Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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segunda-feira, 23 de maio de 2016

1a - De pentecostal a Ortodoxo: TESTEMUNHO PESSOAL > Minhas origens

Jesus Blessing





"Este livro não foi escrito contra os protestantes e sim contra o protestantismo." Hoeninghaus in 'Reforma contra a reforma'



Neste artigo o amigo leitor encontrará os seguintes assuntos:

  1. Minhas origens
  2. O problema da cultura - meu ponto de vista
  3. O propósito
  4. Legado paterno
  5. Um pai educador
  6. Minhas professoras
  7. Costados paternos
  8. Experiencialidade protestante
  9. Raízes papistas
  10. A trajetória religiosa de minha avó paterna
  11. A passagem da família ao protestantismo
  12. Uma família e diversas seitas


Eu mesmo


Minhas origens

Por parte de meu falecido pai, o cidadão lusitano Joaquim Grillo Braz, descendo tanto de mouriscos (muçulmanos convertidos ao papismo) quanto de marranos ou Cristãos novos de ascendência judaica.

Assim sendo ao menos dois quartos de meu sangue são de origem semita ou semítica, fato este que não exalto (como louco) nem deploro (como xenófobo) mas que a luz da filosofia cínica tenho em conta de absolutamente irrelevante. Minha questão com os árabes e judeus - tenho repetido diversas vezes - não é - nem poderia ser!!! - étnica ou racial mas religiosa ou cultural; ou seja, constituída em torno de crenças, princípios e valores, não de genes.

O problema da Cultura e meu ponto de vista

A mim, enquanto criatura racional e livre, me é defeso encarar ambos os sistemas religiosos - hebraico e muçulmano - como equivocados, o protestantismo como uma espécie de judaização, islamização ou descaracterização do Cristianismo (E, consequentemente, como um fator de apostasia), a transcendência absoluta como um veneno mortal e a cultura produzida por ela como valorativamente inferior a que nos foi transmitida pelos antigos gregos e romanos ou a que tem sido produzida pelo homem moderno na Europa Ocidental, especialmente na França, durante os últimos séculos. (Refiro-me ao matriz humanista de um Mably, Morelly, Lammenais, Bloy, Mounnier, Barres, Brunettiére, Bernanos, Mauriac, Maritain, etc)

A própria evolução da cultura supõem uma notação e leva-nos a conclusão de que, no plano das crenças religiosas inclusive, existe uma sucessão temporal de formas mais complexas e elaboradas. O que nos autoriza do mesmo modo falar em formas arcaicas, ultrapassadas, primitivas e grosseiras; assim as religiões cuja 'praxis' esta completamente desvinculada da Ética ou que não estão postas para a promoção da vida, do homem, da dignidade e da justiça... como aquelas que, voltadas para o absoluto transcendente, esgotam-se no sagrado ou no invisível sem jamais tocar os problemas que afligem a pobre humanidade.

O propósito

Tudo quanto pretendo por meio desta breve narrativa é informar ao leitor curioso e benevolente a respeito de como tendo nascido protestante - conservador, fundamentalista, fetichista e sectário (a semelhança de um Felicianus ou de um Malafeia); cheguei a adquirir outro tipo - alias bem distinto - de compreensão de mundo, alias uma compreensão ou sentido totalmente oposto ao anterior e portanto produto de uma drástica ruptura face as tradições ancestrais ou com aquilo me fora dado pela natureza ou cultura.

Trata-se pois de minha história e trajetória, a um tempo intelectual a outro religiosa e ética ou melhor de minha evolução espiritual por via de sucessivas tensões, rupturas e mudanças por meio da qual eu me reconstruí e reelaborei numa perspectiva mais sofisticada...

Afinal, como tantos e tantos outros eu bem poderia ter permanecido fiel a ideologia ancestral e paralisado como uma ostra sobre um pedregulho... Eu poderia ter permanecido eternamente preso e acorrentado a Bíblia, recusando-me a pesar as evidências, a duvidar, a questionar, a descrer, etc

No entanto, como o aparelho sensorial dos humanos é muito mais desenvolvido que o das ostras, optei por fazer uso dele e por portar-me como autêntico 'homo sapiens', isto é, como alguém que procura informar-se, conhecer, analisar as evidências e pesar os argumentos ao invés de reproduzir automaticamente tudo quanto fora ensinado por pretendidas autoridades familiares ou religiosas. E por não conformar-me com o que pela natureza fora dado, tomei a via crítica...

Tal tomada de consciência implicava submeter as crenças familiares a 'prova'... fosse a prova da autoridade a que costumavam apelar insistentemente (O Evangelho) fosse a prova da coerência interna ou da razão ou a prova mais simples de todas a da percepção. Pois um é o mundo fabuloso ou mítico apresentado pelo Antigo Testamento (e portanto pela piedade protestante) e outro o mundo real que percebemos ( este sem 'cantos' ou comportas celestiais).

Foi este um momento traumático, doloroso e decisivo para mim - esta adesão ao pensamento crítico - e por isto desejo que todos tomem conhecimento dele tendo em vista os obstáculos que enfrentei e o fim a que cheguei. Pois a religião falsa ou primitiva utiliza-se habilmente do medo ou dos medos com o objetivo de aterrorizar os homens e impedi-los de pensar. Assim as doutrinas do Diabo e das penas eternas que ainda hoje, em pleno século XXI, atemorizam tantas almas mantendo-as escravizadas.

No decurso desta narrativa haveremos de ver como fui forçado a enfrentar tais ameaças, quase que a morrer de medo ou a enlouquecer.

Trata-se duma experiência significativa e preciosa para mim, a qual; por isso mesmo, desejo partilhar com tantos quantos comungam da mesma condição...

E demonstrar que apesar das pragas e maldições generosamente ofertadas pelos pastores e nome de seu 'deus de amor' cá estou eu vivo, saudável e feliz. Raio algum caiu sobre mim, não me tornei leproso ou canceroso, ou mesmo pobre e tampouco fui engolido pelos abismos por questionar os mitos do antigo testamento ou a formação capciosa da Bíblia.




Legado paterno...

Meu bisavô paterno - Braz Jerônimo - chegou a ingressar no seminário de Los Arcos e receber as ordens menores segundo o ritual da igreja romana, a qual minha família - descendente de mouriscos como já foi dito - era extremamente dedicada. Na vila dos Prados (Pinhel) era ele o único habitante que por saber latim era capaz de responder a Missa dominical. Em decorrência disto exerceu o ofício de sacristão ou acólito por cerca de meio século i é até morrer em meados dos anos 40.

Uma de suas irmãs guardava as chaves da igreja paroquial, outra zelava pelos altares e estátuas dos santos e uma outra pela conservação das alfaias e paramentos... e toda família dedicava-se, como já foi dito, as coisas da igreja. Além disto tenho por ancestral (colateral) o Pe Manoel Joaquim Bráz. Pe João Alves Correa 'Monografia histórica de Freixedas' ed Amilcar e Grilo 1972 pg 48

Meu avô paterno - que chegou a ser intendente do lugarejo - foi quem forneceu os recursos necessários para reparar a torre da igreja e nela inserir um relógio, além de doar a imagem de S Antonio que lá se encontra.

Apenas para constar, recorrerei a uma obra relativa a História local daquela região:

"Em 1963 adquiriu-se a imagem de S Antonio oferecida por Ilídio Brás." Pe João Alves Correa 'Monografia histórica de Freixedas' ed Amilcar e Grilo 1972 pg 285

Como no entanto fosse um homem de caráter extremamente cruel e desumano acabou dispondo os filhos a incredulidade e a revolta, especialmente meu pai, que era o primogênito.

Também minha avó Maria, era notadamente religiosa ou como se dizia então 'devota' ou 'beata', acorrendo assiduamente aos ofícios da igreja, os quais naquele tempo obedeciam ao ritual tridentino e eram abrilhantados pelo canto gregoriano. Isto na antiga Igreja de S Francisco dos Prados, em Pinhel.

Ao que se diz ela acreditava conversar com os anjos e santos... e pessoas de sua família - senão ela mesma na idade de 25 anos - teriam presenciado os 'supostos' sinais da Fátima.

Tendo passado ao Brasil ainda bastante jovem - a chamado de seu pai - meu pai acabou sendo, quase que de imediato, cooptado pelo movimento anarco sindicalista e aderido a uma ideologia ateística com certos vernizes de panteísmo. Quiçá tenha lido as obras de E Renan, Lizandro de la Torre ou de Rogélio Ibarreta. 





Um pai educador

Apesar disto, ao contrário de seu pai (meu avô), meu pai era um homem extremamente bondoso, afável, cordial e sobretudo instruído, tanto que passou o fim de seus dias folheando o 'Dicionário Lello' e algumas outras obras da Literatura portuguesa que ainda hoje carinhosamente retemos. Assim, quando atingi a idade de quatro anos e estando ele aposentado dos Portos, começou a ensinar-me, ele mesmo, as primeiras letras e as artes do cálculo possibilitando que fosse matriculado alfabetizado ou 'adiantado' como se dizia, no Grupo escolar profo Renan Alves Leite, ao tempo pertencente ao Estado, hoje ao município de S Vicente. Graças a ele, antes dos cinco anos, já havia lido meu primeiro livro, uma narrativa rocambolesca sobre náufragos e piratas intitulada 'Aventuras de João siri'.

Fui além disto incentivado por um de meus tios maternos, sr Antonio Pardal. Um dos raros elementos da parte materna de minha família que sempre permanecera alheio a religiosidade protestante e que jamais deixara de ler copiosamente.

Assim ao entrar na quadra dos doze anos já havia lido Mika Waltari (O egipcio), Dostoievsky (Crime e castigo), Defoe, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz... além de toda série infanto juvenil da Sra Leandro Duprê (A saga do cachorrinho Samba) e de diversos números da Coleção Vagalume, a ponto de decorar capítulos inteiros... Além dos gibis e revistas como O Fantasma, Zagor, Mandrake, Conan; o bárbaro, etc

Aos cinco anos de idade papai principiou a iniciar-me nos mistérios da História universal, da História portuguesa, da História nacional, da Geografia física, da Geografia política e da literatura portuguesa, sabatinando-me quase que diariamente. Tinha além disto, a minha disposição, uma pequena Biblioteca que havia pertencido a meu avô e cujos exemplares costumava ler e reler com grande prazer até o dia, em que minha mãe, preocupada, fez lançar ao latão de lixo...




Minhas professoras

Graças a ele, como já disse, pude situar-me a frente dos demais colegas de estudo e tornar-me, quase que de imediado, uma espécie de auxiliar ou secretário dos professores de História e Geografia - em especial das professoras Regina Marta  e Milena Gianonni as quais rendo preitos de eterna gratidão já pela competência invulgar, já pela amabilidade e polidez - e uma referência da escola. Quando tornei-me quinto anista as citadas mestras eram já senhoras e estavam prestes a aposentar-se. Calculo portanto que devam ter iniciado suas respectivas carreiras na década de 50. O método era tradicional e portanto limitado, a competência no entanto era exímia, a dedicação imensa e tínhamos uma grande vantagem: a do respeito. De modo que as aulas eram quase que 100% aproveitáveis.

Naquele tempo - meados dos anos 80 - a maior parte dos estudantes procedia de famílias bem estruturadas. Era um ensino mais ou menos seleto e por isso predominavam os bons modos. A 'educação' era dada em casa e dela trazida e a disciplina imaculada. Até a oitava série jamais ouvi qualquer colega responder ao mestre em voz alta ou insulta-lo.

Mesmo quando atingi o ensino médio, no final daquela década, e passei a outra escola, situada noutra parte da cidade, prevalecia um ambiente favorável aos estudos: o professor ministrava suas aulas e os alunos procuravam ouvi-lo e aprender. Recordo-me perfeitamente de que os primeiros atritos mais sérios remontam a 1994 ou seja de quando estava em sendo discutida a formulação da LDBN e alguns principiaram a falar em direitos irrestritos e incondicionais do aluno, segundo os quais ele jamais poderia ser removido da sala de aula, mesmo quando impedisse o aproveitamento de seus colegas...

Desde que este discurso individualista, irresponsável e leviano foi assumido por parte dos políticos e dirigente a situação jamais cessou de agravar-se. Cessando a escola de cumprir com seu papel educativo ou de socializar o educando.

Tornemos no entanto ao fio da meada...

A meu velho pai, portanto, devo tudo quanto hoje sou, inclusive a fortuna de ter cultivado os estudos filosóficos e de por fim ter encontrado e abraçado a fé Ortodoxa; isto porque foi ele quem predispoz-me a tais ascensões ao implantar-me na alma o gosto e o amor pelos estudos; pré requisito essencial a todo e qualquer progresso nos domínios do conhecimento, seja profano ou religioso. Este amor intenso pela instrução e pelo saber ou hábito formado é que me tem servido, até o presente dia, de lenitivo em meio as agruras comuns a existência, além de mitigar-me os dissabores, serenar-me as inquietudes e proporcionar-me incontáveis momentos de prazer e contentamento.

Na observação da vida, da natureza e seus fenômenos, da organização social, etc Bem como na busca pelo bom, o verdadeiro e o belo tenho encontrado uma fonte de alegria inesgotável... Na Biblioteca, por meio dos livros, tenho encontrado meio eficaz para conversar com os que já partiram sem precisar evoca-los... No Trabalho quotidiano a enfermaria da mente... No sono tranquilo e sereno um repositório de energias.

Assim todos os dias folgo estabelecer o mais fecundo colóquio com um Platão, um Cícero, um Paulo, um Orígenes, um Aquino, um Erasmo, um Bacon, um Russeau, um Marx, um Freud, um Maritain, etc E todos os dias alimento a mente com o que há de melhor, preparando ampla bagagem para a grande viagem.



Meus costados maternos

No entanto tal a geração do homem, tal a moeda...

Uma e outra tem duplo aspecto: a moeda duas faces ou lados, a geração dois ramos: paterno e materno.

Diante disto, após ter elencado minha ancestralidade paterna, cumpre descrever as origens e a família de minha veneranda mãe, por cujos costados recebi - juntamente com o sangue - os venenos da transcendência absoluta e o vezo do fetichismo por meio da servidão bíblica ou da bibliolatria. Tal herança no entanto, devo reconhece-lo, acabou redundando em meu maior benefício e suprema vantagem, como se sucede amiúde aqueles que amam a verdade e demandam por ela...


Experiencialidade protestante


É justamente graças a ela, que tendo entrado e saído da ideologia protestante - o que é privilégio facultado a poucos!!! - posso revindicar um conhecimento experiencial, concreto, vivo e real do protestantismo e opo-lo a visão ingênua, romântica e idealizada típica dos espíritas, ortodoxos, romanistas e mesmo incrédulos. Foi justamente este contato inicial com o protestantismo que veio a plasmar minha mentalidade anti ecumênica, alimentada do mesmo modo e maneira por uma concepção filosófica anti relativista.

Tendo conhecido de muito perto diversos padrões religiosos: protestantismo, papismo, espiritismo, ortodoxia, budismo, judaísmo, etc não posso aderir ao discurso segundo o qual todas as religiões sejam igualmente boas ou igualmente más. Muito pelo contrário estou firmemente persuadido de que algumas são mais vantajosas e outras mais ou menos danosas aos seres humanos.





Raízes papistas


Pelo lado materno meus ancestrais eram de origem espanhola e italiana, misturados em parte com a gente da terra (Portugueses e indígenas de Ubatuba). Da parte de seus ancestrais italianos minha bisavó recebeu aquele tipo de 'catolicismo' ou romanismo popular e folclórico, o qual resumia-se com assistir os principais eventos do culto: Missa, adoração do santíssimo, ladainhas, Te Deum, etc oficiados na vetusto santuário do Valongo, em Santos; santuário de antigas e imemoriáveis tradições, cujo aspecto no entanto, pouco me agrada devido a penumbra e o estilo barroco. Minha bisavó, segundo consta, era bastante dada a tais cerimônias; embora pouco ou nada soubesse a respeito da doutrina ou da fé posto que analfabeta.

Assim sua fé - como a de quase todo povo naquele tempo, especialmente das mulheres - era mais sentimental, emocional e mística do que teológica ou consciente...

Era todo um Catolicismo superficial e desprovido de bases ou suporte cognitivo; como sucede ainda hoje nos meios pós modernistas e carismáticos que tanto teem beneficiado a propaganda protestante.





A trajetória religiosa de minha avó materna

Vovó Leonor, desde menina, mostrou forte tendência a prática religiosa.

Comungava todos os Domingos, jejuava e confessava; amiúde no já indicado santuário franciscano do Valongo. Até onde sei, durante numa destas confissões um dos padres teria feito algumas perguntas inconvenientes ou de teor sexual (Minha avó sempre tendeu ao puritanismo extremo)... as quais tendo sidas mal interpretadas por minha avó, levaram-na a agredi-lo.

Foi o que costumamos classificar como escândalo e quanto bastou para incompatibiliza-la com a igreja romana e a afasta-la de suas práticas. Antes disto no entanto faz-se necessário registrar que a exemplo da maior parte dos parentes e das amigas, minha avó já havia tido contato com o espiritismo kardecista, isto após um de seus irmãos ter sido vitimado pela gripe espanhola pelos idos de 1913.

A bisavó no entanto continuou assistindo regularmente as missas e ofícios como era hábito seu.

Quanto a esta minha avó, sob os auspícios de uma amiga, não tardou a tornar-se partidária do espiritismo e, posteriormente, a atuar como médium num dos diversos centros da cidade. Isto pelos idos de 1920/22.

Quando mamãe (1932) e meus tios (1922, 1926, 1930) vieram ao mundo, vovó já era fervorosa discípula de Allan Kardec e fiel consumidora das beberragens homeopáticas fornecidas pela Pharmácia do 'Anjo da guarda'.

Seja como for, quando minha mãe contava com cerca de cinco anos de idade (1936) a avó (contando já com cerca de 40 anos) teve um surto psicótico. Tendo de ser conduzida a Itapira, hospitalizada e isolada. Foi ao que parece caso de depressão pós parto agravado por certas 'intrigas familiares'... seja como for esta minha avó ficou completamente arruinada dos nervos e extremamente agressiva, ao menos quando surtava e amiúde surtava, com grande perigo dos filhos pequenos.

Desde 1929 - após a famosa crise econômica em virtude da qual perdera grande parte de seus bens (terras e imóveis) -  a bisavó (crendo ter sido desamparada pelos Santos da igreja romana, dos quais sempre fora devota) a exemplo da filha, também deixou de prestigiar os atos do culto romano, sem no entanto envolver-se com o espiritismo ou com qualquer outro tipo de fé e tornando-se, como dizemos hoje, indiferente ou irreligiosa.




A passagem da família ao protestantismo

Lamentavelmente, a indiferença da bisavó Adelina durou muito pouco tempo. Pois já em 1935, a instâncias duma comadre 'recém convertida', travou contato com a famigerada 'Assembléia de Deus' a qual, pouco tempo depois, passou a frequentar regularmente. Isto se deu justamente quando minha avó - que permanecera, até então, fiel ao kardecismo - enlouqueceu e, como já dissemos, teve de ser isolada em Itapira.

Nesse mesmo ano - 1936 - a bisavó tomou a decisão insólita de rebatizar-se e como sinal de fé, ou melhor de fanatismo e grosseria, fez despedaçar e queimar nosso lindo oratório de jacarandá, que com as figuras dos santos, havia sido legado pelos ancestrais... Tais os fastos do iconoclasticismo, da selvageria e da barbaria e minha família, trazidos é claro pelo fundamentalismo bíblico!

Destruída a obra de arte, a bisavó dirigiu-se a supradita seita e banhou-se nas águas, tornando-se oficialmente protestante. S Cipriano no entanto afirma que "O Batismo das seitas nada purifica mas contamina." ,e nós recebemos seu testemunho como verídico.

Posteriormente - isto é após a bisavó ter ido para seu próprio lugar em 1945 - uma de suas filhas (que havia abandonado a seita Batista e se tornado indiferente) declarou que tendo ido a uma sessão espírita lá manifestou-se sua mãe e pos-se a lamentar amargamente sua adesão ao protestantismo até declarar que se achava num lugar de expiação respondendo por seus pecados. Não posso assegurar que tal comunicação seja verdadeira, mas também não direi que seja falsa... Os protestantes no entanto - por serem peritos nos escritos dos judeus - sabem muito bem que a medium de Endor foi capaz de chamar com sucesso ao espírito do sacerdote Samuel e que suas respostas foram todas verdadeiras... é o que esta escrito e bem escrito lá no livro deles...

A menos que mintam e enfiem lá o Diabo ou satanaz distorcendo o sentido do texto como costumam fazer.

Durante os dois anos subsequentes a conversão de minha bisavó (ou seja até meados de 1938 - 9) não houve dia da semana ou do mês que não levantasse vidente ou profeta, no templo em que ela frequentava, com o intuito de anunciar o pronto livramento de sua filha, minha avó, isolada em Itapira... E no entanto, o estado de saúde de minha avó, tanto mental, quanto físico, deteriorava-se cada vez mais.

Diante disto - com o passar do tempo e a reedição das mesmas profecias - a bisavó, foi perdendo sua fé na 'Assembléia de Deus' (1940) até que instada por outra vizinha, decidiu ir a reunião da seita rival, a não menos famigerada 'Congregação Cristã do Brasil' fundada pelo italiano Francescon. E lá chegando, sucedeu-se um daqueles inúmeros fenômenos paranormais ou metapsiquicos que tanto mexem com o imaginário de nossos pentecostais iletrados e de toda gente inculta.

Refiro-me ao fenômeno da telepatia - devidamente corroborado pelo pesquisador Warcollier - o qual sob a alcunha de 'profecia' costuma ser bastante explorado por eles... quando a telepatia é 'deles' classificam como 'divina' quando ocorre no terreno de qualquer outra fé, classificam como 'demoníaca'; e assim fica muito fácil mesmo manipular....

Mal minha bisavó entrara na sala de reuniões da CCB, levantou-se um 'profeta' anunciando-lhe que chegara a hora da graça para sua filha - minha avó - caso ela, a bisavó, fosse imediatamente a Itapira busca-la e traze-la aquela sala de reuniões. Pois obedecida a ordem divina, a enferma haveria de ser completamente curada pelo poder do espírito santo naquele mesmo local. Diante de tais palavras de encorajamento Dna Adelina não hesitou, partiu no primeiro trem para S Paulo, assinou os papéis, retirou a filha do hospício, trouxe-a de volta a Santos e conduziu-a de imediato a sala da CCB, onde - segundo dizem - foi 'miraculosamente' curada, recobrando sua sanidade mental. Isto é o que se conta e diz porque na verdade minha avó jamais deixou de apresentar certos tiques ocasionais e jamais tornou-se perfeitamente 'normal', apenas cessou de surtar com perigo alheio.

E se cessou de surtar é justamente porque a enfermidade de que sofria era de fundo mental, psíquico ou afetivo - como 70% das doenças - e não de fundo somático ou físico. Do contrário as orações e a auto sugestão não teriam produzido qualquer efeito e ela teria permanecido desajustada.

Seja como for, diante do suposto prodígio, tanto minha avó quanto os irmãos mais velhos de minha mãe foram todos 'rebatizados', enquanto minha bisavó, bem como seus filhos e netos (que já havia sido rebatizados na Assembléia de Deus) foram rebatizados pela segunda vez, arrenegando o batismo da Assembléia de deus. Sendo assim praticamente todo ramo materno de minha família tornou-se protestante, sectário e pentecostal cerca de trinta e cinco anos antes de que este que vos escreve chegasse a existir.

Após o restabelecimento de minha avó, a bisavó - reconhecida e fanatizada - decidiu consagrar sua vida inteiramente ao novo deus, a ponto de burlar os ensinamentos da própria CCB - no que diz respeito ao ofício da mulher - e de anunciar publicamente sua nova fé em pleno porto de Santos, distribuindo Bíblias e folhetos de índole religiosa a marinheiros, turistas e transeuntes. E nem preciso dizer que sua atitude fez escândalo...




Uma família: diversas seitas

Logo após a morte da bisavó - que faleceu com cerca de 60 anos em 1945 - a família cindiu-se em três grupos religiosos e rivais: Congregados (minha avó e filhos), presbiterianos e batistas (irmãos e primos de minha avó). Por esse mesmo tempo uma das irmãs de meu avô materno (esposo desta minha avó Leonor) professou na Assembléia de Deus...

Desde então introduziu-se em nossa família a dissidia religiosa, pois cada grupo ou membro tomou a peito demonstrar que o outro estava completamente equivocado por não compreender 'O VERDADEIRO SENTIDO DA 'Bíblia'... isto é a mesma Bíblia que todos liam e estudavam tão ativamente... E QUANDO NASCI ESTAVAM EM PÉ GUERRA.

Era uma grande confusão e não se podia saber ao certo o que Jesus teria ensinado sobre a divindade ou o mundo futuro. O que havia ali era apenas discussões em torno de intrepretações capciosas, nada que suspeitasse a verdade!




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