LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 08: Divisões a respeito da soteriologia entre calvinistas; Artigo D) A falacia da salvação incondicional

UMA PERNICIOSA NOVIDADE NO ENTANTO FOI URDIDA NESTES NOVOS E TRISTES TEMPOS.  Novidade porquanto ignorada até mesmo pelos primitivos agostianianos e pelos colaboradores de Lutero. Referi-mo-nos a inserção da palavra INCONDICIONAL no discurso solifideista post luterânico. Por incondicional podemos ler: Fácil, comodo ou sem exigência alguma. Evidentemente que o conceito remonta a Lutero. "Com propriedade podemos definir o Cristão como livre de todas as LEIS de foro INTERNO e externo." diz ele Weimar XL 1 Abt 235 Erasmo e os papistas cuidam que Jesus Cristo seja legislador, na sua demência eles nada compreendem do Evangelho e assim representam-no fantasiosamente com uma código de novas leis as mãos, tal e qual os turcos sonham com seu Corão." repete Weimar XL 1 abt p 259 acrescenta "Cristo não prega o que devamos fazer, ELE NADA EXIGE DE NÓS, ANTES AO INVÉS DE DIZER: FAZ ISTO OU AQUILO manda simplesmente estender as mãos para receber: Toma meu querido o que Deus fez por ti, por teu amor ele revestiu de carne humana seu próprio Filho... aceita esta oferta gentil, CRÊ E SERÁS SALVO." Weimar XXIV 04 e arremata "Exercitemo-nos com diligência em separar de Jesus Cristo toda e qualquer ideia de Legislador, afim de que, se nos apresentando o Diabo sob figura de Cristo e em seu nome, saibamos que não é Cristo mas o Diabo." Weimar XL 1 abt p 299 Assim para o reconstrutor da Cristandade apenas o Diabo exige condições, Cristo é gracioso noutras palavras mais atiladas: INCONDICIONANTE!!! Agora folgamos ver como a nova Cristandade apegou-se fanaticamente a esta partícula venenosa que por assim dizer subverte por completo ou melhor implode de alto a baixo o plano de Jesus Cristo para nossas vidas, falseando a proposta do Evangelho e afastando para longe de nós o ideal da santidade concreta ou da obediência amorosa. Todavia, ao contrário do que eles dizem, com o objetivo de seduzir os tolos, podemos constatar QUE NO EVANGELHO VERDADEIRO - Que temos debaixo das vistas diariamente e no texto grego - TUDO, ABSOLUTAMENTE TUDO É CONDIÇÃO FIXADA PELO SUPREMO LEGISLADOR, NOSSO SENHOR JESUS CRISTO TENDO EM VISTA O EXERCÍCIO DO BEM E A AQUISIÇÃO DA VIRTUDE. Neste sentido podemos apresentar o Evangelho como um livro heroico, destinado ao 'homem forte' e não a moleirões ou preguiçosos cujo costume é enterrar os talentos no chão ou a esterilizar a Unidade divina. Basta para tanto trazermos a memória as Bem aventuranças - Habitual e vergonhosamente menosprezadas nova cristandade solifideista - a derradeira instrução do Senhor a respeito do juízo divino registrada pelo Evangelista Mateus, a lei absolutamente condicional do Amor, proclamada em diversas ocasiões pelo autor do quarto Evangelho ou simplesmente qualquer preceito categórico como este: "PERDOAI SETENTA VEZES SETE... REZAI PELOS QUE VOS MALTRATAM... FAZEI BEM AOS QUE VOS PERSEGUEM... COM PACIÊNCIA SALVAREIS VOSSAS ALMAS... NÃO JUNTEIS TESOUROS NESTE MUNDO... A NINGUÉM CHAMAREIS DE DOIDO..." Não há como falsear doutrina tão simples, tão clara e manifesta: Cultivamos as virtudes e qualidades apresentadas e propostas por Jesus Cristo em seu abençoado Evangelho vivificador ou ficamos apartados dele como os sarmentos da vide e assim expostos a morte espiritual... Quem diz estar nele e permanece pecando é mentiroso, declara S João na Epistola! Que TENHA pecado antes, nos tempos da ignorância é uma coisa. Que VIVA uma vida de pecado e ouse aspirar pela paz de Jesus Cristo outra totalmente distinta. Assim a Prostituta pecou e o Senhor lhe disse: VAI E NÃO TORNES A PECAR - obviamente porque era capaz de deixar de pecar - e não: NÃO TE PREOCUPES, ÉS FRACA, CONTINUE PECANDO E TER PERDOAREI PORQUE SOU COMPASSIVO E MISERICORDIOSO! Diria isto o Senhor caso fosse Luterano, como não era Luterano e nem mesmo agostiniano disse: VAI E NÃO TORNES A PECAR, como disse ao jovem rico que o fora procurar com o intuito de perguntar sobre o reto caminho da salvação: OBSERVA OS MANDAMENTOS!!! E não: Crê somente, tenha fé... E como disse a todos os homens: Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito!!! Agora dirão Agostinho, Lutero e mesmo Calvino que o Pai Celestial peca, ainda que raramente ou que Deus de vez em quando comete lá uns pecadilhos????? Assim se nada podemos fazer sem a Unidade de Jesus Cristo e a amizade que ele gentilmente a todos oferece COM ELE é necessário fazer e muito fazer, ou seja, observar, cumprir, executar, obedecer... tudo quanto ele determinou no Santo Evangelho e tomar este Evangelho como norma e regra de vida conformando todas as ações e operações. Não temos assim uma salvação fácil e sim salvação operosa pela parte que nos cabe. Por isso declara seu vigário: Vossa salvação obrai com piedade e reverência! Coisa que jamais tería dito se monergista fosse uma vez que deus apenas pode salvar o homem sem que este precise fazer qualquer coisa. Felizmente apresentar a salvação como fácil ou incondicional, a ponto de qualquer celerado - como Assurbanipal, Átila, Maomé, Justiniano, Gengis, Tamerlão, Lutero, Stalin, Bush, etc - poder obte-la sem maiores esforços (neste Evangelho não são mais os valentes que crucificam a si mesmos e fazem-se dignos do prêmio prometido mas o primeiro 'serial killer' que se ajoelha atrás da porta.) não a torna incondicional de fato PELO SIMPLES FATO DE NÃO TER SIDO APRESENTADA EM TAIS TERMOS POR SEU AUTOR... É apenas o que eles dizem ou declaram em nome dele com o objetivo de atrair a clientela. Tendo Jesus Cristo padecido e sofrido para reeducar-nos  e antes disto assumido nossa condição mortal é a ele apenas que cabe definir os termos de nossa relação com ele segundo a letra sempre viva e eterna do Evangelho. É a ele que devemos perguntar a respeito de tão grande salvação, nem a Pedro, nem a Paulo e menos ainda a qualquer outro seja padre ou pastor MAS TENDO A PALAVRA ESCRITA DE JESUS CRISTO DIANTE DAS VISTAS APENAS A ELE!!! Tendo feito esta pergunta nos mesmos termos do jovem rico que resposta haveremos de obter? "NÃO É AQUELE QUE DIZ SENHOR SENHOR, MAS AQUELE QUE CUMPRE A VONTADE DE MEU PAI QUE ESTA NOS CÉUS... APENAS AQUELE QUE PÕEM EM PRÁTICA AS MINHAS PALAVRAS EDIFICOU UM CASTELO SOBRE A ROCHA A SALVO DAS TORMENTAS, MAS AQUELE QUE NÃO PRATICA EDIFICOU UMA CASA SOBRE AS AREIAS E ELA DESABARÁ!" Dele vivem e viverão apenas e tão somente aqueles que o receberam por meio da fé viva e atuante, isto é, daquela fé que opera ou atua pela caridade, e cuja manifestação sincera é o rompimento com o mal, a ruptura com o pecado, o cultivo da quela santidade concreta que leva a peito tudo fazer e cumprir para sua maior glória e a demanda por um ideal de perfeição. Esta fé reverente que jamais se separa da esperança e da caridade é a única fé que incorpora nossas almas da Jesus Cristo e não outra... Se de fato amamos a ele é necessário que sua fé inspire todas as nossas ações e operações e que nutridas pelo conhecimento do Evangelho tais ações e operações sejam puras e dignas de Deus.

A fé verdadeira ou se externaliza e encarna por meio de obras a semelhança de seu Fiador ou não passa de aparência, sendo ilusória e vã. Ou a fé nos conduz a vivência refazendo nossos princípios e valores ou inexiste.

"Aquele que nasceu de Deus não pode pecar!" declara o emissário, e completa "Ele venceu a carne, o mundo e o Diabo." é verdadeiramente livre e não aparentemente livre pois foi liberto pelo Filho e este não faz serviço que seja incompleto. Para isso se manifestou o Santo Senhor para destruir as obras do mal e não para fazer pacto com elas, oculta-las ou eterniza-las. Desde que o Verbo se manifestou na carne a aniquilação do mal esta decretada, assim a restauração de todas as coisas no Amor, que é o próprio Deus.

É portanto falacioso, vil e enganador o anúncio comum feito por luteranos e romanos sobre esta graça frágil que coexiste tranquilamente de mancebia com o pecado ou que vai e vem para dentro e fora do homem como uma pomba num pombal! Como é deplorável a insistência com que os anabatistas apresentam seu evangelho sem Lei, obras, excelência, virtude ou santidade. Sabemos no entanto que o homem Cristão não pode ser simultaneamente santo e pecador... Amigo de Cristo e escravo da maldade... Filho de Deus e servidor da rebelião... Sem que a santidade do próprio Deus todo poderoso e apto para vencer e aniquilar o pecado fique comprometida. Por que a convivência com o pecado não é digna da perfeição e da Onipotência de um Deus Santo, que, como declaram os oráculos divinos: Abomina o pecado! COMO PODERIA ESSE DEUS DEIXAR DE ANIQUILAR OU DESTRUIR AQUILO QUE ODEIA A MENOS QUE HAJA ALGUM PODER SUPERIOR A ELE??? Que seria capaz de impedi-lo de destruir aquilo que aborrece??? Não é possível que os espinheiros deitem figos ou que as figueiras lançam abrolhos, que a mesma fonte deite água doce e água salgada...  Se possui de fato a vida de Deus e dele é nascido e por ele foi incorporado o Servo de Jesus Cristo como tal viverá e dará digno testemunho: Fugindo ao vício e abraçando o hábito da virtude. Do contrário devemos concluir que não passa dum hipócrita ou farsante cuja fé não é autêntica o que estava entre nós mas não era dos nossos.  Cumpre além disto observar a contradição de termos em que eles caem.  Pois se a salvação é mesmo incondicional ou graciosa por que raios assentam a necessidade da fé??? E como admitida a necessidade da fé não se torna condicional ou desgraciosa mas de fato adquirida ou paga? Pois se a fé é necessária o que temos aqui não é uma oferta unilateral mas uma troca. Agora se a salvação é de fato incondicional e graciosa tudo podemos descartar: A fé, a graça, o evangelho, os pastores, as seitas, etc... Por uma questão de coerência. Se é mesmo incondicional basta que queiramos e nos apropriemos; simples assim! Incondicional certamente, dirão os espertalhões! Mas não tão incondicional a ponto de não exigir ao menos uma condição (incondicional condicional !!!). Assim a fé... Portanto é incondicional ou graciosa só até onde querem ou desejam: Sem obras de justiça e caridade que são dificultosas mas com a aceitação dos mitos judaicos... Eis o novo evangelho do oportunismo e da superstição. Mantiveram a condição duma fé teórica e morta por ser comoda... De modo que podem facilmente excluir os que não queiram professa-la e apresentar a si mesmos como salvos nos pecados. Quanto as condições mais dificeis, as legítimas, as autênticas, as verdadeiras, baixadas pelo divino Mestre Jesus Cristo, estas aboliram sem maiores cerimônias e nome da mesma fé morta que exigem aos tolos! Pastores, Bíblias e orações são necessários.... Boas obras, ética, virtude e excelência não!!! Heroísmo e compromisso de modo algum! Santidade e perfeição nem pensar, pois cheira a heresia ou apostasia! Desde quando isto é Evangelho????? Fábulas e preceitos da Torá são restabelecidos enquanto os Sacramentos da nova lei santificados pelo mistério da Encarnação do Verbo são repudiados!!! Quizera compreender o que se passa nas mentes desses sectários da incondicionalidade a ponto de faze-los decretar tantas condições artificiais e artificiosas!!! Por outro lado, se Deus ama mesmo e incondicionalmente, todas as criaturas, sem consideração do que venham a fazer mesmo após sua adesão a Jesus Cristo a que proposito vem a existência de castigos eternos apresentados por esse mesmo povo???? E estamos diante de mais uma contradição notória! Enquanto prevaleceu esta compreensão - solifideista - entre os luteranos do final do século décimo sexto (pós 1577) todos os homens virtuosos e honestos da Sociedade passaram a ser apresentados - e até mesmo punidos - como papistas ou calvinistas. Bastava qualquer homem amar a Deus a ponto e observar seus preceitos para ser encarado como suspeito de heresia. Por outro lado nas antigas sociedades até certo ponto 'virtuosas' aqueles que aspiravam mentir, roubar, matar não só eram classificados como Luteranos mas afetavam dizer: Hoje haveremos de viver a moda dos luteranos! E até havia entre os piedosos luteranos quem temesse que o exercício da santidade pelos Cristãos viesse a privar Nosso Senhor Jesus Cristo de seu ofício enquanto Redentor ou perdoador dos pecados... Era necessário pecar para que Jesus Cristo pudesse conservar tal ofício. Em determinado momento a palavra calvinista passou a ser encarada pelos luteranos como sinônimo de impiedade. Não só porque os calvinistas, afetando o erro dos fariseus, pretendessem restabelecer alguns preceitos da lei judaica, mas especialmente porque os calvinistas sustentavam que após a conversão a vontade dos predestinados era reativada tendo em vista a luta contra o mal, ornando-se eles aptos para cumprir os mandamentos divinos... Esta simples ideia era o quanto bastava para exasperar os Luteranos Entre eles qualquer alusão a uma graça ao menos em parte regeneradora, forte e capacitante era encarada como essencialmente herética ou diabólica.  Durante mais de meio século combateram os gnesio luteranos - flacianos, amsdorfianos, etc - contra a vida santa e piedosa, alegando ter sido inventada ora por Osiandro, ora por Melanchton, ora por João Calvino ou mesmo por qualquer outro... Para eles admitir que a justificação contivesse qualquer elemento moralmente dinâmico, vital ou regenerador equivalia a preparar os caminhos do anti Cristo. Então a oposição entre Luteranos e Calvinistas quanto a este ponto era cerrada. Os luteranos sempre que retomaram Lutero inclinaram-se ao comodismo perdendo de vista tudo quanto poderia caracterizar a vida Cristã e apenas a influencia dos Filipistas e dos apóstolos da nova obediência foi capaz de manter vivos entre eles alguns elementos de Cristianismo...   Já os calvinistas, se bem que jamais viessem a abraçar a doutrina da perfeição nos termos dos pelagianos, semi pelagianos e Metodistas, inclinaram-se mais e mais as instituições de fato revogadas e anatematizadas da Torá dilatando os caminhos da judaização e indicando o caminho a ser tomado pelas seitas pentecostais com sua teologia capitalista, suas menorás, estrelas de Davi, arcas do pacto, templos salomônicos e todas estas abominações. Perdendo seu ponto de equilibrio o protestantismo cindiu-se em quase todos os sentidos em duas correntes extremistas: A clericalista, dos modos judaicos e a anômica, subjetivista e solifideista. Tal o estado de tensão existente entre eles apesar da suposta clareza das escrituras...