
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Sintese: Do Testamento antigo e do verdadeiro exame das escrituras

REPTO OFICIAL AOS FUNDAMENTALISTAS.

- Consumindo apenas alimentos 'puros' ou khoser
- Trajando-se a moda do deserto (as mulheres por exemplo teriam de usar o Shador e os homens saiotes)
- Adotando o regime de redistribuição periódica de terras proposto pelo Deuteronômio
- Imolando cordeiros na páscoa
- Apredrejando os blasfemadores e queimando bruxas
Do contrário, se afirmam a vigência da Lei mosaíca e não lha observam são descumpridores da lei e rebelados.
02) O ANTIGO TESTAMENTO FOI INTEGRALMENTE ABOLIDO POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, A EXCESSÃO DO DECALOGO -DEZ MANDAMENTOS - QUE É A LEI DA QUAL 'NENHUM TRAÇO PASSARÁ' E DAS PROFECIAS REFERENTES A VINDA DO CRISTO E A AFIRMAÇÃO DO MONOTEISMO ESTRITO FEITA PELOS PROFETAS.
Esta é nossa posição.
Assim conservamos do testamento antigo tudo quanto foi conservado e empregado por NOSSO SENHOR JESUS CRISTO: o monoteismo afirmado pelos antigos profetas, os tipos e profecias referentes a sua sagrada pessoa e o decalogo, NEM UM TRAÇO A MAIS.
Para nós este é o conteúdo divino e inspirado do testamento antigo, a parte do substrato cultural hebraico, o qual regeitamos como produto de sua época.
Qual critério adotamos: As palavras de Jesus> A LEI E OS PROFETAS VIGORARAM ATÉ JOÃO.
E seu exemplo ao empregar as profecias pertinentes a sua pessoa em suas disputações com os escribas e fariseus.
A razão e o testemunho unânime do Novo Testamento e da tradição Cristã quanto a unidade divina.
Portanto quando optamos pelo recebimento do monoteismo, das profecias e do decalogo apenas não nos baseamos em critério pessoal ou subjetivo, mas em critério externo, objetivo e histórico:
A praxis e as palavras de Cristo bem como a tradição Cristã e a evolução da consciência eclesiástica seja ortodoxa, romana, anglicana ou mesmo protestante (orgs históricas).
03) HÁ PARCELAS DO VELHO TESTAMENTO QUE FORAM ABOLIDAS E OUTRAS QUE NÃO FORAM, PERMANECENDO POIS DE PÉ.
Esta parece ser a posição prática adotada pela maioria dos sectários, uma vez que não podem cumprir com todos os preceitos e normas estabelecidos pelo Testamento Antigo então são obrigados a admitir que ao menos parte dele foi abolido.
É PRECISAMENTE ESTE O NÓ DO PROBLEMA.
Suponhamos que qualquer romanista ou ortodoxo faça semelhante afirmação, sustentando que - FORA O DECALOGO OU PARA ALÉM DELE - há outras partes da Legislação Mosaica que ainda vigoram, enquanto que outras foram abolidas, qual o problema?
Nenhum pois para este ortodoxo ou para este romano, é ao concílio ecumênico ou ao papa que cabe determinar quais são as normas vigentes e as normas abolidas do Testamento velho, assim a autoridade a que cabe discriminar entre as partes do pentateuco devem ou não devem ser consideradas válidas nos dias de hoje, é a Igreja ou seja uma autoridade externa a própria pessoa e que não considera seus intereses individuais.
Temos pois aqui na atribuição a Igreja do direito de julgar sobre quais partes do pentateuco valem ou não valem mais um mecanismo de segurança.
Imaginemos que o Papa romano, com base no pentateuco desejasse restabelecer a teocracia e constituir-se a sí mesmo como soberano temporal do mundo, atacando as instituições democráticas e provocando tumulto entre as nações... diante duma tal situação o que poderia ser feito?
Simples, o chanceler da Unição européia faria uma ligação ao vaticano asseverando que se no prazo de vinte minutos o papa não aparecesse em cadeia mundial de rádio e TV, reconhecendo infalivelmente - ex chatedra - a divisão entre os poderes secular e religioso, uma bomba de neutrons seria lançada de imediato sobre a cúpula do Vaticano e outras tantas sobre o castelo de S Angelo... ou simplismente que o Vaticano perderia sua soberânia...
O Papa faria seu pronunciamento e os romanistas fanáticos logo serenariam...
Já no caso da Igreja grega a tomada de quaisquer atitudes inusitadas com base em textos do Antigo Testamento seria muito mais díficil e praticamente impossivel já porque seria necessário recorrer a tradição dos padres para interpreta-los - e os padres antigos interpretam-nos quase sempre ALEGORICAMENTE - ou chegar a um acordo entre centenas de Bispos, muitos dos quais bastante instruidos.
Os fiéis ortodoxos por sua vez - caso ventilassem novidades profanas com base nos escritos de Moisés - seriam acusados de livre examinismo e ameaçados com a excomunhão...
Assim sendo, o fato de que tais juizos recaiam sobre a Igreja, a autoridade e a tradição, constitui uma garantia de controle e de ordem para a sociedade contemporânea. Tais instituições possuem mecanismos que permitem controlar e diluir o fundamentalismo...
É exatamente o que não ocorre no sistema protestante se admitimos que há partes da lei mosaica que permanecem válidas até nossos dias enquanto outras tantas foram abolidas.
Pois neste caso a tarefa de discriminar o que permanece válido e o que não permanece, dentro duma perspectiva protestante coerente - revindicada pelos Batistas por ex - CABERIA, NÃO A IGREJA MAS AO PRÓPRIO INDIVIDUO...
Quero dizer com isto que - se somos fiéis ao livre examinismo - cada qual seria juiz constituido para julgar o que ainda vale e o que não vale mais com relação ao pentateuco.
Afirmação prenhe de consequências...
Imaginemos que algum maluco tenha o interese em queimar bruxas...
Basta tomar o pentateuco e justificar seu crime, alegando que o mandamento de queimar bruxas ou de apedrejar blasfemadores permanece válido... o que segundo a doutrina livre examinista constitui direito líquido e certo de cada cristão ( e são bilhões de Cristãos e centos de milhões de protestantes!!!)
Afinal admitindo-se que o texto é inspirado por Deus e válido para nossos dias, queimar e apredejar tais pessoas constitui uma ordem divina e não executa-la um ato de desobediência (segundo a doutrina fundamentalista punido com chamas eternas!!!).
Certamente que nossos tribunais fariam julgar e condenar uma tal pessoa como louca, isto não significa no entanto que ela seria convencida ou que outros fanáticos não se sentissem encorajados por seu exemplo, determinando uma reação em cadeia semelhante aquelas que constumam ocorrer nos países orientais em que a sharia esta prestes a ser implantada.
O problema não é o crime em sí mas o de uma determinada doutrina e orientação fornecida a milhares de pessoas servir de justificativa mental e interna para tais crimes, impregnando de fanatismo as mentes mais fracas e debilitando-as ainda mais.
Tanto pior se a pessoa em questão julgar que foi comissionada pelo espírito santo com o objetivo de discriminar o que vale e o que não vale da lei mosaica, fundando uma seita e arrebanhando seguidores... por ora somente espertalhões tem se dado ao trabalho de fundar seitas, dia porém virá em que pessoas mentalmente desorientadas ou fanáticas tomarão a iniciativa e farão restaurar certas leis em nome da teocrácia. Não adiante dizer que tal perigo é impossivel...
Não é impossivel.
Pois se no momento presente, enquanto os fundamentalistas não passam de dez por cento da população deste país, há tanto celeuma entre eles com relação ao que vale e ao que não vale da lei mosaica - a ponto de um pastor afirmar publicamente o direito de violar nossas leis adotando a bigâmia (enquanto outros já há muito tempo vedam o consumo de carne ou de sangue a seus afiliados com base na mesma lei ) - imaginem o que não se sucederá quando compuzerem cinquenta ou setenta porcento dela??? Com um numero bem maior de maníacos e oportunistas em suas fileiras...
Será como juntar pólvora e fogo...
São terriveis as possibilidades se consideramos uma pessoa que se crê iluminada ou inspirada, com o pentateuco nas mãos e o direito - autorgado por Lutero - de julgar o que vale o que não vale dentre aquelas centenas de preceitos, alguns dos quais extremamente bizarros como já tivemos ocasião de demonstrar.
É como se a igreja, mesmo se levamos em conta todos os seus defeitos e perverssidades, tivesse fechado um alçapão e Lutero lho tivesse reaberto... esse alçapão teocrático, reacionário, primitivo e repleto de leis em tudo opostas a nosso regime de vida, instituições e civilização. Penso que não seja demais compara-lo a uma bomba potencialmente explosiva, e que pode ser facilmente detonada - como explicitaram Sagan no 'mundo assombrado por demônios' e o Pe Oscar Quevedo em 'Antes que os demônios voltem' - pura e simplismente pela miséria e a ignorância humana conjugadas (fatores que no atual contexto se multiplicam ano após ano)
Diante de todos estes riscos alarmantes alguns protestantes bem intensionados certamente e tentanto defender sua causa do melhor modo possivel, alegam que para se resolver o problema da discriminação entre o válido e o abolido com relação ao Velho Testamento, basta tomar o Cristo e seu Evangelho por Critério.
Todavia o Cristo só é conhecido pelo Evangelho e também o Evangelho, como o pentateuco é um livro.
Certamente o maior de todos os livros, um livro divino, sagrado, inspirado... um livro bem mais fácil que o pentateuco, mas um livro... e que como livro também esta sujeito A INTERPRETAÇÕES POR PARTE DO SUJEITO OU SEJA A INTERPRETAÇÕES MERAMENTE SUBJETIVAS E PASSIVEIS JÁ DE INCOMPREENSSÃO, JÁ DE DISTORÇÃO POR PURA E SIMPLES FALTA DE ELEMENTOS INTERPRETATIVOS.
É verdade que me referi ao Cristo e ao Evangelho no artigo segundo, no entanto minha compreenção de Cristo e do Evangelho passa pelo crivo já da síntaxe grega, já da tradição da Igreja, já da pesquisa histórica, em busca de apoio externo e de objetividade.
A relação dos protestantes no entanto se dá diretamente entre o leitor e o livro, grosso modo sem livros, sem tradição, sem arqueologia ou qualquer coisa do gênero, de modo que a mensagem do livro dificilmente é atingida e seu conteúdo permanece inacessível a tal categoria de leitores... E isto com relação ao Evangelho, que como fizemos questão de salientar é o escrito mais simples, fácil e claro do Novo Testamento...
Por isto o critério do Senhor e do Evangelho pode servir de arapuca para muitos e nada resolver quanto a potencial destrutivo do pentateuco...
Geralmente, nós que somos estudiosos atentos do Evangelho, temos o vezo de imaginar que a imensa maioria das pessoas, com raríssimas excessões é capaz de captar perfeitamente a mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, tomando-a como padrão ou critério na leitura dos escritos hebraicos e amenizando a 'acidez' dos mesmos...
No entanto o que se dá é justamente o contrário, de tanto lerem os escritos hebraicos - cujo volume é bem mais amplo que o Evangelho - as pessoas ficam como que impregnadas de conceitos mosaicos ou javistas a ponto de transplanta-los para o Evangelho e fazer uma leitura judaizante dele... É assim que as vezes 'nosso' Jesus tem muito, mas muito de Moisés, Josué ou David e muito mas muito pouco dele mesmo...
É como se o tiro saisse pela culatra...
Tal leitura foi responsável pela afirmação plurisecular de um Jesus escravocrata e ainda hoje serve de suporte para que um grande número de fundamentalistas afirme que Jesus aprovava a pena de morte, o machismo ou a homofobia por exemplo...
Primeiro eles atribuem gratuitamente a Jesus, a mensagem contida neste ou naquele paragrafo das leis judaicas, para depois concluir que tais eis permanecem valendo porque foram confirmadas por Jesus.
Outros são ainda mais simples a ponto de cortarem caminho e afirmar que, 'se Jesus era judeu concordava com tudo quanto se encontrava na leis dos judeus.'
A consequência desta afirmação falaciosa, é a seguinte:
Todas as leis que Jesus não aboliu explicitamente continuam de pé, vigorando até os dias de hoje.
Uma tal postura parece a primeira vista sábia e equibibrada, no entanto, já ao primeiro exame, vem abaixo e desmorona fragosamente.
Tomemos por exemplo as leis de redistruibuição de terra, dos cantos da colheita ou referentes ao boi que puxa o arado, jamais foram revogadas explicita ou implicitamente pelo Senhor e no entanto, até onde saibamos, biblista algum lhas poem em prática.
Tampouco aboliu Jesus o descanço jubilar ou a pascoa judaica...
Os protestantes no entanto ignoram tanto estas quanto muitas outras leis que jamais foram sequer implicitamente revogadas pelo Senhor Jesus Cristo.
Somente uma conclusão impoem-se: Toda lei mosaica, de ponta a ponta - exceto do Decalogo - foi revogada.
Vago

Placas contendo o Enuma Elish
Cientes de que as palavras atribuidas a Moisés, bem como aos historiadores e teologos hebreus, não cairam dos céus, mas que teem suas raizes mais profundas numa literatura autotocne mais antiga - ora perdida - e que esta a seu tempo foi tributária de documentos e fontes ainda mais antigos, estes de origem estrangeira, cumpre discriminar a origem de tais fontes...
Grosso modo a literatura hebraica foi influenciada por duas grandes vertentes da antiga literatura oriental: a literatura sumeriana e a literatura egipcia.
A primeira está de certa forma relacionada com as míticas origens do patriarca Abraão, saido de Ur na terra de Sinear ou Caldeia. Tendo sido reforçada tanto pelo contato com os fenícios no tempo de Salomão, quanto pelo cativeiro... Posto esta que a influência sumeriana foi mediada pela Babilônica, pela assíria, pela fenícia e até pela persa; pois quando os hapiru se constituiram como povo a civilização suméria já havia desaparecido a mais de mil anos...
A segunda está relacionada com o cativeiro ancestral e quiça com as origens de Moisés, apontado como sendo egipcio já por Maneton, já por Apion, já por Freud... Tendo sido reforçada tanto pelo casamento de Salomão com uma princeza egipcia quanto pelo contato com os fenícios.
Quanto aos fenícios é necessário salientar sua influência neste contexto, enquanto povo transmissor de cultura, já por terem servido de ponte entre Israel e as culturas mais antigas e distantes, já por terem dado uma contribuição própria a cultura hebraica.
Grosso modo hebreus, filisteus e fenícios (ambos povos invasores ou em parte formados por eles) viveram mais ou menos fraternalmente até o reinado de Acab e a ascenssão do profetismo em Israel e em Judá. Deste então iniciou-se um feroz embate entre os dois elementos: o elemento atavico e o elemento profético, tendo o último triunfado sob o reinado de Josias.
Até o reinado de Salomão porém, as instituições israelitas estiveram abertas a fecundas influências vindas de fora... Elias iniciou o fechamento da porta e Josias lha vedou para sempre. Todavia, o que fora feito, estava feito e não podia ser mais modificado ou alterado pelos fanáticos.
O que havia de 'pagão' nas escrituras e tradições hebraicas permaneceu, embora sua origem expuria passasse a ser negada cada vez mais e sua afirmação considerada uma heresia.
Aos poucos se impoz a visão mágica predominante até os dias de hoje nos cantões do fundamentalistas e um denso véu caiu sobre as origens do Velho Testamento. O surgimento da arqueologia porém, em meados do século XIX, fez rasgar este véu e revelar a verdade.
E nós como filhos da Verdade que liberta recebemos toda verdade de braços abertos. Pois nosso Mestre ordenou que fossemos honestos em todas as coisas, inclusive nos negócios religiosos.
Ademais, sendo a religiosidade território do sagrado, empenhar a mentira com o intuito de proteger a religiosidade será sempre um sacrilégio... Se certos aspectos da religiosidade tiverem de ser revistos, nosso dever é reve-los. Mas o protestantismo fez desses aspectos sua base.
Resta-lhe apenas ficar parado no mesmo lugar e morrer... pois o mundo não caminhará para trás.
Já no primeiro verso de Gênesis: "O espírito pairava sobre a face das águas do abismo." nos deparamos com um mito comum a todas as cosmogonias orientais.
"Certamente, a idéia da água como princípio primordial, deriva de uma vasta tradição mitologica, comum a todas as teogonias ou cosmogonias do antigo oriente: sumeriana, cadeana, egipcia, hebraica, fenicia, egéia: todas representanto o mito do caos aquoso primordial, do qual saiu o universo." afirma Rodolfo Mondolfo em sua obra clássica "O pensamento antigo" vol. I (Buenos aires; Losada, 1942 - p 41)
Com relação aos sumérios afirma o profo Samuel N. Kramer: "No princípio era o mar primordial. Nada se diz sobre sua origem ou nascimento. Não é improvável que os sumérios o tenham concebido como eternamente existente." in "A História começa na suméria." ed Europa américa; p 113
"O oceano, água primordial, origem de todas as coisas, envolvia o universo." segundo criam os egipcios. cf E. Drioton. "El egipto faraonico", Bilbao, Moreton, 1967 p 30
Segundo os fragmentos de Sanchuniaton o ovo cósmico estava submerso nas águas primordiais.
O restante do relato cosmogonico (SACERDOTAL)segue 'pari passu' um poema caldeu chamado "Enuma Elish"
No poema babilônico Marduck luta contra dos monstros: apsu e Tiamat.
As raizes hebraicas de abismo e águas correspondem a esses dois termos babilônicos...
No livo de Jó Shadai é apresentado lutando contra diversos monstros como Leviatan e Behemot e nos Salmos contra a 'grande serpente' que é o mesmo Tiamat. Todas essas entidades foram tomadas de empréstimo a cosmogonia babilônica, via fenícia, porquanto os textos de Ugarit (ras Chamra) também aludem a 'grande serpente".
Elas personificavam o caos ou a tempestade contra o qual Marduck ou Jeová tiveram de combater e vencer para estabeceler a ordem. Por isso que os reis assírios empreendiam caçadas contra as feras, visando reeditar a façanha do deus criador, e renovar, e manter sua obra, ora personificada no império.
Posteriormente o grande rabino Esdras, num de seus livros, apresentou tais monstros como tendo sido criados por Jeová antes do universo... Da mesma foma o arcanjo Miguel ou S jorge assumiram o papel de Marduck ou Jeová.
Mas retornemos ao 'Enuma Elish'...
O relato menciona ainda a produção de seis entidades divinas e um dia de descanso, enquanto que gênesis refere a seis dias de produção (hexameron) e um dia de repouso.
Por fim a ordem em que os seres são produzidos é a mesma em ambas as narrativas (SACERDOTAL E BABILÔNICA):
"Assim forjou os céus, fixou seus ferrolhos e poz guadiães de lado a lado (genesis também menciona comportas e ferrolhos celestiais e guadiães do paraiso) e represou as águas, com a outra metade fez a terra. No céu as nuvens, estrelhas, constelações e a lua para governar a noite"
UMA PÁLIDA IDÉIA DE EVOLUÇÃO, MAS ENFIM UMA IDÉIA....
O documento Javista - a outra face da moeda.
Tudo quanto registramos nos artigos acima diz respeito ao documento sacerdotal pertinente ao capítulo primeiro do Gênesis.
Analisemos agora sua duplicata: o documento Javista.
"Assim, quando examinamos o capítulo segundo, nos desconserta pois em grande medida nos deparamos com uma versão completamente distinta e ademais contraditória com relação aos mesmos acontecimentos.
Pois aqui somos informados com surpresa de que Deus criou primeiro ao homem, aos animais inferiores e em seguida a mulher, a qual não foi mais que uma idéia tardia da divindade e surgiu de uma costela do homem enquanto ele dormia.
De um relato a outro se inverte claramente a ordem de importância.
Pois no primeiro, deus COMEÇA COM OS PEIXES E VAI ASCENDENDO DE MODO CONTINUO, ATRAVÉS DE AVES E ANIMAIS ATÉ CHEGAR AO HOMEM E A MULHER.
No segundo porém começa com o homem e vai descendo através dos animais inferiores até chegar a mulher...
No documento sacerdotal (capitulo I) concebe-se a Deus de maneira abstrata, separado da consciência humana e criador de todas as coisas mediante o poder de sua palavra.
Ao contrário no escritor mais antigo (o javista) deus é algo concreto, que fala e atua como um homem; que modela com barro a efige do primeiro homem, que planta um jardim, que passeia por ele, que costura vestidos para os primeiros pais...
Antes de tudo este autor TRATA DE OCULTAR O PROFUNDO DESPREZO QUE SENTE PELA MULHER, POSTA ABAIXO DOS ANIMAIS." J G Frazer in "El folklore en el antiguo testamento" México, Fondo de cultura pp 9 - 10
Resposta as mentiras de um pastor - A idade do livro do Gênesis e a moralidade dos escritos egípcios e sumerianos.
Estavamos nós a folhear as "Origens Chaldaicas da Bíblia" do Pr Alvaro Reis ( Rio de Janeiro - O puritano - 1918) quando topamos á página 23 com a seguinte asservativa:
"Não obstante estarmos no século XX QUEM OUSARÁ NEGAR QUE DE TODOS OS DOCUMENTOS BIBLIOGRÁFICOS DA ANTIGUIDADE, O LIVRO DO GÊNESIS É INCONTESTAVELMENTE UM DOS MAIS ANTIGOS, MAIS COMPLETOS, E, MAIS: QUE É O DE MAIOR VALOR HISTÓRICO (!!!), LITERÁRIO (!!!), CIENTÍFICO (!!!), MORAL (!!!) E RELIGIOSO. (!!!)" os parentéticos são nossos e representam nosso espanto e admiração diante da ousadia do pastor.
Tivesse ele proferido seus juizinhos de essência e valor em meados do décimo nono século, cremos seria possível encontrar alguma justificativa para eles em termos de ignorância... acontece que o ilustre teólogo tupiniquim proferiu-os em pleno século XX, quando estavam já completamente ultrapassados face aos progressos científicos em termos de arqueologia e paleografia. Diante disto somos forçados a concluir pela má fé do nosso cacique protestante...
Sejamos justos no entanto.
Pois a gente muito mais desonesta e atrevida do que Alvaro Reis...
Os pastores que até hoje repetem e publicam tão grandes e clamorosas mentiras.
Alegando que o gênesis, o pentateuco ou mesmo a maior parte do antigo testamento constituem a literatura mais antiga de se tem notícia, ao menos no terreno religioso.
De minha parte não sei como é possível mentir assim com tanto descaramento, e em nome de Deus!!! Depois essa gente ainda se queixa de que o ateismo cresce! Mas é claro, quem não abraçaria o ateismo, o materialismo ou a descrença diante das mentiras tão grossas publicadas pelos paladinos da religião 'bíblica'?
Felizmente, para a vergonha dessa ralé, disseminam-se cada vez mais por este nosso pais as letras e o esclarecimento, espancando as densas trevas da superstição e do obscurantismo.
Assim já se vai sabendo e cada vez mais que após a descoberta de tantos papiros e tabuletas, exumados nos desertos do Egito ou nas planícies da mesopotâmia, é simplesmente ridículo insinuar a prioridade do gênesis ou do pentateuco mesmo no campo da literatura religiosa. Afinal uma biblioteca inteira por assim dizer, precede os primeiros registros legados pelos antigos israelitas...
Suster a prioridade do gênesis nos termos dum Xchouppe ou dum Roquette é causa perdida e tão perdida que até mesmo o clero papista, sempre melhor preparado intelectualmente falando e reacionário capitulou já a quase setenta anos quanto o Pe R. de Vaux compoz sua edição do Gênesis na esteira de Lagrange e Lenormant.
Mesmo o grande campeão papista do biblismo, F. Vigouroux, que tombou em 1910, foi forçado a admitir que 'Moisés' havia consultado outros registros no caso anteriores ao Gênesis.
Vestígios de tais registros vieram a luz vinte anos depois - em 1930 - nas escavações de Raz Shamra a antiga Ugarit, quando a biblioteca de um templo pagão foi desenterrada em sua quase que totalidade...
Nippur (Tello), Ur, Ninive, Raz Shamra, Mari e Ebla, foram apenas alguns dos 'golpes' desferidos ao gênesis em termos de prioridade... pois havia um mundo de literatura religiosa anterior a ele.
Mundo que lhe havia servido de substrato, embora os pastores continuem alegando que o livro baixou miraculosamente dos céus as mãos de 'Moisés'... como nos contos do Pinóquio, da gata borralheira, da chapeuzinho vermelho, etc
Para começo de conversa temos os Vedas, os quais segundo Blavatsky no 'Glosario teosofico', remontariam a cerca de 2000 aC, mas que segundo Gaarder et aliae 2000 p 40, remontam, ao menos em parte a 1500 a C.
Admitindo, apenas hipotéticamente, que Moisés tivesse escrito o gênesis, cerca de vinte ou trinta anos após o Êxodo (ocorrido cerca de 1450 - 1430 a C) chegariamos a data de 1400 a C para sua composição, o que daria aos Vedas um século de vantagem.
Por outro lado, caso admitamos como devemos admitir que as partes mais antigas do gênesis remontam no máximo a 950 - 900 a C, temos meio milênio de vantagem para os Vedas.
Circulavam pois na antiga Índia epopéias e cânticos cronologicamente anteriores ao gênesis mesmo em termos de pura e simples oralidade.
Um destes cânticos por sinal assevera que Agni, Varuna, Garuda, etc não passam de nomes ou atributos do Uno, enquanto os israelitas ainda prestavam culto a seus deuses - Eloim.
Passemos agora a literatura da antiga Suméria.
Uma obra bastante vulgarizada em nosso pais e de certo modo até ultrapassada, 'As maravilhas do conhecimento humano' de Henry Thomas (Porto Alegre, Globo, 1954, Vol II) mas ainda bastante instrutiva e fácil de ler, reproduz a seguinte notícia:
"Uma biblioteca de 30.000 tijolos. Essa biblioteca babilônio-sumeriana, situada em Tello (A antiga Nippur - para os rabinos Nipra) , foi talvez a primeira coleção de livros do mundo. Não era uma edifício de tijolos, mas uma biblioteca contendo uns 30.000 manuscritos de tijolos... Entre tais livros encontramos HISTÓRIAS, gramáticas, aritméticas, dicionários, HINOS SACROS E UM POEMA ÉPICO CONTENDO O RELATO DA INUNDAÇÃO DE BABILÔNIA... TEM CERCA DE 5.500 ANOS DE IDADE." P 18
Trata-se na verdade de 40.000 tijolos, datados de cerca de 2300 a C e portanto com aproximadamente 4.300 anos de idade. O que de pronto supera Ezra, Josias, eloista, javista, Samuel, Josué, Moisés, Abraão (1750 a 1700 a C), os tetravós de Abraão. Anterior em mais de meio milênio aos patriarcas hebreus, a biblioteca de Tello deixa o gênesis no chinelo...
Assim morrem as fábulas e mitos acalentadas pelos pastores e líderes religiosos fanáticos...
Em Ur (Wooley, 1923) também foram descobertos alguns cilindros nos alicerces dos templos e algumas tabuinhas religiosas.
Quanto a biblioteca de Nínive (Koyundjik), trata-se certamente dum registro mais recente, datando de cerca do sétimo século a C. Os originais das obras compiladas no entanto, remontam em idade as obras encontradas em Nippur, isto porque os escribas Babilônicos e Assírios costumavam registrar ao final de cada cópia que o original encontrava-se neste ou naquele templo sumeriano... A dezenas e dezenas de séculos.
Segundo Werner Keller (A bíblia tinha razão p 46) esta biblioteca era "composta por cerca de 20.000 ladrilhos, fora reunida pelo rei Assurbanipal." ( Que fizera gravar num de seus livros: 'Amo ler bons livros e cortar as orelhas e narizes dos meus cativos de guerra' apud Henry Thomas, opus cit)
As bibliotecas de Ebla (missão italiana, 1964) e Mari (André Parrot, 1933) parecem ser mais modestas datando a primeira do final do terceiro milênio a C e a segunda de meados do segundo milênio. O que as coloca igualmente numa posição de anterioridade face ao gênesis. Contam no entanto com pouquíssimos hinos e histórias...
Já a biblioteca de Raz Shamra, tão rica e exuberante quanto as de Nippur e Ninive, parece remontar a 1400 - 1200 a C, embora os originais das obras ali contidas sejam alguns séculos mais antigos datando de 1500/1600 ou até mesmo 2000 a C, o que também lhes confere larga vantagem face ao gênesis. Faz parte dela - além de inumeros outros textos - a famosa epopéia de 'Baal e Anath'.
São mais de 100.000 tabuletas, contendo centenas de centenas de obras, parte das quais (talvez mais da metade) versando sobre assuntos de natureza religiosa. Tudo muito mais antigo ao gênesis, cujos redatores por sinal, beberam em tais fontes até a saciedade...
E sequer mencionamos outro grande 'filão' de registros e documentos primitivos, o antigo Egito!
Esta grande e requintada civilização legou-nos, dentre outros, os seguintes registros:
- Os 'Textos das pirâmides' (como a de Unias/Venis) remontam a 2600/2500 a C
- O papiro 'Prisse' que contem a 'Sabedoria de Ptah-Hotep, ministro da quinta dinastia. esta obra remonta a 2450 a C (in Grollenberg p 208) Mesmo o pastor A Reis, reconhece, muito a contragosto que este registro é muito mais antigo que seu idolatrado e querido gênesis. (opus cit 23)
- 'Os ensinamentos do rei Merikare', que datam de aproximadamente 2000 a C
- 'A Sabedoria de Kagmeni' parece remontar a 1900 a C, admitindo o citado pastor (id ibd) que se trata realmente duma obra anterior ao gênesis.
- O 'Livro dos mortos' recebeu sua forma final cerca do décimo sexto século a C.
- Os contos de 'Sinuhe', dos 'animais', do 'O marinheiro naufragado', da 'gata borralheiras', do 'fantasma maravinhoso', e 'Dos irmãos' (Bitiu e Anupu ou o eterno triângulo' (citados por Henry Thomas opus cit. p 13). Todos anteriores ao ano 1000 a C
- 'A Sabedoria de Ani' de 1250 a C (Grollenberg id. ibd)
- 'O poema de Pentaur' composto por volta da mesma época e relatando a 'vitória' de Ramsés II em Kadesh
- 'A Sabedoria de Amenemope' de aproximadamente 900 a C.
Fornece-nos o Egito outra biblioteca inteira anterior ao gênesis, que vem somar forças com a biblioteca da mesopotâmia... e aos Vedas da Índia antiga.
Não há pois qualquer necessidade de se recorrer a fontes e registros de natureza fantasiosa como as 'Memórias da Atlântida' do Churchward com o intuito de desmascarar os pastores cegos e fanáticos, bastam os verdadeiros papiros e tabuinhas e os registros legítimos, diminuto remanescente duma ampla literatura ora perdida para nós.
Quem desejar conhecer tanto mais de perto as ditas fontes e certificar por si mesmo a dependência da literatura hebraica para com elas consulte:
'Breasted' na Sabedoria do Antigo Egito nos textos das pirâmides & J Pritchard 'Ancient Near Eastern texts relating to the Old Testament.' Princeton 1955
- SABEDORIA DO ANTIGO EGITO
- "A obediência de um filho é a alegria de seu pai." papiro de Ptah Hotep
"O filho obediente alegra seu pai." prov 10,1 e 15,20
Aqui G Fougéres ('As Primeiras Civilizações): "De todas as transformações a mais transcendental e sobre a qual todas as outras se apoiram foi a elaboração do senso moral pautado na religiosidade."
- FARAÓ AKHENATON PLAGIADO PELO SALMISTA
"Todos os leões saem de suas cavernas... Sl 104,21
Quão numerosas são as tuas obras... Sl 104, 24 IPSO LITERA
- SABEDORIA DA MESOPOTÂMIA E CANAÃ.