Numa das publicações indicadas cheguei a ler uma pequena sessão intitulada: 'As causas da corrupção da Septuaginta' e outras porcarias semelhantes...
Desde os tempos de Elias, o levita os protestantes receberam a teoria da inferioridade da Septuaginta como um dogma de fé irreformável... Ao invés de seguirem a Justino, Irineu, Epifânio, Rufino e o 'querido' Agostinho, eles preferem seguir o rabino... ou seja um descrente, um infiel, um adversário... Depois reclamam quando bradamos: judaizantes...
No entanto, a semelhança de Judas em sábado de aleluia a septuaginta tem sido malhada durante quase cinco séculos pelos teologos reformados e a Massorá exaltada como um deus na terra.
Até que...
Até o abençoado dia em que o menino Muhamed al Dhib, dos Taamiré resolveu lançar um pedregulho dentro duma das milhares de cavernas situadas na vertente ocidental do Jordão, nas proximidades da vetusta Jericó...
Inesperadamente ouviu-se o som de uma vasilha sendo quebrada...
Corria o mês de fevereiro de 1947...
Era o começo da maior descoberta arqueologica do século: os rôlos do mar morto ou ainda os manuscritos do khumran...
A principio os especialistas julgaram tratar-se duma fraude.
Posteriormente todavia ficou demonstrado tratarem-se dos exemplares mais antigos da Mikra até então conhecidos.
Dentre eles haviam dois manuscritos quase completos da profecia de Isaias, um do Deuteronômio e fragmentos de todos os livros do canon 'esdrino' exceto Ester, num total de 930 documentos distintos.
Ao que parece tratasse da biblioteca de um 'monastério' essênio, destruido pelos romanos no ano 70 desta era, após cerca de dois séculos de existência.
A iminencia de um ataque romano deve ter levado os 'monges' a ocultar sua preciosa biblioteca nas inumeras cavernas existentes na redondeza e como acabaram sendo todos massacrados os 'livros' ali permaneceram até o dia em que nosso beduino veio procurar suas cabras...
Evidentemente que a grande maioria dos exemplares já havia se deteriorado há muito quando foram localizados quase dois mil anos depois. Alguns porém - como os dois rolos de Isaias, o rolo do deuteronomio e os rolos que continham os escritos da seita - estavam relativamente bem conservados devido ao cuidado com que haviam sido acondicionados em potes de barro...
Desde que foram descobertos tais manuscritos despertaram a imaginação de muitos.
Afinal tratam-se de manuscritos contemporâneos por assim dizer de João Batista, de Jesus Cristo, de seus apóstolos e das primeiras gerações Cristãs...
Esperava-se pois que tais documentos fornecessem alguma informação suplementar sobre tais personagens ou mesmo que contivessem algumas informações subsidiárias sobre a 'embriogênese' do Cristianismo...
A espectativa da comunidade científica internacionalé que o conteúdo dos manuscritos fosse disponibilizado o quanto antes e por assim dizer 'socializado'.
Foi justamente o que não aconteceu.
Pois os manuscritos foram guardados ciosamente pelas autoridades israelenses durante mais de quarenta anos.
Ao cabo de todo esse tempo os manuscritos foram vistos, copíados e analisados por um diminuto número de pesquisadores e os resultados das pesquisas parcimoniosamente divulgados.
Todo suspense criado em torno deles só serviu para que os 'sensasionalistas' de plantão alaborassem uma aluvião de teorias mirabolantes quase todas tendo por fóco a figura de Jesus Cristo...
Segundo a maioria delas o Khumran havia trazido novamente a luz a 'carteirinha de essênio' de Jesus...
Ou seu diário íntimo de adolescente...
Segundo os ateus, materialistas e esotéricos, algum material comprometedor com relação a Jesus Cristo teria sido encontrado e o Vaticano estava negociando com o Estado de Israel a sua eliminação em troca de apoio político.
Sou levado a crer que houve de fato alguma razão e não pouca, para que tais manuscritos tivessem permanecido 'escondidos' durante tanto tempo.
Penso no entanto que tal razão nada tem a ver com Jesus Cristo.
Do contrário teriam sido imediatamente publicados com o intuito de implodir o Cristianismo duma vez por todas... e poder registrar o que Diocleciano não pode: 'Destruido o Cristianismo'
Portanto se houve algum motivo para que tais estudos fossem proletados e sofressem tamanha delonga, penso que não foi o Deus Jesus, mas o deus Bíblia ou melhor o ídolo Massorá.
Não deve ter levado muito tempo para que os estudiosos contratados para decifrar e analisar os manuscritos terem percebido que se tratavam no fim das contas daquelas velhas ressenções ou variantes bíblicas que foram sistematicamente destruidas por ordem dos rabinos após a fixação da Massorá por volta do quinto milênio desta era.
Desde então o texto massorético passara a ser considerado único e original...
Pois até então a cópia mais antiga que possuiamos do Velho Testamento em hebraico era o códice de Aleppo, editado em 930 desta era por Aaron ben Moses ben Asher. Seguido pelo códice de Leningrado datado de 1080.
A descoberta dos manuscritos do Khumran no entanto serviu para por em xeque a 'exclusividade' e as pretenssões de originalidade do texto massorético.
Talvez por isso as autoridades israelenses tenham demorado tanto para por a questão em 'pratos limpos'.
Pois biblicamente falando o conteúdo dos manuscritos do Mar Morto é verdadeiramente revolucionario e constitui por assim dizer um 'kairós' concedido pela providência divina a Cristandade ortodoxa ou de lingua grega.
Todo Cristão Católico Ortodoxo deveria interesar-se pelo estudo dos manuscritos do Mar Morto.
No fim das contas tais manuscritos serão o 'fiel na balança' quanto a excelência da Septuaginta.
Os protestantes via de regra afirmam que um dos rôlos de Isaias é substancialmente fiel a ressenção massorética e que tal fato confirma a fidelidade e a divindade DE TODO TEXTO MASSORÉTICO.
Isto é apenas meia verdade ou DESLAVADA MENTIRA.
Pois já dissemos que foram descobertos quase MIL documentos.
Mais da metade constituidos por exemplares ou fragmentos de livros bíblicos...
Não há portanto nada de extraordinario no fato de um ou alguns deles aproximarem-se mais do texto massorético.
Basta dizer que há um outro manuscrito de Isaías, este já não tão próximo do texto massorético...
Manuscritos e fragmentos de Reis e Samuel sensivelmente distantes do texto massorético.
Só da Torá parecem existir três ou quatro ressenções: a Samaritana, a pré massorética, a pré Septuaginta e outra especifica ou como diriamos do próprio Khumran...
Tais ressenções já existiam cerca de dois séculos antes do nascimento de Cristo, cerca de sete séculos antes da fixação do Canon hebraico e mais de mil anos antes da publicação do códice de Aleppo.
Somos pois autorizados a dizer que se a Massorá não foi fabricada em sua maior parte ou deturpada após o nascimento de Cristo, foi sem sombra de dúvida escolhida ou selecionada com fins de natureza ideologica e que as ressenções rivais foram anatematizadas e destruidas com o objetivo de conferir-lhe o apanagio da originalidade...
É possivel que uma, duas ou mais variantes anteriores a era Cristã tenham desaparecido para todo sempre e sem deixar vestigios significativos, os samaritanos e cristãos no entanto mantiveram suas versões/ressenções que posteriormentes foram classificadas pelos rabinos e pelos teologos protestantes como CORRUPÇÕES DA MASSORÁ.
Tudo isto implica numa manipulação histórica bastante ampla e profunda.
'Os outros tipos textuais hebraicos existentes ao lado do Texto Protomassorético foram
os que deram origem ao Pentateuco Samaritano e à Septuaginta, os quais discordam em
vários detalhes relativos ao texto, à ortografia e à morfologia em relação ao texto de tipo massorético.
Determinados eruditos - os advogados da Massorá - argumentam que esses outros tipos textuais eram textos
vulgarizados, transmitidos sem muitos critérios e sem obedecer a regras estabelecidas e, por
isso, possuíam alterações como se constata no Pentateuco Samaritano e em determinados
manuscritos de Ḥirbet Qumran. Todavia, apesar disso, todos eram de uso comum entre os
judeus e nenhum deles tinha mais autoridade do que o outro no período pré-cristão.' Edson de Faria Francisco
Postagens
Nenhum comentário:
Postar um comentário