Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

SÉRIE 'ERROS DO VELHO TESTAMENTO': A ORIGEM DO MAL...

Neste artigo o amigo leitor encontrará os seguintes temas:


  • Raízes do Machismo - as dores do parto - e os pastores contra a anestesia
  • O simbolismo da serpente e o culto da fertilidade (a deusa mãe)
  • A satanização da serpente
  • Não há qualquer alusão literal a um Diabo ou Satanas no Gênesis
  • A noção de trabalho como castigo e o fetichismo da teologia da prosperidade
  • O simbolismo da árvore e seu culto
  • A ideia do paraíso jardim enquanto construção de nômades recêm saídos do deserto
Boa leitura, que ela seja capaz de abrir e ampliar cada vez mais seus horizontes!!!













"EIS QUE AUMENTO AS DORES DA TUA GRAVIDEZ E NO SOFRIMENTO DARÁS A LUZ A TEUS FILHOS." Gn 3,16







Passamos de imediato as palavras ao general Abreu e Lima, tão citado e estimado pelos protestantes quando ataca a igreja romana:





"A sabedoria é para o deus de Moisés um atributo exclusivamente seu, pelo que deseja manter Adão mergulhado na ignorância. Compreendei pois que a ignorância é uma virtude, quiçá igual a santidade.





Teme pois que Adão adquira inteligência para sí.





E se lança-se mão da árvore da vida e comesse de seus frutos, tanto pior, pois viveria para sempre.





Por isso o expulsa do paraiso e põe a suas portas um anjo com espada flamejante a mão. Para que lhe vede o acesso a árvore da vida.





O DEUS DE MOISÉS NÃO TEME APENAS QUE ADÃO VENHA A CONHECER O BEM E O MAL, MAS AINDA QUE COMESSE DOS FRUTOS DA ÁRVORE DA VIDA, QUE ELE MESMO - DEUS - PUZERA NO CENTRO DO PARAISO, ADQUIRINDO ASSIM A VIDA ETERNA.





DE SORTE QUE SE COMESSE DE TAIS FRUTOS O TAL DEUS NÃO TERIA COMO DESTRUIR ESSA VIL CRIATURA QUE TIRARÁ DO PÓ.





PORQUE SE ADÃO COMESSE DA ÁRVORE DA VIDA (A QUAL SENDO ÁRVORE OU VEGETAL DEVE SER PERECIVEL) VIVERIA ETERNAMENTE CONTRA A VONTADE DE SEU SENHOR (!!!).





SE TUDO ISTO NÃO PROVA QUE O GÊNESIS FOI ESCRITO POR UMA HOMEM FÁLIVEL, ESTAMOS DIANTE DO CÚMULO DO ABSURDO." Abreu e Lima, iden, p 35











Tal o veredito do 'grande' general Abreu e Lima, sobre a estória da queda.





Uma estórinha que envolve árvores exóticas, tráfico de frutas, serpentes com asas ou patas, e outras aberrações do gênero, mas que, parte dos protestantes recebe literalmente...





Alguns poderão replicar dizendo que não há mal algum em se levar a sério a dita estórinha...
afinal nossos filhos são são ensinados a crer na existência do Papai Noel e do coelhinho da Páscoa?




O grande problema é que a interpretação literal desta cândida e inofensiva 'estorinha' tem dado origem a teorias e práticas verdadeiramente monstruosas.





Já porque dos castigos lançados sobre a serpente, a mulher e o homem, infere-se:





# Que antes do tráfico de frutas proibidas ser iniciado a serpente era provida de asas ou patas, passando desde então a andar rastejando sobre a terra...


Do contrário "Andaria ela saltitando com a pontinha de sua cauda?" (Shalders, p 34)

Por outro lado se andar com o ventre rastejando sobre a terra corresponde a um castigo divino "Que pecado teria cometido a tartaruga?"  Haroldo Cunha in "O super homem do ano 2000
# Que a mulher caso houvesse concebido e dado a luz antes do pecado não haveria de sentir dor alguma, logo as dores do parto são um castigo decretado pelo Criador face ao infame tráfico de frutinhas...


# Que antes do pecado a mulher não sentia desejo sexual ou não sabia o que era orgasmo, donde se infere, necessariamente, que o desejo sexual feminino ou o orgasmo é fruto do pecado (teu desejo te dominará, escreve o redator) ou seja um estado de coisas que não foi nem planejado nem querido pela vontade divina. Logo...



Que antes do pecado o homem possuia uma espécie de 'toalha mágica' bastando-lhe dizer - como na estórinha - põe-te mesa, para ter acesso a toda espécie de guloseimas: cereais, legumes, frutas e verduras fresquinhas... donde se infere, muito logicamente, que o trabalho é um castigo e o ócio o ócio e a vadiagem correspondem a virtudes...





Tais as doutrinas ou mensagens contidas na estórinha inofensiva...





"Acontece que teorias e doutrinas são teorias e doutrinas... enquanto a realidade é outra coisa..." dirá alguém, "Encaremos pois tais lendas e tais fábulas como algo puramente folclórico, diante do qual convem apenas sorrir."

De fato convem sorrir diante de narrativas semelhantes a 'caixa de Pandora' ou o 'cavalo de Tróia.' as quais ninguém ousa dar crédito...

Quantos dentre nossos amigos e parentes acreditam na existência das 'três parcas' ou no 'rapto de Europa'?

Em que a narrativa do assalto dos Cíclopes "Sobrepondo o Ossa ao Pélion, e o Pélion ao ampliselvoso Olimpo." influencia a vida das pessoas

De fato seriamos merecedores da compaixão universal, caso nos ocupassemos seriamente das fábulas e dos mitos tentando desacredita-los.

Sem embargo disto uma imensa hoste de religiosos fanáticos tem encarado e encara tais narrativas como absolutamente verídicas e dignas de crédito. Para eles tais doutrinas são sagradas, divinas e celestiais de modo que devem ser acolhidas com toda reverência pelos homens piedosos a ponto de servirem de baliza ou de padrão no que concerne ao comportamento e a própria vida social. Assim sacrificam o pensamento a fábula e recebem tais mitos com toda seriedade e boa fé deste mundo...



Quero dizer com isto, que de cada uma destas teorias ou doutrinas os fundamentalistas inferiram normas de comportamento, principios e valores e que cada uma delas acaba por inspirar e influenciar as vidas de milhões de pessoas... é através de tais narrativas que os sectarios aquilatam seus vizinhos, parentes e a sociedade como um todo; desejando transforma-la por sinal conforme o padrão das mesmas narrativas... empenhando nisto um esforço nada despresível.

De que temos exemplo na atual campanha homofóbica chefiada pelos pastores e nos esporádicos 'ressorgimentos' do machismo... e de certas posturas negativas face aos direitos das crianças e dos animais...


Poder-se-ia dizer que cada uma destas narrativas deu origem a práticas grotescas que atingiram de cheio a qualidade da vida e a dignidade de milhares e milhares de seres humanos, lesando-as a tornando-as verdadeiramente insuportáveis.





Aqueles que ignoram supinamente a história das mentalidades e crenças religiosas bem podem sorrir desdenhosamente, crendo que estamos aumentando e distorcendo as coisas, os fatos no entanto encontram-se registrados nos anaes da História e contra eles não pode haver argumento plausível...





Por causa da culpa que o livro atribuia a mulher (Eva) parte do povo Cristão - certamente a parte masculina - passou a encara-la como um ser demasiado frágil no que diz respeito ao corpo, tanto mais ignorante no que diz respeito a mente, mais defeituoso ainda no que diz respeito ao cárater, em suma: como a grande responsável por todas as desgraças que afligem a pobre humanidade e logo, como inapta para tomar parte na administração da cidade de Deus e na cidade dos homens, detarte a exclusão da mulher face ao político - iniciada pelos antigos gregos - perpetuou-se até quase nossos dias. Assim a mitologia judaica reforçou a grega - sobre a caixa de Pandora - prestando fundamento aos preconceitos machistas...



Assim trancafiada na cozinha e destinada a operar fornos e fogões - além das rocas e teares evidentemente - foi negado a mulher até mesmo o direito de instruir-se vindo a tornar-se um vetor de crendices e superstições de toda casta; e se não fosse o culto tributado pela Igreja a Virgem Maria, sob o título de 'Mãe de Deus' sua sorte teria sido ainda mais dura, conforme asseverou o insuspeito Malhock.





Foi-lhe vedado até mesmo sentir prazer durante as relações sexuais ou atingir o orgasmo sob a pena de ser considerada 'perdida' ou 'devassa'. Em algumas regiões as mulheres eram castradas (refiro-me a ablação do clítoris) para que não pudessem obte-lo de forma alguma, costume ainda em uso, atualmente, entre a gente bárbara do islã...





As igrejas grega e protestante adotaram como môdelo de piedade a velha viúva enquanto a igreja romana adotou o da moça virgem (leia-se FEIA E REGEITADA) destarte as mocinhas belas e namoradeiras, as senhoras bem casadas e felizes, bem como as viúvas alegres e tantas quantas mulheres desejassem viver passaram a ser logo encaradas como dissolutas ou mesmo como feiticeiras e seguidoras do Demônio, desde então veio a calhar o verso: 'Não deixarás viver a feiticeira.'


A sexualidade feminina passou a ser considerada tabú e a mulher como puro e simples objeto sexual ou como meio de procriação...





Saida do homem, criatura de criatura, deveria servi-lo; responsável por sua desgraça, deveria aplaca-lo...





Eis os saborosos frutos do gênesis... ou melhor do gênesis ad literam...





Diante de tais fatos não posso deixar de ficar pasmado diante de um número cada vez maior de de mulheres vinculado ao fundamentalismo... que o homem sustente a inspiração verbal e plenária de um livro que apresenta-o como rei e senhor absoluto da criação é perfeitamente compreenssivel, agora que a mulher afirme a inspiração plenária, linear e literal de um livro que apresenta-a como uma espécie de escrava, serva, animal ou objeto, alistando-a juntamente com eles, é verdadeiramente degradante.




São as 'inocentes uteis'...





MAL SABEM ELAS QUE QUANDO A ANESTESIA (REFIRO-ME AO CLOROFÓRMIO) FOI DESCOBERTA - PELOS IDOS DE 1830 - OS PASTORES PROTESTANTES LEVANTARAM-SE EM PESO PARA CONDENA-LA E PROIBIR SEU USO (SOB PENA DE CONDENAÇÃO ETERNA), RECORRENDO AQUELA BELA LIÇÃO DO GÊNESIS SEGUNDO A QUAL A MULHER HAVERIA DE DAR A LUZ ENTRE DORES... DIANTE DE TAIS PALAVRAS A ANESTESIA REPRESENTAVA UMA BURLA FACE AO DECRETO DIVINO DE CONDENAÇÃO DA MULHER.




Logo, afirmavam os pastores: a anestesia era uma invenção demoníaca, que se opunha a vontade de Deus e a seus justos juízos...





Uma vez que o deus hebraico/protestante aspirava por vingar-se vendo as filhas dos homens (por ai se vê que não tem filhas, como já diziam Lutero e Afonso Celso) estrebuchando e gritando de dor... quando um nobre e generoso mortal descobriu como elimina-la... Foi o quanto bastou para que os iluminados e profetas clamassem contra a 'ciência ímpia e sem deus' em nome da moral e dos bons contumes (eufemismo para designar os preconceitos judaicos infiltrados no corpo do cristianismo e alimentados pela canalha fundamentalista).





Podeis ler a narrativa de tudo quanto sucedeu-se naqueles tristes tempos no "Triunfo sobre a dor" de Fullop Muller.





A rainha Vitória no entanto, achando-se prenha, não teve dúvidas em burlar a lei divina, recorrendo ao clorofórmio ao invés de 'orar' pedindo que o 'deus dos milagres' diminuisse suas dores... desde então todas as mulheres, mesmo as fundamentalistas de carteirinha, passaram a aceitar a anestesia...

E o gênesis 3,16??? Foi para as cucuias... e ninguém mais resolveu cogitar dele...


Aos teólogos de carteirinha ficou o triste encargo e duro ofício de refazer as interpretações, o que não foi lá muito díficil graças a técnica do livre exame, que lhes permite trocar o sentido dos textos bíblicos como a serpente munda de pele e nós de roupa...





Coisas há no genesis que nem toda a fé dos fideistas é capaz de engolir literalmente, ou a seco, como dizia minha falecida avó, tal o decreto de genesis 3,16.

Azar das mulherzinhas ignorantes e fanáticas que deram ouvidos aos pastores e sofreram resignadamente o 'juízo do Senhor'...


Afinal, se como garante o profo Shalders (pp 34) "O castigo adicional de comer terra todos os dias deve ter sido comutado, haja visto que as serpentes de hoje não se alimentam de terra." nada mais justo do que comutar do mesmo modo, o castigo imposto a munher...

Tendo Jave recordado-se da serpente e esquecido-se da mulher, lembrou-se dela o médico 'ímpio e sem deus'...


Caso Deus tenha senso de humor - nós não duvidamos de que tenha pois esta escrito que 'Se rí dos ímpios' - deve rir as baldas diante das idiotices e imbecilidades que os homens, em especial os pastores protestantes, ensinam em seu nome... O homem jamais profere tantas obcenidades exceto quando resolve apresentar-se como representante de deus...




O SIMBOLISMO DA SERPENTE E SUA SATANIZAÇÃO...







Graças ao gênesis as serpentes teem sido encaradas como símbolo do mal e impiedosamente exterminadas pela Cristandade fanática. Trata-se dum preconceito que já se arraigou no inconsciente da maioria das pessoas, até mesmo daquelas que não prestam tanta atenção as narrativas mibarolantes do livro e cujo saldo é a tortura e a aniquilação de seres irracionais, cujo único pecado é defender-se institivamente dos 'sapiens sapiens' que invadem seus domínios naturais.

Isto no entanto tem uma razão de ser ou seja um motivo apologético urdido pelos sacerdotes israelitas contra seus concorrentes pagãos.

E esta razão de ser é bastante compreensível:

Desde os tempos imemoriais as mais diversas culturas espalhadas pelo globo tem associado a serpente aos cultos telúrico (do latim Tellus = terra) / Ctonianos relativos aos antigos deuses, em especial a mãe terra conhecida por Gaia, Cibele, etc associados comumente ao culto da fertilidade.

Trata-se evidentemente daquela primitiva religiosidade que floresceu desde o alvorecer do neolítico em sintonia com o despontar e a expansão da agricultura.

Frequentemente deparamo-nos com a figura da deusa mãe ladeada por serpentes, com uma saia formada por serpentes - como no caso de Cihuacoatl, a deusa serpente dos Aztecas - ou mesmo manipulando serpentes, como nos famosos painéis de Cnossos descobertos por Evans.

Na Trácia consta que as sacerdotisas da deusa manipulavam as Serpentes, a exemplo de Olímpia, mãe de Alexandre.

A associação entre as figuras estateopigias e a serpente deve ser compreendida justamente na perspectiva da fertilidade ou na fecundação da terra pelo principio divino. A serpente por viver junto a terra, como que perfurando-a, passou a ser associada ao orgão genital masculino no ato de penetrar e fecundar a fêmea. Do mesmo modo a deusa terra era penetrada e fecundada pela serpente produzindo seus frutos.

Segundo a mitologia sumeriana a serpente perfurava a superfície da terra para que as árvores pudessem sair do 'inferno' ou do abismo e nutrir os mortais segundo a determinação dos deuses.

Tudo isto coloca-se numa perspectiva telúrica e ctoniana voltada para a fertilidade duma terra considerada como entidade feminina, o que engloba necessariamente uma conotação fortemente sexual. A própria forma cilíndrica da serpente recordava o falo ou membro masculino.

Os povos semitas no entanto - portadores do bronze e da morte - eram nômades em decorrência de suas atividades pastoris desenvolvidas nos desertos. Desertos nos quais a serpente é uma das mais terríveis inimigas do homem e do gado e por isso muito malquista...

Eis porque o culto prevalecente entre tais sociedades e culturas, enquanto construção natural de homens que mesmo durante a noite viviam praticamente sob a luz das estrelas, assumiu uma conotação sideral ou planetária.

Enquanto os deuses agrários eram de cárater telúrico/ctoniano, os deuses pastoris eram quase sempre de cárater celestial como foi enfatizado por E Renan (apud História do povo de Israel). A princípios, enquanto tais povos eram politeistas, certa acomodação foi possível na medida em que o deus celestial, fosse ele o sol ou a lua, contraia bodas com a deusa mãe, senhora do amor e da fertilidade.

No alvorecer da civilização mesopotâmica deparamo-nos já com a cerimônia litúrgica do deus, em que congraçavam-se ambas as tradições: a neolítica e a semítica. Aqui era Shamash, ali Nana/Sin, acola Baal e mais além Marduk, que representado pelo rei ou pelo sumo sacerdote, desposava Inana, Astarte ou Baalit, representada pela grande sacerdotiza.

Segundo Heródoto, havia, no alto do grande Zigurat de Babilônia, uma pequena câmara com um leito de ouro maciço preparado para a piedosa cerimônia. Noutros sítios porém ela ocorria praticamente em público, diante dos olhos de toda multidão para a qual representava a única garantia de que a natureza seguiria seu curso ordinário com primavera, outono e colheitas... O casamento do deus celestial com a deusa terra era penhor de fartura para a cidade.

Esta parceria implementada pelos sacerdotes deu certo em diversos contextos por muitos séculos.

Azedou porém no antigo israel desde o momento em que o politeismo cedeu passo ao henoteismo, e em que este foi tomando cada vez mais a forma de um monoteismo. Na cultura proto israelita ou israelita tais ritos desapareceram bastante cedo, na medida em que Javé ia assumindo a conotação de um deus único, logo, necessariamente celibatário.

Naturalmente que o grande celibatário do universo, que desde Elias não possuia parceiro, sócio ou companheiro não possuia esposa.

No momento em que os profetas assumiram o controle ideologico no alvorecer do primeiro milênio a C, houve a ruptura. Nada de matrimônios divinos ou de cultos prestados a terra, porque Javé continuou a ser sempre encarado como um deus de origem sidérea ou celestial.

Desde então qualquer tendência aos cultos ancestrais de cárater parcialmente telurico/ctoniano, teve de ser rigorosamente condenada e encarada como uma espécie de heresia ou apostasia.

Acontece que os israelitas, uma vez instalados em Canaã, converteram-se, de povo agro/pastoril que eram, num povo cada vez mais agrícola, daí a forte atração exercida entre eles pelo culto ancestral e regional de natureza agrária. Destarte a experiência implementada no deserto corria o risco de perder-se.

Era necessário forjar alguma tradição que apresentasse negativamente o velho vulto ao povo de Javé.

Eis porque os sacerdotes israelitas infamaram a mulher e nela qualquer tipo de divindade feminina como a deusa mãe... e a serpente, enquanto símbolo daquele vetusto culto orgiástico tributado a fertilidade. Abateram os teólogos hebreus dois coelhos com uma cajadada só...

Houve uma inversão de cárater intencional a partir da qual a serpente ( e com ela a deusa) passariam a ser negativamente encaradas já pela tradição judaica, já pela tradição cristã de cárater judaizante.

Desde então a serpente converteu-se em símbolo do mal...

Neste sentido a capacidade - imaginada por parte da primitiva comunidade cristã (O final do Evangelho de Marcos não pode ser obrigatoriamente imposto como original, canônico ou inspirado) de alguém manipular serpentes e permanecer incólume ao ser picado, comporta, tanto em sentido literal quanto em sentido alegórico, a ideia duma reversão ou de um triunfo efetivo sobre o mal que Cristo oferecia a cada um dos fiéis.



MAIS IDIOSSINCRASIAS ISRAELÍTICAS 


Tornemos porém a letra do texto...

A serpente no entanto conseguiu livrar-se logo da maldição divina, deixando de comer terra... assim mostrou-se mais astuta que o próprio Javé, afinal quem teria dado astúcia a serpente senão ele??? E por dar astúcia a serpente seduziu Eva e fez cair Adão... o que certamente não teria ocorrido caso a serpente tivesse sido feita sem astúcia ou seja ingênua. Feita ingênua, por disposição de Javé a serpente não teria logrado seduzir Eva e feita muda não poderia te-la atraido (por outro lado, caso a fala não lhe fosse habitual Eva teria certamente saido correndo)... no entanto Javé concedeu-lhe o dom da fala, para que pudesse enganar a mulher. Por outro lado como Javé não castigou a serpente tirando-lhe a voz, mas as asas, as patas ou a capacidade de saltar; seria de se esperar que as serpentes tagarelassem... Shalders 32 - 34

Acaso não sabes, homem incrédulo - increpa-nos o Malafeia - que se trata do Diabo sob a forma de uma serpente?

Neste caso pastor, se o Diabo utilizou-se da serpente, porque a serpente teria sido castigada?
Acaso poderia ela ter colaborado com o Diabo sem possuir o apanágio da livre vontade?
Por outro lado não sendo nem livre nem responsável como pode ter sido punida?
Acaso puniria Deus um animal irracional e irresponsável?
Dirá o egrégio pastor que quem foi punido foi o capeta e não a serpente?
Eu no entanto jamais ouvi qualquer pastor ou profeta ensinar que o Demo anda se arrastando pelo chão ou comento terra...
Nem leio qualquer coisa sobre Diabo ou Satanaz no contexto, mas serpente e somente serpente, descrita por sinal como um animal do campo... Shalders 32

Na verdade, a letra do terceiro capítulo do gênesis não faz qualquer alusão a uma Serpente medium que tivesse incorporado algum Diabo ou Satanaz, enquanto anti Deus. 

Neste sentido podemos desafiar qualquer pastor ou pseudo presbítero carismático a apontar-nos qualquer alusão literal a um ser intitulado Diabo ou Satanaz no contexto do Hexamerom.

Semelhante alusão inexiste.

Para o redator genesiano Serpente é serpente ou seja um animal da categoria dos répteis e não um espírito ou anjo caído.

São os padres e mais especialmente ainda os pastores que introduzem leviana e desonestamente, o tal anjo caído, Diabo ou Satanas na pitoresca estorinha de que ele - literalmente falando - não faz parte.

Então, aqui, o Satanas, Diabo ou anjo caído, corresponde a uma ideia, opinião, teoria ou interpretação do teólogo - que sempre pode estar equivocado pelo simples fato de ser humano e fálivel - e não a palavra escrita do redator a que se atribui a 'Revelação'.

Satanas no Gênesis não é conteúdo objetivo do registro mas entidade alienígena e de elaboração posterior, inserida pelo comentarista com o intuito de baralhar tudo e de ludibriar o leitor ingênuo.

O resultado desta manobra é ficar o pobre crente achando que a patética figura do capeta sempre fez parte da crença dos homens e dos judeus, desde os tempos do paraíso adâmico... quando na verdade a figura do capeta é importada duma religião paganíssima, o mazdeismo, correspondendo a uma necessidade evolutiva da própria religião enquanto depuração da ideia de Deus enquanto expressão do bem absoluto... (Cf Fullop Miller 'Os grandes sonhos da humanidade' caput I)

Pergunte para seu mestre ou guia espiritual se os termos Diabo ou Satanas constam no livro do Gênesis, se ele te disser que consta, peça para mostrar-lhe; do contrário creia em nós ele esta mentindo. Agora se ele for honesto e te disser que não...

Bem se ele te disser que a Serpente é o diabo pergunte-lhe se o diabo como pó como as divindades infernais da antiga Suméria ou se se arrasta pelo chão. Pergunte ainda como faz para sair do fundo do abismo e vira terra se se arrasta com o vente pelo chão...

Agora se te disse que foi a serpente é que foi castigada, pergunte porque foi a Serpente que foi castigada e não o Diabo ou Satanas...

Excelente solução é dar repouso a consciência e admitir que semelhante narrativa - como em geral a totalidade dos escritos judaicos, a exceção das profecias alusivas ao Senhor Jesus Cristo - não faz o menor sentido e que não passa dum mito como tantos e tantos outros.




Passemos agora ao bicho homem:


Quanto ao fato do trabalho ser encarado como uma espécie de castigo ou punição e a ociosidade como uma virtude, seu influxo ainda subjaz sob o rótulo da assim chamada 'teologia da prosperidade' teoria segundo a qual os trabalhos são tanto mais indignos quanto mais humildes ou braçais (correspondendo de certo modo a um pecado, castigo ou maldição) enquanto que os trabalhos tanto mais próximos da beatitude original são os encargos de chefia, destinados aos "eleitos do Senhor" que pagam seus dizimos regularmente...


Assim chegamos ao termo dos castigos, punições e decretos divinos, mas, perá lá, será que não estamos esquecendo alguém?

"Eva foi castigada, condenada a parir entre dores e a servir o marido. Adão foi castigado, perdendo sua morada aprasível e tendo de cultivar a terra para ganhar seu sustento. A serpente foi castigada, obrigada a rastejar no pó e a te-lo como sustento. SÓ O CAUSADOR DE TODA DESGRAÇA, SATANAZ, NÃO FOI CASTIGADO. FICOU LIVRE E CONTINUA LIVRE PARA CAUSAR TODO MAL E TODA DESGRAÇA QUE BEM ENTENDER." Shalders p 37





Conclusão: o entendimento literal ou superficial de genesis III, tem dado origem a uma série de práticas nocivas e de aberrações revoltantes, como o domínio tirânico da mulher pelo homem, a repressão de sua sexualidade; complexos e traumas com relação a serpentes e seu consequente exterminio, a tendência para se menosprer justamente as atividades mais laboriosas, etc PARA NÃO FALARMOS NA TEORIA DA DEPRAVAÇÃO OU CORRUPÇÃO TOTAL DO GÊNERO HUMANO, IMPORTADA DO MANIQUEISMO PELO GRANDE DOUTOR DE HIPONA E RECEBIDA DE BRAÇOS ABERTOS POR WYCLEFF, HUSS, LUTERO, CALVINO, FLACIUS...





Quanto a esta doutrina anti-humanista pode-se dizer que drenou literalmente as energias da Europa por séculos a fio, impedindo seu desenvolvimento filosofico e científico. Para não mencionar-mos o fato de que antes do batismo as criancinhas recém nascidas eram encaradas como seres pecaminosos e sujos e que as almas das criancinhas pagãs, mortas sem recebe-lo, eram consideradas como objetos de perpétua condenação... o que refletiu-se na pedagogia sombria de Port Royal por exemplo e em todas as ramas da pedagogia protestante até os dias de Russeau, o qual, regeitando a sinistra teoria agostiniana, restabeleceu a tendência inaugurada por Vitorino da Feltre na esteira de Quitiliano, desde então a criança passou a ser encarada como tal e seu universo passou a ser respeitado como algo peculiar...





Evidentemente que a narrativa genésica prescinde de tais conteúdos, OS TEOLOGOS FUNDAMENTALISTAS NO ENTANTO, SABIAM LER AS ENTRELINHAS E SACAR AS CONSEQUÊNCIAS DAS PREMISSAS, CONVERTENDO A 'ESTÓRINHA INOCENTE' NUM MANUAL DE PÉSSIMAS MANEIRAS como diria Saramago.





Podemos pois declarar e sem medo de errar que estamos diante de um dos capitulos das escrituras hebraicas que mais problemas causou aos Cristãos que tiveram a desgraça de viver 'nos bons tempos da fé', especialmente se mulheres ou crianças; para não falarmos nas serpentes e outros animais. Verdadeira fonte de preconceitos o Hexamenron não pode ter deixado de afetar as vidas de milhões e milhões de seres imprimindo-lhes um cárater negativo e semeando um amplo lastro de sofrimentos e dores, já físicos, já morais...



A ORIGEM DO MITO DA ÁRVORE:













Já na aurora da civilização os extratos destas e de outras espécies eram empregados pelos Xamãs, pajes e sacerdotes com o objetivo de induzir os fiéis ao estado de transe e po-los em contato direto com as entidades e seres divinos...




Os druídas por exemplo empregavam o visgo extraido do carvalho como nossos sectários empregam o chá do santo Daime.





A pitonisia mascava folhas de loureiro, árvore que passou a ser identificada com Apolo.


Com o passar do tempo as próprias árvores - como carvalho, pinheiro, loureiro, terebinto e palmeira - passaram a ser consideradas como sagradas. Como a morada da própria divindade a que eram consagradas, a qual inclusive, falava através delas, fornecendo oráculos aos sacedotes que interpretavam os movimentos de suas folhas. Segundo Malvert, tais crenças, serviram destarte para proteger tais culturas, evitando sua destruição e extinção... Tal prática é bem conhecida do Velho testamento e dos antigos hebreus.




Pois esta escrito que Débora a profetiza, entrava em transe debaixo das folhas duma palmeira, que javé concedia entrevista a Gedeão sob a copa de um terebinto e que o próprio Javé comunicou-se com David, por meio dos sons emitidos pelas copas das amoreiras (dendritomancia):

"Então escutarás uma revolução nas copas das amoreiras e te apressarás, porque o senhor saiu diante de ti, para esmagar as hostes dos filisteus."

Sem mencionar o afamado 'Carvalho dos prantos ou das lamentações' de Gen 25,8 e os ja mencionados carvalhos sob os quais Abraão praticava seus ritos ancestrais...

Tudo isto implica num verdadeiro culto as árvores sagradas.

Culto que principiou lá na antiga Suméria.





Na qual cada templo possuia um jardim ou bosque com árvores sagradas, em meio as quais encontrava-se um símulacro da divindade.




Isto vale não só para os ópidas célticos das Gálias - cujos bosques sagrados foram detalhadamente descritos por César (cf De bell Gal) - para Delfos, Dodona e Dafne, para Deir al bahri, para o templo de sushinak em Susa e para tantos outros, mas ao que parece para os templos da arquivetusta Eridu, a respeito da qual temos o testemunho da seguinte tabuleta:

"Em Eridu cresceu um pinheiro escuro e em lugar puro foi plantado
Seu fruto brilha como o cristal em face do mar...
Ele esta plantado no centro da terra...
Bosque santo cuja sombra é espessa, mortal algum jamais entrou ali, é a morada da grande mãe, aquela que gerou Anu."


Efetivamente, centenas, quiçá milhares de tabuletas representam a um lado deuses e anjos regando árvores e a outro mortais adorando-as.

Segundo tais registros Enki ou Ea plantou duas árvores, uma cognominada 'mesu' e associada a "longa vida" (Gudaea, um rei de Lagash, pediu a seu senhor Ninghirsu a graça de provar os frutos da árvore mesu) e outra 'giskanu' cujas raízes chegavam ao abismo (Apsu) e os ramos chegavam ao céu."

"Bur-Sin 'restaurou a árvore giskanu de Eridu", Eri-Aku chama-se "o restaurador do oráculo da árvore giskanu de Eridu", enquanto Sin-idinnam descreve-o como o oráculo da árvore giskanu dos Espíritos da Terra '. Ela corresponde, portanto, com a árvore do conhecimento do que a árvore da vida ... " James Hastings. Editor. The Expository Times . Edinburgh,Scotland. T. & T. Clark. 1906, Vol 10 pp 471


Sayce (
1908) sobre a kiskanu:

"A árvore do conhecimento foi cognominada kiskanu pelos babilônios, de gis sumério-kin, 'a árvore do oráculo." in 'A Arqueologia do Livro do Gênesis.' pp. 470-472 James Hastings, editor.

Eis o hino dedicado a Ea, versão de Bottero:

"O Sublime Senhor do céu e da terra ...
Pai Enki, a quem tem gerado um touro ...
O rei, que plantou a mes-árvore no Absu ...
O Grande Dragão, que está em Eridu,
cuja sombra cobre o céu ea terra,
Um pomar cheio de árvores frutíferas esticada sobre a Terra,
Enki, senhor da prosperidade, (Senhor) dos deuses Anunna ... "

E ainda no dialogo de Inana com Utu/Shamash no qual a deusa, afirmar ter comido ou desejar comer o fruto 'das arvores de cedro' para obter certos conhecimentos de ordem erótica.

Portanto, a origem das árvores descritas no gênesis, é também ela de origem sumeriana.





Cumpre dizer ainda que a religião dos patriarcas hebreus, tinha por elemento comum com as religiões naturalísticas da mesopotâmia e de Canaã, o culto das árvores fossem carvalhos, terebintos, palmeiras ou amoreiras, quero dizer com isto que as árvores não eram apenas consultadas pelos videntes, mas verdadeiramente reverenciadas como moradas da divindade ou de seus ministros.

Tal como os árabes do tempo de Maóme, Abraão, Isaac, Jacob e sua parentela, ungiam tais árvores com óleo perfumoso, queimavam-lhes incenso e possivelmente adornavam-nas com jóias preciosas. E quando algum dentre eles falecia, encontrava seu último repouso sob a copa da árvore sagrada junto a qual shadai ou seus emissários lhe haviam falado...

De modo que a escritura dos judeus é repleta de alusões a tais árvores sagradas, a começar pela do Eden... Tais os carvalhos de Manre e Mamvré, reverenciados pelo pai do monoteismo, o de Siquem ou dos videntes, o de Ofra junto ao qual o anjo falou a Gedeão, etc

Cada comunidade possuia seu carvalho ou terebinto ancestral, junto ao qual ora se manifestava Javé ou seu anjo no lugar das antigas divindades ctonianas ou agrárias. Morta a árvore santa, os devotos convertiam-na numa espécie de poste (Ashera) o qual era chantado nos átrios dos templos como relíquia e fervorosamente reverenciado pelos devotos.

Mais tarde, quando o monoteismo assumiu a forma profética, tanto mais desenvolvida e espiritualizada, tais bosques, árvores e postes foram sucessivamente apresentados como ídolos das nações e implacavelmente destruidos tal e qual os terafins, os efodes, as fontes e os maceboths ou betilos, igualmente cultuados pelos antigos israelitas durante a fase patriarcal.

Tanto a ressenção jeovista quanto a eloista parecem indicar que Javé mora nos céus e que a base de seu trono esta firmada sobre a solidez do mesmo (lembre-mo-nos de que para Job - Meu Senhor formou os céus que são sólidos como o metal - como para o Perípato a cúpula celestial é sólida) enquanto que seus anjos ou ministros moram nos poços (como ode Agar), nas pedras e nas árvores tal e qual os gênios do paganismo. É o que dizem os profos Julio Bewer e José Carlos Rodrigues em seus estudos sobre os livros dos judeus, Malvert mais uma vez, informa-nos que o potencial curativo das fontes medicinais era encarado pelo homem primitivo como uma evidência insofismável quanto a presença dos seres divinos no lugar...



Hohene e outros especialistas (Penna, Lecointe, etc) afirmam que aquele que cochilar debaixo da copa da Mançanilha (hippomane mancinella) arrisca-se a jamais acordar ou a contrair uma dermatite das mais perniciciosas, tal o gráu de toxidade deste vegetal.

Certamente que o homem primitivo habituou-se desde muito cedo com tais plantas, as plantas tóxicas e com os efeitos produzidos por elas no organismo humano, especialmente com os tremores, delírios e alucinações causados por algumas espécies como a datura, o peyote, a coca e a canabis, nas Américas; o loureiro e o carvalho na Europa e o carvalho, o terebinto e a papoula no Oriente...


Entretanto é forçoso admitir que os escritos hebraicos identificam ou confundem amiude Jave com o tal anjo ou Malek Javé (especialmente no passo referente a visita dos tres seres a Abraão) de que temos amplo testemunho nos livros de Hilário, Agostinho e outros dedicados a Santa Trindade e em diversos autores muçulmanos segundo os quais os antigos hebreus ou os hagiografos tendo errado em matéria tão grave - ou seja a distinção entre Alla e seus ministros, os anjos - cairam em pecado de angelolatria.

Afinal o monoteismo hebraico - tal e qual o persa ou zoroastriano - teve como ponto de partida o polidemonismo ou a monolatria (henoteismo) não sendo Javé, a principio, mais do que o deus de Abraão e seu povo, afinal, desde que renunciará a fé ancestral e derá origem a uma nova tribo, Abraão devia, necessariamente, lançar as bases de um novo culto nacional ou melhor dizendo tribal. Dentro deste esquema os deuses antigos foram convertidos primeiramente em algo semelhante aos Djins da árabia, depois em anjos ou fâmulos - nas divindades maléficas em demônios ou anjos caidos - de Jeová, ficando eliminados os Djins, até que os próprios anjos acabam sendo substituidos por santos falecidos ou heróis e lançados ao limbo (como a exemplo do espiritismo). Tal não é o caso do islan, pois os muçulmanos afirmam a existência tanto de uns quanto de outros. Seja como for tanto uns quanto outros: Djins, Anjos ou heróis, acabaram por ser transformados em cortesãos, fâmulos ou servos seja de Javé, do Cristo ou de Alla, reproduzindo espiritualmente a hierarquia política predominante neste mundo e representando os tribunais e as cortes terrenas no além túmulo...

Trata-se no entanto dos deuses antigos e, apesar das veleidades monolátricas do jeovista e do eloista, eles ainda se equiparam e confundem frequentemente com Javé, o qual por isso mesmo, não passa dum Anu, de um Amon, de um Zeus ou de um Jupiter ou seja de um rei dos deuses ou deus supremo, que reina sob o panteão tribal formado por seus familiares e ou parentes... aos quais faz dizer: VINDE DESÇAMOS E CONFUNDAMOS... Gen 11,8

Estamos pois em pleno politeismo, diante de resíduos ou vestígios seus, segundo testifica o salmo: "Impera Javé no conselho dos deuses." = ELO HIM (idem a Gn 1,1) Porque a princípio os Djins e anjos eram deuses e os primeiros patriarcas dos hebreus pouco mais que politeistas.

Também é necessário esclarecer sobre a origem do termo paradeisos que significa Jardim e o porque do Eden - lugar prazeroso - ser descrito como um jardim e do primeiro homem posto nele.

Efetivamente como dissemos a maior parte das religiões e cultos primitivos, ligados a magia ancestral, encaravam algumas plantas e árvores como sagradas, chegando a cultua-las e a cercar seus templos e oratórios com bosques e jardins.

Já tivemos a ocasião se salientar que o Oriente próximo quase que todos os templos possuiam bosques e jardins sagrados, jardins que os babilônicos - não nos esqueçamos dos maravilhosos jardins suspensos nos quais certamente habitavam não poucos símulacros - embelezaram ao extremo, mas que os persas lograram exceder em originalidade e luxo.

Consideremos agora, que nossas religiões monoteistas tiveram seu inicio no deserto em meio as areias escaldantes... imagine-se pois o espanto e o encanto com que os primitivos hapiru contemplaram tais jardins, seja em Tebas, na Babilônia, em Susa ou em qualquer outra grande capítal para a que foram levados pelos conquistadores.

A relação é bastante simples: se os deuses das outras nações habitavam em magníficos jardins, evidentemente que Javé também deveria abandonar a montanha ancestral e plantar um Jardim: o Eden, e nele passear, vez por outra. Posteriormente a figura da montanha ancestral suplantará o jardim, Gn I no entanto incorpora o triunfo do jardim que é um ambiente mais ameno de uma divindade tanto mais amena (Javé no entanto sempre traira sua origem montanhesa e rude).

"Relatos que originalmente não eram israelitas, mas sim cananeus e babilônicos, se haviam transformados em israelitas. Assim, contos religiosos que em sua origem tinham relação com o deus cananeu Baal ou com o babilônico Marduk (maraduke ou merodake) ou ainda com qualquer outra divindade, agora eram relacionados com javé." Bewer 'La literatura del antiguo testamento' Buenos aires, la aurora, 1938 pp 61



Ao que parece o primeiro herói a vizita-lo teria sido Isdubar/Gilgamesh, segundo podemos ler na nona tabuleta da epopéia que leva seu nome:

"Assim avistei a floresta das árvores cuja aparência era semelhante ao JARDIM DOS DEUSES. Ali os frutos das árvores eram de esmeralda e sob seus pesos vergavam os galhos já não podendo suporta-los. Rebentos tão belos que deslumbravam a vista."
Existe ademais um cilindro, reproduzido na 'Mythologie' de Descharme no qual esta representada uma ninfa, colhendo um fruto de uma árvore sobre cujo tronco esta enrroscada gigantesca serpente ao lado de Izdubar/Gilgamesh, o qual aperta entre as mãos um dos frutos com a intenção de morde-lo. Outra representação simbólica do pecado ancestral...





Tal a origem ja das Hesperíades de Hércules, já do jardim de javé ou do Eden, o qual significa a suprema estupefação dos bárbaros hebreus diante dos elaborados jardins sagrados ou profanos dos babilônicos e dos persas... pois se cada deus ou mesmo cada potentado devia possuir seu jardim de inverno, também javé devia de ter o seu...

Ja o fato do primeiro homem - Adamu, Adapa ou Adão - ter sido posto nele reflete certamente o desejo inconsciente dos povos do deserto - como os israelitas - de se transferirem para um habitat tanto mais ameno, quanto favorável a agricultura. Psicologicamente Adão no Eden simboliza a aspiração de todo nômade por uma casinha cercada por uma horta e um jardim e sociologicamente se traduz na invasão das terras férteis, umbrosas e cultivadas por suas hordas...

Foi com muito custo que os antigos hebreus lograram conquistar as férteis planícies de cannã como Jezrel ou Sefelá, para posteriormente terem sido despojados delas pelos babilonicos, assirios, persas, gregos e romanos... tendo muitas vezes de regressar aos desertos do sul ou da árabia para gozar de alguma liberdade em meio as areias escaldantes. Levaram porém consigo a nostalgia do jardim e o livro do gênesis, parâmetros a partir dos quais foram pouco a pouco reforçando cada vez mais a imagem persa de alem túmulo como jardim ou paradeisos, imagem posteriormente herdada já pelo Cristianismo, já pelo maometismo, inclusive sob formas ja variegadas, já materialistas.

No fundo porém toda essa estória de árvores, frutos, jardins, rios, etc é tipicamente pagã, seja sumeriana, babilônica ou persa... puro reflexo da forte impressão causada pelos bosques e fontes aditos aos templos e palácios pagãos, mas mentes grosseiras dos semitas recem saídos do deserto.

Como imagem, símbolo e expressão que comunica sentimentos e estados de alma, tal escrito é magestoso. Tomado ao pé da letra no entanto, tal escrito destrói pela base a idéia central do Cristianismo, que é a de um DEUS espiritual (Jo 4,4) para converter a divindade num ser corpóreo que nas horas vagas exerce o ofício de oleiro ou jardineiro, inclusive subindo e descendo, sujando as mãos, passeando, espiando, cheirando carniçarias, etc

Por outro lado se Deus não é nem jardineiro, nem oleiro; materialmente falando;
se não tem corpo, não sobe, não desce, não espia, não se confunde com as criaturas, não habita em árvores, pedras ou poços, etc Tampouco podemos admitir que tenham existido uma árvore plantada no centro da terra, um boneco de barro, tráfico de frutinhas, etc

A leitura Cristã de tais textos deve ser obrigatoriamente alegórica ou simbólica para caso desejemos po-los de acordo com os princípios e valores enunciados por Jesus no Santo e divino Evangelho.

Todo aquele que permanece fixado sobre a letra morta, tende a renovar todos os erros perpetrados pelos antigos hebreus, os quais no entanto, para sua desculpa, constituiam uma horda de bárbaros recém saidos do deserto...

Após a manifestação de Jesus Cristo todavia, não há mais defesa para aqueles que permanecem fiéis ao sentido da letra que mata, pois a leitura e a decifração do mundo pela ciência, filha da experiência e da razão, nos informa verdadeiramente que a origem da matéria, da vida, do homem e da sociedade, se deram de um modo totalmente diverso daquele que havia sido imaginado e pintado pelos antigos sumerianos, predecessores e instrutores de Moisés, ou melhor dos sacerdotes que escreveram em seu nome.

Encerremos estas considerações com Shalders:

"Segundo o dito relato deus havia plantado duas árvores no paraíso: a árvore da vida e a árvore do bem e do mal.
Proibindo Adão de comer dos frutos da segundo e colocando diante da primeira um querubim guardião.
No entanto era justamente a segunda árvore que deveria ser guardada, para que Adão não pudesse devorar-lhe os frutos...
Haverá conduta mais estranha do que a deste pai?
Pois deu livre acesso justamente a árvore do bem e do mal, facilitando a desobediência do par inocente, enquanto vedou justamente o caminho da árvore boa...
Também não se compreende o porque de ter advertido Adão, avisando-o de que, caso ingeri-se os pomos vedados 'morreria de morte' se ele, Adão, jamais havia experimentado a morte e não sabia o que fosse morte." id 31 & 36




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