Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

A manipulação histórica deuteronomista - introdução a uma História nada sagrada...






"Procedendo com toda a boa fé, não se pode aceitar os livros dos judeus como provas. Os hebreus são forçosamente maus juízes em sua própria causa. Não dou crédito algum a Tito Lívio quando nos apresenta Rômulo como filho de Marte; tampouco creio nos primeiros autores ingleses quando afirmam que Votiger era dotado de poderes sobrenaturais; desdenho igualmente as antigas crônicas em que os francos se apresentam como descendentes de Franco, filho de Heitor. Não devo por conseguinte, acreditar nos judeus, por sua só afirmação e sem outra garantia que suas palavras quando nos contam coisas maravilhosas ou extraordinárias." Voltaire in Deus e os homens - cultura moderna SP - 1935 pp 56



I) Prolegômenos a uma história marginalizadora e excludente.




De fato a História do Antigo Israel enquanto 'História sagrada' não passa dum epifenômeno com relação a ideia de povo especial ou eleito por Deus.

Construída a exótica ideia de eleição étnica se lhe seguiu uma reconstrução ou manipulação da História em larga escala.

Deixando ela de ser real para ser sagrada.

Trata-se duma história imaginada ou teológica feita sob encomenda com o objetivo de demonstrar a suposta vocação dum povo.

Grosso modo todas as estórias elaboradas pelos povos antigos sob os auspícios da religião tomaram este caminho.

Intervinha pois cada deus ou grupo de deus em favor de 'seu povo' ou de seus adoradores.

Até aqui não há problema algum.

Enquanto os antigos hebreus encararam javé, seu deus, como um entre diversos deuses, cada qual responsável por um povo ou nação, tudo se manteve, por assim dizer, no mesmo nível.

O problema surgiu apenas quando os judaítas, sob os auspícios de seus sacerdotes e profetas, associaram a concepção religiosa do Uno enquanto javé, a concepção filosófica ou metafísica do Uno procedente da Filosofia grega. Pois desde então passou javé a ser identificado com o Único Deus verdadeiro, produtor deste Universo.

Partindo da unicidade e infinitude do Ser, alguns entre os gregos, conceberam a vocação religiosa dos seres humanos a nível de Humanidade.

Outra não fora a opinião de parte dos profetas hebreus.

Os sacerdotes no entanto sacaram outro tipo, bem distinto, de consequências, deduzindo que apenas e tão somente o povo hebreu - ora representado pela tribo de Judá - havia de fato sido escolhido pelo Deus único e infinito produtor deste universo.

Desta inferência decorre necessariamente a rejeição de todos os outros povos e nações por parte do Deus único e infinito produtor deste universo.

Trata-se obviamente dum conceito bastante problemático e de dificil aceitação para aqueles que não são membros da grande família israelita.

Pondo provisoriamente de lado esta dificuldade, cumpre dizer que o problema, a nível de essencialidade, implica que a exceção de alguns judeus fanáticos e dos fundamentalistas protestantes, todos os povos e nações da terra superaram esta fase da 'História mitológica ou divina' resgatando suas verdadeiras histórias...

E compondo uma História real, segundo as leis comuns da natureza e por assim dizer em moldes científicos.

Grosso modo todas as pretensas intervenções divinas, milagres e ocorrências 'insólitas' foram postos de lado e relegados ao domínio da fábula.

Italiano algum ousa sustentar a fidedignidade das "Histórias" de Tito Lívio... grego algum ousaria alegar que tais e tais cidades do Ocidente foram fundadas por Hércules. Mesmo dentre os milhões de lisboetas quem ousaria alegar que a grande capital lusitana fora fundada por Ulisses?

Mesmo os cristãos convencionaram que embora a figura de Jesus Cristo pertença a História real, os detalhes a respeito de sua pessoa e e seus feitos pertencem antes de tudo ao domínio da fé.

Cumpre certamente a apologética patentear o cárater histórico desta fé, evidenciando suas credenciais e patenteando as garantias todas que é capaz de oferecer ao intelecto.

Cremos no entanto que onerar a História com a apologética até dilui-la não seja uma opção saudável.

E admitimos que o 'trato' histórico, numa dimensão de secularidade, bem pode prescindir dos milagres que nós cristãos, pautados na autoridade de fontes que acreditamos ser fidedignas, atribuimos a Nosso Senhor Jesus Cristo, transferindo-os para o campo da apologética, que é o mais adequado.

Seja como for viveu Jesus Cristo num período posterior em séculos a 'História mitológica' e por assim dizer, num período marcado já por certa consciência a respeito da real natureza do processo histórico em termos de naturalismo, o que nos leva a um padrão quase que científico, como aquele com que nos deparamos efetivamente em Tucídides, Dicearco de Messina, Políbio e outros historiadores e pensadores.

A história do antigo israel no entanto, pertence a um outro tipo de mundo, a um mundo ante histórico em que as intervenções divinas eram admitidas e relatadas por cronistas de praticamente todas as culturas.

É pois absurdo e mesmo vexatório que pessoas civilizadas pretendam insistir a respeito de semelhante concepção em pleno século XXI, momento em que a História retomou seu método e cárater científicos há quase quatro séculos...

Mas é exatamente o que fazem nossos fundamentalistas a luz do dia, ao sustentar a 'singularidade' da história do antigo Israel enquanto sucessão de comunicações, milagres, prodígios, sinais e juizos de natureza  divina.

Se ao menos tais pessoas dessem créditos as crônicas dos demais povos e culturas e a suas 'estórias' paralelas a respeito de aparições e deuses... haveria ao menos isenção ou justiça.

Acontece que tais pessoas encaram todas as históricas escritas pelos demais povos e culturas em termos naturalistas reservando o sobrenatural para a História do antigo Israel, apresentando-a consequentemente como um fenômeno único e excepcional.

É justamente este cárater de excepcionalidade ou de singularidade que torna semelhante tipo de 'história' inaceitável para não dizermos repugnante.

Na medida em que se rejeita sequer a possibilidade de que o Deus único e infinito produtor deste universo tenha se manifestado a outros povos e culturas ou agido em seu meio.

Numa dimensão puramente ética podemos classificar a estória do antigo Israel - e todas as demais 'estórias' remotamente antigas - como marginalizadora e excludente.

Ou mesmo como a 'História dos vencidos' na medida em que o genocídio cananeu e a deportação dos nortistas correspondem a realidade.

Pois caso a História tivesse sido escrita pela antigos cananeus massacrados ou pelos exilados do reino do Norte, seria totalmente diferente, comportando outros tipos de analises interpretativas nada lisonjeiras para com os invasores hapiru ou para com o clero judaíta.

Estamos pois diante duma história que ao invés de sagrada é sacerdotal ou teológica, isto é, duma 'estória' que em traços gerais foi imaginada, concebida e executada na sacristia do templo de Jerusalem tendo em vista alguns objetivos de natureza apologética.

Trata-se pois duma estória filtrada e não sagrada.

Duma história produzida 'poster factum', idealizada, alterada, modificada e transformada pelo clero hierosolimitano durante o século VII a C.

Trata-se simplesmente dum projetar do presente no passado longinquo ou como diriamos hoje dum gritante anacronismo.

Ou melhor dum imenso repositório de anacronismos pautados, via de regra, na figura do rei Josias e postos a serviço de seus objetivos temporais ou seja de sua política expancionista face ao território pertencente ao extinto reino do Norte.

Tal o cárater da assim chamada 'história deuteronomista' com seus estereótipos heroicos de Moisés, Josué, David, etc todos calcados na figura de Josias.

"Há muito tempo os eruditos bíblicos consideram o livro de Josué como sendo uma parte da assim chamada história deuteronomista, compilação de sete livros de material bíblico que vai do Deuteronômio ao segundo livro dos Reis, material esse que fora reunido durante o reinado de Josias. A história Deuteronomista retorna frequentemente a ideia de que toda terra de israel deveria ser governada por um único líder, fiel as leis entregues por javé no Sinai, e as asperas advertências a respeito da idolatria feitas por Moisés no livro do Deuteronômio." in Filkenstein/Silberman p 134

Outra tônica, não menos importante a respeito deste registro é "Estatuir a legitimidade desde Salomão, da centralização do culto de javé em Jerusalem, uma pretensão sacerdotal exequível apenas após a completa ruína dos estados do norte. Tudo quanto era situado fora de Jerusalem deveria ser estigmatizado." in Cyro de Moraes Campos - 1961 - -- 165

"Para eles - Os de Judá - tirar a legitimidade do culto prestado no Norte - mormente do santuário de Betel - correspondia a uma necessidade. Urgia demonstrar a malignidade das tradições religiosas vigentes no Reino do Norte, elas deveriam ser apagadas e substituidas por um novo esquema centralizado em torno do templo de Jerusalém." Filkenstein/Silberman 232

No entanto "A única inovação verdadeira de que temos conhecimento, foi justamente a proibição de qualquer tipo de culto sacrifical exercido fora de Jerusalem." atalha Reuss in Siebens "A origem do código deuteronômico"


Os reacionários do Norte é que apegavam-se tenazmente as formas de culto legadas pelos ancestrais e vigentes nos antiquíssimos santuários de Dan, Siquém e Betel. Filkenstein/Silberman id








II) A gênese do judaísmo: AS DIVERSAS FACES DO REI JOSIAS.



Embora seja problemático relacionar o surgimento do judaismo, enquanto instituição estritamente monoteísta, a qualquer figura em especial; julgo que - caso fosse necessário optar por alguma delas - optaria por Josias.

Sem desmerecer o papel do oficial egípcio Moisés, dos fervorosos missionários Elias e Eliseu ou dos profetas como Isaias e Jeremias, penso que personagem algum colaborou mais eficazmente para a afirmação daquilo que ora conhecemos por judaísmo do que o dito potentado hierosolimitano.




"Não é só pelo fato de Josias ser tratado na Bíblia como o mais  nobre sucessor de Moisés, Josué e David; a representação desses grandes personagens - como mostrada na narrativa bíblica - é que parece ter sido delineada tendo Josias em mente." in Finkelstein/Silberman p 370



É o judaísmo ulterior em grande parte elaboração de Josias e seus conselheiros ou melhor dizendo produto de suas aspirações políticas e temporais a serviço das quais foi posta uma verdadeira máquina propagandística cujos remanescentes ora classificamos como deuteronomistas.


Aqui, mais uma vez Finkelstein/Silberman:


"O plano ambicioso exigia uma propaganda ágil e eficaz. Assim o livro do Deuteronômio estabeleceu a unidade étnica do povo de Israel e a centralidade do seu lugar de culto nacional." 380

A bem da verdade a elaboração desta consciência deuteronomista, no que tem de mais característico, isto é a centralização religiosa; deve remontar a geração de Ezequias bisavô de Josias e companheiro do profeta Isaías. Não nos referimos aqui a qualquer tipo de zelo monoteísta, porquanto as raízes deste zelo devem remontar ao século IX, mormente as grandes figuras de Elias e Eliseu, os primeiros apóstolos do monoteísmo exclusivista.


"Estudiosos bíblicos sugerem que o movimento APENAS JAVÉ originou-se entre sacerdotes e profetas dissidentes do Reino do Norte, agastados pela idolatria e pela injustiça social características do Império Assírio. Quando a Samaria foi destruida eles fugiram para Judá onde propagaram suas ideias." id (livre)


A nosso ver os primitivos teóricos deste movimento - Apenas Javé - teriam sido os profetas Eliseu e Elias. Do colégio ou núcleo profético inaugurado por eles teriam saído Oséias e outros pregadores, em sua maior parte anônimos...

Sem embargo de tais fontes, todos estes elementos acharam convergência no reinado de Josias.


"Embora o profeta Oséias e o rei Ezequias estejam associados a ideias de teor deuteronomista (Apenas Javé), o registro histórico concernente ao aparecimento de um texto escrito publicamente lido ao povo, esta diretamente relacionado com a emergência da alfabetização no reino de Judá, fenômeno característico do sétimo século a C." id p 377

Num dos artigos precedentes tivemos ocasião de abordar a introdução do culto ninivita no santuario de javé durante o reinado de Acaz, sua remoção por Ezequias e sua retomada pelos execrados Manassés e Amon, graças aos quais a nação conheceu alguma paz, em que pesem os tumultos provocados pelos fanáticos, num dos quais veio a perecer o próprio rei, Amon, pai de Josias.

Estavam as coisas neste pé quando da morte do grande rei dos assírios Assurbanipal, cerca de 627 a C.

Culminou a morte deste princípe guerreiro com a dissolução política do pais cerca de vinte anos depois, quando - em 609/608 - Assur Ubalit II foi derrotado pelas forças de Nabupalussur da Bibilônia e de Ciaxares, rei dos Medas.

Pouco tempo depois de sua morte no entanto, começou já o império assírio a apresentar sinais de desgastes tanto internos como externos correspondam eles a disputa pelo trono ou a aproximação dos citas vindos do Norte.

Eis porque, cerca de 623/624, seu sucessor Sin Shar Ishkun, fez chamar a Nínive, sua capital, a maior parte dos efetivos responsáveis pela conservação da ordem nas colônias e nos países vassalos.

Um destes países ou regiões correspondia justamente ao Antigo Reino do Norte ou Israel, cuja capital Samaria, havia sido destruída por Tiglat Peleser cerca de cem anos antes ou seja em 727 a C. Destruição em decorrência da qual a parte mais rica e ativa da população fora deportada para a Caldéia, permanecendo na terra apenas a gente de baixa extração e alguns côlonos de origem pagã sob a tutela dum governador assírio.

Curiosamente, registram Noth, Alt, Campos e Filkenstein, colaborou a Assíria, decididamente, com a ascensão das aspirações teocráticas do clero hierosolimitano na medida em que, por assim, dizer, aniquilou seus opositores do Norte, reacionários radicalmente fiéis ao culto patriarcal nos moldes henoteístas já descritos.

Foi justamente a assíria que eliminou a resistência representada pelo Reino do Norte e seus santuários.

Entrementes agora cambiava a autoridade da própria assíria retornando seus efetivos a Nínive e abrindo um espaço no Norte para a política expancionista de Josias, inspirada pelos clericais de Jerusalem.

Chegara pois o aspirado momento em que as promessas feitas a Abraão e aos antepassados poderiam achar seu cumprimento na medida em que um único rei, sucessor de David, colocasse todo seu poder a serviço do Templo, centralizando o culto, destruindo os santuários ancestrais, impondo o monoteismo javista, exterminando os idolatras, fazendo cumprir a lei de Moisés e policiando os relapsos...


"A retirada dos assírios das regiões do Norte da terra de Israel criou uma situação que deve ter parecido, aos olhos de Judá, como um milagre há muito esperado. Um século de dominação pagã chegará ao fim, os interesses do Egito estavam concentrados na costa e o ímpio reino dos amridas havia sido destruído. O caminho dava a impressão de estar aberto para a realização das ambições acalentadas em Judá tanto pelo trono quanto pelo altar. Surgirá enfim a feliz oportunidade de conquistar o Norte apoderando-se dos territórios do extinto reino de Israel, de centralizar o culto religioso em torno de Jerusalém, de aniquilar o culto ancestral, de exterminar os idólatras e de estabelecer um grande estado pan israelita ou seja o império de javé." id (livre)

Tais as aspirações teocráticas do sacerdócio em cujas mãos era Josias tão dócil quanto cera quente...








III) O Josias - Josué...






Eis porque o dito sacerdócio achou por bem reeditar alguns fragmentos da Epopéia ancestral sob a alcunha de "Joshua" ou seja Josué...


Mais uma vez o clero hierosolimitano coloriu o passado distante com a tinta de suas aspirações exclusivistas, atribuindo ao fantástico Josué tudo quanto Josias deveria fazer para garantir a posse da terra.


"Nesse sentido, o livro de Josué é uma clássica expressão de anseios e fantasias de um povo num determinado tempo e lugar. A eminente figura de Josué é usada para evocar o retrato metafórico de Josias, o futuro Salvador de todo Israel." afirmam Filkenstein/Silberman p 137


De fato, caso examinemos com atenção - como fez o estudioso Richard D Nelson - a figura e as atitudes de Josué, não podemos deixar de convir que ele assume e exerce já os atributos de um rei cerca de meio milênio antes da implantação da monarquia israelita...


Basta dizer que ele conduz a cerimônia de renovação da aliança, tradicionalmente presidida pelo rei e que meditava noite e dia sobre o 'livro da lei', como era esperado que fizesse Josias...


Israel fora desarraigado por não ter levado a sério as advertências do velho capitão e deixado de expulsar e exterminar todos os cananeus do pais. Judá unicamente obedecera e por isto fora contemplada com a monarquia davídica...


A história no entanto parecia indicar que ainda havia uma chance para israel ou seja uma possibilidade de resgate. Essa possibilidade era permitir que o piedoso Josias desse cumprimento as advertências do velho capitão implementando uma verdadeira guerra religiosa contra os dissidentes...

Equivalia pois a retirada dos assírios ao começo do Reino de javé ou melhor do reinado de seus protegidos: os judaitas fiéis.






IV) O Josias - David...






Reino ou reinado durante o qual seria restabelecido o esplendor da casa de David...


Mas que esplendor, se como já foi visto, David jamais passara dum chefe de bando ou líder aldeão???


Ainda desta vez Josias foi tomado por modelo e as glórias de seu reinado, lançadas ao passado distante e atribuidas ao obscuro David.


Foi Josias uma espécie de Augusto judeu ao converter a velha Jerusalem provinciana, feita de palha e barro, numa capital de verdade com edificios públicos e religiosos de cantaria. 


Coisa que os amrides haviam feito no Norte há mais de dois séculos, quando Jerusalem não passava dum vilarejo perdido nas montanhas da judéia.


Foi Josias quem construiu o primeiro Templo e o primeiro palácio verdadeiramente dignos de um deus e de um rei nas terras até então inóspitas e desoladas do Sul.


Ao sacerdote no entanto convinha dar prioridade aos remotos antepassados de Josias e não a odiada casa de Omri. Assim as iniciativas de Josias são amiude atribuidas a David e a Salomão, cujos reinados assumem o status de época de ouro...


O brilho no entanto é aparente.


Eis porque a dita 'restauração' ou 'renovação' da casa de David, era a bem da verdade uma expansão ou ampliação sem precedentes.





V) O Josias - Moisés...



Acontece que a terra de Canaã fora já ocupada por um outro poder não menos prestigioso: o poder do Egito.

Efetivamente do terceiro milênio ao décimo segundo século a C, com algumas breves interrupções, esteve a Palestina sob o controle efetivo do grande império africano, gozando do status de 'protegida'...


Nada mais comum nos estratos das escavações pertinentes ao bronze antigo e ao bronze médio do que os famigerados escaravelhos e vasos com o típico cartuchinho ostentando o nome de algum faraó como Menkheperre Tutmósis, Geserkheperure horemheb ou Menmare Sethui Merenphtá, dentre outros.

Há mais de meio milênio todavia - a partir da crise iniciada durante a teocracia tebana (cf narrativa de Wem Amon) - Israelitas, Filisteus, Fenícios, Arameus e por fim os judaítas, haviam constituido pequenos reinos rivais e caido enfim sob o domínio da Assíria, cujos reis aspiravam abrir passagem até o Egito...

Eis porque o Egito não deixava de observar atentamente os rumos da política internacional.


Tendo inclusive - sob Psamético - enviado tropas a Haran com o intuito de socorrer os assírios em 616

Representou pois a retirada da Assíria, para o recém empossado Faraó Necao, uma feliz oportunidade tendo em vista a reocupação do antigo Israel enquanto 'quintal' tradicionalmente ocupado por seus antepassados...


Com muito mais razão que Josias cuidava o Faraó estar recuperando algo que lhe pertencia por direito.

Foi neste momento que os sonhos e aspirações do reizete hierosolimitano Josias cruzaram os sonhos e as aspirações do poderoso Faraó saíta Necau...

Na medida em que ambos desejavam ocupar o território correspondente ao extinto reino de Israel.

Tirando partido da proximidade, adiantou-se Josias, ocupando e mandando destruir os antigos santuarios do Norte - a começar pelo de Betel - e massacrar todos os cismáticos e heréticos.


"Ele e suas hostes puritanas sequer cogitaram e parar diante da tradicional fronteira com o Norte, mas prosseguiram até a odiada Betel, onde estava localizado o templo inaugurado por Jerobão com o intuíto de incendia-lo e polui-lo com ossos humanos..." id 371


"Depois - ele Josias - ousara estender seus domínios até Jezrael fortificando Megido e convertendo-a num pondo estratégico do estado judaíta." id 390

Simultaneamente moveu-se o grande Faraó tomando a mesma direção.

Imaginando as possíveis consequências ou seja o inevitável conflito prestes a estourar entre Judá e o poderoso império do Egito, compuzeram os sacerdotes de Jerusalém todo um ciclo de 'estórias' referentes a um suposto e antiquíssimo conflito sucedido entre o venerando líder Moisés e algum dos grandes faraós da XVIII dinastia. Nem é preciso dizer quem obtinha a vitória e conduzia o povo de javé a terra da promissão...

Por mais uma vez, diante dum conflito de natureza catastrófica entre nações cujas forças eram desproporcionais, acreditaram os sacerdotes judeus numa provável intervenção de javé em favor de seu povo fiel e purificado de toda idolatria.

Não havia Josias feito sua parte impondo a lei e o verdadeiro culto a preço de sangue? Não havia ele cumprido com seu papel de Josué?

Cabia pois a javé fazer sua parte derrotando o Faraó com todos os seus carros e cavaleiros.


Para que Josias seu protegido vencesse como Moisés e reinasse como David...

Tendo em vista animar tão funesta ilusão recorreram os sacerdotes de Jerusalém a algumas memórias obscuras armazenadas no templo e construíram a narrativa do Êxodo cujo objetivo era rebaixar a odiada figura do faraó...

Eis porque, dizem Filkenstein&Silberman: "A confrontação histórica entre Moisés e Faraó espelhou-se no confronto, prestes a ocorrer, entre o rei Josias e o Faraó Necau." p 105

Também o profeta havia anunciado para Josias uma morte pacífica ou seja de natureza não violenta.






VI) O desaventurado Josias de carne e osso...




Dando crédito as quejandas do sacerdotes e dos falsos profetas seguiu Josias confiante rumo a fortaleza de Meggido - que ficava junto ao caminho que conduzia ao Eufrates - e lá estacionou com suas tropas aguardando o faraó.

Ao chegar, fosse por sinceridade ou cálculo, alegou Necau estar seguindo em auxilio do ultimo rei assírio Assur Ubalit II - com o qual talvez tivesse assinado algum tratado id 370 - cercado pelas tropas de Nabucodorosor junto a Karkemish e pediu passagem a Josias. 


Outros teóricos sugerem que o Faraó, segundo o exemplo de seus antepassados, limitou-se a exigir o comparecimento de Josias a Megido com o intuito de faze-lo jurar obediência...


Este, no entanto, apelando a autoridade de Nabucodorosor da Babilônia, recusou... disto resultou uma batalha - e a simbologia do Hor Magedon ou seja do conflito entre as forças do bem (representadas por Josias) e as forças do mal (representadas pelo Faraó) - e desta uma flecha que atravessando ao meio o piedoso rei e servidor de Javé enviou-o para junto de seus pais ou seja para o sepulcro.


E com ele as esperanças judeias de um grande israel ou império davídico cujas fronteiras haveriam de chegar as margens do Eufrates...

No frigir dos ovos Moisés fora prostrado pelo Faraó...

Pouco tempo depois retornava Necao, batido por Nabucodorosor em Karkemish e no ençalço dele os babilônicos que acabaram não só tomando posse do antigo Israel como invadindo e pilhando o reduto dos santos de Jerusalém.


Cerca de dez anos depois convertiam-se em ruinas os sonhos dourados dos judaítas tornando-se o próprio templo pasto das chamas.


Nesta ocasião pereceram miseravelmente os filhos e netos do piedoso Josias mandados decapitar ou cegar e encadear por Nabucodorosos da Babilônia. Sem que javé fizesse qualquer coisa por eles, ao menos em consideração ao fiel Josias...







VII) Uma 'profecia' simplesmente blasfema...


Durante séculos acreditaram os fanáticos e fundamentalistas que o primeiro livro dos Reis (13,2) preservará uma profecia concernente ao futuro rei Josias em que seu nome era explicitamente citado com cerca de dois séculos de antecedência.

Segundo esta passagem um suposto 'homem de deus' procedente de Judá, teria pronunciado o nome do futuro rei de Judá, na cidade de Betel, diante de Jeroboão rei de Israel, acrescentando que ele haveria de destruir os santuários ancestrais e de supliciar todos os idólatras.

Um nome revelado duzentos anos antes do nascimento de seu portador. Eis um milagre verdadeiramente portentoso!

Tão portentoso que chegamos a duvidar dele.

Pelo simples fato de dizer respeito a um simples mortal e não ao Deus encarnado Jesus Cristo, cujo nome esta posto acima de todo nome.

Parece-me de fato ofensivo ao credo cristão que um ser meramente humano tenha tido seu nome revelado dois séculos antes de seu nascimento, enquanto que o nome do Deus encarnado Jesus Cristo tenha permanecido as ocultas.

Impede-me a reverência a que estou obrigado para com o Senhor Jesus Cristo de aceitar semelhante vatícino.

Tivesse algum nome de ser revelado assim tão poderosamente haveria de ser o único nome pelo qual somos reintegrados ao todo: o nome de Jesus, o nazareno e não o nome do assassino Josias.

Acaso estariam os prodígios menores dispostos para Jesus Cristo e os maiores para qualquer potentado hebreu?

Guarde-nos Deus de tais pensamentos blasfemos!

Creio que tais conjecturas são mais do que suficientes para demonstrar a manobra dos sacerdotes que redigiram o livro dos reis e que lá inseriram o falso oráculo muito depois da morte de Josias.

Como já haviam composto a narrativa da disputa entre Moisés e o Faraó, as crônicas referentes a Josué e a descrição dos reinados de David e Salomão espelhando-se nas ações do mesmo rei ou nas esperanças posta sobre seu reinado.


"UMA COISA PORÉM É CERTA: PARA O HISTORIADOR DEUTERONOMISTA, QUE ENCARAVA JOSIAS COMO UMA ESPÉCIE DE MESSIAS ABENÇOADO POR JAVÉ DESTINADO A RECOBRAR O TRONO DE DAVID E A RESTAURAR A GLÓRIA DE ISRAEL ERA IMPOSSÍVEL COMPREENDER E EXPLICAR A CATÁSTROFE DE SUA MORTE, LEGANDO APENAS UMA CURTA E ENIGMÁTICA FRASE A RESPEITO.
AFINAL OS SONHOS DESTE REI MESSIAS FORAM SILENCIADOS DE MANEIRA BRUTAL JUNTO AS COLINAS DE MEGIDO DANDO LUGAR UM ENIGMA TEOLÓGICO.
DÉCADAS DE RENASCIMENTO ESPIRITUAL E DE ESPERANÇAS VISIONÁRIAS, FORAM, APARENTEMENTE DESTRUÍDAS DA NOITE PARA O DIA.
JOSIAS, O BOM REI JOSIAS ESTAVA MORTO E O POVO DE ISRAEL, ESCRAVIZADO, AINDA DESTA VEZ, PELO EGITO." id 392



















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