Partindo de tais premissas podemos já compreender o pôrque da atitude da Igreja ortodoxa com relação ao Canon do Antigo testamento.
Como somente os judeus - bem como os judaizantes - recebem o Antigo Testamento como autoritativo em matéria de doutrina ou intrisecamente autoritativo, somente a eles cabe dogmatizar sobre quais sejam seus livros.
A Igreja dogmatizou sobre os livros que são seus e lhe pertencem - os do Novo Testamento - indicando quais são canonicos e inspirados e quais não o são, regeitando a literatura apócrifa forjada pelos heréticos como os Evangelhos de Pedro, Tiago, Tomé, Filipe, Bartolomeu, Judas, Maria, Madalena, etc; os atos de Pedro, André, João, Tomé, Pilatos, etc; os Apocalipses de Pedro e Paulo; as cartas de Paulo aos alexandrinos e laodicenses...
Sobre o Testamento antigo porém a mãe Igreja jamais dogmatizou e sequer poderia faze-lo (sem se tornar judaizante) autorgando aos sinodos, Bispos ou mesmo aos fiéis mais instruidos a plena liberdade para receberem qualquer uma das três listas canônicas: a Hebraica, a Romana ou a Grega (pautada nos LXX) que é mais ou menos variavel porém sempre mais ampla do que a romana.
Disto decorre que nossa igreja jamais se pronunciou - e por ser ortodoxa/imutavel concluimos que jamais se pronunciara (nem há como faze-lo pois não possuimos um Papa infalivel) - sobre o número dos livros que compoem dos registros judaicos.
Eis porque os protestantes costumam recorrer aos catecismos nos quais os russos (em especial ao de Philareto) - sob a influência dos alemães luteranos - admitem o canon hebraico de sessenta e seis livros e porque é lícito aos conversos do protestantismo manter sua adesão a esta listagem.
"Esses livros - GREGOS - foram declarados nos Concílios de Jassy (1642), Jerusalem (1672) como ‘partes genuínas da Escritura’, muitos eruditos Ortodoxos no entanto, seguindo a opinião de Atanásio e Jerônimo, vêem tais livros, apesar de parte das Escrituras, como ocupando um nível abaixo do restante do Velho Testamento." Kallistos Ware, Excertos parte II,01
Das palavras de Ware e de inumeros outros doutores depreende-se muito claramente, que a Igreja comporta as duas ou três opiniões, sem condenar ou patrocinar qualquer uma delas.
Portanto quando os protestantes recorrem aos catecismos russos com o intuito de estabelecer que o Canon Hebraico é recebido por toda Ortodoxia como instuição divina, ou agem de má fé ou de fato não compreendem que tais catecismos comportam apenas e tão somente a opinião daqueles teologos. Pois nem mesmo no seio da Igreja Russa há uniformidade sobre o assunto havendo dignatários seus que estão de pleno acordo com a opinião dos gregos e sírios, emitida em Jassy (1642) e Jerusalem (1672).
A mãe Igreja tem plena ciência de que ao menos alguns de seus padres e doutores - como Melitão e Leôncio - receberam a listagem hebraica e por isto não pode encara-la como falsa ou herética a maneira do papa romano.
Os sínodos de Jerusalem e Jassy no entanto pronunciaram-se a favor do canon dos latinos - de setenta e dois livros - pautado na opinião de S Agostinho, o que obriga-nos a regeitar do mesmo modo a opinião dos protestantes a respeito do Canon mais largo.
Sem embargo disto convem salientar que a maioria de nossas igrejas recebe a Septuaginta em sua integralidade.
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