"Duas são as condições para que possamos conhecer qualquer sistema: a primeira, entrar nele; a segunda, sair dele." Augusto Comte
Tendo rompido com o protestantismo e aderido ao papismo julgo conhecer suficientemente, tanto os méritos quanto as deficiências da apologética papista, alias, frequentemente reproduzidos por nossos escritores ortodoxos.
Afinal nossa literatura de controvérsia face ao protestantismo - que é um problema até certo ponto Ocidental - encontra-se em franca dependência da literatura papista, a qual é, por assim dizer, sua fonte.
A falácia segundo a qual todos os princípios protestantes remontam a Lutero!
De modo geral os papistas esforçam-se por demonstrar que os cinco 'solas' ou princípios característicos do protestantismo saíram da cabecinha do Dr Lutero tal e qual Atena da cabeça de Zeus seu pai. Assim o despadrado wittemberguense teria sido o inventor ou criador do protestantismo como um todo e nada, e este é seu erro capital.
Diante de tanta superficialidade ou má fé fica até fácil para os advogados do protestantismo - Boettner, Geisler, Lyra, etc - redarguirem, alegando que tais princípios (ao menos parte deles) são anteriores a Lutero, ao advento da reforma, a afirmação do protestantismo. E partindo de sua preexistência insinuar, levianamente, que deitam suas raízes no terreno divino do Evangelho, na Era apostólica e na tradição dos Santos Padres; o que é absolutamente falso.
Enfim, das debilidades da apologética 'Católica' tiram os protestantes considerável proveito e as vezes até passam por vencedores...
Todavia nem tudo quanto é antigo ou anterior a Lutero remonta necessariamente a Jesus ou a seus apóstolos.
Enfim, das debilidades da apologética 'Católica' tiram os protestantes considerável proveito e as vezes até passam por vencedores...
Todavia nem tudo quanto é antigo ou anterior a Lutero remonta necessariamente a Jesus ou a seus apóstolos.
Eis porque neste campo quaisquer generalizações são temerárias e perigosas, especialmente quando apressadas.
Generaliza a igreja romana, por pretender edificar uma muralha ou uma 'linha Maginot' entre si e o campo, por assim dizer protestante e poder - com maior autoridade, força e justeza - fulminar a nova religião sem ser abatida pelos próprios raios que lança.
Admitindo que ao menos parte dos princípios tomados ou assumidos por Lutero não só são anteriores a ele (e a sua reformação!) como foram por ela tolerados ou mesmo alimentados - ao menos durante algum tempo - fica demonstrada sua cumplicidade ou parte de culpa face a grande revolução protestante e sua inferioridade face a Igreja Ortodoxa e Católica, sempre incólume e infensa face a tais princípios (assim o Sola Gratia assim o Sola Scriptura).
Diante disto foi necessário falsear a História, fabricar uma espécie de redoma de vidro ideológica e apresentar o protestantismo como algo totalmente novo, inusitado surpreendente e produzido pela imaginação do Dr Lutero!
Tal 'arqueologia' teológica não procede.
Nem tudo no protestantismo é produto das fantasias acalentadas pelo ex monge agostiniano.
Generaliza a igreja romana, por pretender edificar uma muralha ou uma 'linha Maginot' entre si e o campo, por assim dizer protestante e poder - com maior autoridade, força e justeza - fulminar a nova religião sem ser abatida pelos próprios raios que lança.
Admitindo que ao menos parte dos princípios tomados ou assumidos por Lutero não só são anteriores a ele (e a sua reformação!) como foram por ela tolerados ou mesmo alimentados - ao menos durante algum tempo - fica demonstrada sua cumplicidade ou parte de culpa face a grande revolução protestante e sua inferioridade face a Igreja Ortodoxa e Católica, sempre incólume e infensa face a tais princípios (assim o Sola Gratia assim o Sola Scriptura).
Diante disto foi necessário falsear a História, fabricar uma espécie de redoma de vidro ideológica e apresentar o protestantismo como algo totalmente novo, inusitado surpreendente e produzido pela imaginação do Dr Lutero!
Tal 'arqueologia' teológica não procede.
Nem tudo no protestantismo é produto das fantasias acalentadas pelo ex monge agostiniano.
Trabalho de Lutero: associar e canonizar heresias!
O que podemos afirmar com absoluta certeza - solicitando que vocês, protestantes, nos contradigam se possível for - no entanto É QUE LUTERO FOI O PRIMEIRO A ASSOCIAR OU A REUNIR TAIS ELEMENTOS - I É OS CINCO PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROTESTANTISMO - NUM 'CORPO DOUTRINÁRIO' E A APRESENTA-LOS COMO FUNDAMENTO E BASE DA INSTITUIÇÃO CRISTÃ. Esta foi sua obra e isto ninguém antes dele jamais havia feito!
Lutero a partir de tais doutrinas ou elementos preexistentes, obscuros e dispersos - no interior da igreja papa - estabeleceu um 'corpus' dogmático a luz do qual, como já dissemos, a fé Ortodoxa deveria ser reexaminada, revista ou reinventada.
Lutero a partir de tais doutrinas ou elementos preexistentes, obscuros e dispersos - no interior da igreja papa - estabeleceu um 'corpus' dogmático a luz do qual, como já dissemos, a fé Ortodoxa deveria ser reexaminada, revista ou reinventada.
Antes de Lutero, tais princípios haviam sido apresentados apenas ocasional e isoladamente por seus inventores, promotores e simpatizantes; jamais como um sistema organicamente coeso e menos ainda como fundamento da fé. Aqui podemos lançar um repto a todos os advogados do protestantismo solicitando que nos indiquem os nomes daqueles que antes de M Lutero apresentaram tais princípios ou Solas como fundamento ou base da Instituição Cristã!
No entanto não existe Lutero antes de Lutero como não existe protestantismo antes do protestantismo ou reforma antes da reforma; apenas como já dissemos elementos dispersos surgidos durante o trajeto histórico da igreja antiga e, inclusive repudiados e condenados por seus elderes, os sucessores dos apóstolos.
Assim, como veremos adiante, sempre que nos deparamos com a afirmação de algum destes princípios topamos imediata ou quase que imediatamente com oposição dos Bispos Ortodoxos sejam orientais ou ocidentais. Ao tempo em que vieram a luz cada um destes princípios foi aquilatado pela igreja como uma novidade profana excluído.
Tal o sentir da igreja antiga.
Do contrário - admitida a importância deles nos termos protestantes - não temos como explicar porque jamais foram formalmente propostos por algum sínodo ou Concílio ou inseridos algum símbolo de fé!
Ademais, nem poderia qualquer simbolo de fé reconhecer o livre exame ou o biblismo sem invalidar a si mesmo.
Assim a própria existência de sínodos, concílios e símbolos de fé testifica que o Sola Scriptura e o livre exame jamais foram postos em prática ou reconhecidos pela Igreja antiga cujo padrão era a autoridade e o fundamento a sucessão apostólica!
A igreja antiga jamais cogitou retirar sua autoridade de um livro ou da Bíblia, mas diretamente de Jesus Cristo seu Senhor e fundador, de quem recebeu seu múnus.
Sem livre exame ou papa o órgão pelo qual a igreja expressava pública, formal e INFALIVELMENTE sua fé era o Concílio Geral e Ecumênico, de que já temos exemplo no livro dos Atos dos Apóstolos cap XV. Não foi a livros do Testamento antigo que Pedro, Paulo, Tiago, João... recorreram em tais circunstâncias, e nem mesmo a um evangelho escrito que sequer existia, mas ao ensino vivo e oral posto a reflexão, reflexão ao cabo a qual ousaram registrar:
"Fica assentado pelo Espírito Santo e nós."
Não por versículos, por capítulos, por palavras escritas, por livros... Não pela Bíblia, a maneira dos protestantes, mas pela autoridade deles no Espírito Santo, a maneira Ortodoxa e segundo o modelo conciliar adotado nos séculos subsequentes.
A simples controvérsia nicena demonstra-o cabalmente: Os arianos desamparados pela Tradição da Igreja acudiam a escritura... Por outro lado, como observou Doellinger, ninguém cogitava em recorrer ao ex cátedra do papa romano... E toda temática girava essencialmente em torno do Concílio Geral ou melhor de sua validade ou não; porque se válido era INFALÍVEL e FALÍVEL apenas se inválido. E ninguém ousava contestar ou negar publicamente a infalibilidade de um verdadeiro Concílio Ecumênico pelos idos de 330 ou 340 desta Era!
Se haviam tímidas tentativas de livre exame é dos arianos que partiam e os próprios arianos sabiam que estavam adentrando por um caminho não autorizado.
E no entanto como poderia alguém conceber ou pensar um concílio ecumênico e atribuir-lhe infalibilidade caso fosse defeso a cada indivíduo, ainda que leigo, extrair sua fé diretamente da Bíblia e formular seu próprio Credo???? Neste caso os arianos, tão obstinadamente preocupados com o 'status' do Concílio niceno, não passariam de loucos ou imbecis, bastando a cada um deles apelar a escritura segundo sua compreensão individual. E em função disto teria atravessado vivo os séculos e chegado até nós em posse de sucessão formal...
E no entanto mesmo ensaiando timidamente algumas apelações a escritura pereceu miseravelmente o arianismo a cabo de meio milênio por não contar com o apoio do Concílio Ecumênico ou da tradição da Igreja. Foi assim que perdeu sua força e foi se encaminhando para o islã ou seja para fora da Cristandade.
A simples ideia da força e prestígio que aureolou os Concílios ecumênicos durante os primeiros mil anos da História da Cristandade é mais do que suficiente para demonstrar que a 'liberdade da dúvida' ou do exame particular da Escritura não fazia parte daquele contexto.
Cada um destes princípios quando afirmado foi denunciado pela Igreja como novidade profana!
No entanto não existe Lutero antes de Lutero como não existe protestantismo antes do protestantismo ou reforma antes da reforma; apenas como já dissemos elementos dispersos surgidos durante o trajeto histórico da igreja antiga e, inclusive repudiados e condenados por seus elderes, os sucessores dos apóstolos.
Assim, como veremos adiante, sempre que nos deparamos com a afirmação de algum destes princípios topamos imediata ou quase que imediatamente com oposição dos Bispos Ortodoxos sejam orientais ou ocidentais. Ao tempo em que vieram a luz cada um destes princípios foi aquilatado pela igreja como uma novidade profana excluído.
Tal o sentir da igreja antiga.
Padrão formal da fé da igreja no século IV era o Concílio Ecumênico!
Do contrário - admitida a importância deles nos termos protestantes - não temos como explicar porque jamais foram formalmente propostos por algum sínodo ou Concílio ou inseridos algum símbolo de fé!
Ademais, nem poderia qualquer simbolo de fé reconhecer o livre exame ou o biblismo sem invalidar a si mesmo.
Assim a própria existência de sínodos, concílios e símbolos de fé testifica que o Sola Scriptura e o livre exame jamais foram postos em prática ou reconhecidos pela Igreja antiga cujo padrão era a autoridade e o fundamento a sucessão apostólica!
A igreja antiga jamais cogitou retirar sua autoridade de um livro ou da Bíblia, mas diretamente de Jesus Cristo seu Senhor e fundador, de quem recebeu seu múnus.
Sem livre exame ou papa o órgão pelo qual a igreja expressava pública, formal e INFALIVELMENTE sua fé era o Concílio Geral e Ecumênico, de que já temos exemplo no livro dos Atos dos Apóstolos cap XV. Não foi a livros do Testamento antigo que Pedro, Paulo, Tiago, João... recorreram em tais circunstâncias, e nem mesmo a um evangelho escrito que sequer existia, mas ao ensino vivo e oral posto a reflexão, reflexão ao cabo a qual ousaram registrar:
"Fica assentado pelo Espírito Santo e nós."
Não por versículos, por capítulos, por palavras escritas, por livros... Não pela Bíblia, a maneira dos protestantes, mas pela autoridade deles no Espírito Santo, a maneira Ortodoxa e segundo o modelo conciliar adotado nos séculos subsequentes.
A simples controvérsia nicena demonstra-o cabalmente: Os arianos desamparados pela Tradição da Igreja acudiam a escritura... Por outro lado, como observou Doellinger, ninguém cogitava em recorrer ao ex cátedra do papa romano... E toda temática girava essencialmente em torno do Concílio Geral ou melhor de sua validade ou não; porque se válido era INFALÍVEL e FALÍVEL apenas se inválido. E ninguém ousava contestar ou negar publicamente a infalibilidade de um verdadeiro Concílio Ecumênico pelos idos de 330 ou 340 desta Era!
Se haviam tímidas tentativas de livre exame é dos arianos que partiam e os próprios arianos sabiam que estavam adentrando por um caminho não autorizado.
E no entanto como poderia alguém conceber ou pensar um concílio ecumênico e atribuir-lhe infalibilidade caso fosse defeso a cada indivíduo, ainda que leigo, extrair sua fé diretamente da Bíblia e formular seu próprio Credo???? Neste caso os arianos, tão obstinadamente preocupados com o 'status' do Concílio niceno, não passariam de loucos ou imbecis, bastando a cada um deles apelar a escritura segundo sua compreensão individual. E em função disto teria atravessado vivo os séculos e chegado até nós em posse de sucessão formal...
E no entanto mesmo ensaiando timidamente algumas apelações a escritura pereceu miseravelmente o arianismo a cabo de meio milênio por não contar com o apoio do Concílio Ecumênico ou da tradição da Igreja. Foi assim que perdeu sua força e foi se encaminhando para o islã ou seja para fora da Cristandade.
A simples ideia da força e prestígio que aureolou os Concílios ecumênicos durante os primeiros mil anos da História da Cristandade é mais do que suficiente para demonstrar que a 'liberdade da dúvida' ou do exame particular da Escritura não fazia parte daquele contexto.
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