"O Verbo, o Espírito santo e a vontade do homem, não passiva mas lutando contra a enfermidade de que padece." formam o cristão. Tais suas palavras registradas na segunda edição dos 'Loci...' publicada em 1535...
Sem acolher abertamente a doutrina osiandrista, anunciou Johann Pfeffinger - colaborador de Melanchton nos 'Loci...' cerca de 1552 (três anos antes de publica-la) - a doutrina da 'Nova obediência' (e do arminianismo ou sinergismo post conversão) segundo a qual as obras eram frutos produzidos pelos redimidos, no caso, necessárias, ao menos enquanto produtos da salvação.
Esta teoria foi entusiasticamente acolhida pelos círculos osiandristas e melanchtoanianos, mas... IMPLICAVA NEGAR QUE HAVIA SALVAÇÃO SEM OBRAS (ou seja árvore sem frutos) e em retirar os ímpios e celerados toda e qualquer esperança. Seja como for mesmo Calvino achou por bem abraça-la e ainda hoje tem sido sustentada por diversos grupos em particular pelos adventistas. Daí estarem os protestantes divididos até hoje a respeito da salvação...
Na medida em que luteranos ortodoxos, anabatistas e pentecostais insistem em classifica-la como herética, sacrílega e blasfematória. Pois segundo dizem não passa dum 'sinergismo invertido e dissimulado, fabricado nos fornos do Vaticano pelo papa.'
Um dos primeiros a sustentar este ponto de vista foi Christophorus Irinaeus "Irinaeus com Spangemberg rejeitava as novas fórmulas que Melanchton e os seus quiseram dar a doutrina luterana encarando-a COMO UMA REAÇÃO PAPISTA DESTINADA A SOLAPAR OS FUNDAMENTOS DA IGREJA. A DOUTRINA SOBRE A NECESSIDADE DAS BOAS OBRAS E DA COLABORAÇÃO DA VONTADE HUMANA NA OBRA DA CONVERSÃO; BEM COMO A SUAVIZAÇÃO DA DOUTRINA DO PECADO ORIGINAL REPRESENTAM PARA ELE O TRIUNFO DA APOSTASIA CONTRA O QUAL ELE E SEUS AMIGOS LUTAVAM COMO O MESMO ZELO QUE LUTERO."
Pouco tempo depois Joachim Heller; matriculado entre os luteranos ortodoxos sobe ao púlpito de sua igreja e exclama:
"ESSE ESPÍRITO ANTI CRISTÃO - Heling, partidário da nova obediência - não cessa de repetir que as boas obras são necessárias a salvação e que aquele que as prática será salvo. ACHAIS POR BEM QUE ELE NOS DESAFIE COM SEMELHANTE LINGUAGEM. Haverá por aqui nestes tempos quem já esteja de acordo com ele???"
Pouco tempo depois Schelhamer registrava suas inquietações:
"A HORDA DOS FLACIANOS DESEJA QUE EU FORCE HELING E LECHNNER para que condenem PFEFFINGER E MAJOR; pois não podem suportar que alguém ouse afirmar contra eles a necessidade de boas obras; e esta razão é bastante simples: eles jamais fizeram uma única obra boa. HELLER ATÉ MESMO PRESO FOI, POR FREQUENTAR CASAS DE PROSTITUIÇÃO, CHEGANDO A FAZE-LO COM TODA SERIEDADE E ALEGANDO ESTAR PAUTADO NA PALAVRA MESMA DO EVANGELHO ONDE SE DIZ QUE AS PROSTITUTAS ENTRARÃO PRIMEIRAMENTE NO REINO, ENTÃO ELE GRITA E BERRA QUE VAI COM ELAS!!!" in Cod Manh 358 folha 321
A respeito do citado Major vociferava o terrível Amsdorf:
"O opinião de Major e Mening (deve-se ler Menius) segundo a qual as boas obras são necessárias a salvação é a mais perigosa e a mais ímpia de todas as heresias que jamais poluiram a face da terra."
No entanto até mesmo um 'Pomeranus' que havia escrito em seu Comentário aos Salmos: "Somente os fariseus hipócritas ousam questionar a justificação pela fé e recusam-se a contentar-se com a justiça de Jesus Cristo que é o puro e simples perdão dos pecados." agora proximava-se dos melanchtonianos, a ponto de um de seus púpilos Alberti, exclamar enfurecido:
"Pfeffinger de Leipzig, Mohr de Torgau e os de Misnia apostataram já e com ele meus venerandos mestres Pomeranus e Major, sem contarmos Agrícola o energúmeno da Marca... QUANDO EXAMINAMOS A DOUTRINA ENSINADA POR ELES PERCEBEMOS HORRORIZADOS QUE LONGE DE ESTRIBAR A JUSTIFICAÇÃO NA FÉ E NA ESPERANÇA POSTAS UNICAMENTE SOBRE OS MÉRITOS DE JESUS CRISTO, FAZEM-MA DEPENDER DE BOAS OBRAS..." in 'Ad primarium nostri temporis...' Magdeburgii 1551
Entrementes Menius redarguia: "Sim, fiz imprimir esta obra contra os fanaticos que dizem: ACREDITAI E FAZEI DE RESTO TUDO QUANTO DESEJAIS, TUDO QUANTO PODEIS FAZER DE MAU NADA É POIS A FÉ TEM O PODER DE APAGAR TODOS OS PECADOS DE MODO QUE AS BOAS OBRAS NÃO SÃO NEM NECESSÁRIAS NEM UTEIS A VIDA ETERNA." e juntava: Flacius e Matheus fossem de Werden ou de Amsdorf; Bispos ou barbeiros nem por isto deixariam de ser impostores.
(Entrementes Agricola e Schenk, gritavam aos quatro ventos: "VIVEI COMO DESEJAS, FAÇAI O QUE QUERES E MESMO ASSIM SERÁS SALVO PORQUE ISTO VEM DE DEUS.")
Respondeu-lhe Christopher Fisher nos seguintes termos:
"Não há proprosição mais idiota do que aquela segundo a qual JESUS CRISTO SATISFEZ APENAS UMA PARTE DOS PECADOS DOS HOMENS E QUE A NÓS, PECADORES, CUMPRE SATISFAZER A OUTRA PARTE."
Outro, dentre os pioneiros, que não receou em falsear a doutrina de Lutero foi o ja citado Brenz "o qual afirmou - na consultação recomendada pelo próprio Moerlin - que a doutrina de Osiander era idêntica a de Lutero, embora aquele tivesse se servido de algumas 'expressões' insólitas ao formula-lo."
Este foi o motivo pelo qual os de Koenisberg justificaram-se, alegando que "Aquela peste devastadora (Brenz) ao invés de ter permanecido fiel aos antigos princípios ousou contradizer a fé da igreja inteira."
Tendo o mesmo Brenz sustentado diante de Moerlin e Sarcerius que caso Osiander fosse condenado 'Jamais haveria entendimento ou unidade entre eles' foi denunciado e anatematizado juntamente com os papistas, sacramentarios e anabatistas como 'Osiandrista que professa opiniões heréticas sobre a justificação..." Moerlin et Stoessel
Antes porém Moerlin é que fora corrido da Prússia pelo Duque por ter se recusado a endossar os seis artigos enviados de Wittemberg pelo próprio Brenz
Os melanchtonianos no entanto sairam em sua defesa... pois no dizer de Flacius "Brenz e Melanchton havia feito um pacto secreto com o intuito de destruir a fé luterana, jurando aquele tolerar as opiniões deste a respeito da Eucaristia e este tolerar a opinião daquele sobre a salvação (osiandrismo)."
Sabemos no entanto que Brenz preparou uma profissão de fé ubiquitaria, a qual, de acordo com Melanchton era "Não menos oposta a verdade do que a doutrina papista." in Conf Wittembergensii
A este tempo no entanto Melanchton guardava prudente silêncio...
Em que pese ser continuamente atacado pelos membros do partido 'ortodoxo'.
Pois na edição da Confissão de Augsburgo publicada em 1540 sustentara já que as obras eram frutos da fé, insinuando, destarte a necessidade das mesmas serem postas em prática pelos verdadeiros crentes internamente regenerados.
Segundo lemos em Praetorius; Muskulus teria se referido a Melanchton como a "um teólogo filosofante, escritor insipido e patriarca de todas as heresias que assolam esta nossa igreja..." acrescenta o mesmo Praetorius no entanto que, antes; quando Melanchton ainda estava bem de saúde; o mesmo Muskulus era um de seus mais devotados aduladores, que vivia a reverencia-lo com palavras humildes e aclamações...
"No sínodo de Herzberg todavia propôs que os ossos de Melanchton fossem exumados e queimados juntamente com todos os seus escritos." Ep de Franzius a Schaller- 1578 in 'Riederer nachrichten zur kirchen.' I, 366
Ainda conforme o mesmo escritor, Muskulus "Ensina que a observância da lei moral pertence exclusivamente ao poder civil e não a esfera da religião, e que aqueles que sustentam haver qualquer LEI DE JESUS CRISTO NÃO PASSAM DE PERVERTIDOS E CONDENADOS.". Convem no entanto o Dr Praetorius que "AS TEORIAS DE W MUSKULUS ENCONTRAM-SE EM DIVERSAS PASSAGENS DE LUTERO."
Eber também lamentava amargamente que "Muskulus TEIME EM APRESENTAR LUTERO COMO ANTINOMIASTA." in 'Jac Milichii Vita' por Menius, Wittemberg 1562 tomo V
De sua própria parte conhecemos as seguintes palavras: "São uns perdidos aqueles que ensinam que a nova obediência é necessária. ESTA DOUTRINA NÃO É APENAS FALSA, É VERDADEIRA HERESIA DIABÓLICA." Muskulus
Moerlin não era menos enfático: "Vocês apostataram da doce e amável doutrina da imputação que tanto consolo trás a nossas almas e ignoram que a obra expiratória de Jesus Cristo e a Justificação sejam uma só e mesma coisa." Moerlin 1554
Desde então e até o fim de sua vida Heshusius começou a denunciar Melanchton, Major e Eber como filhos do inferno em cada um de seus sermões. Posteriormente o mesmo Heshusius asseverou que Heling, Praetorius e Chytraeus "Haviam apostatado da pura doutrina luterana por terem inserido na 'Pedagogia' uma defesa do sinergismo."
"Heling tem uma ideia bastante grosseira a respeito da conversão de Paulo, extraída certamente das pestilenciosas obras de Major. Praetorius admite a ímpia doutrina da penitência e assevera existir uma lei de Jesus Cristo e Chytraeus que é um sinergista confesso e renitente não passa dum fantoche nas mãos do Demônio." in Nicholovius wurde in Preussen 219
Chytraeus a seu tempo replicou:
"QUE IMENSO DANO CAUSAM A IGREJA ESSES LIDERES PERVERSOS QUE ANUNCIAM UMA FÉ SEM PENITÊNCIA E UM EVANGELHO SEM LEI, O QUE FORA JA DENUNCIADO POR URBANO REGIUS NOS PRIMÓRDIOS DE NOSSA REFORMAÇÃO." in Opera D Chytraeus orat studio Theolog p 39
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