B) LXXXIX - A Igreja antiga e a inspiração plenária

Como já tivemos ocasião de assinalar jamais a igreja antiga conheceu este exótico dogma da Inspiração plenária ou a doutrina da Bíblia toda como dogma de fé.

Pois se cada parte ou palavra de Bíblia foi de fato Revelada por Deus e abençoada com a qualidade de inerrância segue-se muito naturalmente que cada uma dessas partes ou palavras constituem dogmas.

Assim como já foi dito: CADA VERSÍCULO UM DOGMA!!! Milhares de versículos milhares de dogmas...

No entanto a Igreja antiga por meio do símbolo de fé e da Idjima decretou apenas meia centena de dogmas...

Ao invés de impor a Bíblia toda, de capa a capa, como símbolo de fé a seus filhos...

Querendo significar com isto que jamais endossou a tese segundo a qual cada versículo teria sido revelado por Deus. Pois neste caso compor um símbolo de fé com meia centena de artigos equivaleria a fazer seleção; e consequentemente, repudiar a maior parte dos dogmas/versículos...

O que equivale a prevaricar; uma ver que tudo quanto Deus quis revelar aos seres humanos deve ser considerado como relevante.

No caso se a Bíblia toda ou todos os versículos da Bíblia constituem dogmas de fé revelados por Deus prevaricou a Igreja ao oferecer-nos um símbolo com meia centena de dogmas.

Pois mutilou a divina Revelação...

No entanto como poderia a Igreja propor a Bíblia como dogma se o sentido ou a interpretação de cada versículo é duvidoso???

Simples. Fixando o sentido - literal ou alegórico - de cada versículo.

Seria demasiado trabalhoso?

Nada... duas ou três gerações de papas (no caso da Igreja romana) ou dois ou três concílios ecumênicos (no caso da Igreja Ortodoxa) ou duas ou três conferência teológicas (no caso da Igreja Anglicana) e o serviço tava feito.

Assim caso a Igreja Antiga tivesse percebido esta necessidade; resultante da teoria plenária de inspiração, teria sido capaz de satisfaze-la ao cabo de algumas décadas ou gerações.

Apesar disto a Igreja jamais preocupou-se - como faz observar Moehler - em classificar versículos bíblicos declarando-os literais ou alegóricos pelo simples fato de que a doutrina proposta por ela nem foi extraída do testamento antigo; nem é posterior a composição do Novo, antes é posterior ao primeiro e anterior ao segundo.

Antes propôs aos filhos de Deus e membros de Jesus Cristo um símbolo de fé bastante sumário em comparação com a totalidade da Bíblia.

E por que procedeu assim? Porque jamais incorporou a doutrina farisaica e rabínica da inspiração plenária.

Do contrário teria sido infiel sacrificando parte da Verdade. 

E no entanto esta Igreja apresentou aos povos não a Bíblia inteira ou um credo quilométrico mas como já foi dito um símbolo de fé até certo ponto 'humilde'...

De tudo quanto foi dito podemos concluir que a Igreja jamais endossou oficialmente a doutrina da inspiração plenária e linear.