Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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sábado, 25 de outubro de 2008

Cap. II - Numa campanha de evangelismo...




"ASSIM EU VOS DECLARO E DIGO QUE TODO REINO DIVIDIDO HAVERÁ DE PERECER." JESUS CRISTO, NOSSO DEUS

"A Unidade de fé jamais florescerá nos domínios do livre exame, aproxime-mo-nos pois da tumba de Lutero gemendo e chorando por reconhecer que todo Reino dividido perecerá. Este é o 'MANES, TEKEL E FERES' do protestantismo. Regressai pois ao Catolicismo que sendo Uno possui o apanágio das coisas espirituais e divinas." Alberti, teólogo Luterano









Neste artigo o amigo leitor encontrará os seguintes assuntos:
  1. Será a caridade imbecil?
  2. A venda de Bíblias e panfletos.
  3. Como distinguir uma Igreja duma seita.
  4. É o livre examinismo um bom método?
  5. Traduções corrompidas - A palavra 'eterno' e a doutrina da eternidade das penas (infernismo)
  6. Podem os falsos profetas realizar verdadeiros milagres?
  7. Lutero reconhece que a Escritura contem partes ou passagens de díficil compreenssão.
  8. Acreditavam os antigos hebreus na sobrevivência da alma após a morte?




Cenário: Qualquer praça no centro de qualquer cidadezinha brasileira.



Protestante: Hei, amigo, amigo, tem um instante por favor?
Ortodoxo: Pois não, em que posso servi-lo?
Protestante: Queria beneficia-lo com um folhetinho da palavra de Deus.
Ortodoxo: E posso saber por que deseja entregar-me o tal folhetinho?
Protestante: Para que tome conhecimento da palavra de Deus, creia e venha a ser salvo com toda sua casa em nome do senhor jesus.
Ortodoxo: Perdoe-me a ignorância, mas não sabia que a palavra de Deus pudesse caber inteirinha num folheto tão pequeno; afinal parece-me que são 66 livros...
Protestante: É que se trata apenas duma parte ou dum pedaço da palavra de Deus e não da palavra de Deus em sua totalidade, mesmo porque, como o amigo acabou de dizer, ela é bem mais ampla.
Ortodoxo: Neste caso quem garante que o pedaço, parte ou fragmento que o amigo esta me oferecendo não foi propositalmente retirado do contexto ou lugar a que pertence de modo a obscurecer-lhe o sentido?
Protestante: Pera lá, assim o amigo me ofende. Acha que eu seria capaz de engana-lo? Devo compreender que esteja pondo em dúvida minha idoneidade ou impugnado minha boa fé?
Ortodoxo: Acaso não são vocês protestantes que vivem repetindo: "Maldito o homem que confia noutro homem." e pondo em dúvida a reputação da Igreja antiga e sua boa fé??? Diante disto não vejo por que nós, os devamos confiar em vocês?
Protestante:...
Ortodoxo: Ademais, como não o conheço bem não posso saber se é ou não é pessoa idônea ou se deseja ou não enganar-me.
Protestante: Acaso assemelho-me a um aproveitador?
Ortodoxo: Levando em conta seu aspecto e condição parece-me que não. Acaso és pastor?
Protestante: Quem me dera...
Ortodoxo: Sendo assim inclino-me a admitir sua honestidade e a supor que esteja enganado de boa fé, como tantos e tantos homens bons por este pais afora.
Protestante: Neste caso por que não pegua o folheto?
Ortodoxo: Temo que o amigo é que esteja sendo ludibriado em sua boa fé e sinceridade por algum oportunista, a menos que tenha editado o folheto e publicado com seus próprios recursos?
Protestante: Para ser franco devo confessar que não, sendo de condição humilde não possuo dinheiro suficiente para mandar imprimir sequer um cento deles, quanto mais milheiro. Este folheto foi composto pela editora N. economizei, juntei uma certa quantia e comprei com o intuito de anunciar o nome e a graça gloriosa do Senhor Jesus.
Ortodoxo: Certamente que seu sacrifício e sua boa vontade - inda que mal orientados - são nobres e dignos de todo respeito. Percebo no entanto que alguns acabam servindo-se da palavra de Deus com fins puramente lucrativos como seja ganha dinheiro. O Evangelho no entanto decreta:
De graça recebestes, de graça daí
protestante: Cheguei a ler um anúncio da editora, alegando que os folhetos são editados com o intuito exclusivo de salvar almas e glorificar o nome do Senhor Jesus.
Ortodoxo: Sendo assim por que o proprietário da Editora não vai ele mesmo as praças e ruas distribuir graciosamente os folhetos que edita, ou, na pior das hipóteses por que não oferta generosamente os tais folhetos - ao invés de vende-los - a pessoas como o senhor? Penso que a salvação das almas seja excelente justificativa para obter alguns pingues e viver folgadamente.
Protestante: A editora alega que os folhetos são vendidos a preço de custo e que não tira lucro algum.
Ortodoxo: Acaso o amigo pôs tal afirmação a prova, examinando as contas a editora? 
protestante: Para dizer a verdade não, afinal esta escrito "A caridade tudo crê"!
Ortodoxo: Neste caso o amigo descarta a simples sugestão de que o editor deste folheto tenha tido a intenção de lucrar ou o que é ainda pior, de enganar os leitores, inclusive o senhor?
Protestante: Uma vez que a caridade tudo crê, jamais aventei semelhante possibilidade...
Ortodoxo: Se a caridade de fato leva-o a crer em tudo por que não acreditas nos ensinamentos do Papa ou de Allan kardec???
Protestante: Por que o Papa romano e Allan Kardec não estão fundamentados na palavra de deus!
Ortodoxo: Não é o que eles dizem...
Protestante: Eles podem dizer o que quiserem o fato é que não estão fundamentados na palavra de deus!
Ortodoxo: E por não estarem fundamentados na tal palavra de deus são mentirosos?
Protestante: É o que me parece.
Ortodoxo: Gostaria de saber quem esta fundamentado na palavra de deus?
Protestante: Isto é muito facil de responder> os Evangélicos!
Ortodoxo: De modo que a caridade te obriga a acreditar em tudo quanto eles te dizem?
Protestante: Sim, a escritura me obriga a crer em tudo quanto eles me dizem, afinal a 'caridade tudo crê'.
Ortodoxo: E a duvidar de tudo quanto os não evangélicos te dizem?
Protestante: De fato a escritura não me obriga a acreditar no que eles dizem!
Ortodoxo: Logo evangélicos sempre merecem crédito e não evangélicos quase sempre mentem, é isso???
Protestante: As vezes um mundano também diz alguma verdade.
Ortodoxo: Desde que não seja religiosa.
Protestante: Oh sim, desde que não seja religiosa. Pois os descrentes nada sabem acerca da religião.
Ortodoxo: Daí crer na honestidade do editor, mesmo sem estar em posse de qualquer evidências, pelo simples fato de pertencer a sua religião?
Protestante: No fundo no fundo o problema da lucratividade e da fidelidade da mensagem editada seja uma questão de confiança. Uma vez que o editor é evangélico não tenho motivo para duvidar dele?
Ortodoxo: No entanto o amigo sequer o conhece ou teve qualquer contato com ele. Claro que se trata duma questão de confiança, no entanto gostaria de saber se é prudente confiar a própria alma a um desconhecido ou a alguém que jamais vimos só porque esta pessoa apresenta-se como evangélica? Que disse Jesus a respeito do cuidado que devemos ter para com nossas próprias almas?
Protestante:
"Que vale o homem se ganhar o mundo inteiro mas perder a sua alma???"
Ortodoxo: E disse também:
"Sêde meigos como as pombas e prudentes como as serpentes."
Naturalmente que devemos dar crédito ao próximo... quando todavia o assunto envolve dinheiro e negócios devemos recear e temer. Pois esta dito que: "A raiz de todos os males é o amor ao dinheiro."  


Protestante: E o apóstolo:
"Não creiais em quaisquer espíritos, mas provai a todos."
Ortodoxo: Uma vez que o apóstolo decretou que até mesmo os espíritos devam ser postos a prova segundo critério de evidência, como poderia ter decretado que acreditássemos em tudo quanto declara qualquer crente vivo???

Como devemos compreender a expressão: A CARIDADE EM TUDO CRÊ???


Protestante: Neste caso como deveríamos compreender a sentença do apóstolo????
Ortodoxo: Admitindo que a caridade nos obriga a crer em tudo que Deus desejou comunicar aos seres humanos por meio da divina Revelação ou seja em todos os mistérios da fé Cristã. Aqui a caridade nos obriga a crer em absolutamente tudo e a abster-se da mais leve dúvida.
Protestante: E quanto aos irmãos como deveríamos proceder?
Ortodoxo: Levando em conta as evidências ou seja buscando conhecer e examinando detidamente as ações de cada um.
Protestante: Acontece que eu não tenho contanto com o proprietário da editora em questão, noutras palavras não o conheço.




O PROTESTANTISMO e o comércio de Bíblias!


Ortodoxo: Uma vez que não conhece melhor não confiar. No entanto uma coisa é certa: todas as operações que envolvem a piedade deveriam ser executadas graciosamente ou seja sem quaisquer fins lucrativos. Do contrário, faltando caridade, espírito de sacrifício, doação e despojamento que evidência nos levará a crer na sinceridade destes obreiros???

A própria História certifica que os neo apóstolos do protestantismo - como D P Kidder - chegaram a este nosso pais, vendendo Bíblias e que seus colportores - ligados a S B I -mantiveram o negócio de vende-las por muito tempo (Cf Vicente Ferrer de Barros in 'Seitas protestantes do Recife' 1906 & Crimilde Leite de Aguiar (EX PROTESTANTE) 'Protestantismo indesejável' 1931)... a distribuição gratuita veio bem depois, devido aos clamores do clero romano, afinal os padres sabiam que até entre os maometanos constitui torpe sacrilégio vender a 'palavra divina', no caso o Alcorão. 

Tal a prática de todas as religiões desde os tempos imemoriais e nenhuma delas consentiu que seus livros sagrados fossem objeto de vil comércio. O protestantismo parece ter sido a primeira seita a comercializar ou vender a 'palavra de deus' auferindo lucro.

Até nisto o carro de Lutero vai de reboque no bonde do capitalismo...

Os Cristãos no entanto sempre encararam a venda de coisas Santas, como o livro dos Evangelhos, como simonia. Pelo que cobravam apenas o valor do pergaminho e das tintas, nenhum centavo a mais. O trabalho ou esforço empreendido das cópias era encarado como uma obra sacra ou divina destinada a ser recompensada no além túmulo. Assim foi até o final da Idade Média...

protestante: Quanto a mim nada sei sobre a tal venda de Bíblias. Sei porém que a Santa palavra de Deus é apta para instruir na verdade e na piedade...
Ortodoxo: (Como a orientação de queimar bruxas ou de apedrejar os infiéis!!!) Neste caso porque eu deveria confiar no sentido atribuido a este ou aquele versículo isolado por um pastor que mal conheço, numa determinada tradução ou versão das escrituras elaborada por não sei quem ou nos panfletos editados por uma editora qualquer??? Que segurança ou que prudência haveria nisto??
Acaso não escreveu um dos vossos (Muller) que "Toda sentença humana é apenas provável ou verossímil."?
Protestante: Simples, porque o amigo sempre pode conferir as passagens citadas em sua própria Bíblia.
Ortodoxo: Caso tomássemos a questão por este ângulo chegaríamos a conclusão de que o panfleto não oferece qualquer vantagem aqueles que como eu possuem seu próprio volume das escrituras sagradas - em tradução linear e com notas explicativas - e que teem o salutar costume de estuda-lo diariamente ou mesmo para aqueles que ouvem a leitura de um capítulo inteiro do Evangelho, a cada Domingo numa Igreja. Talvez seja mais digno da fé vender Bíblias inteiras do que distribuir parcelas ou pedacinhos isolados...
Protestante: Ah percebo que o amigo é crente...

Ortodoxo: Crente até mesmo o Diabo é, pois esta escrito: (E não me consta que até hoje tenha auferido quaisquer benefícios por meio da fé...)
"Os Demônios creem e tremem diante do teu nome."


protestante: Quis dizer 'evangélico', acaso será o amigo 'evangélico' como eu? Naturalmente que é 'evangélico' muito zeloso uma vez que os Católicos não leem a Bíblia.
Ortodoxo: Permita-me responder sua pergunta com outra pergunta: O que o amigo entende por 'evangélico'?
Protestante: Evangélico, bem.. evangélico é todo aquele que frequenta uma igreja evangélica, tipo Batista ou Assembléia, Deus é amor ou Renascer, Universal ou Casa de Benção.
Ortodoxo: Sei. Agora diga-me cá outra coisa: Em meio a tantas 'igrejas' com nomes tão esquisitos e doutrinas exóticas como devo proceder para saber se se trata duma igreja evangélica e não duma falsa igreja, pois certamente que deve existir alguma igreja falsa?



Protestante: Sua pergunta é oportuna pois eu mesmo creio que existam mais igrejas falsas do que moedas de real... afinal hoje em dia qualquer falso profeta ou servidor do Diabo pode escrever sobre a porta de sua seita: Igreja evangélica, entrada franca, etc e ninguém questiona! TEMOS DE TOMAR MUITO CUIDADO COM AS SEITAS OU AS IGREJAS FALSAS(!!!)
Ortodoxo: Até onde sei a placa aceita qualquer coisa que seja escrita sobre ela; pois não tem lingua nem boca...
Protestante: O mal das placas é que não protestam como fez o nosso Lutero rsrsrsrs!!!
Ortodoxo: Neste caso como ficamos? Pois enquanto meu vizinho do lado esquerdo - que é batista - vive dizendo que a igreja adventista não tem nada de Evangélica meu vizinho da direita - que é adventista - afirma em alto e bom som que a igreja batista é que não passa duma seita anti Bíblica, precursora do anti Cristo e firme no caminho do papa (a adoração dominical). O mais engraçado é que ambos oram, dizem possuir o Espírito Santo, empregam a mesmíssima tradução da Bíblia e no entanto vivem brigando como gato e rato!
protestante: As seitas existem com o objetivo de provar nossa fé.
ortodoxo: Quando há um critério divino - como a sucessão apostólica (i é a Demonstração da historicidade da Igreja de Cristo) - através do qual seja possivel distinguir perfeitamente a única e verdadeira igreja das inumeras seitas, admito que de algum modo correspondam elas a esta finalidade. Na ausência de um critério seguro no entanto, como evitar o triunfo da confusão, do conflito, da incredulidade e da apostasia generalizada?

"Imaginem só o estado em que se encontraria a Divina Revelação caso Jesus tivesse sancionado como critério, o arbítrio de qualquer espírito especulativo, de qualquer imaginação desbragada  ou de qualquer vontade desorientada no terreno da fé?" Khote in "Concordia, die symbol bucher der Evang." 1830 pp 21

Com efeito, se em meio milênio o 'método' protestante deu origem a milhares e milhares de seitas, quantas não teria trazido a luz no curso de dois milênios??? Com prejuízo da divina Revelação...

protestante: Na posse das Sagradas Escrituras não estamos em posse de um bom critério?
ortodoxo: Caso fosse fácil distinguir a verdade do erro por meio das sagradas Escrituras, a existência de tantas e tantas seitas seria inexplicável. "A experiência no entanto, tem demonstrado que as discussões religiosas em que cada pessoa interpreta versículos a sua moda, É QUASE SEMPRE INTERMINÁVEL, INUTIL E INFRUTÍFERA." J E Grabe in Epist ad reg boruss

E após quase meio milênio de discussão, os protestantes estariam já de pleno acordo, ao menos sobre os principais pontos de doutrina. Este acordo no entanto parece estar bem longe de ser concretizado uma vez que: "Se tivessemos de pregar apenas os pontos que jamais foram postos em dúvida por qualquer intérprete PONTO ALGUM RESTARIA PARA SER PREGADO POR NÓS." P F Seiler in 'Ueber die gottlichen offembarungen" II

Diante disto sou levado a concluir que axioma segundo o qual "A bíblia é o derradeiro recurso a que apelam TODAS AS SEITAS." (Pustkhuchen glanzou)  evidencia justamente o oposto: Que o exame particular ou individual da Bíblia não é critério suficiente e seguro que exclua qualquer possibilidade de deturpação.






Wieland admitia e confessava: "A bíblia enuncia obscuramente não só as verdades dogmáticas mas até mesmo os primeiros princípios da moral Cristã."

A confusão procede justamente:

  • Do caráter ocasional e assistemático dos registros divinos.
  • Das traduções duvidosas e/ou truncadas 
  • & do exame efetuado por pessoas leigas e despreparadas. (Eis porque cada qual constrói seu sistema e sua doutrina segundo sua própria vontade, desejo e opinião.)
Quanto ao caráter dos escritos sagrados:




"É necessário admitir que os apóstolos jamais pensaram em compor qualquer espécie de manual de teologia e que por isso mesmo o Novo Testamento não aborda com a devida clareza todo corpo da doutrina cristã." pondera Grotius

"É uma doutrina falsa essa segundo a qual a escritura contem a doutrina Cristã toda inteira." convem Thieftrunk

"Durante os primeiros quatro séculos os escritos sagrados serviram mais para expor a doutrina da igreja do que para afirma-la ou julga-la." acrescenta Wieland in Nothige antwort auf eine sehr unnothige, Frage 1778



Quanto as manipulações hermenêuticas Molinaeus (Calvinista) aludia já a habilidade com que Calvino costumava torcer o sentido dos textos sagrados...




Pietro Martir a seu tempo foi explicito quando recomendou a seus pares: "Caso não substituamos o 'É' da tradução por 'significa' os nossos haverão de retornar a igreja de Roma." in Life por Lancelot Andrews...




Outra querela não menos amarga estourou no ano de 1587 quando o luterano David Paraeus publicou uma edição da Lutherbibel - Bibel Neustadter - ferreteada por J Andraeas - Christliche Erinnerung (Tabingen, 1589  ) - como sendo um 'Monumento a desonestidade e a velhacaria' 

Já quanto ao despreparo do leitor, temos o testemunho insuspeito de Fichte:





"Admitir a veracidade do Livre exame equivale a autorizar qualquer pobre diabo ou homem mediocre a exarar juízos a respeito de temas e assuntos cujos nomes ele sequer sabe pronunciar..."
in Scrift gegen Nicolai



"Se o livre exame foi a causa da reforma faz-se mister confessar que tal método não convém as massas incultas..." admite o fanático Jurieu

Aqui Grabe: "COMO A ESCRITURA RARAMENTE SE EXPRESSA COM SUFICIENTE CLAREZA É FÁCIL PARA UM ADVERSÁRIO TEIMOSO DAR QUALQUER OUTRO SIGNIFICADO AOS TESTEMUNHOS CITADOS CONTRA ELE... E ASSIM CADA QUAL EXTRAI DOS APÓSTOLOS E PROFETAS FRAGMENTOS, FRASES E PALAVRAS COM QUE JUSTIFICAR OU ENCOBRIR SEUS PRÓPRIOS PENSAMENTOS, CRENÇAS E TEORIAS."


Seitas e Bíblias marcham lado a lado...



Numa de suas obras, Henke descreve a patética cena em que uma família de cujo pai era calvinista, a mãe luterana, o primogênito batista e a caçula metodista; estava reunida lendo a Bíblia quando deram com as seguintes palavras de Jesus Cristo: "Que eles sejam um Pai, como eu e tu somos um..."; foi o quanto bastou para cada qual baixar a cabeça e silenciar...




Afinal: quatro 'evangelhos' (Lutero, Calvino, Zwinglio e Blaurock), quatro revelações, quatro verdades... e um só Deus...

protestante: A multiplicidade das seitas tem sua origem na malignidade humana e não na Escritura que é perfeita.

Bíblia clara, crentes canalhas X crentes honestos, Bíblia complexa!


ortodoxo: Admitir que apenas uma dentre tantas e tantas seitas seja verdadeira e que é fácil descobrir qual seja ela partindo das Escrituras que todos possuem, leem e estudam com o mesmo entusiasmo e dedicação, nos obrigaria a concluir que o número dos ímpios e desviados é infinitamente superior ao número dos justos, servos e adoradores. De minha parte sempre imaginei que o critério da Escritura fosse insuficiente e que a maior parte dos sectários estivesse enganado sem culpa própria...



O problema das traduções humanas e falíveis.

Nem vejo ou posso ver como traduções diferentes e sucessivamente emendadas possam ser perfeitasSendo como são diferentes e algumas vezes até contrárias umas das outras e sujeitas a diversas revisões como podem deixar de ser imperfeitas e defeituosas? A palavra de Deus no entanto sabemos ser pura e perfeita.


Diante disto só nos resta concluir que não estais na posse da INFALÍVEL E PERFEITA palavrade Deus - a qual subsiste apenas e tão somente em seu original grego cuja existência e sentido ignorais - mas de TRADUÇÕES/TRADIÇÕES BEM HUMANAS E FALÍVEIS como a do despadrado João Ferreira de Almeida. A menos que JFA tenha também ele sido inspirado, merecendo ser incluído no rol dos profetas e hagiógrafos só nos resta concluir que a Tradução que leva seu nome é obra dele e não de Deus mesmo!!!


protestante: Até onde me é dado saber igreja alguma atribuí o dom da inspiração a João Ferreira de Almeida.
Ortodoxo: Portanto... só vos resta admitir que a obra dele é puramente humana e, logo; falível, sujeita a erros e puramente humana.
protestante: É o que parece...
Ortodoxo: A palavra de Deus no entanto é infalível, pura, perfeita e infalível não?
protestante: Indubitavelmente.
Ortodoxo: Diante disto só vos resta admitir que a tradução do Almeida e a 'Palavra de Deus' não podem ser uma e mesma coisa pelo simples fato de que os atributos que denegais ao Almeida, atribuis a palavra de Deus...
protestante: Jamais havia pensando demoradamente sobre este assunto...
Ortodoxo: Então comece a pensar!
protestante: É perfeita a Bíblia porque contém todas as doutrinas em que devemos crer.
Ortodoxo: Nem por conter todas as QUASE todas as doutrinas em que devamos crer torna-se a Bíblia absolutamente perfeita.
protestante: Mas se a Escritura contém ao menos QUASE  todas as doutrinas em que devamos crer como podería deixar de ser perfeita?
Ortodoxo: Pelo simples fato de não enunciar de modo suficiente claro as doutrinas em questão e dispo-las de modo ordenado.



Não a linguagem do Cristo mas a alteração dos idiomas em geral.

protestante: Queres dizer então que Deus não soube comunicar-se com os seres humanos ou escolher as palavras, frases, orações, etc adequadas a cada circunstância?

Ortodoxo: LONGE DE NÓS ORTODOXOS NEGAR QUE JESUS CRISTO TENHA SABIDO COMUNICAR-SE DE MODO ABSOLUTAMENTE PERFEITO COM SEUS OUVINTES E SEGUIDORES E ESCOLHIDO AS ALOCUÇÕES MAIS ADEQUADAS PARA CADA CIRCUNSTÂNCIA. No entanto com o passar dos tempos as expressões da linguagem em que sua palavra foi registrada pelo hagiógrafo foram sendo alteradas, recebendo outros tantos significados. Esta evolução sofrida pela linguagem é que tornou a palavras escrita duvidosa.

A segunda dificuldade diz respeito a própria natureza dos escritos neo testamentários que são escritos de ocasião e não manuais doutrinários sistematicamente elaborados. Disto resulta que a doutrina da fé esta espalhada por todo corpo das penas Evangélica e Apostólica, o que exige do leitor bastante perspicácia. 


protestante: O amigo enxerga tudo ao contrário - O método adotado pelo protestantismo é excelente, os homens é que são malvados em sua maior parte e dele abusam...
ortodoxo: Como não admito a veracidade da teoria agostiniana concernente a depravação total da natureza humana não posso encarar a maior parte da Cristandade como culposa ou apresentar como perversas tantos e tantos corações sinceros. Insisto pois na inocência e boa fé dos examinadores e, consequentemente, na precariedade do método protestante por estar em completo desacordo já com a realidade que cerca a maior parte das pessoas, já com o caráter dos próprios registros  inspirados. Bons e virtuosos são os protestantes em sua maior parte; humano e inviável o recurso do livre examinismo... Parte o 'confusionismo' reinante do protestantismo e não dos protestantes, os quais em última análise não passam de vítimas suas.


A doutrina do livre exame não levou em conta as condições materiais da Sociedade

protestante: Precário em que e por que?
ortodoxo: Caso todos os Cristãos fossem chamados a extrair a verdade diretamente das Escrituras ou a provar a fé da Igreja por meio delas, semelhante exame - para ser proveitoso - exigiria deles um intenso preparo e uma dedicação tão grande a ponto de se verem obrigados a estudar um grande número de disciplinas - linguas, gramática, hermeneútica, exegese, literatura, lógica, história, geografia, ciências naturais, antropologia, sociologia, psicologia, etc - antes de estarem aptos para atinar como sentido de uma única passagem inspirada.

Seria um esforço tão grande, tão titânico, tão colossal, tão amplo e tão profundo que exigiria décadas de estudo antes que fosse possivel auferir um parco número de doutrinas razoavelmente seguras...

Que alguns sábios e erúditos de vida folgada, enclausurados em seus gabinetes, possam dar-se ao luxo de empreender semelhante exame, concedo sem maiores problemas...

Outro no entanto, e totalmente distinto é o caso do operário, do artezão, do campônio e da dona de casa cujas vidas, por assim dizer, encontram-se completamente absorvidas pelas ocupações do dia a dia... assim deixarão eles de viver, de trabalhar, de comer para queimarem suas pestanas diante das Escrituras???




É com plena razão que o protestante Bretschneider assim se expressa: "OS IGNORANTES ESTÃO MORALMENTE OBRIGADOS A RECEBER AS SENTENÇAS E VEREDITOS DOS DOUTORES, OS QUAIS SOMENTE POSSUEM AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA COMPREENDER A BÍBLIA." Dier S Simonismus und Christethum, 1832 p 173

Outra não é a opinião de Krug: "Admito que a palavra escrita para chegar a inteligência mediana e apresentar-se claramente ao intelecto em sua pureza, DEVA PASSAR PELA MEDIAÇÃO DAS INTELIGÊNCIAS HUMANAS MAIS ESCLARECIDAS E DE SER EXPOSTA POR ELAS."

Supreendentemente Calvino já se lhes havia antecipado e registrado que: "A presunção de que não carecemos de mestres e doutores humanos para compreendermos o sentido da Escritura não passa de LOUCA TEMERIDADE." Mons Genoulhiac 'História dos Dogmas' Tomo I, introduc


Afinal como falar em interpretação, sentido, exegese, hermenêutica a quem carece de pão?!?  

Ao propor a teoria do livre examinismo Lutero não levou em conta as condições reais da vida do povo ou do homem comum, mas apenas e tão somente as de seus alunos - linguistas, gramáticos, exegetas, etc - oriundos da alta burguesia. Método para monges reclusos e eruditos ociosos; não para a plebe ignara ou para as massas incultas...

"Lutero usou o livre exame como uma arma, forjada as pressas, com o único intuito de enfrentar a igreja romana, SEM SABER NO ENTANTO QUE A ARMA TINHA DOIS GUMES." Schuglz 'Was heiszt glauben' 1830 pp 43 "O livre exame foi solução de improviso - confessa Tieftrumk (p 234) - tendo em vista contrariar o papismo."

Por outro lado o exame meticuloso e responsável das escrituras associado a um 'ceticismo metodológico' capaz de por de lado até mesmo os preconceitos 'luteranos', deu tão certo entre estes últimos -os alunos de Lutero - que parte deles (como Friedrich Staphylus, Hollstenius, etc), vindo a constatar que os 'SOLAS' haviam sido canonizados por ele, retornou ao papismo...


As desastrosas consequências de um exame superficial!

O povo no entanto - devido a suas condições - carecendo de pressupostos para tanto examinou muito mal (ou seja superficialmente), fiando-se em traduções espúrias, ignorando os mais elementares princípios da exegese, menosprezando o testemunho da História, etc disto resultaram inúmeras seitas e a fragmentação da Cristandade. Tal e gênese e fundamento do NEO CRISTIANISMO... DO MORALISMO... DO PURITANISMO... DO FUNDAMENTALISMO... DO PENTECOSTALISMO... E DE TODA ESTA RUÍNA ESPIRITUAL.

Desde então - é o redator da Darmstadt Allg Kirchen zeitung (1831 - n 21) quem o diz - "A doutrina protestante assemelha-se a fisionomia humana: cada qual tem a sua..." 

"Um exame imparcial da instituição protestante mostra que sem dúvida alguma seus princípios atentam contra a Unidade e logo CONTRA A VERDADE."Ulmann in 'In den Theolog Studien und Kritik' 1832 vol II pp 301


Conclusão: O princípio estabelecido por Lutero é inoperante tendo em vista a manutenção do caráter unionista que Jesus Cristo desejou para sua Igreja.

"A contradição e a confusão caracterizam nossa pregação evangélica." Khote in 'Concordia die Symbolus' 1830 p 06





Pregação um método eficaz!

JESUS porém, ao contrário de Lutero, era homem prático e relaista Eis porque sabendo perfeitamente a condição das massas sofridas, jamais cogitou em estabelecer o padrão do livre exame... Antes, pelo contrário, empenhou-se em formar um grupo de missionários aos quais após investir com sua própria autoridade incumbiu de instruir os povos todos e, assim sendo, tanto aos sábios, quanto simples, os poderosos quanto servos, os homens quanto as mulheres; tal o veículo da pregação ou anúncio verbal.

"Foi a ignorância crassa em matéria de HISTÓRIA que fez Lutero confundir a religião Cristã com a Bíblia, como se não existissem cristãos antes que o Novo Testamento começasse a ser escrito." J S Semler


Ao comissionar os apóstolos Jesus Cristo fixou o padrão da autoridade apostólica e não o padrão do livro, pois somente o padrão da autoridade é capaz de atingir todas as pessoas - homens, mulheres, senhores, servos, letrados, iletrados, jovens, idosos, etc - evitar todo tipo de confusões, mal entendidos ou cismas e manter incólume aquela unidade que ele - J C - sempre desejou para sua Igreja.

"PARA A GRANDE MASSA DAS PESSOAS UMA RELIGIÃO QUE NÃO FAÇA RECURSO A QUALQUER AUTORIDADE VIVA É INACEITÁVEL." Niemeyer 

"A humanidade em geral tem necessidade de um guia seguro em matéria de ensinamentos espirituais." Spalding JJ in Verstaut briefe





Eis porque após estabelecer as normas e regulamentos pertinentes a boa exegese, no capitulo VII do 'Tratado teológico político' (sobre a interpretação das Escrituras - pp 126 sgs) Spinoza teve de reconhecer que a existência de uma tradição divina pautada na autoridade (cuja existência por sinal ele rejeita) encaminharia tanto mais facilmente os homens a verdade, tendo em vista as especiosas condições exigidas pelo método natural, experimentado com grande prejuízo pela Filosofia antiga e responsável, em parte, por sua extinção...


Um método monacal ou burguês.




Lutero como ex monge recluso que era, cometeu um erro fatal ao disseminar entre o bom povo um método 'monacal' ou seja adstrito a vida de um monge cuja única ocupação consiste em estudar o livro... ele foi capaz de constatar que parte dos burgueses era já capaz de executa-lo. Mas foi incapaz de perceber que o povo em geral, mesmo nas grandes cidades, ainda não se achava a altura da tarefa proposta.


Total falta de preparo

Spinoza pretendeu fornecer um método para o povo. No entanto a simples leitura de seu texto bem como a ordenação do método preconizado por ele, dão a perceber que a exegese científica não foi feita para o tecelão, o verdureiro, o padeiro, o peixeiro, a diarista, etc E que eles jamais lograrão obter o sentido da escritura por semelhante via. A própria especialização das coisas, comum ao trabalho humano, dispos que no plano religioso ou espiritual os leigos fossem instruídos pelos peritos e sábios, cujas vidas foram consagradas a tal gênero de pesquisas como a exemplo dos médicos e juristas.

Além disto nenhum deles poderia sequer ter imaginado como seria esta nova ordem imposta pelo liberalismo econômico. A qual, tornando a condição dos pobres ainda mais precária, dificultou na mesma medida o acesso aos estudos. Destarte as massas incultas e angustiadas continuaram cair nas garras das seitas e a servir de pasto a dissidência religiosa, a superstição e ao fanatismo com grande escândalo dos homens prudentes. De fato adquiriram elas o direito de ler e de 'interpretar' o livro... mas não obtiveram a  faculdade de compreende-lo.


O abandono!

Diante disto o próprio Lutero percebendo que diante o número dos sectários aumentava em proporção geométrica tomou a decisão de chamar em seu socorro (ou em socorro de sua doutrina!) - contra eles - o poder do braço secular ou seja a polícia do grande eleitor. Polícia com que mandava surrar, expulsar, multar ou mesmo matar os dissidentes ou seja tantos quantos ousavam questionar ou por em dúvida sua infalibilidade e missão divinas. Ficando desde então abolido o livre exame nas terras luteranas.


O emprego da força pelos reformadores e príncipes!



"Os reformadores foram unanimes em apelar ao braço secular contra seus concorrentes e pretensos continuadores." Dekan W in 'Protestanten Kirchen' 1828 Februarii


Audin - faz alusão a um certo Ienas que acreditando ser guiado pelo Espírito Santo escreveu um alentado volume contra o luteranismo. Conclusão: foi mandado por a ferros pelo Burgmeister e pouco tempo depois degolado com o 'placet' dos piedosos 'deformadores'...


Tal a atitude de Lutero para com Karlstadt, Mutzer e Schwenkfeld... a de Melanchton face aos anabatistas  - de cujo assassinato participou - a de Zwinglio para com Mainz e Blaurock, a de Bullinger para com Gentile, a de Calvino para com Servet, Gruet, Castellio, Bolsec, etc A SANHA COM QUE AS MASSAS INCULTAS ENTREGAVAM-SE A UMA LEITURA SUPERFICIAL DO LIVRO E CRIAVAM SEITAS, SÓ PODE SER CONTIDA PELO BARAÇO E A FOGUEIRA... Sob pena dela mesma consumir toda Europa e arruina-la por completo a semelhança das invasões teutônicas.

Sob diversos aspectos correspondeu a reforma protestante a uma segunda invasão bárbara que só não produziu idênticos estragos porque os radicais foram mandados supliciar e imolar pelos reformadores, arvorados em interpretes oficiais do livro; a imagem e semelhança da velha igreja romana...

Os próprios príncipes e eleitores após terem pilhado os bens da igreja antiga e aumentado suas fortunas, passaram a encarar com suma suspeição as disputas religiosas pelo simples fato de degenerarem muito rapidamente em tumulto ou mesmo em convulsões sociais, de que resultavam toda espécie de abusos: latrocínios, depredações, assassinatos, etc


Livro algum é capaz de interpretar a si mesmo!


protestante: Sempre trenho ouvido dizer que "A bíblia se interpreta por si mesma.". O homem é que não a deixa falar...

Ortodoxo: Pura e simples frase de efeito: pomposa, elegante, cheia de aparências; mas... completamente vazia, e estúpida.





Afinal todos os demais livros a Bíblia é isenta de aparelho fonador e por isso não pode nem poderia falar... neste sentido é tão cega, surda e muda como os 'indolos' da igreja romana e apenas pode ser lida por um homem de carne e osso... Isenta de cérebro ela sequer pode conceber pensamentos... por qualquer ângulo que examinemos o problema teremos de concluir que ela -a Bíblia - é completamente inepta para manifestar seu próprio sentido e isto pelo simples fato de ser um livro e não, como querem os fanáticos uma pessoa (a quarta pessoa da Santíssima Trindade!!!)..

Pessoas pensam, ouvem, veem e sobretudo falam. Livros não pensam, nem ouvem, nem veem, nem falam, assim a Bíblia... assim a Bíblia é objeto passivo de uma leitura executada por um elemento ativo que é o ser humano, e sendo lida é interpretada e compreendida por aquele que a lê e não por si mesma.

Quanto a ser interpretada ou compreendida corretamente que ela precisa de um interprete capacitado, ou seja guiado pela tradição viva da Igreja, do contrário "O verdadeiro sentido do livro permanecerá inexato até o dia do juizo final." Pomer 'Das recht. des fursten uber...' p 54


Cada indivíduo tende a interpretar conforme sua personalidade


Protestante: Por que?

Ortodoxo: Porque "Faz parte da natureza humana o princípio da variação das idéias, das opiniões e dos modos de se compreender." Krug in 'Was sollen die prot...' 1828 portanto "Admitido que cada fiel possa julgar o sentido da Escritura, decorrerá, necessariamente, um profundo desacordo a respeito do que se deva crer entre os membros da Igreja." id, ibd

"Inúmeros interpretes discordarão diariamente a respeito do significado desta ou daquela passagem e entrarão em conflito." pondera o Dr Samuel Wix "É fato - acrescenta Oeffentliche Nachricht von der ersten... 1823 - No protestantismo a respeito de cada artigo de fé há sempre um grupo que sustenta e outro que repudia."

No frigir dos ovos o leitor despreparado nada fará além de atribuir a escritura - consciente ou inconscientemente - suas próprias crenças, opiniões, gostos, sentimentos, tendências, aspirações, idéias, etc Disto resulta que a pura e perfeita palavra de Deus, acaba convertendo-se em imunda e precária palavra de homem.

De modo que ao citar qualquer passagem em seu sentido comum, deverá estar pronto para ouvir: Isto é interpretação sua; eu compreendo esta passagem de modo diferente. Diante disto só nos resta dar de ombros e desesperar, afinal como dizia Haufp: "A BÍBLIA NÃO NOS INDICA QUALQUER REGRA DE INTERPRETAÇÃO." in 'Briefe das studium der christl. religionsurkund betreffend' 1814

Para os protestantes é comum haver mais interpretações que doutrina propriamente dita, de modo que a doutrina fica obscurecida pelas interpretações.


Quando um texto pode e não pode comportar dois sentidos ou significados válidos e quando não pode!


Protestante: Neste caso talvez hajam diversos sentidos numa mesma passagem...
Ortodoxo: Isto seria possível se cada sentido dissesse respeito a um objeto ou assunto de natureza distinta. No caso o mesmo versículo poderia conter uma instrução essencial a respeito do 'Sacramento' associada a uma instrução ética ou moral a respeito da fraternidade... aqui não haveria exclusão uma vez que os juízos não incidem sobre a mesma esfera da realidade mas sobre esferas distintas: a real e a ética ou valorativa.

No entanto quando o mesmo texto diz respeito ao mesmo assunto pertinente ao mesmo tipo, tema ou categoria; deve haver correspondência. Assim um texto que diga respeito a Encarnação, não podería endossa-la e repudia-la ao mesmo tempo sem contradizer-se e consequentemente mostra-se falso.

É exatamente o que se sucede quando diante das palavras: "Este é o meu corpo", uns afirmam SER o pão corpo do Senhor enquanto outros afirmam NÃO SER ELE CORPO DO SENHOR; e como coisa alguma pode SER E NÃO SER AO MESMO TEMPO SOB O MESMO ASPECTO só nos resta concluir que estamos diante duma contradição e portanto que o texto em si não pode comportar estes dous sentidos excludentes ou juízos de oposição. Logo, uma das interpretações fica sendo puramente humana, subjetiva e equivocada.

É como ser e não ser filho da própria mãe ou do próprio pai. Biologicamente você não pode ser e não ser filho de seu pai ou de sua mãe.

É como estar e não estar lendo este texto ao mesmo tempo...

Portanto se Lutero afirma que o homem é determinado e Armínio que é livre, ambos não podem estar certos... porque liberdade e determinação são conceitos excludentes.

Se Calvino sustenta a teoria da presença real/virtual do Senhor no Sacramento e Zwinglio fala em termos de mero simbolismo não há acordo possível...

Se Zwinglio admite a maternidade divina de Maria como verdadeira e Sternberg repudia-a como falsa não há como conciliar ambas as assertativas...

Daí Honinghaus: "Se dos mesmos textos da bíblia tirais uma conclusão diversa da minha, isto só prova uma única coisa: Vossa doutrina não corresponde a verdade divina e absoluta; pois como não há dois sóis não pode haver duas verdades em oposição." 





"Eis porque em nossa própria igreja - declara Ammon - clamores se elevam: nem lógica nem coerência caracterizam nossa pregação." in 'Die unveranderliche einheit' 1827 num 03

Sendo assim, uma vez que cada protestante ou examinador e esta em oposição aos demais no mesmo campo e a respeito da mesma categoria, somos levados a crer que estamos diante de um sistema repleto de erros fabricados pela mão humana e não diante da divina revelação ou no mínimo que a Revelação esta envolvida por um espesso cipoal de opiniões humanas a ponto de tornar-se bastante difícil distingui-la.

Pois "Se o livro é mesmo divino como pode ser julgado pela mente humana e mortal do leitor? QUEM OUSARIA JULGAR LIVREMENTE UMA OBRA ESPECIALIZADA SOBRE GEOMETRIA???" Wieland

O próprio Pastor Marheineck é obrigado a convir conosco e a admitir que: "O livre exame é a fonte de todas as nossas misérias que afloram na igreja Evangélica. AFINAL A VERDADE DIVINA NÃO PODE SER FRUTO DO ENTENDIMENTO HUMANO, SOMENTE A CRENÇA TRADICIONAL NA AUTORIDADE EXTERNA PODE ASSEGURAR A COMUNHÃO NA MESMA FÉ." 

E apesar disto... "A UNIDADE É CONDIÇÃO PARA A POSSE DA VERDADE." Waterland



Não inútil, nem enigmática mas proveitosa para os habilitados.


Protestante: Quer dizer você que a Bíblia é ininteligível ou enigmática?

Ortodoxo: Jamais dissemos que a Bíblia seja ininteligível ou incapaz de ser compreendida pelo leitor dedicado e, consequentemente inútil. Como se Deus fizesse coisas inúteis e imprestáveis... Não este não é nosso ponto de vista e nem o da Igreja. É a Bíblia útil e proveitosa dentro de determinadas condições como o preparo do leitor.

O que dizemos é que a Bíblia é obra cuja compreensão - a princípio nítida - foi-se tornando cada vez mais complexa com o passar do tempo, especialmente quando examinada sem o auxilio da Igreja ou da tradição Cristã; e que seu exame, do ponto de vista natural, exige um tal preparo que não corresponde a condição material, econômica e por consequência, intelectual vigente na maioria das sociedades humanas.

Diante de tais condições é perfeitamente lícito afirmar que o Novo Testamento não foi elaborado para que dele retiremos nossa fé, credo ou igreja; mas que foi entregue a Igreja; e que cabe a Igreja 'explica-lo' ao povo de Jesus Cristo.

Vós protestantes é que falseais descaradamente a verdade alardeando ser a Bíblia um livro de fácil compreensão - e cuja leitura não exige qualquer tipo de preparo mais acurado - no entanto, mesmo em vosso meio há quem, como o Pr Ernesti, admita que -

"A Bíblia é mais difícil de ser compreendida do que as obras de Homero, Tucidides e Políbios." in 'Difficult in Neu Testamen.'

Outra não é a opinião do sábio Wieland: "Algumas de suas páginas oferecem obscuridades a fé mais erudita e bem formada." 

Julgo que por ora estes dois testemunhos sejam suficientes pois tornaremos a este assunto no lugar oportuno para examina-lo com maior atenção.

A Igreja precede o Evangelho Escrito e não o contrário!

Cumpre ainda acusar os reformadores de terem invertido a economia divina supondo que a Igreja seja posterior ao Novo Testamento, quando sabemos que o Novo Testamento é posterior - em cerca de 15 anos - a Igreja e, portanto, que a Igreja de Cristo não depende do Livro e bem pode subsistir sem ele. Sem dúvida a perda de nossos Evangelhos corresponderia a um desastre sem precedentes na História religiosa da humanidade. No entanto apesar disto haveria igreja, doutrina, verdade e pregação dos Evangelhos.

Disto resulta ser falsa a alegação do protestantismo segundo a qual todos os homens estão obrigados a ler e  interpretar a escritura para poderem ser salvos... aos 'santos' basta a leitura pública e a interpretação exata subministrada pela Igreja de Cristo.

É da pregação da Igreja e ofício apostólico e não da habilidade exegética que procede o Reino de Deus e a redenção.

A parte mais facil das Escrituras!


protestante: Julgo que ao menos o entendimento do Evangelho seja relativamente fácil... 
ortodoxo: De fato, o entendimento das palavras de Jesus, é, bem menos difícil e problemático, se considerarmos as demais partes do Livro como a pena profética e a pena apostólica. Diante delas até podemos dizer que a compreensão do Evangelho seja relativamente fácil e que este nos sirva exegeticamente como um espécie de bússola.

Mesmo porque, sendo ele, Jesus, Deus humanado, é plausível crer que tenha procurado dispor suas palavras de maneira a fazer-se compreender da melhor maneira possível pela maior parte dos seres humanos, inclusive pelos mais simples e até mesmo pelas crianças que amiúde rodeavam-no...

Quanto a este tema devemos ser bastante francos e repudiar toda e qualquer suspeita ou sugestão no sentido de que Jesus tenha querido ou desejado complicar as coisas para seus apóstolos e seguidores, sob o pretexto de provar-lhes a fé. Embora Jesus ocultasse as massas o real significado de sua doutrina - pronunciando-se sempre por meio de parábolas com o objetivo de estimular a curiosidade dos verdadeiramente interessados - e esforça-se por evitar quaisquer querelas ou conflitos inúteis com seus adversários, tendo em vista o máximo prolongamento de seu ministério; temos consignadas no Evangelho, as explicações privadas que ele forneceu a seus colaboradores mais íntimos e não nos é dado supor ou imaginar que tenha deixado de empregar todos os recursos possíveis e necessários para fazer-se compreender por eles com absoluta exatidão e clareza.



PROBLEMAS RELATIVOS A ESCRITURA!



O ensinamento de Jesus é progressivo!






1) O problema efetivamente não pode estar localizado, como de fato não esta, nas palavras de Jesus ou no Evangelho mas antes de tudo na economia da divina Revelação descrita por Jesus no mesmo Evangelho.

Afinal é o próprio Jesus quem delimita o terreno ou a área de seus discursos ou seja do Evangelho e como servos prudentes devemos aceitar esta demarcação.

Observemos como revelou-se ele, progressivamente, a mulher de Samaria fazendo-a percebe-lo primeiro como profeta, depois como patriarca e enfim como Cristo... do mesmo modo ele mandou anunciar a boa nova primeiro aos judeus, depois aos israelitas de Samaraim e por último aos gentios...

Imaginar Jesus como alguém que disse tudo ou tudo revelou duma só vez ou as carreiras é afastar-se do Cristo concreto... e perder de vista o terreno do Evangelho.

Eis porque alertou ele, havia verdades demasiado 'duras' que só poderiam vir a ser assimiladas, por obra e graça do Espírito Santo no decurso do ministério apostólico, da experiencialidade da igreja e da expansão da própria consciência Cristã em dialogo com o mundo... tal o sentido dos Atos dos Apóstolos e das demais partes do novo testamento e da própria tradição apostólica enquanto continuação de seu santo ministério e fronteira da divina revelação, a qual, por sinal, prolongou-se até a morte dos derradeiros apóstolos; cerca de 80 d C.

A perspectiva mesma do Evangelho enquanto projeto de Cristo para a igreja obriga-nos a admitir que embora suas palavras sejam quase sempre suficientemente claras quando dirigidas aos apóstolos, não contem; sem embargo disto, todos os pontos essenciais a serem cridos. Do contrário não teria dito "Ele vos fará relembrar certas coisas e vos ensinara algumas que ora não podeis suportar."

Logo algumas coisas precisariam ser relembradas e outras reconhecidas.

Os defeitos da pena apostólica

O problema é que estas outras coisas foram escritas pelo Espírito Santo através de elementos ou transmissores puramente humanos e enquanto tais imperfeitos. E que nem mesmo o mais hábil os mais hábeis escritores profanos como Homero, Vírgilio, Shakespeare ou Moliére poderia escrever perfeitamente fazendo uso duma caneta defeituosa.

Daí não serem, as palavras da pena apostólica, tão precipuamente claras quanto as palavra de Jesus consignadas pela pena Evangélica... pois apenas o elemento humano associado a natureza divina pela hipostase é absolutamente perfeito e sem defeito. Negam-no aprioristicamente os protestantes por crerem num tipo de inspiração mágico fetichista por meio do qual a divindade 'toma' o elemento humano e anula sua personalidade..

02) O segundo, bem mais sério e grave, embora quase sempre ignorado ou minimizado pelos protestantes, diz respeito as traduções que dela circulam - das quais se serve a gente mais simples - e que não correspondem já ao original inspirado, já ao pensamento e a vontade de Jesus, já a pureza e a simplicidade de suas palavras... servindo de veículo falsas doutrinas.

03) Outro gravíssimo problema decorre da já citada doutrina protestante da inspiração plenária e linear
em decorrência da qual, comumente, as palavras divinas de Jesus vem associadas não só as palavras dos apóstolos, mas mesmo a dos profetas e mitólogos hebreus como se fossem uma só coisa. E assim a noção - por sinal válida - de Novo Testamento acaba obscurecendo a especificidade do Evangelho e o conceito amorfo de Bíblia obscurecendo a especificidade do Novo Testamento. E consequentemente a especifidade do próprio Cristianismo!!!

Diante disto chega ser comum as passagens dos escritos judaicos (ou 'A Bíblia toda') serem citadas e apresentadas como 'palavras de Jesus'> pelos sectários... Ora isto é falsidade, mentira e operação para o erro. 'Pia fraude' como diziam os medievos nossos antepassados... Maomé fica bem tomado pelo Corão mas não Jesus por Josué, Ester ou Daniel!

No fim das contas semelhante confusão destrói por completo a não só distinção tradicional existente entre as penas Evangélica, apostólica e profética chegando a comprometer a doutrina dos dois testamentos, fundamentada na Encarnação do Verbo. Implica ignorar supinamente que seja pena profética -  relativa a função do testamento antigo - que seja pena apostólica, qual seja a hierarquia existente entre ambas e a excelência da pena Evangélica; onde encontram-se registradas as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo verdadeiras palavras de Deus e de um Deus que quase sempre é apresentado comunicando-se a seus apóstolos. (Tal o caso específico dos derradeiros capítulos do quarto Evangelho, que correspondem ao último sermão e a última oração de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao Sermão da Montanha e ao último capítulo do primeiro Evangelho a respeito do juizo final).

Perdida esta noção fica perdida a própria consciência Cristã e diluída no ideário do judaísmo.


protestante: O amigo poderia citar ao menos um exemplo das tais manipulações???








A DOUTRINA DAS PENAS ETERNAS E A MANIPULAÇÃO DA ESCRITURA


ortodoxo: Com prazer!

Consideremos o seguinte texto: "E estes irão para o castigo ETERNO (ou seja sem fim, inextinguível)"

Que é o 'texto capital' com que os infernistas - sejam papistas ou protestantes - buscam atacar-nos e sustentar sua doutrina ateística - BERTRAND RUSSEL recusou-se a abraçar a fé romana - com que flertara - por obra e graça da crença nos  tais castigos eternos, que encarava como 'A melhor prova quanto a inexistência do deus Cristão e a falsidade do Evangelho' segundo podemos ler no panfleto intitulado 'Porque não sou Cristão' - dos castigos eternos, responsável pela incredulidade e pela apostasia de tantas e tantas pessoas. Cf "O super homem do ano 2000" Haroldo Cunha pp 338

Mesmo hoje ainda é bastante comum deparar com este tipo de argumento nas obras de nossos contraditores mais ilustres e respeitados como Dawkins, Harris, Hitchens etc pelo simples fato de ser consistente.


Que amor é esse????

Nem há como deixar de sorrir zombeteiramente diante da 'frase' 'Jesus te ama' quando proferida por uma adepto das pelas eternas. Afinal nem todo esse amor imenso, gigantesco ou colossal de Jesus será capaz de impedi-lo de torturar eternamente com fogo, aqueles que se recusaram a reverencia-lo (!!!) Donde se vê que este tão decantado amor é limitado e finito como todas as coisas, exceto, é claro a cólera ou ira divina, está de fato INFINITA E ILIMITADA!!!

Alias se há castigos eternos nem pode haver qualquer Pai e Deus de amor, perfeito, inteligente e bom; nem pode ter sido Jesus o titã ou que cremos ter sido, mas apenas e tão somente um homem medíocre, para não dizermos vulgar... Como Moamé.


Um Deus sádico!

Julgo que nem mesmo um homem monstruosamente sádico como Hitler, Stalin ou Bush seria capaz de suportar os gritos de horror e o cheiro de carne tostada ao cabo de uns cem ou duzentos anos... o deus da cristandade no entanto; deleitar-se-a com tais gritos e odores pestilenciais por toda eternidade!!! Embora os piores homens e verdugos deste mundo venham a fartar-se de tanto torturar, ele, o bom deus, o deus de amor, o pai celestial (!!!) jamais se fartará... e sempre encontrará prazer em queimar seres humanos... em causar sofrimentos indizíveis... em produzir dores lancinantes!

Estamos pois diante de um deus sádico, cruel, inumano, desumano e terrível; dum verdugo, dum carrasco, dum terrorista celestial!!!

E damos já por certo que o infernismo, para além do gracismo, corresponde a uma doutrina responsável por subverter até os fundamentos a noção de Natureza divina comunicada por Jesus Cristo e consignada nos registros verdadeiramente inspirados.

Consideremos pois o original sagrado:  
"kai apeleusontai outoi eiV kolasin aiwnion oi de dikaioi eiV zwhn aiwnion"
Tantos quantos estão familiarizados com a lingua grega sabem muito bem que a palavra AIWNION é de natureza indeterminada,  'dúbia' ou imprecisa. Pois tanto pode significar 'longa duração de tempo' - como é indicado em inumeras passagens da Septuaginta (segundo a qual deus habitaria eternamente o templo de Salomão, embora ele tenha sido demolido por Nabucodorosor, quatro séculos após ter sido construido; segundo a qual o fogo consumiria perpetuamente suas ruinas, etc) - quanto 'eternidade' no sentido que costumamos atribuir a esta palavra.

Via de regra os únicos indicativos absolutamente seguros de que AIWNION corresponde a idéia de eternidade é quando aparece associado a palavra Deus (Theos); querendo significar: Deus Eterno ou Eterno Deus (e não Deus de longa duração) ou a sorte futura dos Justos (ZWHN AIWNION).

Pois quanto a natureza divina sabemos ser anterior a organização do Universo e portanto anterior ao tempo e ao espaço. Já quanto a natureza da vida após a morte, admitimos ser sem fim ou inextinguível enquanto comunicação da vida divina.

Então porque neste passo AIWNION é traduzido por eterno, se é relativo a KOLASIN e não a ZWHN ou a THEOS?

A resposta é muito simples: Porque os tradutores romanos e protestantes - influenciados pela crença infernista - DEDUZEM OU INFEREM A PARTIR DA NATUREZA DIVINA E DA VIDA APÓS A MORTE A eternidade da punição... ORA ISTO É SUPOR E DAR POR CERTO, JUSTAMENTE O AQUILO QUE SE DEVE PROVAR... ou melhor é constatação puramente humana ou teológica (do tradutor!) e não um dado legitimamente revelado por Deus, sem sombra de ambiguidade...

Estamos pois diante de um autêntico círculo vicioso: pois o principal texto indicado como probatório pelos infernistas, recebe sua forma justamente da crença infernista dos tradutores.

Afinal não é de ZWHN AIWNION que o primeiro AIWNION deve receber sua forma e significado mas de seu determinativo (AIWNION num caso e outro é predicativo) KOLASIN (!!!) Nada no entanto obriga-nos ou constrange-nos a admitir que o sentido do primeiro AIWNION, ligado a KOLASIN; seja idêntico ao do segundo uma vez que ZWHN e KOLASIN referem-se a estados bem distintos um do outro...

A TÃO EXPLORADA CORRESPONDÊNCIA DE TERMOS ESTA FUNDAMENTADA NA IDEOLOGIA INFERNISTA E NÃO NA ESTRUTURA ORACIONAL DA FRASE. NADA NA CONSTRUÇÃO ORACIONAL DA FRASE IMPÕEM OU DETERMINA A TRADUÇÃO COMUM ADOTADA PELOS INFERNISTAS.

Trata-se aqui duma tradução puramente ideológica. A questão da eternidade das penas não pode ser solucionada - como pretendem os infernistas - a partir deste texto, mas a partir dos textos evangélicos em seu conjunto. Análise de que resultará os necessários subsidios gerais com que deduzir o verdadeiro significado do primeiro AIWNION.


Por outro lado o simples emprego de AIWNION KOLASIN é mais do que suficiente para levar qualquer cristão a duvidar da teoria das penas eternas. Especialmente se levamos em conta o testemunho autorizado do históriador fariseu Flávio Josefo; personalidade muito estimada nos meios protestantes.


Segundo podemos ler nas "Antiguidades" (L XVIII, C 01; Ss 02 - 06) os fariseus desejando explicitar muito claramente suas crenças, sem que pudesse restar a mínima dúvida a respeito delas, descreviam a sorte futura dos ímpios empregando as expressões: 'aidios erigmos' (eterna prisão) & 'aidios timória' (eterna vingança); já porque a palavra 'aidios' conhece apenas a acepção 'tempo sem fim', sempriterno, inextinguivel ou que jamais havera de acabar.


O emprego de Timoria ao invés de Kolasin também é bastante significativo. Pois Timoria significa ato de vingança produzido pelo rancor, enquanto Kolasin (cuja origem vem de podar) significa castigo com o intuito de corrigir ou de aperfeiçoar aquele que é castigado. O mesmo Josefo, nas "Guerras dos judeus" (L II, C 08; Ss 2 -14) referindo-se as crenças dos essênios afirma que eles designavam a sorte futura dos ímpios empregando a expressão: 'aidialieptos Timoria' querendo significar que os sofrimentos impostos por deus jamais teriam fim.


Consideremos agora que Jesus estava perfeitamente familiarizado não apenas com as crenças dos fariseus mas até mesmo com as expressões empregadas por eles tendo em vista explicita-las. Consideremos ainda que desejava exprimir-se do modo mais simples e claro possivel, com o intuito de evitar quaisquer confusões e disputas em torno da divina Revelação. Neste caso, porque teria empregado uma expressão ambigua como 'AIWNION KOLASIN' para designar uma doutrina que era unanimemente designada e compreendida sob a expressões: 'aidios airgmos' & 'aidios timória'?????

JULGO QUE TODOS OS INFERNISTAS DEVERIAM REFLETIR UM POUCO SOBRE ISSO!!!

No entanto é o quanto basta para fazer-nos investigar a tese oposta: o universalismo.

Por outro lado, certificado que a doutrina das punições eternas é falsa - como haveremos de demonstrar num de nossos tratados publicados mais adiante - fica patente que a tradução corrente de Mt 25,45 TAMBÉM O É e, destarte que tais traduções são já falivéis, já falaciosas. Sairam todas as traduções infernistas por encomenda na padaria Vaticano S/a, afinal a vontade de Deus expressa pela palavra de seu apóstolo é que 'TODOS OS HOMENS SEJAM SALVOS.'

Agora deveríamos crer que a vontade divina quanto a sorte do gênero humano não encontra cumprimento ficando frustrada? Não percebo como semelhante ideia possa deixar de conduzir multidões a incredulidade e ao ateísmo. Cumprida a vontade de Deus, fica sepultado nas trevas da medievitude e do barbarismo, o funesto dogma das penas eternas com tanto gozo adotado pelos reformadores e demais protestantes. E vindicada a antiga e venerável doutrina ensinada por Justino, Clemente, Origenes, Gregório Nisseno, Ambrósio, Teodoro, Rufino, etc cujos testemunhos, no momento e lugar oportuno publicaremos para a vergonha do padrão Ocidental.








SOBRE OS FALSOS MILAGRES PRODUZIDOS PELOS FALSOS PROFETAS


As doutrinas da predestinação particular e das penas eternas fomentam a indiferença e o ódio para com o próximo!

protestante: Felizmente tais exceções são bastante raras no terreno do Evangelho.
ortodoxo: De fato são raras, mas não inofensivas, se levamos em conta suas consequências, em especial no campo da ÉTICA. Afinal aqueles creem na eternidade das penas, na predestinação para o pecado e consequentemente NUM DEUS FURIOSO, COLÉRICO, TERRÍVEL E VINGATIVO mostrar-se-ão muito pouco predispostos a amar todos os seres humanos, inclusive - pela esperança da emenda e da correção (Penitência) - os malvados, criminosos e pecadores; antes pelo contrário tenderão a detesta-los e a rejeita-los da mesma maneira como foram previamente rejeitados desde toda eternidade pela própria divindade chegando inclusive a rejubilarem-se face a tais punições ou mesmo a antecipa-las por meio de punições temporais e draconianas a exemplo das inquisições papal, luterana e calvinista. Afinal que amor pode haver lá no tal 'averno cruel'????


Por vezes Jesus omitia alguma explicação mais detalhada com o intuito de estimular o interesse de seu público


protestante: Seja mais claro por favor.

ortodoxo: Embora comumente Jesus escolha e empregue palavras simples e claras com que exprimir seus ensinamentos, ocasionalmente - em seus discursos públicos - ele omite um termo ou explicação, levando em consideração o caráter racional de seus ouvintes ou leitores, como que para estimula-los na busca pela verdade e não para prova-los como dizem alguns, pois ele tudo sabe e não precisa provar para conhecer 'a posteriori'.

Em tais circunstâncias, caso recebamos o texto em sua simplicidade literal chegaríamos a conclusões verdadeiramente blasfemas. Semelhante constatação obriga-nos a concluir que o próprio Jesus esperava certo esforço racional de nossa parte a respeito do sentido de alguns de seus ensinamentos, o que não deixa se ser honroso para com nossa a condiçã. Afinal somos 'animais racionais' como bem definiu o filósofo ou 'Sapiens sapiens' em termos puramente biológicos.

Tal parece ser o caso de Mt 24,24:

"Manifestar-se-ão com sinais e prodígios para confundir os justos."


Neste caso, desde já, todo e qualquer recurso ao grego mostra-se inútil. 

Pois o termo utilizado pelo hagiógrafo com o intuito de designar os milagres realizados pelos falsos profetas: 'TERATA' é empregado do mesmo modo para designar os milagres realizados pelo próprio Mestre e pelos santos apóstolos, os quais foram milagres verdadeiros, ou seja, não ilusórios ou aparentes. Isto significa que do ponto de vista da letra, da oração ou da palavra escrita, não podemos inferir ou demonstrar que se tratam de falsos milagres.

Diante disto até mesmo o príncipe dos comentaristas latinos, Maldonado, jamais atreveu-se a negar a possibilidade de que os falsos profetas e heresiarcas pudessem realizar verdadeiros milagres, idênticos aos que foram realizados pelo Divino Mestre e seus discípulos.

E no entanto, caso admitissemos que se tratam mesmo de verdadeiros milagres, idênticos aos que foram realizados pelo Salvador e pelos apóstolos comissionados por si, atingiríamos as raias do maniqueísmo e da incredulidade!


Somente a divindade excelsa poderia realizar autênticos milagres!

Basta dizer que os verdadeiros milagres implicam na suspensão da lei natural. O que obriga-nos a concluir que somente aquele que estabeleceu as ditas leis, isto é, Deus; seja dotado de poder e autoridade suficientes para suspende-las. Nem se pode admitir que a Natureza seja controlada por qualquer outro ser ou entidade que não seja seu organizador.


É por meio dos verdadeiros milagres que somos capazes de distinguir a verdadeira Revelação!

É por força desta lógica que somos obrigados a receber os verdadeiros, legítimos e ÚNICOS milagres - executados por Jesus Cristo e por seus apóstolos - como sinais indubitáveis e inequívocos da ação e da presença divinas e a distinguir a Revelação divina, das outras tantas pretensas revelações de origem puramente humana. Do contrário não teríamos qualquer tipo de critério para estabelecer a distinção e estaríamos as cegas!

Caso Maomé ou Bab pudessem executar os mesmos sinais e prodígios que Jesus Cristo como poderíamos demonstrar inequivocadamente a divindade e a superioridade do Cristianismo a ponto de eximir toda e qualquer dúvida??? Caso Lutero, Calvino, Zwinglio e os demais impostores tivessem sido capazes de produzir verdadeiros prodígios como aqueles que haviam sido realizados pelos abençoados apóstolos como distinguir a Verdadeira Igreja apostólica das seitas???



Podería o Deus Bom operar em favor da confusão, da incerteza e da cegueira espiritual???



Há no entanto quem se atreva a ensinar que o Deus verdadeiro executou tais milagres com o objetivo de auxiliar os falsos profetas a enganarem o povo. 

Sem atinar que neste caso Deus estaria pugnando anulando o caráter distintivo da Revelação por ele comunicado, operando a favor das falsas Revelações inventada imaginadas pelos homens e atuando em favor da confusão e da incerteza! Estaria  Deus pelejando contra Deus e a clareza da sua verdade em favor da dúvida! Deus no entanto é Deus de Unidade e ordem segundo intuímos e lemos em diversos passos da escritura... e acima tudo Bom, magnânimo, filantropo, amigo e amante dos mortais! AGORA COMO PODERIA SER COM sem tornar a verdade suficientemente clara ou obscurecendo-a e destarte favorecendo a cegueira espiritual????

Tampouco as palavras de Jesus: "Aquele que recebe o seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro." fariam qualquer sentido. Pois como haveria de ser verdadeiro aquele cujo propósito fosse enganar ou confundir os seres humanos? Deus é veraz justamente porque incapaz de enganar-nos ou de pugnar contra sua verdade!!!!

Estas e outras razões obrigam-nos a inferir que os milagres em questão não passam de sinais aparentes e fraudulentos ou de prodígios ilusórios. 

Diante disto podemos perceber que nem mesmo a posse dos originais sagrados ou de uma tradução interlinear é suficiente para eliminar todas dificuldades contidas nesta que é a parte mais fácil do Novo Testamento. Muitas vezes é preciso ler, reler... comparar, ponderar, refletir; até obter uma visão de conjunto.

Por isto não se pode dizer que a leitura do Evangelho seja sempre fácil e jamais difícil.




LUTERO RECONHECE QUE A ESCRITURA É UM REGISTRO DE DIFÍCIL COMPREENSÃO


Falso Profeta Martinho Lutero que a linguagem da Escritura é difícil!!!



protestante: Julgo que a ocorrência de passagens como estas no corpo das escrituras seja extraordinariamente incomum.

ortodoxo: A este respeito ouçamos a confissão do próprio Lutero -




"Vellem a vobis nihil prodiri quod obscurus et ambiguis scripturis intatur." - Nada direi sobre a linguagem obscura e ambigua destas escrituras." Carta a Melanchton - 06/VIII de 1521 - Sobre os textos do apóstolo Paulo favoráveis ao celibato.

A funesta inclusão do Antigo Testamento na polêmica Cristã!


protestante:...
Ortodoxo: Por outro lado vocês protestantes jamais se contentam em permanecer no campo do Novo Testamento ou do Santo e divino Evangelho, cuja claridade singular reconhecem; apelando costumeiramente aos registros judaicos com o intuito de obscurecer a doutrina evangélica, obscurecer os mistérios do reino e reabilitar os ensinamentos dos fariseus e escribas.

Assim um exame que já é problemático por natureza torna-se impossível, inviável, infecundo e inutil...

A falsa e preconcebida doutrina da inspiração plenária, verbal e linear inviabiliza qualquer exame sério e proveitoso pois implica diluição do Cristianismo no judaísmo, no mosaísmo, na Torá e, consequentemente em sua descaracterização ou reversão. Daí a confusão triunfante e um mundo de seitas exóticas... 

Daí "A doutrina Católica salientar-se por sua coerência e a protestante pela contradição." Koppen   in "Philosophie des Christenthums" 1825; I, 172

protestante: Nós acreditamos que toda Bíblia seja a palavra de Deus, de Gênesis a Apocalipse isto é de capa a capa.
ortodoxo: É justamente devido a esta crença artificial e pueril, associada ao Exame livre, que os reformados encontram-se cindidos em inúmeras seitas beligerantes e não devido a suposta malignidade dos leitores. Refletindo cada registro do antigo testamento as idéias da época em que foi escrito inferimos que seja um imenso repositório de doutrinas opostas umas as outras... um labirinto tortuoso, uma casa de Orates, um cipoal! Ele nada esclarece em termos de fé Cristã apenas torna tudo mais confuso.

Aqui o erro fundamental ou pecado original do protestantismo: conferir o mesmo valor e autoridade ao VINHO NOVO  e aos ODRES VELHOS, em que pesem as advertências do divino Mestre. Os protestantes no entanto, desviados pela doutrina artificial de uma Bíblia uniforme, negam-se a admitir que os ODRES venham a estourar! E acreditam piamente que esses odres velhos de Moisés contenham doutrina Cristã!!!


"Nada há de moralmente aceitável, nada de demasiado nobre, nada de grandioso no Antigo Testamento; O QUAL JAMAIS FOI IMPOSTO AOS FIÉIS POR JESUS CRISTO OU PELOS SANTOS APÓSTOLOS." constatou Semler; apesar disto, a essência da moral sectária e fundamentalista nutre-se justamente dos patriarcas e dos profetas e não das palavras DIVINAS DO VERBO ENCARNADO cujo sentido por sinal anulam reforçando os ideais do farisaismo...

protestante: É impossível que hajam verdadeiras contradições no corpo das Escrituras Santas e Canônicas. ortodoxo: De fato impossível é haver qualquer contradição entre as palavras e ensinamentos de Jesus Cristo consignados no Santo e divino Evangelho. O Testamento antigo no entanto - que apenas contem palavras de Deus sob a forma de profecias referentes a pessoa e a missão de Jesus Cristo - encontra-se repleto de 'aporias' que são, por assim dizer, insolúveis a menos que o 'interprete' recorra a trapaça e a má fé como de fato tem se sucedido inúmeras vezes. Ora a própria existência destas aporias testifica que a maior parte dele é de origem puramente humana, pelo que não esta voltada para JESUS CRISTO. E não estando voltada para ele não possuí sentido Cristão...

Pelo que não pode o Antigo Testamento em sua totalidade ser admitido e aceito como árbitro doutrinal de nossa doutrina.

Toda exegese consagrada a sustentar sua infalibilidade absoluta é essencialmente anti ética e bem poderia ser classificada como uma escola de imoralidade em que os sectários aprendem a profanar aquele ideal de probidade e decência exigido pelo Evangelho de Cristo. As próprias exigências doutrinais do protestantismo obriga os fanáticos a prevaricar e assim a dar por luz o que é trevas e por bom o que é mau.

Nós no entanto, em nome dos princípios e valores decretados pelo Evangelho, condenamos decididamente a teoria primitiva e grosseira da inspiração plenária e linear, sustendo a doutrina pura da inspiração funcional e do primado da pena Evangélica.

protestante: Estou pagando para ver tais contradições...







CONTRADIÇÕES DO ANTIGO TESTAMENTO EM TORNO DA DOUTRINA DA IMORTALIDADE DA ALMA.



"Terceiro se prova que os antepassados não admitiam outra vida, nem cogitaram sobre seus bens. Isto se deduz das palavras ditas por Abraão nosso pai ao Eterno: 'Que reservaras a mim que me vou sem filhos deixando um criado por herdeiro de meus bens?' querendo dizer: Não sei de que grande prêmio me tens falado e ignoro com que prêmio havereis de recompensar-me se não tenho nem filhos, nem herdeiros, nem posteridade e sucessão sobre a terra. Pois se Abraão cogitasse sobre a grandeza da vida eterna não faria qualquer alusão a bens materiais de origem puramente terrena, sobre tais bens cogitou Isaac ao abençoar nosso pai Jacó, sobre eles se funda a Torá, e Salomão considerando os males que nos atingem nesta vida, e não conhecendo compensação superior, julgou bemaventurado aqueles que não chegaram a nascer, por isso esta escrito: 'Por ventura sucederá qualquer maravilha entre os mortos? Acaso os dormentes se levantarão do pó em quer jazem? Restará verdade no sepulcro? Haverá luz na escuridão e justiça na terra do esquecimento? mas tua misericórdia se manifesta na terra entre os vivos.' ... e Jó: '...Meus olhos não mais verão a luz e jamais verão o bem e desaparecerão de seu lugar... não hei de viver para sempre.' e os Salmos estão repletos de tais ensinamentos." Uriel da Costa (teólogo hebreu do século XVII) nos 'Tres escritos sobre a imortalidade da alma' pp 47



Ortodoxo: Uma das doutrinas fundamentais do Novo Testamento refere-se a sobrevivência consciente do espírito humano após a morte do corpo físico.

No primeiro de seus registros que é o Evangelho de Mateus já nos deparamos com as seguintes palavras de Jesus: "Abraão, Isaac e Jacó estão vivos, pois Deus é Deus de vivos e não de mortos."

E quando esta já prestes a morrer no alto da cruz: "HOJE AINDA COMIGO ESTARÁS NO PARAÍSO."

& no último de seus registros que é o livro da Revelação nos deparamos igualmente com o relato sobre as almas daqueles que haviam sido imolados por amor a palavra de Deus, suplicando debaixo do altar celestial.

Doutrina exposta com tanto mais clareza na parábola do Rico e do Lázaro... a qual por ser parábola não poderia conter falsos ensinamentos ou doutrinas...

E assim de registro em registro do N T, sendo raro aquele que não contenha alguma alusão positiva a esta doutrina.

É em vão que os mortalistas - judaizantes - esforçam-se por obscurecer esta verdade claríssima no campo do Novo Testamento para faze-lo concordar com a crença materialista dos patriarcas hebreus, sustentada durante durante o ministério do Senhor Jesus Cristo pelos saduceus, que eram os verdadeiros guardiães das autênticas tradições patriarcais.

O já referido Josefo assim se expressa a respeito deles:

"A doutrina dos saduceus é esta: a alma perece com o corpo..." Antiguidades L XVIII, C 01; S 04

Acrescentando que só recebiam como divinos os cinco livros de Moisés ou como se diz a Torá (taurat) e nada mais.

Na qual não há qualquer evidência ou indício favorável a doutrina da imortalidade da alma, em que pese as liberdades com que os fundamentalistas (adeptos do imortalismo) procuram torcer suas passagens mais obscuras.

Eis porque o legislador hebreu dirige-se ao povo nestes termos: "Presta a devida honra a teu pai e a tua mãe PARA QUE SE PROLONGUEM, TEUS DIAS NA TERRA QUE JAVÉ TE DÁ HOJE." Ex 20,12

Sem cogitar em qualquer recompensa eterna ou imaterial voltada para o além túmulo.

Os salmos mais antigos refletem a mesma disposição materialista:

"Aquele que ama a vida deseja viver muito para gozar de felicidade."

Enquanto o apóstolo julga ser mais vantajoso passar a Jesus Cristo, o Salmista pede para viver na terra o máximo de tempo possível...

Há no entanto outros Salmos ainda mais explícitos:

"O Justo colherá sua felicidade, e sua semente possuirá a terra."

"Eu verei os benefícios do Senhor aqui na terra dos vivos."

(Jesus no entanto declara: "No mundo conhecereis perseguição.")

Nenhum deles no entanto é tão categórico como o trigésimo sexto:

"Espera no Senhor e faze o bem; habitarás a terra em plena segurança... porque os maus serão exterminados, mas os que esperam no Senhor possuirão a terra... Quanto aos mansos, possuirão a terra, e nela gozarão de imensa paz... porque aqueles que o Senhor abençoa possuirão a terra, mas os que ele amaldiçoa serão destruídos... Os justos possuirão a terra, e a habitarão eternamente... Põe tu confiança no Senhor, e segue os seus caminhos. Ele te exaltará e possuirás a terra; a queda dos ímpios verás com alegria..."


Outra não é a doutrina corrente nos Provérbios:

"Ouve meu filho a instrução e multiplicarei teus dias sobra a terra."


Pois para o pregador hebreu "Não há nada melhor para o homem que comer, beber e gozar o bem-estar no seu trabalho."


Enquanto para o Apóstolo: "O Reino de Deus não é comida e bebida mas a graça e a paz no Espírito Santo."

O pregador no entanto desenvolve suas teorias:

"Eu disse comigo mesmo a respeito dos homens: Deus quer prová-los e mostrar-lhes que, quanto a eles, são semelhantes aos brutos.

Porque o destino dos filhos dos homens e o destino dos brutos é o mesmo: um mesmo fim os espera. A morte de um é a morte do outro. A ambos foi dado o mesmo sopro, e a vantagem do homem sobre o bruto é nula, porque tudo é vaidade.

Todos caminham para um mesmo lugar, todos saem do pó e para o pó voltam.

Quem sabe se o sopro de vida dos filhos dos homens se eleva para o alto, e o sopro de vida dos brutos desce para a terra?" Ecli 3,18 sgs


Diante de um materialismo assim tão crú, os rabinos desta era, já dominados pela ideia greco-Cristã de imortalidade positiva, forcejaram por remover o Eclesiastes do canon, segundo podemos ler no Tratado intitulado Shabatt (II, 30 - 02):


"Jehuda, dito Ranbam, refere que os sábios e doutores quiseram remover o Eclesiastes, porque suas palavras são contrárias a lei de Moisés. Porque então foi mantido? PORQUE SUAS PALAVRAS ESTÃO DE PLENO ACORDO COM A LEI."


Aqueles dentre os hebreus que julgavam estar inserida na Lei de Moisés a doutrina da imortalidade consciente, forcejaram remover o Eclesiastes do Canon, por acreditarem que devido a seu teor materialista estava em contradição com a lei. Como no entanto a Lei não contém qualquer indicio positivo a respeito da referida doutrina, os rabinos concluíram que há perfeito acordo entre ela e o Eclesiástico, especialmente se levamos em conta as palavras que foram acrescentadas por mão alheia no final do livro, tendo em vista amenizar seu intragável materialismo.


É possível que os rabinos tenham levado em conta as seguintes palavras do Gênesis:


"E disse Deus: Produzam as águas abundantes répteis de alma vivente." Gn 1,20


"E disse Deus: Produza a terra alma vivente segundo sua espécie: gado e répteis, e bestas e feras da terra conforme a sua espécie." Gn 1,24


"Assim formou o Senhor Deus o homem... e o homem passou a ser alma vivente." Gn 2,7


Eis o testemunho da Septuaginta:

"kai eipen o qeoV exagagetw h gh YUCHN ZWSAN kata genoV tetrapoda kai erpeta kai qhria thV ghV kata genoV kai egeneto outwV" 1,24


"kai eplasen o qeoV ton anqrwpon coun apo thV ghV kai enefushsen eiV to proswpon autou pnohn zwhV kai egeneto o anqrwpoV eiV YUCHN ZWSAN."


Evidenciando que o tradutor ignorava qualquer diferença categorial entre Nefesh e Neshamah.


O próprio original hebraico do Eclesiástico, pugna contra a opinião dos rabinos, cabalistas, padres e pastores, segundo os quais os antigos hebreus distinguiam perfeitamente entre: Nefesh (algo que sai da garganta), Neshamah e Ruach (sopro) :


"Quem sabe se o espírito (ruach) dos filhos dos homens (ha Beney Adão)? vai para cima? E o espírito (ruach) dos animais (ha Behemah), vai para baixo?"


Diante do fato incontroverso de que os antigos hebreus tomavam os termos Nefesh, Neshamah e Ruach um pelo outro sem fazer qualquer distinção sutil, só nos resta concluir que para eles não havia qualquer diferença entre a condição dos homens e dos outros animais. Não no sentido de que os animais também sobrevivessem após a morte e sim no sentido de que uns e outros pereciam, ou seja, deixavam de existir.


Destarte, como podemos ler nos Salmos, as punições e recompensas eram dispensadas aqui mesmo neste nosso mundo sob a forma de longevidade, saúde, mulheres, filhos e abundância de bens materiais... além da vitória sobre os inimigos, cuja semente deveria de ser banida da terra...


Toda esperança dos antigos hebreus resumia-se nisto.


Alguns dentre eles chegaram mesmo a acreditar que a alma era o sangue que corre em nossas veias dando vida a nossos corpos...


Segundo podemos ler num de seus registros: "Não comereis a carne com seu sangue dentro porque o sangue é a alma."


A conclusão salta a vista: os antigos hebreus não se serviam de galinha a cabidela com medo de se transformarem em galinhas e sairem ciscando por ai!!!


Primeiro confundem o espírito com algo que sai pela garganta, depois com um sopro, enfim com o sangue... e há quem diga que tudo isto é Palavra de Deus...


Então aquele que decretou o surgimento do espírito a ponto de ser cognominado como 'Pai dos espiritos' já não sabe mais o que seja espírito???


Posteriormente os antigos hebreus desenvolveram a ideia segundo a qual os mortos não se extinguiam por completo. Antes convertiam-se em sombras (refaim) e desciam ao Sheol, ou seja a mansão dos mortos, situada embaixo da terra. Ali justos e ímpios levavam, misturados, uma vida miserável (uma espécie de sonolência, fraqueza ou sonambulismo) a ponto do hagriógrafo exclamar: "No Sheol quem se lembrará de tí e na mansão dos mortos quem publicará teus louvores? Conserva-me pois na terra dos vivos e multiplica meus dias."


Tal o arallu dos antigos sumerios e o Hades de Homero, no qual o bravo Aquiles se lamentava e dizia: "Melhor ser um servo na terra dos vivos do que um rei na região dos mortos."


Esta crença tanto mais evoluída encontra-se já em algumas ADIÇÕES do Pentateuco - Onde esta registrado que Moisés haveria de reunir-se a sua parentela, embora tenha sido sepultado sozinho... - no livro de Jó; o sincero, na profecia de Isaías e em muitos outros lugares.


Aqui não há esperança alguma e sequer um sinal da doutrina da ressurreição.

"O homem morre e fica inerte. Para onde vai após a morte?... O homem que dorme não se levantará. O céu passará, e o homem não vai despertar, nem acordar de seu sono." Jó 14,10 sgs


Foi no tempo do cativeiro que parte dos hebreus tomou aos persas a doutrina da ressurreição - sempre tida em conta de herética e pagã pelos saduceus - cuja primeira referência encontra-se no livro falsamente atribuido a Daniel:


"Muitos daqueles que dormem no pó da terra despertarão, uns para uma vida eterna, outros para a ignomínia, a infâmia eterna."


Aqui os mortos ainda dormem no sheol, há no entanto uma esperança de redenção para eles: a ressurreição da carne no último dia. Parece ser esta a doutrina dos adventistas e jeovistas que batem a nossas portas...


Estamos no entanto ainda bem distantes da doutrina da imortalidade positiva, recebida por mediação dos gregos durante o período helenístico.


E logo por quem???


Justamente por aqueles fariseus devotos que tanto afetavam detestar os costumes gregos.


Foram justamente eles que introduziram entre os judeus a doutrina da imortalidade consciente ou positiva.


"Os fariseus por meio de corrupções e subterfugios adicionaram a religião dos pais a teoria pagã da imortalidade da alma." asseveram o já citado Uriel da Costa


Cerca do advento de Cristo Jesus Nosso Senhor, os fariseus deram o último passo em direção da doutrina da imortalidade, abraçando a teoria da reencarnação ou gilgul. Conforme se depreende das seguintes palavras de Josefo:


"Toda alma, eles [os fariseus] afirmam, é imperecível, mas somente a alma dos bons passa a outro corpo." id

E por tratar-se de uma doutrina alheia a Tanak ou Mikra tiveram de oculta-la aos olhos do povo, como admite o Dr Samuel da Silva. Assim puseram-se a ensina-la secretamente, para não causar escândalo e disto resultou a Cabala.

Pois tinham receio de que os filhos de Sadoc revelassem ao povo suas inovações em matéria de fé...

Destarte as crenças na ressurreição, na imortalidade e na reencarnação, floresceram entre os filhos de israel... embora tenham sido concebidas e codificadas pelos gentios: babilônicos, persas e gregos... e não por seus patriarcas e antepassados mortalistas, e, consequentemente tão materialistas quando D Holbach ou La Metrie 

protestante: Reconheço ainda não ter estudado a fundo a questão da imortalidade da alma no antigo testamento, no entanto como já é um pouco tarde e tenho de ir ao culto cumpre despedir-me do amigo desejando-lhe uma grande e preciosa benção da parte do Senhor Jesus.


Ortodoxo: Tenha uma boa tarde e passar bem!!!



"É incontestável que nada na História ou na lógica põe a perder o Catolicismo." Marheinecke






"Acautelai-vos quem não entra pela porta do aprisco das ovelhas é salteador..."


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