transliterado pelas versões como 'criador'.


Ocorre no entanto que em Gn 4,21 katadeixav é aplicado e Tubal, por ter 'estabelecido' os tocadores de lira. Isaias 45,18 é ainda mais significativo na medida em que jave é apresentado duas vezes como 'modelador' do mundo... ora quem modela, modela algo que é anterior ou concomitante a sí... quem cria tudo pronto e acabado 'ex nihilo' não tem a necessidade de modelar... cria por palavra ou por decreto.


Seja como for as passagens de Isaias e Oséias referem-se ao deus não como criador do universo, mas como criador de Israel e Israel como sabemos não foi criado 'ex nihilo'. Do mesmo modo a 'criação' de provérbios diz respeito ao homem pobre e não ao universo ou a matéria, segundo acreditavam os antigos israelitas - como todos os povos primitivos - que cada homem era magicamente feito rico ou pobre segundo a vontade do deus. Riqueza e pobreza no entanto dizem respeito a posse ou a condição do ser e não ao ser em si ou a sua origem a respeito da qual o livro dos provérbios nada tem a declarar..


De todas estas passagens inferimos que os teólogos hebreus responsaveis pela elaboração da Septuaginta, cerca do terceiro século a C, ignoravam supinamente o significado estanque ou exe nihilista da palavra 'bara' empregando os termos gregos aleatoriamente, sem reservar ao menos um ao deus com fóros de exclusividade.


A própria mentalidade dos tradutores judeus reflete a mentalidade original a respeito do significado de 'bara' enquanto termo inexpecifico.


A alegação dos modernos a respeito da exclusividade de 'bara' baseia-se num testemunho bastante posterior, o dos massoretas. Os quais, grosso modo, tomaram posse do conceito greco-cristão ex nihilista e atribuiram-no artificialmente a suas escrituras falseando-lhes o significado original. A cristandade nominal recebeu o testemunho dos massoretas por pura conveniência, ou seja, com o intuito de fazer a Torá e os profetas, concordarem a fina força com os escritos gregos fossem judeus ou cristãos.


Esta concordância no entanto inexiste pelo simples fato de que os antigos israelitas participavam das ideais religiosas correntes no tempo, logo da crença na pré existência da matéria e de um deus ordenador.


Literalmente falando nem o original hebraico nem a septuaginta oferecem respaldo a ideia de que os antigos israelitas fossem ex nihilistas. A atribuição da criação ex nihilo aos antigos israelitas não passa de fenômeno meramente subjetivo ou ideológico.


O único modo dos sectários demonstrarem a exclusividade de 'bara' cerca do nôno, do oitavo ou mesmo do quinto século a C seria apresentar evidências que partissem da literatura hebraica coetânea ou de registros profanos, como tais registros inexistem, inexistem as ditas evidências. Ficam pois os fanáticos no palpite ou com a opinião posterior dos massoretas, nós com o testemunho inequívoco dos tradutores gregos do terceiro século a C.





  • O aparecimento do 'ex nihilo' no contexto judaico.

Por ironia do destino a ideia duma criação 'ex nihilo' em termos explícitos e inequívocos faz sua primeira aparição no contexto vetero testamentário naquela categoria de escritos intitulados greco judaicos seja porque foram compostos em grego ou vertidos para este idioma cerca do segundo século antes desta era passando a fazer parte da 'Bíblia' empregada pelos judeus da diáspora, em especial pelos alexandrinos.

A ironia encontra-se precisamente no fato dos protestantes (que são em sua maior parte ex nihilistas fanáticos) - a imitação dos judeus - terem rechaçado a canonicidade de tais registros e removido-os de suas escrituras. O papismo conservou-os em parte e a Ortodoxia em sua quase que totalidade enquanto partes constituintes da Septuaginta i é da 'Bíblia' empregada e citada por Nosso Senhor Jesus Cristo, por seus apóstolos, pelos mártires, pelos Padres e pela igreja nascente em sua totalidade.

É justamente em tais escritos que pela depara-mo-nos pela primeira vez com a metafisica ex nihilista associada a elementos da cultura judaica.


Passemos aos exemplos.



  1. II Macabeus 7,28: "Assim eu te rogo filho meu, contempla o céu, a terra e tudo quanto existe E RECONHECE QUE NÃO FOI DE COISAS JÁ EXISTENTES QUE DEUS OS FEZ."
  2. Enoc: "Dispuz para que as coisas visiveis tivessem seu principio nas que não são vistas."
  3. Memórias de José e Asenath 12,1 sg: "Senhor Deus da justiça, que criastes o mundo e ele deste vida, que concedeste o sopro da vida a todo criado, que trouxestes a luz o que não era visível... determinaste e tudo veio a existir, um decreto da tua palavra concedeu vida a todas as criaturas."
  4. II Baruc 21,4: "Fixaste o firmamento com tua palavra e chamaste a existência um mundo que não existia."
  5. Carta de Aristeas 5,136: "É absurdo prestar culto a tais divindades inventadas, segundo tomaram alguma coisa criada, deram alguma forma e aparência, mas elas não produziram as coisas que existem."

Estes são os primeiros testemunhos 'bíblicos' a respeito do ex nihilo e nenhum deles é anterior ao terceiro século a C.


Desde então - e até o século IV d C - ficaram os escritos judaicos cindidos em dois grupos: o tradicional; fiel a doutrina da eternidade da matéria (Sabedoria 11,17) e o ex nihilista, o N T (II pedro 3,5) e a teologia cristã dos primeiros séculos reproduzem fielmente esta divisão. Em termos de teologia cristã a uniformidade foi como que imposta, no Ocidente por Agostinho de Hipona, cujo prestígio consagrou o 'ex nihilismo' e no Oriente por Filiponos, seu principal corifeu e apostolo.


Resta-nos alistar as opiniões dos Santos doutores e padres.



  • A teoria 'primitiva' ou platônica da eternidade da matéria foi sustentada por:
  1. Homilias Clementinas XI,24
  2. S Justino de Roma I Apologia 59
Eis o que ele declarou: 

"Platão tomou o que disse sobre Deus ter criado o mundo a partir de matéria informe, escutai o que disse literalmente Moisés, o primeiro dos profetas (cita gênesis 1,1) Consequentemente, o mundo foi feito pela palavra de Deus a partir de um elemento pre existente, enunciado antes por Moisés, coisa que Platão e os seus sabem muito bem E QUE TAMBÉM NÓS APRENDEMOS." 

    3. São Clemente de Alexandria, nas Stromateis  589, 5 - 6
    4. São Basílio no 'Hexameron' II,2

Eis o seu testemunho:

"A matéria esta com ele enquanto elemento passivo."

    & São Gregório de Nissa, o qual assim expressou-se:

"Dois são os tipos de seres incriados: a Natureza divina e o elemento material."



  • A teoria ex nihilista contou com o apoio dos seguintes padres:

  1. S Hermas, no 'Pastor' mandato I,1
  2. S Taciano, o sírio V,1
  3. S Teófilo de Antioquia, no 'Autólico' II,4
  4. S Irineu de Leon, nas 'Heresias' II, 10,4
  5. Mestre Tertuliano, no 'Contra Hermógenes' I,2
  6. S Origenes, nos 'Princípios' I,7,1 e II,2
  7. Mestre Lactâncio, nas 'Divinas instituições' I,3
  8. Victorino Pictavius no livro da criação
  9. S Atanásio de Alexandria, no livro da Encarnação do Senhor III, 1 - 2
  10. S Efraim de Nissibi, nos comentários ao gênesis
  11. S Ambrósio de Milão, no Hexameron I,16 e IV,31
  12. Agostinho, Bispo de Hipona, nas já citadas Confissões XII,7
  13. & nosso abençoado Pai e mestre em Jesus Cristo, São João Crisóstomo, na Homilia sobre o gênesis II,5 e X,11
Estes foram os campeões responsáveis pelo triunfo do 'ex nihilismo', opinião que nós mesmos abraçamos - desde que compreendida nos termos científicos do Big Bang e não em termos fetichistas ou fixistas - mas como mera opinião, e, logo, sem condenar como ímpia ou herética a opinião oposta. E sem dar a mínima para a opinião do sacerdote hebreu que redigiu o livro do gênesis.... pois esta liberdade exigida pela razão nos é outorgada por Jesus Cristo no santo Evangelho.





























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