Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Cap XV - A controvérsia predestinacionista no seio do Luteranismo, do Calvinismo e do anabatismo...






NESTE ARTIGO O LEITOR AMIGO ENCONTRARÁ OS SEGUINTES TEMAS OU ASSUNTOS:
  1. A Controvérsia a respeito da predestinação entre os luteranos.
  2. A infidelidade de Melanchton.
  3. Lutero vindicado por Flacius, Amsdorf e Spangenberg
  4. Partidos em luta.
  5. Formula de concórdia: a construção de um luteranismo híbrido
  6. A controvérsia a respeito da predestinação entre os suiços
  7. O parecer de Zwinglio
  8. O parecer de Oecolampadius
  9. O parecer de Bullinger e seus companheiros
  10. Os inimigos de Calvino
  11. As esperanças de Calvino
  12. O significado do consenso tigurinus
  13. As discussões se arrastam.
  14. A controvérsia da predestinação entre os anabatistas e sectários.
  15. Considerações finais.










"Meu coração há de ter um Senhor! Quem sera o Senhor do meu coração? Quem poderá resistir aos ataques do Diabo e aos apelos da carne? NÃO PODEMOS NOS ABSTER DE PECAR POR UMA MÍSERA HORA POIS COMO DECLARA A ESCRITURA SOMOS ESCRAVOS E PRISIONEIROS DO DEMÔNIO E CONSTRANGIDOS A EXECUTAR TUDO QUANTO ELE DECRETA." Lutero in Walch XVI,118


ean oun o uioV umaV eleuqerwsh ontwV eleuqeroi esesqe
ASSIM SE O FILHO VOS LIBERTAR SOIS COMPLETAMENTE LIVRES. Jo 8,36 JESUS DE NAZARÉ!!!


Tal o Qadar islâmico, tal o destino, tal o fatalismo de Wicliff, de Lutero...

Pois esse mesmo Lutero que hoje é apontado nos livros 'didáticos',, brochuras, folhetos, panfletos, apologias, etc como paladino das liberdades modernas (Erro capital em matéria de História) foi na verdade dos mais destacados adversários da doutrina da liberdade ou livre arbítrio metafísico e advogado comprometido do totalitarismo absolutista que acreditava remontar ao apóstolo Paulo, seu deus.

Assim, acham-se cabalmente equivocados aqueles que nada veem na vocação totalitária da Alemanha nazista além dua estranha coincidência ao invés de enxerga-la como um resíduo cultural transmitido pelo luteranismo uma vez que o processo histórico não envolve coincidências. Assim a Alemanha foi iniciada nos arcanos do fatalismo divino e consequentemente nos arcanos do conformismo, do legitimismo e da servidão pelo magnífico 'reformador'...

Nem é preciso dizer - e repetir a exaustão - que sendo monge agostiniano Lutero partiu da teologia agostiniana ou africana até chegar ao qadarita Wicliff em cujas obras muito bebeu... De fato Agostinho encontra-se nas fontes de ambos embora deva-se reconhecer que ele jamais tenha chegado a professar a doutrina do qadar ou dos decretos divinos (ou da ação direta de deus) e insistido até o fim na reativação da liberdade dos eleitos para a cooperação com a graça. 

No entanto como ensinará que a condição de eleito ou réprobo é pré determinada por deus e que os réprobos são abandonados a sua condição calamitosa justamente porque suas liberdades não são reativadas e eles não podem pensar, querer e fazer senão o mal; seus continuadores, a partir de Wicliff chegaram a um fatalismo pleno segundo o qual os eleitos também não passam de ginetes do senhor... sendo comandados ativamente por ele.

Grosso modo Lutero, Calvino, Turretini, etc nada fizeram além de assumir e reproduzir as conclusões a que chegará Wicliff arrematando o edifício construído por Agostinho e atingindo o fatalismo crasso segundo o qual todos os homens, sejam eleitos ou réprobos, assemelhar-se-iam a pedaços de pedra ou a pranchas de madeira... diretamente usados, controlados ou comandados - Como marionetes - por um poder maior. 

Há inclusive quem vá mais além e sustente que Lutero tenha transportado o totalitarismo político para o plano religioso com o intuito de cimentar o poder dos príncipes outorgando-lhe um sentido sagrado ou canonizando-o. 

Se é certo que deus tudo pode no plano espiritual, o príncipe - enquanto manifestação, ministro ou vigário seu - tudo poderia no plano temporal. Assim o potentado temporal estabelecendo as regras da justiça segundo os caprichos de sua vontade assemelhar-se-ia aquele deus que é sempre justo pelo simples fato de ser todo poderoso...

O padrão de Lutero é puramente teutônico, bárbaro, 'medieval' (sic), numa palavra Odinista; mas o substrato ideológico remonta ao noroeste da África e a Inglaterra... Eis porque as sólidas considerações de Platão em torno de uma justiça objetiva e imutável escandalizam-no e ele opta preferencialmente pelo caráter instável do deus dos antigos hebreus...

De fato o deus de Lutero e Calvino é plenamente desregrado enquanto não constitui regra estável e invariável para si mesmo, ficando sua vontade sempre inconstante e arbitrária, para que possa ser todo poderoso. E até hoje os fundamentalistas sustem que deus para ser de fato todo poderoso DEVE ESTAR ACIMA DO BEM E DO MAL...

Enquanto nós sustentamos a existência de um Deus ético cujo poder é limitado por uma vontade imutavelmente fixada no bem e na virtude; assim no amor, na justiça, na veracidade, na fidelidade e não hesitamos afirmar que 'Deus jamais poderia amar o mal e odiar o bem' e que isto 'Lhe seria impossível'.
Não que lhe fosse impossível fazer ou executar o mal caso o desejasse.

O que nós afirmamos não é que lhe faltem forças para fazer o mal, e sim que não pode QUERER o mal.

Assim o que negamos não é a onipotência divina, E SIM QUE SEJA DEUS LIVRE PARA DESEJAR O MAL.

De fato o que sustentamos é que Deus não tenha liberdade para querer o mal, uma vez que sua vontade esta eternamente fixada no bem que é a perfeição.

Sendo Deus infinitamente perfeito só pode aspirar pelo que é mais excelente, assim pelo bem e jamais pelo mal.

Pois sua vontade não conhece oscilação.

É o que deduzimos por via racional e é confirmado pela divina Escritura: "Não é Deus o autor do mal." e Deus é luz e nele não há treva alguma!

Eles no entanto, tiveram de chegar o fundo do posso, até a negação de nossa capacidade cognitiva. Pelo que indagam a guiza de desculpa:

Quem é o homem para saber ou definir qualquer coisa???

Teve assim o protestantismo, com sua teologia maniqueísta, de chegar ao fundo - digo aos resíduos - do cálice...

E com que felicidade os continuadores de Manes descrevem a 'Imago Dei' posterior a manifestação do pecado como verme, cuspe, merda ou coisa parecida...  

Lutero não escolheria melhores ou mais adequadas palavras para poder exprimir deu pessimismo já patológico, já teológico.

Basta dizer  - e já o dissemos - que nosso homem compôs um alentado volume sobre intitulado 'Arbítrio escravo'. Isto no auge da desgastante polêmica com Mestre Erasmo, a única dentre as quais o obstinado saxão não quis ou não pode dar a última palavra... Dando-se por refutado.

Desde então nem é preciso dizer o quanto passou a odiar ou melhor execrar o antes 'amado' Erasmo, e ataca-lo até o fim de deus dias. Insultando-o e amaldiçoando-o mesmo depois de morto inclusive. Afinal se 'Leão morto é leão morto' para Lutero, Erasmo não passava dum percevejo fedorento fulminado pela cólera de deus... Enfim no supremo patriarca do ateísmo. Pois Lutero chegava a associar a afirmação do livre arbítrio humano com a negação da existência de Deus (!!!).

Mas... oh coisa esquisita. Este 'patriarca odiado do ateismo' ao contrário do Dr Dawkins, de San Harris, de Christopher Hitchens etc combate Lutero não com argumentos tomados a Demócrito ou Epicuro mas com citações tomadas a Irineu ou Jerônimo i é recorrendo aos padres e doutores da igreja. De cujas opiniões Lutero se ri, imitando a Manes por sinal...

Erasmo muito pelo contrário, costumava a referir-se ao discípulo de Policarpo, o mártir; como a "Meu querido Irineu." Uma vez que os ensinamentos de Irineu, por via de Policarpo, reportavam-se ao apóstolo João, aquele mesmo que inclinara sua fronte ao peito do Senhor. 

Tudo isto me faz lembrar os estudo de Karl Rahner em torno da questão, estudos em que reconhece francamente partir Irineu, como todos os padres gregos da GRAÇA INCRIADA ou seja da posse de Deus, para a GRAÇA CRIADA ou produzida, isto é a correção da natureza fragilizada; admitindo igualmente que Agostinho foi responsável pela inversão teológica subsequente.

Eis porque Jerônimo, dentre tantos outros padres latinos (Ambrósio igualmente) permanece fiel ao padrão antigo podendo ser vantajosamente cotejado pelo mesmo Erasmo.

Lutero no entanto, entre impropérios, maldições e ameaças, a respeito das quais muito se ria o bom Erasmo; alega ter a seu lado o maior de todos os padres antigos (Agostinho), o qual - MESMO SEM CONHECER MUITO BEM O GREGO - era o mais fiel porta voz do Apóstolo Paulo (!!!)... quanto a Jerônimo pouco faltava a Lutero para descreve-lo como verdadeiro ateu, asseverando porém que duvidava seriamente quanto a salvação da alma do dito padre poliglota...

Para o azar de Lutero Erasmo 'não largava mais a preza' as coisas azedavam e davam com a chicana, isto a ponto de certo número de intelectuais relacionados com a renascença e o humanismo, haver passado novamente as fileiras de Roma, que tornavam a engrossar, alimentadas pelas luterânicas filípicas a respeito do livre arbítrio... sempre temperadas com palavrões e anátemas...

Acontece que o próprio Melanchton não só estimava o filósofo como propendia a doutrina do livre arbitrio, ou, ao menos, a um agostinianismo mitigado, como diríamos hoje arminiano ou tridentino. Apaziguou Melanchton a fúria de seu mestre e este depôs a pena, jurando não mais abordar tão delicada questão, o que alias cumpriu...

Repetia no entanto, em alto e bom som, que não retratava e que o 'Arbítrio escravo' era sua obra do coração, isto é predileta...

Destarte ousou Melanchton expressar-se nos seguintes termos na Confissão de Augsburgo XVIII:

"Concedemos que todos os homens gozam de certa vontade livre, livre, na medida em que exercem o juízo da razão; todavia não é capaz de sem Deus, começar, ou, ao menos, completar alguma coisa das que dizem respeito a vida eterna."

Passados mais de cem anos após o tempo em que tais palavras foram escritas Gehard e Calovius - na esteira de Chemnitz, Andraeas, Chytraeus e Selnekker - conferiram-lhes o status de Ortodoxia entre os luteranos, repudiando a doutrina da graça irresistível  (Com o tenebroso corolário da predestinação) e estendendo as mãos a Arminio. Foi no entanto um percurso terrível e por assim dizer verdadeiro campo de batalha espiritual como haveremos de ver nas próximas linhas.

Baixava Lutero a fria tumba indo ter com as sombras dos padres e principiava a controvérsia da nova obediência a respeito da necessidade das obras; quando Melanchton, sem ponderar suficientemente, abriu a boca para afirmar que Lutero havia se retratado a respeito da doutrina da predestinação e do livre arbítrio.

Levantou a luva Amsdorf e solicitou que Melanchton apresentasse uma declaração formal assinada por Lutero em que constasse tal retratação.

E como Melanchton não pode apresenta-la, porque não existia nem existe, passou por falsário...

Desde então cindiram-se os luteranos em mais um partido: Monergistas e predestinacionistas (de acordo com Agostinho e Calvino); os quais chefiados por Amsdorf, Flacius, Spangenberg, etc apresentavam-se como os únicos e verdadeiros luteranos, fiéis ao pensamento do Mestre & Sinergistas ou Melanchtonianos os quais sustentavam uma graça geral e condicional como os padres de Trento, Arminio e Wesley, dando por certo que uma certa graça preveniente restaurava a liberdade tendo em vista a decisão dos homens face a oferta do Evangelho.

Eis como o próprio Flacius descortina a fé do partido rival:

"No que tange a vontade humana, eles sustentam; para agradar o papa; que o homem não regenerado pode cooperar em sua conversão e que este é 'principalmente' mas não somente, justificado pela fé..."

Logo após ter arguido Melanchton e insinuado que este estava mentindo, proferiu o já citado Amsdorf estas esclarecedoras palavras:

"Contra a ultra sacrílega e ultra perdida seita de Leipzig - assim trata a Pfeffinger e aos melanchtonianos - SUSTENTO COMO DIVINO LUTERO QUE DEUS MESMO DIRIGE O HOMEM COMO UMA PEDRA OU UM CARRO DE BOIS... E ASSIM ME OPONHO AO NOVO PAPISMO QUE DESEJA RESTABELECER A FALSA DOUTRINA DA COLABORAÇÃO DA VONTADE HUMANA COM A GRAÇA DIVINA NA OBRA DA CONVERSÃO E DA SANTIFICAÇÃO DO HOMEM." 

Não podendo mais manter-se calado Melanchton rebateu:

"Quereis conhecer quem é este Amsdorf lede o escrito que compôs contra o grande Erasmo e NO QUAL ESPALHA TREVAS E EXCRETA BILIS EM CADA PÁGINA."

Flacius e os seus no entanto continuavam a sustentar que: 

"O homem se comporta em sua obra de conversão como uma pedra ou como um carro de bois..." e noutro passo: "Assemelha-se a a mulher de Lot ou seja a uma estátua de sal..."

Striegel por ousar discordar dele mereceu ser alistado entre os heréticos e, como tal, perseguido...

Houve porém braço forte que lhe valesse e o reintegrasse a suas funções:

"O homem sedutor -Striegel - foi já reintegrado em suas funções na alta escola a fim de que, como lobo devorador que é possa exercer suas investidas contra a grei do Senhor... POIS ELE OUSA SUSTER A DOUTRINA PAPISTA E PELAGIANA DA VONTADE LIVRE, QUE TEM PODER E FORÇA PARA COOPERAR COM A GRAÇA  E ATÉ MESMO PARA REQUERE-LA." tais as palavras de Flacius...

Ao que replicou Striegel: "Ilírico possui um decreto a favor de Ilírico."... eis porque não pode ser um bom decreto.

Durrfeld que também era jurista e como tal infenso ao predestinacionismo foi apartado da ceia por ter ensinado a seus alunos "A falsa doutrina do livre arbítrio."

Desta vez foi o próprio Duque, juntamente com o conselho de ministros e o senado que decretaram a anulação da excomunhão de Durrfeld. Quando o pastor, pupilo de Flacius, recebeu esta notícia recusou-se a obedecer, apelando ao 'poder das chaves' o duque no entanto sequer abalou-se, antes fez dedignar o teimoso pastor, que pouco depois tombou fulminado por uma síncope.

Diante disto Flacius, como seu amado mestre, Lutero, protestou, murmurou, acusou, ameaçou e insultou...

"Caluniador, herético, inimigo dos filhos de Deus, palhaço, ministro da discórdia e pai da mentira." responderam-lhe os juristas e os filipistas. (Cod Lat 941 fl 187)

Os insultos eram tantos e tão insidiosos que Pouchenius chegou a dizer que "Quando eles desejam acabar com a boa fama de um homem classificam-no como flaciano." 

Segundo Mayendorf "O Diabo atacava assim o nome de Flacius, fazendo dele um objeto de escárnio, com o intuito de diminuir o zelo dos santos pela verdade do Evangelho." in Ep a Chemnitz

Enquanto os insultos e vitupérios corriam de um extremo a outro, achincalhando a dita reformação e assemelhando-a a uma cortiço ou casa de pensão - um cronista fez registrar estas eloquentes palavras:

"Mas eles não podiam combate-lo - A Flacius - DE BOA FÉ SEM RECONHECER QUE ESTAVAM A COMBATER O PAI E CHEFE DA REFORMA OU SEJA O PRÓPRIO DOUTOR LUTERO..."

Stiefel asseverava igualmente que "Deus mesmo enviou este homem com o intuito de condenar nosso relachamento; eu não conheço um só homem que mais do que o Ilírico tenha sabido mostrar-se digno de sua missão e digo e declaro que deveria ser tido em conta de enviado do céu. ASSIM POSSO DIZER DIANTE DE DEUS: MEUS OLHOS CONTEMPLAM O SUCESSOR DE LUTERO; QUE DIGO, EIS QUE VEJO LUTERO MESMO."

Lasius porém, sendo doutro parecer, assim descrevia os flacianos ou luteranos fiéis:

"As paixões carnais já não encontram obstáculo algum e os maus desígnios já não são contidos, a iniquidade vai seguindo seu livre curso e o homem continua assim até morrer, esperando que Deus o toque e converta segundo sua vontade.
E executando esta caricatura de penitência ele pode assistir normalmente a pregação e aproximar-se dos sacramentos como se fosse um homem honesto; e com o ser todo imundo e grosseiros toma da refeição divina...
 ASSIM É SATANÁS QUEM PELEJA POR ESTA DOUTRINA COM O INTUITO DE DESTRUIR TODAS AS LEIS DIVINAS TORNANDO-NOS PRESUNÇOSOS E IMPENITENTES.
ENQUANTO DEUS NÃO SE DECIDE A OPERAR A CONVERSÃO DO CORAÇÃO O HOMEM NADA PODE FAZER A NÃO SER VIVER DESBRAGADA E PERFIDAMENTE NA AVAREZA, NA INVEJA, NO DEBOCHE... ILUDIDO POR ESTE DISCURSO POMPOSO QUE LHE TRÁS UMA CONSOLAÇÃO QUE É ABSOLUTAMENTE FALSA E ARTIFICIAL...
O Demônio faz com que esses cães sarnentos emitam contra nós uma excomunhão mil vezes mais odiosa do que a emitida pelo Papa pois açulam o vulgo contra nós e dizem ao povo para não trazer seus filhos para serem batizados a menos que recebamos a doutrina professada por eles como a única verdadeira e fiel...
Eles vivem a perseguir e molestar toda gente piedosa e leal sob o pretexto de zelar pela reformação da igreja; quando na verdade assolam-na com tantas excomunhões e banimentos dirigidos contra tantos quantos ousam discordar deles." in Fundament Wahrer; Francfort 1568  5.8 Fls 18 sgs

Enquanto isto, Spangenberg, do lado oposto, contra atacava:

"Os filósofos e juristas, inspirados pelas obras políticas dos mestres aristotélicos e temores puramente carnais, FIZERAM PERDER A VERDADEIRA DOUTRINA DO PECADO DO PECADO ORIGINAL ENSINADA POR LUTERO... Assim, estes sábios, que passam por discípulos de Lutero não fazem qualquer caso da magnifica obra composta por este homem divino e intitulada 'Arbítrio escravo' e ousam suster publicamente que "LUTERO COMPÔS TAL OBRA SOB A INSPIRAÇÃO DE SENTIMENTOS PURAMENTE PASSIONAIS, A FIM DE MOSTRAR A ERASMO QUE ERA MAIS SÁBIO DO QUE ELE." 
Nada mais deplorável do que ver a verdadeira doutrina cair em descrédito devido a ação daqueles que se blasonam de ser seus mais fiéis representantes e continuadores do próprio Lutero...
Assim se confirma a predição de Lutero a respeito das dificuldades que sua morte haveria de trazer a Alemanha e de QUE IGREJA ALGUMA MANTERIA A SÃ DOUTRINA, o que não esta longe de se cumprir.
DE MINHA PARTE PREFIRO SER PARTIDO EM MIL PEDAÇOS DO QUE RENUNCIAR A VERDADEIRA DOUTRINA PERTINENTE A VONTADE E O PECADO." 

Tal o parecer de Mathieu Rutze - in Ep a Simon Pauli - :

"Preferiria ser precipitado pelo Diabo no fogo do inferno do que deixar de anunciar a verdade a respeito do pecado original."

Wolfgang Muskulus que era do mesmo parecer publicou uma obra intitulada "A necessidade estóica" em que susteve igualmente a doutrina luterânica da escravidão da vontade. É curioso que também Calvino, antes de ter abraçado a heresia protestante, tenha se arvorado em comentador de Sêneca... havendo quem assevere ter bebido ele, nos escritos do filósofo romano o venenoso determinismo professado pelos antigos estóicos. Uma coisa porém parece certa, é que o contato de Calvino com a teoria fatalista dos estóicos deve te-lo predisposto a receber a teologia predestinacionista de Agostinho, Wicleff e Lutero...

O já citado Durrfeld no entanto fora acusado por Flacius por ter sustentado que haviam muitas coisas boas nos escritos do filósofo romano...

Do mesmo modo Jean Wirth - Pandocheus - clamou contra os neo luteranos que haviam abandonado a verdadeira doutrina a respeito da vontade e da predestinação...

"Tu é que não passas dum vil calvinista!" redarguiram os do partido oposto... acrescentando:

"A predestinação divina tira ao homem a liberdade na medida em que tudo atribui aos decretos divinos... isto que dizer não só as obras mas até mesmo os pensamentos, mais intimos... nem mesmo pensamentos o homem possui que sejam propriamente seus..."

Amsdorf e Flacius replicaram com um único período:

"A LIBERDADE É UM DOGMA SUJO INTRODUZIDO NO CRISTIANISMO PELOS FILÓSOFOS." Lutero 'Corp Ref XXI,86

Naturalmente que entre os extremistas havia também um grosso partido de indecisos ou confusos a exemplo de Hieronimus Weller o qual jamais logrou fixar suas crenças a respeito da liberdade, ora afirmando-a ora repudiando-a, ano após ano... E privara da intimidade do próprio Lutero!!!

Outros como Striegel que quanto a vontade discordava dos Luteranos Ortodoxos e dos calvinistas e que quanto a eucaristia propendiam a explicação de Calvino, ficaram nos ares como a sogra de Pedro e foram atacados e perseguidos pelos dois grupos...

Assim, enxotado das Alemanhas pelo Dr Andraeas com um "Que a maldição divina te esmague." e apresentado como um javali solto na vinha do Senhor; passou o infeliz jurista ao Palatinado, já dominado pelos calvinistas, de cuja teoria a respeito da eucaristia partilhava; e como tal foi feito professor em Heidelberg; quando no entanto ousou falar a respeito da livre vontade e a criticar as 'Institutas' entrou em choque com os radicais do partido, vindo sua situação a tornar-se crítica na medida em que sua opinião a respeito da ceia era já sabida dos luteranos, os quais, consequentemente, encaravam-no como um apóstata...

Foi quando Olevian "Com voz de tirano e não de apóstolo." (Jetzler) convocou-o a declinar de suas opiniões e a abraçar a verdade...

"Teólogos, assim eu espero abandonar este mundo de trevas, escapando a vossa malignidade e brutalidade; não passais de falsos servidores de Deus." - Otto Von Victor Striegel Vita p 25 por Math Wesenbeck, Wittenberg 1570 - foi uma das últimas declarações emitidas pelo grande homem que "Premido por Luteranos e Calvinistas rendeu sua alma pleno de angústia e desesperação." 

"De tristeza e angústia morreu ele (Striegel)  - declara seu amigo Wesenbeck - devido a incompreensão e intolerância dos nossos... pois tendo discordado dos luteranos e dos calvinistas quanto a eucaristia e a vontade, foi implacavelmente perseguido pelos dois lados como um cão sarnento."

O mesmo Wesenbeck descreve os flacianos nos seguintes termos:

"Eles desejam excluir da ceia um imenso número de pessoas, chegaram a ameaçar meu jardineiro com uma vara de marmelo e disseram que seria excomungado.
Eles gritam a todo instante: Igreja, Igreja, Igreja; doutrina, doutrina e verdade... no entanto o que querem na verdade é exercer dominação e por seu jugo sobre os demais; EMBORA ELES MESMOS VIVAM COMO ÍMPIOS E SIBARITAS.
É FÁCIL VER POR SEUS ESCRITOS E SUA CONDUTA QUE NELES NÃO HÁ UMA ÚNICA FIBRA DO SER QUE NÃO SEJA PLENAMENTE MÁ."

O que é confirmado pelo depoimento de Ritter:

"O Duque acusou Flacius de desejar estabelecer uma nova inquisição muito pior que a espanhola e um novo papado em seu próprio benefício; assim ele parece imaginar, a semelhança de Wigand, que a igreja sustida por si e por seus companheiros." Salig III, 586 cog Germ 1318 fl 129

De fato Filmmer de Strasbourg admitia sem maiores problemas que a igreja de Lutero estava reduzida "A um só homem, Flacius, e sua família." 

Claro que no fundo no fundo toda esta questão pertinente a vontade humana não era mais do que a ponta do Iceberg representado pela doutrina agostiniana da depravação total...  

Fielmente reproduzida pelo ex monge (agostiniano) Lutero e por ele guindada a categoria de dogma sacrossanto em torno do qual orbitavam por assim dizer todos os outros...

Em que pese a ênfase com que ensinou a doutrina e a ferocidade com que disputou com Erasmo, Lutero, cuja mentalidade ainda era bastante medieval, não ousou forjar um novo vocabulário que exprimisse perfeitamente sua 'fé'... Ensinou que o homem não passava dum verme imundo ou dum pedaço de merda, que era um eterno derrotado, que nada havia nele de digno e bom, que sua natureza havia sido completamente transformada pelo poder do pecado, que seu próprio ser não passava de pecado... mas não 'ipsa verba'.

É necessário ler o conjunto das lucubrações compostas por Lutero, para convencer-se de que para ele a relação: homem = pecado equivale de fato e uma equação...

Coube a Flacius - explicitar ad verba o pensamento de Lutero, asseverando que após o pecado original a substância mesma do homem convertera-se em pecado. E FOI ESTA PALAVRINHA 'SUBSTÂNCIA' QUE CONVERTEU A QUERELA EM BATALHA OU GUERRA...

Wigand, Heshusius e Andraeas - que não podem ser classificados como moderados - condenaram como ímpia a doutrina de Flacius e pediram a Marbach que fosse expulso de Strasbourg. Já o princípe de Anhalt afastara-o de suas terras, enquanto Osiandro vedara sua entrada da Prússia...

Pffefinger e os seus - com as bençãos do agonizante Melanchton - opuseram o termo 'Acidente' em oposição a 'substância' e desde então, os oponentes passaram a ser conhecidos por acidentalistas e substancialistas.


"Andraeas mesmo veio a Strasbourg debater com Flacius e exigir que este se retrata-se... Flacius prometeu renunciar ao termo substância, recusou-se no entanto, obstinadamente a reconhecer o uso do termo acidente. DESDE ENTÃO FOI TIDO PELOS LUTERANOS MODERADOS COMO MANIQUEU... ACOSSADO FLACIUS ENVIOU A MARBACH UM PANFLETO INTITULADO 'O ANJO DAS TREVAS' EM QUE DESCREVIA SEUS ADVERSÁRIOS - PFEFFINGER, WIGAND, HESHUSIUS E ANDRAEAS - COMO DEFENSORES DE UMA 'ABOMINAÇÃO PAPISTA SEMPRE COMBATIDA POR NOSSO EVANGÉLICO REFORMADOR.'"

Diante de 'tamanha insolência' Andraeas, azedo, replicou:
"No tempo dos papistas havia um só Diabo no corpo da Igreja OS FLACIANOS TROUXERAM OUTROS SETE." 

Sendo completado do Stammichius: "Sim, de fato os flacianos estão possuidos pelos piores demônios maniqueistas..." 

Eis como se exprime o cronista:

"Destarte até mesmo aqueles que haviam sentido que suas palavras haviam sido ditadas pelo 'ardor da polêmica' não puderam mais por em dúvida o real significado de seus ensinamentos; e fixou-se a divisão entre acidentalistas e substancialistas. A maior parte deles continuou a crer que tudo quanto havia de bom e digno no homem fora destruido pelo pecado, asseverando porém que a doutrina de Flacius a respeito da conversão do pecado na substância mesma do homem era uma doutrina maniquéia. Flacius em suas defesas e apologias nada fazia além de apelar a autoridade de Lutero, e em observar que O PATRIARCA DA REFORMA HAVIA ENSINADO IGUALMENTE A TOTAL ALTERAÇÃO DA NATUREZA HUMANA POR EFEITO DO PECADO ORIGINAL. Destarte eu, Flacius, limitou-me a repetir o que ouvi e aprendi: 'VOSSA NATUREZA, VOSSO NASCIMENTO, TODO VOSSO SER INTEIRO É PECADO.""

Eis como um observador papista descreveu a situação:

"A doutrina tão energicamente defendida pelos ilírico, é certamente a mesma que havia sido proposta por Lutero com as seguintes palavras no seguinte passo: 'O PECADO ORIGINAL NÃO É UM SIMPLES ACIDENTE MAS A SUBSTÂNCIA MESMA DO HOMEM.' esta doutrina foi professada por Spangenberg e pela maior parte dos pastores de Mansfeld; Hieronimus Mencel, superintendente de Eisleben asseverou não haver qualquer diferença entre o pecado e a natureza corrompida do homem e seu diácono Andraeas Fabritius a todos opunha 'As palavras claras e positivas de nosso Lutero, que lançou sobre a partícula acidente os mais espantosos anátemas'." 

Entrementes Winike diácono de Spangenberg interrogava cada penitente sobre a doutrina do pecado original e recusava a absolvição a tantos quantos recusavam abraçar doutrina de Flacius.

Foi editado um catecismo infantil com o objetivo de cooptar as crianças da Vila e o próprio Spangenberg ensinava as mulheres como deveriam fazer para conquistar seus maridos para o partido... e com tal zelo exercia seu apostolado que "Nos campos e ruas as pessoas perguntavam umas as outras antes de se saudarem: Sois do acidente ou da substância??? E recusavam-se a travar qualquer tipo de conversação com as que eram da opinião oposta."

Filipistas e moderados por outro lado não eram mais comedidos, pois não cessavam de descrever os pregadores do partido oposto como Maniqueus, idumeus e possessos, e açulavam com tal fúria seus ouvintes que os condes acharam por bem proibir que ambas as facções atacassem com pedras os pastores da facção alheia...

E quando Wigand, apoiado pelos juristas; cooptou Mencel e a maior parte de seus subosdinados, Spangenberg em pessoa veio a Eisleben para tomar assento em S Pedro e condenar em face os traidores, mandou também afixar em cada esquina da Vila uma profissão de fé substancialista composta por si mesma, e com tal zelo desenvolveu sua argumentação que em Mansfeld até mesmo as mulheres do povo e as crianças de peito sabiam de cor os ensinamentos e sentenças de Lutero a respeito do pecado original, para a vergonha dos filipistas e moderados...

Assim enquanto Flacius era corrido de cidade em cidade sua doutrina obtinha aderentes em cada região da Alemanha, lançava os luteranos uns contra os outros e lançava o pais - para o desespero dos papistas e dos humanistas - num mar de sangue...

Foi quando Bartholomeus Wagner de Schoenbourg, com o apoio do conde Wolf "RESOLVEU ENVIAR A AUGUSTO, ELEITOR DE SAXE; UMA PROFISSÃO DE FÉ FLACIANA; ASSIM QUE RECEBEU-A O ELEITOR DE SAXE DETERMINOU INVADIR AQUELE PRINCIPADO, ENCADEAR O CONDE - QUE ACABOU MORRENDO DE DESGOSTO NA PRISÃO - E FAZER CAÇAR COMO BESTAS FEROZES A BARTHOLOMEUS E A TODOS OS SEUS PARTIDÁRIOS."

Cerca de 1575 o grande eleitor de Saxe decidiu invadir Mansfeld e expurga-la do flacianismo. Quanto aos recusantes tratou-os segundo os costumes do tempo... assim sendo o professor Martin Wagner após ser golpeado com o punho duma espada veio a perecer, e trinta e cinco burgueses ficaram feridos, outros tantos foram exilados e outros punidos com a privação da sepultura.

Aqui convém reproduzir a relação escrita pelo próprio Spangenberg:

"Por ocasião da 'maldita partícula do acidente.' Mencel e seus apaniguados entraram no templo munidos de porretes, varapaus, sabres e armas de fogo e começaram a forçar os fiéis a retratação; os recusantes foram logo postos a ferro e com as mãos atadas passaram a ser torturados, e com Martim Wagner fizeram tudo quanto quiseram até que entregou sua alma. Eu não exito em aplicar a tais bandidos as palavras do Dr Jacobus: 'Os falsos mestres são facilmente reconhecidos pelo habito de apelar a violência com o objetivo de impor suas doutrinas.'." in 'Bericht von Weimar...' 1577

Consta que o próprio Spangenberg só pode escapar a sanha dos filipistas e trajado de mulher. p 266

No mesmo ano em que 'derradeiro discípulo de Lutero' escrevia esta relação, congregaram-se os luteranos moderados sob a direção de Andraeas, Chemnitz, Selnekker, Chytraeus, etc e promulgaram a fórmula da concórdia. Na qual o flacianismo foi aparentemente condenado...

"Mesmo após a queda, sustentamos, que resta uma distinção entre a substância do homem, sua natureza, sua essência, seu corpo, sua alma e o pecado original; assim sendo cremos que a natureza seja uma coisa e que o pecado original, que é inerente a ela e que a corrompe seja outra." Iten I

Dizemos aparentemente porque tudo ficou reduzido a uma questão de palavras.

Sendo desaconselhado o emprego das expressões 'acidente' e 'substância'... Esqueceram-se os eruditos luteranos que as palavras Trindade, comunicação de bens, natureza divina, natureza humana, etc são igualmente ignoradas pelos registros sagrados e que sem embargo disto os santíssimos padres e doutores nicenos recorreram a elas com o intuito de vindicar a fé pura e de condenar os devaneios judaizantes de Ario e Macedônio.

Em verdade, ao menos quanto ao tema da vontade livre, a 'Solida declaratio', deve ser compreendida como o triunfo do lutero - calvino - flacianismo e a condenação do filipismo, cuja raiz encontra-se em Erasmo e na teologia cristã primitiva representada pelos padres gregos a exemplo de Irineu.

"Concernente a este tema - da livre vontade - nossa doutrina, fé e confissão é que, no que tange as coisas espirituais e divinas a razão humana sendo totalmente cega nada compreende." in I, 01

E mais além:

"É o Espírito Santo que efetua a conversão do homem e não há nisto qualquer elemento humano... Deus, por meio de seu Espírito Santo é que atrai os corações daqueles que deseja converter e salvar... Somos convertidos pelo poder e graça do Espírito Santo, aqui nada há de humano ou natural."

Eis porque nas 'condenações' a fé de Regius, Zell, Odiandro, Melanchton, Swenckfeld, Arminius e Wesley; recebe o seguinte tratamento:

"Assim condenamos tantos quantos ensinam ser o livre arbitro regenerado por Deus antes da obra da conversão de modo a tornar-se responsável por parte dela..."

O que se era de esperar dos redatores de semelhante fórmula é que numa linha de coerência, reproduzissem as lições de Goteschalck, Wicleff, Lutero e Calvino a respeito do 'decreto horrendo' por meio do qual a maior parte do gênero humano, sendo tido em conta de ímpia, era condenada ou melhor abandonada aos tormentos do inferno antes mesmo de vir a existir ou melhor desde toda a eternidade.

É exatamente aqui que a teologia luterana mostra-se perfeitamente farisaica e dissimulada, face a rude franqueza de um Lutero, de um Calvino e de um Flacius...

Pois sabendo bem e conhecendo que a ideia Cristã de Deus como Pai, é incompatível com a ideia da rejeição positiva, optaram Andraeas e seus pares por ocultar sutilmente a outra face da moeda, apresentando apenas uma... ora isto nem Lutero nem Melanchton fizeram, este porque reconheceu sinceramente a capacidade do livre arbitro regenerado em termos arminianos e aquele porque jamais deixou de admitir e de afirmar a predestinação dos ímpios para o mal, o pecado e a condenação...

Afinal como poderiam os eleitos serem passivamente convertidos por Deus, sem que os não eleitos fossem positivamente excluidos e abandonados por ele? Como poderia o homem resistir a graça por um lado sem colaborar com ela por outro?? Como poderia ser o único responsável por sua perdição sem ser co responsável por sua salvação??? Aqui a suprema miséria do luteranismo ortodoxo...

A partir de Gehard o prato pendeu novamente para Melanchton e os arminianos, sem que no entanto chegassem os luteranos a qualquer acordo... o que chegou de fato, após dois séculos de debates e lutas inuteis foi a incredulidade e a apostasia...

Isto é tão certo que num dos prefácios da 'Fórmula' Melanchton, Regius, Pomeranus e Brentius são citados como teólogos suspeitos de heresia por terem se afastado nalgum ponto da confissão de Augsburgo... embora seus livros contivessem coisas boas e edificantes...

Curioso que Andraeas e seus sócios tenham se atrevido a críticar Melanchton ou insinuado que ele não soubera compreender ou interpretar a Confissão que ele mesmo elaborara e entregara a Carlos V. Sim, pois a confissão que os teólogos de 1577 pretendiam conhecer e compreender melhor do que Filipe, havia sido composta e escrita por ele... Quanto a Brentius e Pomeranus é sabido terem sido os mais estimados e fiéis colaboradores de Lutero...

Eis porque, abstraidas as palavras, o teor da Solida declaratio é sutil ou capiciosamente flaciano...




A CONTROVÉRSIA DA LIVRE VONTADE ENTRE OS SUÍÇOS


Em que pese a discordância existente entre Lutero e Zwinglio no que diz respeito a Eucaristia é necessário convir que estavam de pleno e absoluto acordo no que diz respeito a condição da vontade humana.

Passemos em revista os testemunhos:

"Mas tendo Adão desejado ser como Deus, morreu, e não só ele mas toda sua descendência. Desde então todos os homens encontram-se mortos e ninguém pode devolver-lhes a vida, só o espírito que é Deus de Deus pode ergue-los do sono da morte." 

& "Deus não pode conhecer derrota, logo quando chama algum coração este deve vir." 

& também: "Quando Paulo escreve: 'A FÉ VEM PELO OUVIR' não podemos admitir que o ouvir seja suficiente, de modo a excluir a coerção interna do espirito santo."

& por fim: "Deus é o primeiro princípio do pecado, assim sendo o homem peca por divina necessidade." 

Acontece que o número de humanistas existentes na Suíça era muito superior a quanto deles havia na Alemanha, basta dizer que o próprio Erasmo de Roterdan vivia no país, ou melhor imperava... e com ele sua côrte não menos esplêndida que a do imperador...

Disto sabia muito bem Zwinglio e também sabia o quanto os intelectuais detestavam a teoria gracista da predestinação, e como propendiam todos ao semi pelagianismo justamente por estar mais próximo da razão... e também soube certamente que da polêmica travada por Lutero e Erasmo resultou o retorno de um grande número de eruditos e sábios alemães ao seio da igreja romana.

Foi o quanto bastou para Zwinglio não insistir demasiadamente sobre o assunto a ponto de apresenta-lo como dogma. Aqui a estratégia exigia certa dose de tolerância, eis porque os humanistas suíços puderam engolir sem maiores problemas o anzol da reforma...

Quanto a seu amigo Johann Oecolampadius, pupilo de Erasmo, é sabido que costumava a dizer: "Nossa salvação vem de Deus e nossa perdição de nós mesmos." ignorando supinamente os ensinamentos extremistas de Lutero, Calvino e Pietro Martir.

Mortos Zwinglio e Oecolampadius foi a tradição legada por ambos rigorosamente mantida por Heinrich Bullinger, dentre cujos colaboradores encontramos Theodor Bibliander e konrad Pellikan, este, por sinal, pupilo de Erasmo.

Entrementes Calvino iniciava suas expurgações e corria com Curione, Gentile, Castellio, etc de Genebra... passando a Lausanne, Berna, Basiléia, Zurich, etc 

E dando seguimento a seus planos sinistros escrevia as ditas 'igrejas' para que encadeassem e supliciassem seus adversários em nome da bela doutrina da predestinação.

Lamentavelmente, para ele, as demais 'igrejas' herdeiras da tradição zwingliana, retrucavam dizendo que não era lícito perseguir a quem quer que fosse por simples especulações ou opiniões teológicas que não faziam parte do depósito da fé ou seja da divina revelação.

Noutras palavras, o que era o 'pão dos filhos' para Lutero, Calvino, Zanchius, Turretini... para Berna, Lausanne, Basiléia, Strasbourg, etc não passava de opinião mais ou menos provável em todo caso, de sutilezas teológicas...

E já sabemos que aquilo que é essencial para este protestante não o é para aqueloutro...

Eis porque as confissões elaboradas por Bullinger referem-se apenas ao decreto de eleição dos justos sem mencionar o decreto de reprovação ou atribui-lo positivamente a Deus como Calvino, Zanchius, Pietro Martir e Turretini. 

No entanto tais igrejas eram universalmente detestadas por terem recebido a doutrina eucarística de Zwinglio, enquanto Calvino não admitia ou consentia que a doutrina da predestinação fosse declarada de segunda classe; ademais os papistas tiravam franco proveito da situação face a uma 'igreja' duplamente dividida... daí o consenso Tigurino, assinado por Bullinger e Calvino em 1549 e do qual extraimos os seguintes fragmentos

"Consideramos o entendimento literal da expressão 'Isto é meu corpo' como absurdo..." Artg XXII

"Quando Cristo diz: "Tomai e comei este é meu corpo" devemos compreende-lo em sentido figurado." Artg XXIII

Justamente por estarem em franca oposição face a doutrina da presença real/virtual proposta por Calvino durante mais de uma década e ainda após a assinatura deste acordo.

No frigir dos ovos tudo não passou de negociata... ou duma troca de 'verdades' com o sacrifício de 'verdades'... 

Afinal os próprios biógrafos e advogados de Calvino reconhecem que "Ele preferia a teologia de Lutero a de Zwinglio." e que foi constrangido a assinar o dito acordo com Zurique devido a considerações de ordem pessoal, política e doutrinal... ou seja ao fortalecimento da igreja Suíça e ao acolhimento da doutrina da predestinação pelas demais igrejas.

Sacrificou pois Calvino sua consciência as circunstâncias e fez seu rebanho jurar fidelidade a uma doutrina na qual ele mesmo não acreditava.

Na mesma ocasião os de Genebra tentaram introduzir no consenso alguns decretos extraidos da confissão genebrina e como tais favoráveis ao predestinacionismo absoluto. Daí os críticos descreverem este curioso consenso como um documento de concessões mútuas ou como uma breganha de doutrinas...

Bullinger no entanto bateu o pé e Calvino viu-se frustrado...

O máximo que os calvinistas obtiveram de Bullinger foi a liberdade de pregarem suas teorias, liberdade que no caso era partilhada pelo partido oposto...

Talvez por isto Calvino na prática tenha abandonado o consenso e retornado explicitamente a doutrina da presença real virtual no fim de seus dias.

Por outro lado as demais igrejas tornavam-se cada vez mais prudentes e respeitosas na medida em que o poder de Calvino aumentava.

Apesar disto uma aluvião de obras foi editada pelos reformados da Suíça contra a doutrina calvinista da predestinação; Giorgio Rioli editou uma "Epistola contra a ímpia doutrina de Francesco Spiera e dos protestantes."; Ochino compos seu "Labirinto"; Curione publicou "De amplitude"; Socino o "De praedestinatione"... Calvino aspirava por enviar uns e outros ao cadafalso mas não tinha poder para tanto...

Foi quando, na era de 1560, estourou uma grande controvérsia entra o insigne Theodor Bibliander, auxiliar de Bullinger e professor em Zurich e Pietro Martir de Vermigli, amigo de Calvino e defensor da "Gemina Praedestinatione" legada, segundo ele mesmo diz: "Pelo ilustre Bispo de Hipona, cuja causa levamos adiante.". Desgostoso com a direção que tais debates e estudos iam tomando, optou Bibliander por resignar de seu posto...

Neste mesmo ano o luterano Johann Marbach saiu a liça contra o calvinista Hieronimus Zanchius que havia escrito um tratado sobre a predestinação enfatizando seu duplo aspecto, inclusive o excludente; o que descontentou Zanchius; eles também não estavam de acordo a respeito da Eucaristia uma vez que Marbach, luterano ortodoxo, era partidário da consubstanciação.

Aos poucos, no entanto, impoz-se a opinião de Calvino, por obra e graça de seu sucessor Theodoro de Beza e do cadafalso, muito naturalmente.



A CONTROVÉRSIA DA LIVRE VONTADE ENTRE OS ANABATISTAS E SECTARIOS



As seitas todas também cindiram-se por completo a respeito da matéria. Basta dizer que o primeiro anabatista a abordar o assunto Hubmaier (Von der Freyhait des Willens, e Das ander Biechlen von der Freywilligkeit des Menschens, ambos publicados no Nikolsburg em 1527)  distinguiu - como Calvino - uma "vontade secreta" (poder plenário) uma "vontade revelada" - isto é duas vontades - em deus, assim sendo, a fé nos revela sua "vontade de atrair", que oferece graça e misericórdia a todos. Mas há também uma "vontade excludente" ou desejo de vingança e punição que o leva a rejeitar e condenar a maior parte do gênero humano.

Já Hans Denk apresentava o livre arbitrio como uma espécie de graça primária e universal que tornava o homem responsável para com a graça da posse de Deus... 

"Não basta que Deus esteja em ti pela graça, tu deves antes estar nele pela escolha." era seu lema... extraído ao que parece das obras do injustiçado Pelágio. Seja como for sua teoria esta mais para Aquino, Oecolampadius, Molina e Arminus do que para Goteschalk, Wicleff, Lutero, Calvino, Pietro Martir, Zanchius e Turretini. Esta doutrina a respeito duma graça preveniente que restabelece a vontade livre foi aceita por diversos grupos...

Enquanto Marpeck alegava que a predestinação diz respeito aqueles que futuramente haveriam de colaborar voluntariamente com ele, reduzindo-a de certa maneira a presciência divina; predestinou Deus alguns homens a vida eterna por ter conhecido desde toda a eternidade que desejariam sua graça e que fariam bom uso dela. A confissão de fé menonita de 1600 segue por este viez que também foi partilhado por Bernahrd Rothmann

A respeito de Joris sabemos ter ele seguido os ensinamentos salutares do grande Erasmo. 

Para Melchior Hoffman a graça significava uma possibilidade de salvação para aqueles que por ela aspirassem e não um decreto, uma coerção ou uma imposição divina e irrecusável.

Grosso modo os Batistas sempre discutiram a não poder mais a respeito da natureza e da graça a ponto de constituirem dois imensos grupos nos EEUA, os da graça particular ou restrita; calvinistas e os da graça geral ou livre, arminianos, que vivem a excomungar-se uns aos outros há mais de três séculos.

Quanto as seitas mais radicais e recentes todavia, por mais paradoxal que possa parecer, tendem via de regra a doutrina da vontade livre; sem que no entanto deixem de discutir o tema a exaustão citando dúzia e dúzias de passagens bíblicas pessimamente traduzidas, tal o domínio escabroso do livre exame, verdadeiro cipoal religioso que nada tem em comum com a objetividade, simplicidade e clareza da divina revelação.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


Chegando ao termo desta exposição constamos outra cisão doutrinária ainda viva no seio do protestantismo e que diz respeito ao tema da vontade humana.

No que tange a ela ignoram os protestantes o verdadeiro ensinamento ministrado pelo Senhor e Mestre Jesus Cristo, supondo uns que seja escrava e outros que seja livre embora leiam e interpretem a mesma escritura. Inferem no entanto conclusões opostas e contraditórias.

Só nos resta repetir que estão doutrinariamente separados em seitas e facções a respeito da divindade de Cristo, das naturezas, dos sacramentos, do batismo, da eucaristia, da salvação e da vontade humana; num total de sete hesitações...

AO PROTESTANTE DE BOA VONTADE DEIXO A SEGUINTE PERGUNTA: SERÃO SECUNDÁRIAS OU DE POUCA IMPORTÂNCIA TAIS DOUTRINAS OU DEVERÃO SER CONSIDERADOS HERÉTICOS AQUELES QUE INTERPRETAM O LIVRO, LIVRE E DIFERENTEMENTE???

Neste caso a quem caberia julga a doutrina ou o juizo doutrinal uma vez que cada individuo protestante se acha no direito de julgar o livro??

Se se reconhece incapaz de responder a tais indagações e encontra-se insatisfeito diante de tantas seitas e facções, e pregações diferentes comece a estudar as obras dos Padres e doutros de lingua grega que floresceram nos primeiros séculos, como Clemente, Justino, Hipólito, Origenes, Eusébio, Metódio, Atanásio, Gregório, Basílio, Crisóstomo, etc

Conheça a tradição ortodoxa e saiba o que os estudiosos do Oriente escreveram e comentaram sobre os santos e divinos Evangelhos.

Assim você constatará a existência de um outro Cristianismo para além de Roma e de Lutero, o Cristianismo Católico Ortodoxo, apostólico, histórico, legítimo, puro, imaculado e sem adulteração.

Saiba enfim que a grande e antiga igreja de Renan, a igreja apostólica e episcopal, mãe dos mártires, ainda existe e vive.

Conheça sua fé e vida e encha sua alma com a plenitude a paz que Jesus Cristo legou uma única vez aqueles que tomam sobre si o jugo de sua palavra!

Que a Santa e indivisível Trindade te assista e te ampare nesta jornada caríssimo irmão!






















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