Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Cap XIII - Livre arbítrio e predestinação outra cisão entre os protestantes - Ou o agostinianismo perante a Fé Ortodoxa

Agostinho de Hipona



Que te diremos agora benevolente leitor?

Que já terminamos de compendiar as 'batalhas doutrinais' deflagradas pelos filhos de Lutero no decorrer destes últimos quinhentos anos???

E que já podemos depor a pena e repousar de nossos trabalhos???

Mas nós sequer começamos...

Afinal no seio do protestantismo - enquanto organização meramente humana que é - há "Tantas crenças quanto cabeças."

Suspeito seria eu, caso tais palavras fossem minhas. Limito-me a reproduzir o veredito do Dr M Lutero a quem pertence o filho...


Assim o protestantismo não é uma crença ou melhor, sequer existe do ponto de vista da Unidade da Verdade.

Que é então ele?

Um amontoado de crenças ou opiniões opostas as da Igreja Episcopal ou Ortodoxa. Derivadas todas do livre exame a que submetem a Bíblia. 


Grosso modo podemos dizer que os protestantes não estão de acordo a respeito de qualquer doutrina Cristã e consequentemente que a religião de cada um deles é sua própria opinião ou ponto de vista. O sujeito abre a Bíblia, lê, tira as conclusões e esta é sua fé... pelo que tem fé em si mesmo ou melhor dizendo em sua opinião... Ora em nada disto a Revelação e por assim dizer religião.

Assaz conhecido de todos é o costume protestante de discutir e disputar a respeito de qualquer coisa: da divindade de nosso amado Mestre, de sua forma, dos sacramentos que instituiu para nossa elevação, dos destinatários do Batismo, da natureza da Eucaristia, do processo de salvação, do mundo futuro, dos mitos judaicos, etc sem jamais chegarem a qualquer acordo... embora partam todos do mesmo livro, cuja leitura julgam demasiado complexa e o consequente exame facultam a qualquer tabaréu...

Segundo a teoria protestante o livro é demasiado fácil e faz-se compreender por qualquer capiau iletrado da face da terra... na prática porém cada qual compreende-o a sua moda.

Assim o ideal protestante, de restabelecer a verdade revelada por meio de exercícios interpretativos não passa de quimera ou ilusão.

Pois se todos de fato leem o mesmo livro e juram de pés juntos que foram capazes de compreende-lo, as múltiplas e contraditórias interpretações - que chegam a milhares de milhares - evidenciam que tais alegações são pífias e que ainda não foram capazes de apreender o único conteúdo ou a única mensagem que o Deus Uno quis por no livro com objetivo de unificar o gênero humano... estar divididos a respeito do significado do livro significa que estão em erro... em posses de opiniões ou teorias mas não do conhecimento verdadeiro que Deus comunicou.

Erro fundamental que toca aos princípios ou seja a essência do sistema protestante: O biblismo e o livre examinismo. Teoria tosca segundo a qual uma resma de papel é capaz de interpretar a si mesma quando na verdade tem seu significado falseado por qualquer charlatão sem que seja capaz de defender-se. É sujeito a abusos porque livro e não podia ser diferente. A verdade sendo viva e dinâmica jamais poderia permanecer aprisionada nas páginas de um grimório qualquer... a menos que o significado do livro fosse entregue a um colegiado externo a ele.

Interpretação é capacidade intelectual. Logo apanágio exclusivo dos seres humanos... Os livros, no caso, são elementos passivos na dinâmica do processo hermenêutico, i é os objetos a serem decifrados e compreendidos pelo sujeito que os lê e a Bíblia não pode fugir a esta regra pelo simples fato de não ser uma pessoa...

Aos protestantes só resta antropomorfizar a Bíblia a exemplo dos etíopes que antropomorfizaram o shabat... ou dos substancialistas que apresentam a RELAÇÃO que é a graça divina, como uma coisa, objeto ou entidade.

Naturalmente que sendo Una e coerente consigo mesma a Verdade Revelada por Deus exige uma única interpretação ou compreensão. Quesito legitimamente racional que o sistema protestante não pode contemplar nem satisfazer com suas milhares de suposições, teorias, opiniões e palpites... os quais em termos de religião são inúteis. Opinião vai bem com o cabelo ou a roupa da vizinha, mas não com a verdade eterna...

Nem se pode compreender que seja facultado a todos os seres humanos independentemente de sua condição o direito de interpretarem um livro. Como não pode ser facultado a todos os seres humanos as faculdades de pintar, esculpir, versejar ou compor, a menos que se esteja a par das leis ou regras que dizem respeito a pintura, a escultura, a rima, as notas musicais, etc

O protestantismo no entanto assevera que qualquer analfabeto funcional é perfeitamente capaz de dar com o sentido da Bíblia ou que qualquer homem medíocre possa deslinda-la muito facilmente.

Felizmente a Iliada e a Odisséia ainda não foram expostas de tal modo ao ridículo... e os poucos que se atrevem a manusea-las buscam compreender o ambiente em que foram escritas, recorrendo aos préstimos da História, da Geografia, da sociologia, etc Coisa que nossos protestantes julgam supérfluo uma vez que nossos capiaus...

É quando chega o colportor e dispõe-se a dar lições de Bíblia...

Embora diga que a Bíblia é auto evidente ou que interpreta a si mesma.

Quanto a nosso capiau, vai lendo a Bíblia e sendo orientado ou dirigido pelo outro... até receber a versão tal, ao invés de criar a sua!!!

A partir deste artigo procuraremos descrever o salseiro ou balaio de gatos em que os protestantes se meteram face as doutrinas do livre arbítrio e da predestinação, até chegarem as vias de fato...

Para tanto convém retomar nosso dialogo fictício com o protestante...

Ortodoxo: Passemos agora a questão do livre árbitro e da predestinação, que é uma outra questão crucial - e já são sete (após a Divindade e Forma de Cristo, o número dos Sacramentos, o Batismo, a Eucaristia e a salvação)  - em torno do quais o protestantismo encontra-se cindido e fragmentado num bom número de facções cada uma das quais jurando estar em posse da verdade plena...
protestante: Jamais logrei compreender lá muito bem essa questão de eleição. Eleição para mim é a que ocorre de quatro em quatro anos rsrsrs
Ortodoxo: Desde os tempos de Agostinho os ocidentais principiaram a discutir a respeito deste assunto e até onde me é dado saber, ainda não se puseram de acordo. Diante disto, o Papa romano, após muito refletir, ordenou que os jesuítas e dominicanos fechassem suas bocas e deixassem que abordar-lo. Os protestantes no entanto continuaram disputando, examinando, interpretando, dando escândalo e alimentando tanto a incredulidade quanto o ateísmo... Afinal trata-se de tema especioso.
protestante: Ao que me consta sua igreja é arminiana, não?
Ortodoxo: Grotius e outros protestantes holandeses que investigaram nossa a ortodoxa caracterizaram-na e descreveram-na como semi-pelagiana. Outra não era a fé da Cristandade primitiva segundo o erudito protestante Harnak. De minha parte penso que caracterizaram-na com absoluta exatidão e que acertaram em cheio.

É a igreja Ortodoxa semi-pelagiana mas não necessariamente arminiana pelo simples fato do arminianismo ser uma espécie de agostinianismo diluído ou mitigado que admite a falsa e ímpia doutrina da 'DEPRAVAÇÃO TOTAL'.

A igreja Ortodoxa encara a doutrina da depravação ou corrupção total como maniqueísta e portanto como essencialmente herética.





Wesley - que passa por arminiano (Logo por semipelagiano ou mesmo por Pelagiano frente aos agostinianos/calvinistas ortodoxos) - por exemplo sustenta que a liberdade colabora com a aceitação da mensagem evangélica porque "É anteriormente restaurada por uma graça preexistente ou preveniente.". Assim a vontade que se supõem corrompida é ativada para a decisão e essa ativação da vontade tem seu ponto de partida nos méritos de Jesus Cristo.

Donde se segue que não é nem pelagiano, nem semi-pelagiano, mas um agostiniano sui generis enquanto admite o dogma blasfematório da corrupção ou depravação total da natureza por obra do 'pecado' dos primeiros pais... outro agostinianismo mitigado como tantos e tantos outros fabricados nas oficinas do Vaticano ou da Sorbonna é tudo quanto temos aqui.

Nós ortodoxos, fazemos verdadeiramente hus ao título de semi-pelagianos porque não admitimos a doutrina da corrupção ou da depravação total da natureza humana por ação do pecado ancestral. Segundo nossos teóforos padres Clemente, Justino, Origenes, Eusébio e Gregório o pecado ancestral limitou-se a ferir e a fragilizar as capacidades da natureza por meio do EXEMPLO, não a subverter a natureza disposta por Deus. Nem poderia o poder de Deus ser inferior ao do pecado ou a sabedoria de Deus conceder-lhe tamanha força...

Pois caso Deus não pudesse controlar os efeitos do pecado não seria Deus... caso não quisesse controla-los concedendo-lhe tamanha força como poderia ser Santo???????

Teria a lei divina concedido tamanha força ao pecado sendo ele um princípio oposto a vontade de Deus???

Logo sua ação é meramente externa e só num segundo momento interna. Nós não conhecemos a doutrina da infecção espiritual em sentido metafisico... capaz de transtornar a natureza, como se a natureza fosse algo a parte de Deus e não obra sua.








S JOÃO CRISÓSTOMO X AGOSTINHO DE HIPONA A RESPEITO DA GRAÇA.




protestante: E Agostinho???

Ortodoxo: Quando Agostinho de Hipona, contaminado pelo maniqueismo, introduziu as teorias da corrupção e do gracismo ou da predestinação no corpo da instituição Cristã, o piedoso e sábio Juliano, Bispo de Eclanum, escreveu-lhe advertindo-o de que, em suas homilias e tratados, S João Crisóstomo - arcebispo de Constantinopla e amigo de Teodoro de Mopsuestes - protestara veementemente contra elas classificando-as como inovações perniciosas, ao que Agostinho revidou nestes termos: "Deus não se agrada que João de Constantinopla se oponha ao batismo compulsório das crianças e a graça que guia os que buscam a Cristo."Ad Julianum I,3


Já referimos noutro capítulo como em seguida Teodoro de Mopsuestia - o grande comentarista - veio a liça publicando um libelo a favor de Pelágio e Celestio, libelo este que foi recebido e louvado por quase todo o episcopado oriental.

Nossa fé é a de Crisóstomo e Teodoro. Tal a voz uníssona de todos os padres Ortodoxos e nós com eles e com S Fócio e com S Miguel Celulario em oposição marcada a antropologia e a soteriologia ocidentais.

Tal foi a fé de Todos os padres antigos a respeito da qual julgamos publicar um pequeno (minusculo) testemunho contra os maniqueus do Ocidente:






  1. "Ele fez o homem com o poder de conhecer e de decidir tendo em vista o que é correto, eis porque os homens são inexcusáveis perante ele." S Justino de Roma, o Mártir; I,177
  2. "O homem atinge a perfeição por sua livre escolha. Eis porque o malvado pode ser castigado com toda justiça por sua culpa; do mesmo modo o homem bom e virtuoso merece ser elogiado, pois pelo exercício de sua vontade opta por jamais transgredir os preceitos divinos." Taciano, Mestre dos assírios; II,67
  1. "Nada há que te impeça de assumir outra forma de vida pois o homem é dotado de liberdade. " S Malitão de Sardes; VIII, 754
  2. "Deus fez o homem livre desde o princípio com o poder de determinar sua alma e de obedecer voluntariamente os mandamentos divinos não por compulsão externa pois DEUS NÃO ATUA POR COERÇÃO." S Irineu; I, 518
  3. "Aqueles todos que creem são salvos por adesão voluntária." S Clemente de Alexandria; II, 226
  4. "Crer e obedecer estão em nosso próprio ser." id II,527
  5. "Tal como seu pai Adão o homem é livre podendo obedecer ou resistir." Tertuliano de Cartago, III, 300 sg
  6. "Ele convocou o homem através duma escolha que envolve livre iniciativa e não pode traze-lo a seu serviço forçando-lhe a vontade." S Hipólito Mártir; V,152
  7. "Tal o ensino oficial ministrado pela Igreja, que cada alma racional é dotada de livre vontade... não estamos vergados sob o jugo da necessidade e podemos agir com ou sem razão."  S Origenes de Alexandria; IV, 240
  8. "Porque o homem pode ser punido ou recompensado??? Porque tem em seu poder a capacidade de optar pelo certo ou pelo errado." Novaciano de Roma; V,612
  9. "O ato de crer ou não crer decorre do livre árbitro: por isso diz 'Vida e morte puz diante de ti, para que escolhas a vida.'." S Kiprianos de Cartago V,547
  10. "Deus jamais viola a dadiva do livre árbitro, limita-se a apontar para o melhor caminho. O poder esta no próprio homem que recebe o mandamento; pois é dele que depende fazer o melhor possível segundo sua opção." S Métodio de Olimpia; VI, 632


Referências: PADRES ANTE NICENOS - ed. Alexander Roberts e James Donaldson; 1885-1887; 10 vols. Peabody, Massachusetts: Hendrickson, 1994


Desde que surgiu o Agostinianismo tem sido como que uma muralha ou abismo entre nós e os ocidentais sejam eles romanistas ou protestantes. Nossa teologia amartiológica e soteriológica procede de Alexandria e não de Hipona...


protestante: Lí nos comentários bíblicos de Champlinn que no N.T. existem trechos a favor da predestinação e trechos a favor da liberdade e que tal assunto constitui um mistério paradoxal e insolúvel.



ELE É O 'FIEL DA BALANÇA' do livre arbítrio


Ortodoxo: Caso houvesse contradição de termos sobre este ensinamento nas páginas do Novo Testamento deveríamos recorrer as palavras de Jesus nas quais certamente não há contradição alguma e receber a sentença dada por ele ou seja a sentença do Evangelho. É importante deixar isto bem claro uma vez que o caráter primitivo de certas partes do Antigo Testamento tende a ignorar o fenômeno da liberdade e a favorecer o fatalismo numa perspectiva fetichista. Diante disto julgo perfeitamente natural que parte do Novo Testamento reproduza este tipo de crença enquanto resíduo cultural do judaismo. Antes de ser discípulo do Mestre Paulo é aluno do rabino Gamaliel 'fariseu filho de fariseu'. Eis porque é crucial reportar ao veredito de Jesus Cristo, que é o supremo Instrutor do povo Cristão e árbitro de toda controvérsia.

protestante: Nossos líderes afirmam que após sua adesão a Cristo o homem torna-se livre; asseveram no entanto que ninguém é capaz de obrar sua própria conversão, de colaborar com a graça ou de aderir a Cristo sem antes ser antes internamente iluminado e regenerado pelo Espírito Santo.




Ortodoxo: Tal a doutrina da graça antecedente, preveniente ou preexistente que Agostinho foi tomar aos neo platônicos. Dentro do sistema concebido por ele tal tipo ou categoria de graça corresponde a uma necessidade uma vez que a Natureza fora radicalmente afetada pelo pecado ancestral.

Segundo nossa crença todavia a graça externa e formal - que é o testemunho da Igreja face ao mundo ou sua pregação - é perfeitamente capaz de ser compreendida, aceita e recebida pelo homem natural em posse de sua condição racional. A partir desta aceitação ou adesão a vontade, fragilizada pelo pecado ancestral, é consolidada por nossa unidade com Jesus Cristo tornando-se o homem perfeitamente capaz de observar seus mandamentos e de viver virtuosa e piedosamente.

Por outro lado caso admitamos que o homem seja inapto para perceber, desejar e aderir a revelação divina e que, sem embargo disto, apto para perceber, desejar e aderir tudo quanto se refere a ordem natural temos estamos uma distinção fantasiosa, artificial e arbitrária, que parte das experiências individuais e subjetivas de um Agostinho, um Lutero, um Calvino e doutros sujeitos de caráter introvertido e pessimista. Eles certamente puderam servir-se dos elementos menos nobres do antigo testamento, bem como de certas expressões empregadas pelo apóstolo no começo de sua carreira; jamais das palavras e ensinamentos de Jesus Cristo.

Gnoseologicamente falando não existe qualquer diferença essencial entre as verdades divinamente reveladas e as verdades naturais...





Quanto ao testemunho de Paulo, sendo contraditório, ao que parece, deveria ser examinado com suma cautela tendo em vista a cronologia de seus escritos e a evolução de seu pensamento. Sempre bom perguntar quando Paulo fala em seu próprio nome, segundo aquilo que recebeu de si mesmo ou melhor da cultura, e quando fala de fato em nome de Cristo reportando-se a sua autoridade ou anúncio.

Folgo observar que o próprio Paulo admitiu esta distinção crucial, e que os paulinistas desconsiderem-na, encarando seus escritos como uma espécie de Corão baixado dos céus.

protestante: Compreendo, o amigo esta querendo dizer que do ponto de vista da psicologia ou da filosofia não há qualquer diferença entre os conhecimentos de ordem espiritual ou religiosa - a que chamamos de conteúdo intelectual/doutrinário da divina revelação - e os conhecimentos de ordem material ou natural. Ser supra racional não quer dizer irracional ou mesmo absolutamente misterioso, advertiam já os Vitorinos na idade Média.

Ortodoxo: Ser supra racional não quer dizer irracional ou mesmo absolutamente misterioso, advertiam já os Vitorinos em plena idade Média.

Outra questão curiosa diz respeito a que 'poder ou potência' serve de obstáculo a conversão daqueles que não se convertem.

Segundo os calvinistas a 'liberdade sobrenaturalmente ativada' proposta pelos arminianos é uma resposta pelos menos 'esquisita'...

Afinal restaurada em todos era restaurada em parte para a resistência e a condenação.... e assim ficaram os arminianos ortodoxos entre os calvinistas e os papistas - que admitiam a doutrina da ativação por conhecimento prévio ou meritória.

Foi o que levou Agostinho mil anos antes de Calvino lançar o arminianismo wesleyano as urtigas e formular a doutrina da ativação absoluta ou plena e tomar a saída do mérito que os arminianos e wesleyanos não puderam tomar devido a seu entendimento a respeito da graça.

Agostinho e Calvino mais supicazes do que a maior parte dos escolásticos, do que Armínio e do que Wesley... já haviam percorrido mentalmente todos os caminhos possíveis. Pelo que um lanço os fundamentos da doutrina papista do mérito enquanto outro formulou a doutrina do decreto horrendo.

E algo tiveram em comum> a percepção de que a tese segundo a qual a vontade seja restaurada para resistir ou fixar-se no pecado é tão imbecil quanto a suposição de uma vontade corrompida que possa deixar de resistir, sem cooperar, em alguns.

Por outro lado a outros tantos repugnava admitir que a mesma natureza restaurada fosse capaz de - em contrapartida a resistência - aderir ao plano divino... Não seria bem mais fácil Deus mesmo converte-la???

Daí a doutrina do paradoxal - apresentada pelos meio calvinistas, os luteranos e alguns papistas - segundo a qual só deus e deus apenas Converte e Salva o pecador, mas que o ímpio e obstinado condena a si mesmo... Aqui o homem é capaz de resistir a graça de Deus... Pelo que a diferença salta a vista: salva-se quem não resiste a graça, ora quem não resiste colabora. Pois colaborar é justamente estar disposto a receber ou aceitar...

Agora se este homem não resiste, mas coopera é justamente porque sua vontade não foi totalmente subjugada pelo mal ou pelo pecado, o qual por isso mesmo não teria corrompido por completo a natureza.

Segundo a doutrina protestante o homem só pode resistir a graça divina e opor-se a ela. Não pode não resistir ou cooperar ainda que passivamente. Pois seu estado é de oposição ativa e não de neutralidade. Aqui, mais uma vez, o profeta Lutero.



Eis porque Goteschalk, e Wicliff e Lutero, e Calvino, elaboraram a ímpia e monstruosa doutrina da graça irresistível, soberana ou onipotente. Na verdade, quem elaborou tal doutrina foi Agostinho - em que pesem as falsificações e lágrimas dos papistas - embora não conheçamos os motivos que levaram-no a abandonar a teoria do método, se é que de fato abandonou-a conscientemente.

Calvino limitou-se a justifica-lo em termos puramente escolásticos, sem no entanto deixar de recorrer as palavras 'mistério impenetrável' tão caras a Agostinho quando tratava de promover e de justificar seu novo dogma.


Protestante: "Que há de tão horrível na reprovação?" Whitefield in Flitchett 'Wesley e seu século' Porto Alegre, ed Carlos Henrique 1916 Vol II p 34

Ortodoxo: Caso demos por certas as lições de Agostinho, Goteschalk, Wicliff, Lutero e Calvino - admitindo que Deus converta irresistivelmente uns e não outros, somos forçados a concluir que ele é o verdadeiro responsável pela perdição daqueles a que não converte ou que repudia positivamente tais pessoas, isto porque não nutre qualquer interesse ou amor por eles. Nem podemos admitir que amasse tais pessoas ou que se interessa-se por elas e as rejeitasse recusando-se a converte-las... Se podendo salva-las optou por rejeita-las não podemos deixar de concluir que as detesta ou odeia.

Aqui o outro lado, ainda mais negro, da escolástica...

Pois a simples ideia de um deus que se recusa a amar ou que restringe seu amor é a suprema negação do Evangelho, da Encarnação e da Cruz, para não mencionarmos a paternidade divina.

Evangelho que passa a ser identificado com propaganda falsa e enganosa pelo simples fato de convidar todos os seres humanos a conversão e a unidade de Jesus Cristo e não há uma elite espiritual ou a um grupo de privilegiados apenas. Não há esse negócio de aristocracia salvífica no Evangelho...

O chamado universal do Evangelho e sua proclamação generosa é o quanto basta para demolir o sistema elaborado por Wicliff, Lutero e Calvino na esteira de Agostinho.

Caso o Evangelho seja leal, sincero e verdadeiro como presumimos, ao invés de artificioso e sutil, o agostinianismo/calvinismo dele ser tido em conta de falso.

Resta-nos adicionar que se deus nada faz de improviso ficaríamos obrigados a concluir que o mal e o pecado foram desejados por ele tendo em vista a exclusão de seus desafetos!!!

Todavia a ideia do mal e do pecado como situações eternas e imutáveis desejadas pelo Sumo Bem é igualmente repugnante... além de contraditório. Como poderia o Sumo Bem aspirar pela perpetuação do mal ou o Deus Santo permitir que o pecado subsistisse consigo por toda eternidade.

Acaso não corresponderia o pecado a uma espécie de quisto ou tumor presente na natureza divina????

Conclusão: Todas estas doutrinas de Wicliff, Lutero e Calvino são já opostas a razão com que Deus desejou nimbar e esclarecer os seres humanos, já as próprias escrituras santas, divinas, precipuamente Cristãs (aludimos aqui aos quatro Evangelhos) e infalíveis, as quais em diversos trechos e passagens sustentam que Deus não pode agir arbitraria e caprichosamente podo-se acima do bem e do mal; mas que é regra fiel e lei para si mesmo.

Não poderia ter Deus condenando o mal e o pecado, externamente ou seja, nos homens, sem que esta condenação partisse do âmago do seu Ser e odiasse de fato tudo quanto condena nos homens. Portanto se expressou que o mal e o pecado estão em oposição a sua vontade não poderia tolera-los por toda eternidade a menos que fosse obrigado a tanto...

protestante: Ou seja o amigo está querendo dizer que no fim das contas é tudo a mesma coisa arminianismo, calvinismo...

Ortodoxo: De modo algum. Tudo quanto aspiro é salientar que proposta duma liberdade restaurada por deus para resistir ou duma liberdade capaz de resistir e incapaz de cooperar são igualmente vexatórias para com o predicado humano da razão.

Por outro lado, se apenas algumas vontades apenas são ativadas segundo o conhecimento prévio para a colaboração e a santidade ENTÃO TEMOS A DOUTRINA DO FIM ÉTICO OU DO MÉRITO. Que os protestantes tanto odeiam... pelo que lhes fica barrado este caminho tão simples e seguro.

Arminianismo e wesleynismo são doutrinas que tentam superar o dilema da predestinação mas que não chegam onde deveriam chegar já por permanecerem atreladas a ideia maniqueísta e pré concebida da depravação total, já por serem tributárias de um conceito de graça que exclui equivocadamente o mérito ou a finalidade ética de economia Cristã.....

Protestante: ???
Ortodoxo: Longe de nós negar que haja uma diferença e diferença crucial entre a aceitação - ainda que tímida - da liberdade assumida por um Arminius, um Molina e um Wesley e e sua completa rejeição por parte dos que postulam a ação discriminatória duma graça irresistivel, a semelhança de GOTESCHALK e CALVINO, supondo que Deus mesmo receba uns e repudie outros.

Afinal se é a divina graça que converte o homem e a maior parte dos homens não se converte devemos concluir que Deus escolhe alguns: os eleitos e regeita outros: os réprobos.
Por outro lado se a graça apenas excita, sendo condicional, na medida em que oferece a salvação aguardando uma resposta ou adesão da parte de um ser racional e livre, somos levados a concluir que o homem é o único responsavel por resistir livremente a este chamamento. Esta é a fé e a certeza da Igreja Ortodoxa. Neste caso é a própria visão ou idéia de Deus que muda ou sofre alteração uma vez que ele é apresentado como sendo incapaz de repudiar qualquer ser produzido por si, cabendo a estes seres resistir a seu propósito de partilha e glorificação
Mesmo sem concordar com as afirmações tridentina e arminiana a respeito duma graça invisivel - pois a única coisa que vejo é a graça visível da pregação feita pela Mãe Igreja e a livre resposta do homem, seu objeto - e te-la em conta de supérflua devo convir que se tratam de duas teorias completamente distintas, se levamos em conta os imperativos do calvinismo. 
protestante: Percebo, mas ao que Roma vem ao caso? Qual a relação existente entre a igreja romana e o agostinianismo???




ortodoxo: Excelente pergunta. Tão excelente que poucos teólogos papistas seriam capazes de responde-la...
Podemos asseverar no entanto, que durante toda a idade média a antropologia/soteriologia romanas COMPORTARAM DUAS VERTENTES OPOSTAS: a agostiniano/franciscana/ numa dimensão que vai do calvinismo ao arminianismo e a semi-pelagiana/dominicana/secular, que corresponde a sua herança histórica legitimamente Cristã e Ortodoxa. Após a reforma porém, quando o agostinianismo ortodoxo foi guindado a categoria de DOGMA pelos reformadores, viu-se a igreja romana diante da necessidade de optar entre uma e outra formulando um discurso mais ou menos uniforme e coerente.
Entrementes Agostinho de Hipona (Apesar dos inumeros erros aludidos por S Crisóstomo, S Teodoro, S Fócio e outros tantos Bispos orientais) havia adquirido há muitos séculos o status de doutor supremo e inquestionavel entre os latinos (O qual na verdade foi o primeiro 'Papa' deles, seguido por Bernardo de Clairvoux), preconceito ainda hoje sustentado por seus teólogos e doutores... Tanto pior uma vez que seus biógrafos (O Pe Hamman por exemplo) admitem sua inépcia quase que total a respeito da lingua em que os registros divinos foram escritos (O grego)...




protestante: Quais as evidências a respeito do conteúdo semi-pelagiano presente na igreja romana?
Ortodoxo: Diversos autores - como Danielou e Marrou - admitem que a soteriologia otimista de S Gregório Dialogos encontra-se bem mais próxima da dos padres semi-pelagianos e orientais com os quais Gregório conviveu, do que com as tolices agostinianas. Outro personagem por vezes arrolado como favorável ao semi-pelagianismo é Aquino, percebo no entanto que ele não passa dum arminiano cujo objetivo é remendar a costura urdida pelo hiponense...





Outro porém é o caso do Dr Alberto Pighius, modelo de Ortodoxia entre os papistas holandeses que ao terçar armas contra Lutero e Calvino cerca de 1542 ("De libero hominis arbitrio et divina gratia libri X" ) assumiu uma postura nítida e claramente semi-pelagiana; isto quando Paulo III havia acabado de abrir o concílio de Trendo!!! Ora este Pighius é representante de toda uma Escola paralela ao Agostinianismo e refratária a ele.
protestante: No que diz respeito a Agostinho penso que sua fama esteja relacionada com o amor consagrado por ele aos estudos de natureza filosófica e a seus conhecimentos no âmbito desta matéria.
Ortodoxo: Em que pese sua familiaridade no que diz respeito aos escritos de Platão e dos acadêmicos, Agostinho jamais ultrapassou a categoria de Retor ou orador ou seja duma pessoa que sabe construir frases bonitas e falar bem, precipuamente em Latim. Quanto a Filosofia estudou-a como o apóstolo Paulo e alguns outros padres ocidentais em antologias e manuais escolares, a exceção como já dissemos, dos platônicos e neo platônicos seus mestres... quanto ao mais jamais ultrapassou os límites do vulgo medianamente instruido, basta dizer que jamais cursou Filosofia...





Outro e bem outro é o caso de Clemente, Orígenes, Eusébio e especialmente Gregório de Nissa, os quais cursaram filosofia nas Escolas de Alexandria ou Atenas, obtendo sólido conhecimento, a par da perícia na lingua dos gregos, lingua em que foi condificado nosso Santo e Bendito Evangelho.
Estamos pois em terrenos distintos: o do amadorismo/arrivismo e o do conhecimento metódico e real.
Agostinho só pode obter o título de grande filósofo entre os latinos por repetir as péssimas lições da acadêmia a uma Alta Idade Média completamente barbarizada e analfabeta.
No Oriente jamais teria atingido semelhante status e passaria facilmente em branca nuvem...
protestante: E o Concílio e Orange, qual a posição da igreja grega face a ele???
Ortodoxo: É exatamente este o tema que pretendíamos abordar.
Pois trata-se doutro fenômeno típico duma Europa barbarizada a recepção dum sínodo meramente provincial ou regional (no caso Orange) no rol ou categoria dos Concílios gerais ou ecumênicos, no caso infalíveis. Erro em que laboram até os dias de hoje os teólogos latinos.
Orange no entanto jamais foi encarado com seriedade ou sequer conhecido pela tradição oriental Ortodoxa por sinal refratária a sua substância.
Trata-se dum conciliábulo agostiniano/gracista a respeito do qual a Igreja de lingua grega não faz caso e que se fizesse caso condenaria.
Tais desacertos acumulados durante toda idade média devido a total ausência de criticidade constrangeram os padres de Trento a reeditar dogmaticamente o sínodo francês, a adotar oficialmente a teoria agostiniana e a condenar a verdadeira doutrina ortodoxa, a saber, o semi pelagianismo, brilhantemente defendido por S Vicente de Lerins, S Genádio de Marselha S Fausto de Riez e outros tantos luminares da igreja galicana de certo modo honrados pelos altares do mesmo culto que pretende po-los a margem da Ortodoxia por terem discordado do 'papa' Agostinho...




O autor do "Commonitorium" no entanto expressa-se de modo bastante claro, classificando a opinião de Agostinho como: "UMA INOVAÇÃO DEMASIADO PERTURBADORA." in Chadwick "História da Igreja na antiguidade." Portugal 1973 
Houve certamente o premeditado intuito de agradar os protestantes e de buscar uma aproximação com os calvinistas facilitando o retorno dos mesmos a igreja romana, esforço que redundou em absolutamente nada...
Sem embargo de sua adesão ao gracismo/agostinianismo os padres de Trento - ao contrário de Gotheschalk, Lutero, Calvino e Jansenius - jamais apadrinharam suas decorrências lógicas inferidas timidamente pelo próprio Agostinho em seu duelo com o sábio e piedoso Bispo de Eclanum e posteriormente por Gotheschalk, Lutero, Calvino, Jansenius, etc os quais levaram o pensamento ou as insinuações de Agostinho aos termos finais, afirmando em alto e bom som as doutrinas da corrupção total, da destruição da liberdade, do 'decreto horrivel' , da segurança definitiva do crente, da fragilidade da natureza restaurada, etc

ESTABELECENDO UM NOVO PADRÃO RELIGIOSO BEM DISTINTO DO CRISTIANISMO PURO, VIRTUOSO, SANTO E HEROICO DOS ABENÇOADOS MÁRTIRES.




Antes os ditos padres (De Trento) mostraram-se inconsequentes e desonestos ao condenarem tais inferências - absolutamente legitimas - como ímpias e sacrílegas. Nem podia ter a coisa sucedido doutra forma uma vez que parte dos filosofos e humanistas mitrados que tomaram assento no dito sínodo sentiam-se muito pouco dispostos a repudiar o elemento moral da liberdade chegando aos extremos lobrigados por Calvino, extremos que tocam e comprometem o cárater da própria divindade e que colocam em risco a existência do corpo social.
Os padres de Trento optaram por não assumir tais riscos e assim mesclaram todo seu humanismo otimista com o pessimismo agostiniano bebido nas fontes já do maniqueismo, já da própria psique do Bispo de Hipona. Diluiram o agostinianismo no humanismo, mas não o suficiente, corrompendo destarte, em certa medida, o ideário humanista arvorado pelo Deus Jesus Cristo e mantido incólume pela Igreja do Oriente. Tal o sentido da Theosis... ou integração do gênero humano ao Pleroma (o grande todo).
protestante: De modo que tudo ficou neste pé.
Ortodoxo: Antes fosse. Todavia a adoção de certos princípios desemboca fatalmente na descoberta de certas doutrinas, o que se dá, como já foi dito, por via de dedução lógica. Assim sendo, tudo quanto fora inferido pelo protestante Calvino pôde ser captado e inferido pelo



Bispo romanista de Ypré, Jansenius, o qual em sua obra "Augustinus" partindo da graça graça condicional proposta pelos padres tridentinos, atingiu a noção de graça irresistivel e de predestinação absoluta dando com elas na própria obra de Agostinho a ponto de censurar a infidelidade dos ditos padres.
No entanto, apesar de Agostinho, a obra de Jansenius sofreu o mesmo destino das obras ímpias de Lutero e Calvino sendo solenemente condenada e anatematizada pela cúria romana. Os fundamentos do partido jansenista no entanto já estavam lançados.
protestante: E a teologia romana porque caminhos seguiu???
Ortodoxo: Apesar de Aquino, da Escolástica e de todo discurso humanista e aparentemente racional, neste passo romana jamais abriu mão de seu híbrido monstruoso e em certa medida de sua indecisão e mutismo perante a fama de Agostinho.
Cardeais como Berti e Noris por exemplo ainda faziam galas de seu 'agostinianismo ortodoxo' em pleno século das luzes...
Desde então - Trento/ século XVI - Roma (Tal e qual a sogra de Pedro rsrsrsrsrs) ficou situada em algum lugar entre o agostinianismo ortodoxo e o semi pelagianismo, posição analoga a de Arminius e recorrendo as mesmas ginásticas mentais que o arminianismo face aos ataques - quase sempre coerentes - lançados pelos calvinistas e/ou pelos semi pelagianos.



No frigir dos ovos os semi pelagianos irredutíveis apenas mudaram de nome passando a ser classificados como molinistas ou seguidores do escolástico espanhol Luís de Molina ( 1535-1600), o qual com raciocínios artificiosos e linguagem ataviada situou-se no extremo límite localizado entre o semi pelagianismo e o arminianismo. Tais sutilezas foram desde o princípio denunciadas pelos Dominicanos e Franciscanos como semi-pelagianas e consequentemente como heréticas e seus partidários eram tidos como heréticos pelos teólogos das duas ordens medievais.
Molina no entanto pertencia a toda poderosa ordem dos jesuítas, ordem que ambicionava converter os Greco/ortodoxos e os humanistas/iluministas a Santa Madre e que sentia na pele a repulsa nutrida por ambos os grupos face aos devaneios agostinianos. Eis porque os jesuítas não só resistiram as acusações como rebateram descrevendo seus opositores como calvinizantes ou jansenistas...
Eles também nutriam grande amor pelas letras clássicas e cultivavam um humanismo bastante positivo...
O papa romano proibiu ambos os partidos de atacarem-se como heréticos e instituiu uma comissão teológica presidida pelo próprio Papa com o intuito de julgar definitivamente a questão...
A honestidade exigia a condenação dos sábios e piedosos jesuítas como heréticos e da classificação do molinismo como forma de semi pelagianismo e as coisas estavam neste pé, quando o 'papa negro' i é o superior dos jesuítas, com lágrimas nos olhos proferiu estas memoráveis palavras:
"E no entanto quantos inestimáveis serviços prestados a igreja pela Companhia..."
De fato o papado devia aos bons padres jesuítas a reintegração de parte da Europa protestante e uns bons milhões de almas... donde a condenação dos jesuítas, os 'janízaros de Roma' recairia sobre a própria Roma, causando profunda comoção e confusão em todo orbe papólico...
Destarte quem teve de derramar amargas lágrimas e engolir suas pretensões de infalibilidade sem sal e pimenta foi o Papa, que emitiu um firmam proibindo qualquer discussão a respeito da doutrina da graça e do molinismo.
Eis porque as obras teológicas a respeito da graça publicadas pelos membros e líderes da igreja romana parecem tão contraditórias, insípidas, tortuosos e reticentes.
Os molinistas no entanto ainda sustentam que a explicação deles é a única que satisfaz as exigências da Razão, o que em certo sentido corresponde a realidade na medida em que eles apresentam o velho semi-pelagianismo sob outras vestes ou colorações...

protestante: Nossa... e qual o veredito da palavra de Deus sobre questão tão controvertida?





Ortodoxo: A palavra DO DEUS VERDADEIRO, JESUS CRISTO afirma que foram os habitantes de da cidade de Jerusalem que repudiaram voluntariamente a mensagem divina merecendo por isto justa punição. Mt 23,38
Afirma também que ao ser guindado como a serpente no deserto Nosso Senhor Cristo chamaria a si TODOS OS SERES HUMANOS  e não um grupinho seleto de eleitos.
E afirma ainda - em diversas passagens - que Deus, sendo amor infinito e Pai misericordioso, não faz qualquer distinção ou acepção de pessoas. (A teoria da predestinação sendo seletivista e excludente sustenta o oposto, i é, que DEUS MESMO FABRICA RÉPROBOS E ELEITOS).
E AFIRMA ENFIM QUE ELE, DEUS, DESEJA QUE TODOS OS HOMENS CONVERTAM-SE PARA A VIDA ETERNA. II TM 2,4
protestante: Diante de textos tão claros como Calvino foi capaz de perseverar em tão falsa e perniciosa doutrina?
ortodoxoGraças ao princípio do livre exame segundo o qualquer individuo tem o direito de torcer e distorcer a palavra de Deus, de corrompe-la por completo e de converte-la numa capa capaz de cobrir seus próprios ensinamentos, seja a predestinação, o sono da alma, o arianismo, o sabatismo, etc 

Pelo livre exame a palavra de Deus é manobrada a ponto de declarar o contrário do que Deus desejava que ela declara-se, de aprovar o que Deus reprova e de suster o que ele condena... convertendo-se assim em pura e simples palavra de homem.

Tal a 'Bíblia' na boca dos protestantes na medida em que perde seu sentido e recebe outro... Destarte já não é palavra luminosa de Jesus Cristo, mas palavra tenebrosa de Martinho, João, Ulrico, Edir, Estevão, etc

Observe como Calvino comenta o texto acima:

"SÃO DUAS COISAS DIFERENTES: A VONTADE DE DEUS MANIFESTA; E SUA VONTADE OCULTA. O QUE ELE MOSTRA NA SUA PALAVRA, A BÍBLIA, E QUE DESEJA A SALVAÇÃO DE TODOS. O QUE, PORÉM, ELE QUE OCULTAMENTE, A SUA VONTADE QUE NÃO PODEIS PENETRAR, É QUE UNS SE SALVEM E OUTROS SE CONDENEM."
 in Loc

Protestante: Ao que parece ao invés de interpretar a palavra de Deus, Calvino pura e simplesmente contestava-a... Pois se admitia que "O que ele mostra na sua palavra, a bíblia, é que deseja a salvação de todos." e professava um ensinamento oposto a 'Bíblia' ou seja a palavra escrita de Deus, é porque no fim das contas não cria nela...
Ortodoxo: Livre examinismo é exatamente isto: Tomar a letra, isola-la de seu contexto - que é a chave do significado - alija-la de seu conteúdo (que é a mensagem que Deus desejou comunicar aos homens) e fazer dela uma letra morta ou seja uma palavra vazia e pronta para receber qualquer outro sentido ou conteúdo seja platônico, agostiniano, unitário, iconoclasta ou sabatista...
Feito isto, ou seja, destruido o conteúdo da letra sagrada, o protestante pode emprega-la com o sórdido objetivo de revestir seus próprios pensamentos e teorias, com a apostasia da igreja, o juízo investigativo, o solifideismo, etc
De modo que a origem de todas as seitas é o engenho humano e a vontade de ludibriar os parvos.
Introduzem suas opiniões em frases mortas e esvaziadas para vende-las como parte constituinte de nossa fé imaculada.
No entanto, se é recente, não pertence ao depósito que foi entregue uma única vez aos santos apóstolos em Jerusalém e Emaus.
protestante: De fato se e a outra vontade de Deus - a predestinação - é secreta ou oculta como Calvino pode chegar a conhece-la?
ortodoxo: Para respondermos a esta questão devemos analisar antes de tudo a ideia que Calvino fazia de si mesmo: "Dieu ma fait la grace de me declarer ce qui est bon et mauvais." Letres françaises, I, 389 a Aubeterre ...
Traduzindo: "DEUS ME CONCEDEU A GRAÇA DE CONHECER O BEM E O MAL."
É o que ele assegura revindicando para si mesmo uma infalibilidade ainda maior do que a revindicada pelo papa romano. Afinal Calvino fazia de seu ministério um continuo e ininterrupto Ex chatedra.
"... Não ignoro pois, apesar de minha indignidade, A POSIÇÃO A QUE DEUS ME ELEVOU EM SEU PROPÓSITO, ASSIM NÃO PODES QUEBRAR NOSSA AMIZADE SEM CAUSAR GRANDE MAL A IGREJA." Ep 145 a Melanchton
protestante: Penso que em afirmações proclamadas neste tom haja muito que se pensar.
Tornemos porém a predestinação.
Não seria o caso de estarmos diante duma doutrina de pouca ou nenhuma importância?







Ortodoxo: Neste caso como compreender o sem número de querelas e disputações travadas em torno dela a começar por Agostinho X Pelagio, Celestio e Julião de Eclanius;  Goteschalco X Hincmar de Reims; até chegarmos a Lutero X Erasmo (brilhante campeão do livre árbitro); Calvino X Pighius, Servet, Castellio, Curione; a de Gomarius X Arminius decidida em Dordth (Barnaveldth perdeu a cabeça por causa dela, enquanto Grotius foi encarcerado e Episcupius exilado); a dos tomistas X molinistas; a dos Jansenistas X Jesuitas; a de Wathfield X Wesley; etc Julgo que tais controvérsias sejam mais do que suficientes tendo em vista determinar a gravidade da questão.
Dificilmente qualquer um dos contraditores acima nomeados admitiria estar abordando uma doutrina neutra ou irrelevante face ao Evangelho.



Para o teologo reformado Turretini por exemplo, a predestinação constituia por assim dizer "O eixo cordenador da revelação Cristã e implicava na exaltação da Suprema Glória devida a Soberânia divina." o que de certo modo já havia sido antecipado por Calvino:

"DEUS ESCOLHE OS QUE QUER PARA SÍ, E, ANTES QUE NASÇAM, PÕE DE RESERVA A GRAÇA - percebam que Calvino é substancialista ou Flaciano - COM QUE DESEJA FAVORECE-LOS. NÃO É A SUA PREVISÃO DA NOSSA FUTURA SANTIDADE QUE DETERMINA ESSA ESCOLHA... A GRAÇA DE DEUS É GRATUITA E NÃO CONCEDIDA AOS QUE MERECEM LOUVORES, ELA DEIXARIA DE SER GRATUITA SE, ESCOLHENDO O SEU POVO, DEUS ATENDESSE A NATUREZA DAS OBRAS DE CADA UM... SÓ DEUS PODE OPERAR A CONVERSÃO DO HOMEM, POIS ESTE NEM SEQUER POSSUI A CAPACIDADE DE PENSAR NELA." Institutas III,22-2 e II, 3 -6

Pelo que foi incluso da cf Palatina:
"E a própria vontade não é somente mudada pelo Espírito, mas é também
equipado com poderes, de modo, que ela espontaneamente deseje o bem e seja capaz de
praticá-la."
 
iten IX

Ora o que por outro é movido denota incapacidade de mover-se por si mesmo, donde é convertido ao invés de converter-se ou ser auxiliado para tanto. Move deus o homem como uma pela de jogo de xadrez, uma marionete, um boneco, um pedregulho ou um pedaço de pau...




Eis porque quando o humanista Seb. Castellion objetou-lhe que ao destruir o livre arbitro Calvino destruia todo fundamento da vida moral, recebeu ordem para abandonar a cidade de Genebra no prazo de três dias... O mesmo sucedendo-se ao médico Jerônimo Bolsec por ter ousado afirmar que o Evangelho de Calvino apresentava Deus como autor do mal e do pecado...

O mesmos sentimentos eram acalentados pelo humanista Jacob Arminius, para quem a questão da liberdade humana era uma questão crucial, seu oponente Gomar era do mesmo parecer... quanto a graça e a soberania divinas...

protestante: Não sei o que pensar, estou confuso.
Ortodoxo: Então pare e pense: caso atribuamos a perdição dos seres humanos a vontade positiva de Deus, poderemos afirmar sinceramente que a natureza deste Ser correponde a natureza daquele Pai de amor e bondade revelado pelo Senhor Jesus Cristo nos Santos Evangelhos ou seremos levados a admitir que não passa dum Xeque ou sultão espiritual concebido pelos bárbaros semitas recém saidos das areias do deserto?













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