Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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terça-feira, 30 de agosto de 2016

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 11: Divisões a respeito da Escatologia Capítulo A) As raízes do Milenarismo

"Nenhum dos posicionamentos, segundo uma interpretação literal das escrituras, levando em consideração todo o contexto teológico, de gênesis a apocalipse, tem apoio bíblico. Não passam de conjecturas formadas por mentes humanas que anelam realizar uma leitura segundo o desejo e anseio do enganoso coração humano." Confissão de autor protestante a respeito das múltiplas escatologias em conflito.



Assaz conhecida é a afirmação de Urs Von Balthazar segundo a qual a escatologia constitui uma das principais 'tormentas' doutrinais experimentadas pelo protestantismo hodierno.

De fato os papistas e os ortodoxos tem se contentado em receber, como dogma divinamente revelado, apenas e tão somente a segunda vinda ou o advento visível de Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme reza o símbolo:

"ELE novamente retornará para julgar os vivos e os mortos."

Dando a compreender que todos os espíritos desencarnados haverão de obter mais uma vez o complemento físico do corpo ou como se diz comumente, de ressuscitar; uns na Unidade de Jesus Cristo, os cordeiros para a vida eterna e neste nosso mesmo mundo transmudado; e os demais para a penitência noutros corpos, mais grosseiros e mundos menos evoluídos. É o quanto basta, em nossa "Exposição do símbolo' discutiremos exaustivamente a respeito buscando demonstrar que propriamente apenas dos justos ressuscitam (Deodoro de Tarso, Teodoro de Mopsoestes, Suleiman de Basra...) por terem recuperado a forma adequada de seus corpos enquanto que os ímpios ressuscitam analogicamente apenas, sendo introduzidos em corpos inferiores para a conversão.

Quanto aos papistas, protestantes tradicionais e mesmo alguns ortodoxos mal orientados sustentam ainda a doutrina farisaica do infernismo, alegando que as penas ou castigos impostos aqueles que morreram fora da Unidade de Jesus Cristo terão a mesma duração que as recompensas oferecidas aos justos prologando-se infinitamente por toda eternidade... E essas péssimas teologias perpetuam infinitamente a existência do mal.
A respeito de tão sinistra doutrina passaremos a largo pois haveremos de dedicar-lhe a totalidade de um volume.

Os neo protestantes todavia adicionaram outros tantos dogmas e doutrinas a respeito dos últimos dias, a ponto de constituirem verdadeiros partidos e facções: pré milenista, pós milenista e dispensacionalista, pré tribulacionista, pós tribulacionista, meso tribulacionista, etc cada qual com sua própria geografia ou roteiro extra tumba...

O resultado de tais formulações é uma confusão dos diabos na acepção plena do termo de modo que nem mesmo neste terreno, antes tão simples e batido, logram os livre exaministas chegar a qualquer tipo de acordo, em que pese a clareza e facilidade da Bíblia...

Naturalmente que o eixo de todas essas controvérsias indigestas é a doutrina milenarista ou milenista referente ao milênio ou reinado de mil anos descrito no livro da Revelação.

Eis porque devemos compreender e muito bem o que seja milênio ou milenarismo para compreender até onde seja possível o cipoal da escatologia protestante... E perceber que estamos diante daquela 'casa dividida' descrita pelo Senhor Jesus Cristo no Evangelho glorioso. Casa em que não devemos entrar!!!

Aqui no entanto, antes de fornecer a definição, principiarei deslindando a origem.

Para começo de conversa direi corresponder a doutrina milenarista, a um empréstimo judaico tomado ao zoroastrismo pela literatura apocalíptica pré Cristã.

Derrotados e dominados sucessivamente por Assírios, Babilônicos, Persas, Gregos e Romanos; em suma pelos odiados pagãos, viram-se logo os israelitas e/ou judeus despojados de suas esperanças imperialistas a nível temporal. As quais, com o empréstimo tomado ao Zoroastrismo, transpuseram para o plano espiritual ou religioso concebendo um reinado ou império judaico de mil anos implantado pelo próprio jao com a ajuda de um guerreiro invencível chamado messias. E até hoje eles apresentam um ou dois messias sem saber se unem-nos ou separam-nos: Assim o guerreiro que acaba perecendo e o rei eterno que presidirá o fantástico banquete partindo em postas ao Beemoth e empanturrando os eleitos com gordura...

Trata-se portanto duma doutrina peculiar ao judaísmo - mais especificamente aos Zugot - e não duma doutrina comunicada pelo Senhor Jesus Cristo a seus abençoados apóstolos. cf "M. Simonetti," Milenarismo "na Enciclopédia da Igreja Primitiva."

Segundo podemos constatar a primeira elaboração exata desta doutrina no corpo da literatura religiosa judaica, encontra-se na profecia de Enoc a respeito das semanas, que vai do capítulo 91 ao 107.


Bem mais explicito é o livro de Ezra, onde o vidente recebe uma revelação da parte do arcanjo Uriel. O qual lhe explica que antes do juizo,  o Messias virá e estabelecerá um reino temporário com duração de 400 anos após o que toda a criação será aniquilada, inclusive o Messias (7:28). Sete dias após esta catástrofe ocorrerão a ressurreição, o julgamento e a estrada do mundo na economia divina e eterna.

Outras alusões a este maravilhoso evento encontram-se em IV Esdras 10:34; II Baruk 24:1-4; 30:1-5; 39:3-8; 40:1 - 4; & Livro dos Jubileus 1:4-29; 23:14-31

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Anabatistas e demais sectários

A CONTROVÉRSIA DA LIVRE VONTADE ENTRE OS ANABATISTAS E SECTARIOS



As seitas todas também cindiram-se por completo a respeito da matéria, apesar de lerem a mesma Bíblia como reconhece a Enciclopédia dos menonistas.

Basta dizer que o primeiro anabatista a abordar o assunto Hubmaier (Von der Freyhait des Willens, e Das ander Biechlen von der Freywilligkeit des Menschens, ambos publicados no Nikolsburg em 1527)  distinguiu - como Calvino - uma "vontade secreta" (poder plenário) uma "vontade revelada" - isto é duas vontades - em deus, assim sendo, a fé nos revela sua "vontade de atrair", que oferece graça e misericórdia a todos. Mas há também uma "vontade excludente" ou desejo de vingança e punição que o leva a rejeitar e condenar a maior parte do gênero humano.

Já Hans Denk, tal e qual os padres tridentinos, apresentava o livre arbitrio como uma espécie de graça primária e universal que tornava o homem responsável para com a graça da posse de Deus... E jamais empregou o termo pecado original.

"Não basta que Deus esteja em ti pela graça, tu deves antes estar nele pela escolha." era seu lema...
Tomado ao que parece as obras do injustiçado Pelágio. Seja como for sua teoria esta mais próxima de Aquino, Oecolampadius, Molina e Arminus do que de Goteschalk, Wicleff, Lutero, Calvino, Pietro Martir, Zanchius e Turretini. Esta doutrina a respeito duma graça preveniente que restabelece a vontade livre foi reafirmada por diversos grupos...

Ja Marpeck asseverava que a predestinação dizia respeito aqueles que futuramente haveriam de colaborar voluntariamente com ele, reduzindo-a de certa maneira a presciência divina. Predestinou Deus alguns homens a vida eterna por ter conhecido desde toda a eternidade que desejariam sua graça e que fariam bom uso dela. Esta doutrina, comum a todos os padres gregos, remonta aos latinos Himcmar e Rabano Maur. 

Apesar disto Schwenckfeld tomou-o por pelagiano.

Todavia a confissão de fé menonita de 1600 seguiu por este caminho tomado igualmente por Bernahrd Rothmann

A respeito de Joris sabemos ter reproduzido os ensinamentos otimistas do grande Erasmo. 

Para Melchior Hoffman a graça significava uma possibilidade de salvação para tantos quantos aspirassem por ela e não a  um decreto, uma coerção ou uma imposição divina e irrecusável.

Chegamos assim a 1557 quando Melanchton sob o título de Prozess wie es soll gehalten werden publicou um violento ataque contra os anabatistas especialmente no que dizia respeito a negação da doutrina do pecado original. Respondeu-lhe Peter Walpot por meio do tratado Handbüchlein mais amplo den Prozess. Eis o que ele registrou no sétimo capítulo daquele livro:

  • Adão certamente caiu e levou consigo toda sua posteridade, inclusive as criancinhas. E o resultado disto é a morte tanto para adultos quanto para as crianças. Cristo no entanto encarnou-se com o objetivo de reconciliar a todos pelo que as crianças pequenas recebem graciosamente a reconciliação. 
  • Certamente existe no homem uma inclinação geral para o mal. No entanto esta inclinação não é invencível e sequer acarreta a morte uma vez que 'Não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus'
  • Esta herança já não tem qualquer poder sobre os que exercem fé em Jesus Cristo. Assim 'Todo aquele que é nascido de Deus já não comete pecado' I jo 3,9 Cita por fim o texto do profeta Ezequiel sobre a responsabilidade pessoal, texto repetidamente explorado com propriedade pelos antigos anabatistas.
Enciclopédia Menonita


Grosso modo os Batistas sempre discutiram a não poder mais a respeito da natureza e da graça a ponto de constituirem dois imensos grupos nos EEUA - os da graça particular ou restrita (calvinistas) e os da graça geral ou livre (arminianos) - os quais vivem a excomungar-se mutuamente no decorrer dos últimos três séculos. Apesar da Bíblia clara e auto evidente (!!!)

Todavia, quanto as seitas radicais mais recentes, por mais paradoxal que isto possa parecer, abraçaram de modo geral a doutrina da vontade livre; sem que no entanto seus membros tenham deixado de discutir o tema até a exaustão citando carradas de passagens bíblicas pessimamente traduzidas. 


LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # A farra da predestinação nos Cantões Suíços


A CONTROVÉRSIA DA LIVRE VONTADE ENTRE OS SUÍÇOS


Em que pese a discordância existente entre Lutero e Zwinglio no que diz respeito a Eucaristia é necessário esclarecer que estavam de pleno acordo no que diz respeito a condição da vontade humana e ao fatalismo.

Passemos em revista os testemunhos:

"Mas tendo Adão desejado ser como Deus, morreu, e não só ele mas toda sua descendência. Desde então todos os homens encontram-se mortos e ninguém pode devolver-lhes a vida, só o espírito que é Deus de Deus pode ergue-los do sono da morte." 

"Deus não pode conhecer derrota, logo quando chama algum coração este deve vir.

& também: "Quando Paulo escreve: 'A FÉ VEM PELO OUVIR' não podemos admitir que o ouvir seja suficiente, de modo a excluir a coerção interna do espirito santo."

Julgo que esta citação seja suficiente caso queiramos compreender bem o sentido da reforma protestante. Basta dizer que 'aqui' nem mesmo as palavras do 'divino Paulo' são suficientes...

& por fim: "Deus é o primeiro princípio do pecado, assim sendo o homem peca por divina necessidade." 

Tais os ensinamentos do Dr Zwinglio. 

Sucede no entanto que o número de humanistas existentes na Suíça chegava a ser superior a quanto deles houvesse nas Alemanhas bastando-nos dizer que o próprio Erasmo vivia naquele país e que ali pontificava ou melhor imperava; e com ele sua côrte não menos esplêndida que a do imperador...

Disto sabia muito bem o nosso homem, alias sobrinho de humanista e por ele instruído nas artes liberais. E também sabia o quanto os humanistas detestavam não só a teoria gracista da predestinação mas mesmo o semi agostinianismo canonizado pela igreja romana, e que inclinavam-se em massa ao semi pelagianismo pelo simples fato de contemplar as exigências da razão... Sabia por fim que da amarga polêmica travada por Lutero e Erasmo (1524 - 1526) resultara a ruptura e o afastamento de um grande número deles...

Mais espertou e mais cauteloso do que Lutero, Zwinglio julgou por bem aparar as arestas e não insistir demasiadamente sobre o assunto de modo a converte-lo num novo dogma. Aqui a estratégia exigia certa dose de flexibilidade. Diante disto parte dos humanistas suíços pode engolir sem maiores problemas o anzol da reforma...

Quanto a seu amigo Johann Oecolampadius, pupilo de Erasmo, é sabido que costumava repetir: "Nossa salvação vem de Deus e nossa perdição de nós mesmos." ignorando supinamente os ensinamentos extremistas de Wicliff, Lutero e Calvino.

Mortos Zwinglio e Oecolampadius foi a tradição legada por ambos rigorosamente mantida por Heinrich Bullinger, dentre cujos colaboradores encontramos Theodor Bibliander konrad Pellikan, este, por sinal, pupilo de Erasmo.

Entrementes Calvino tendo dominado os genebrinos iniciava suas expurgações e corria com Curione, Gentile, Castellio, etc da 'Santa Jerusalém'...  

E dando seguimento a seus sinistros planos escrevia 'igrejas' vizinhas - de Lausanne, Berna, Basiléia, Zurich, etc - aconselhando seus lideres a encadear e supliciar os adversários da predestinação.

Todavia, para o azar seu, as demais 'igrejas' - herdeiras da tradição zwingliana - resistiam, acrescentando não ser lícito perseguir a quem quer que fosse pelo simples fato de emitir opiniões teológicas a respeito de assuntos controvertidos e que não faziam parte da doutrina divinamente revelada...

Noutras palavras, o que era o 'pão dos filhos' para Lutero, Calvino, Zanchius, Turretini... Para os de Berna, Lausanne, Basiléia, Strasbourg, etc não passava de especulação teológica...

As próprias Confissões elaboradas por Bullinger referem-se apenas ao decreto de eleição dos justos sem sequer aludir ao decreto de reprovação ou atribui-lo positivamente a Deus a exemplo dos genebrinos...

No entanto tais igrejas eram universalmente detestadas por terem abraçado a doutrina eucarística de Zwinglio e encontravam-se separadas de toda Cristandade enquanto Calvino não admitia ou consentia que a doutrina da predestinação fosse posta em duvida, menosprezada ou encarada como coisa de segunda classe. Enquanto isto os papistas tiravam franco proveito da situação apresentando as igrejas da Suíça como divididas... 

Tais os motivos que levaram Bullinger e Calvino a assinar o pacto Tigurino em 1549. Pacto de que extraímos os seguintes fragmentos:

"Consideramos o entendimento literal da expressão 'Isto é meu corpo' como absurdo..." Artg XXII

"Quando Cristo diz: "Tomai e comei este é meu corpo" devemos compreende-lo em sentido figurado." Artg XXIII

Justamente por estarem em franca oposição face a doutrina da presença real/virtual proposta por Calvino durante mais de uma década e ainda após a assinatura deste pacto...

No frigir dos ovos tudo não passou duma negociata em que uma parte oferecia a 'verdade' e a outra obtinha a permissão para enuncia suas doutrinas, ainda que peculiares.

Afinal os próprios biógrafos e advogados de Calvino assentem que "Ele preferia a teologia de Lutero a de Zwinglio." e que foi constrangido a assinar o acordo coma gente de Zurique devido a considerações de ordem pessoal, política e doutrinal... Assim a afirmação da 'Unidade', o fortalecimento da igreja Suíça e a LIBERDADE PARA ANUNCIAR O PREDESTINACIONISMO AS DEMAIS IGREJAS!!!

Sacrificou Calvino sua consciência as circunstâncias e fez seu rebanho jurar fidelidade a uma doutrina em que ele mesmo não acreditava sinceramente. 

No entanto quando os de Genebra apenas insinuaram introduzir no consenso alguns decretos extraídos da Confissão genebrina elaborada por Calvino e, como tais, favoráveis ao predestinacionismo absoluto os de Berna, Laussane e Zurique opuseram-se decididamente.

O próprio Bullinger resistiu-lhe em face e o tirado de Genebra saiu derrotado.

O máximo que os calvinistas obtiveram de Bullinger por meio do Tigurino foi a liberdade de pregar suas teorias em todo pais e não a autorização para introduzi-las na regra de fé ou canoniza-las.

Foi o que levou Calvino na prática a trair o consenso e reafirmar explicitamente a doutrina da presença real virtual em seus últimos dias de vida.

Por outro lado as demais igrejas tornavam-se cada vez mais prudentes e respeitosas na medida em que o poder de Calvino aumentava.

Apesar disto uma aluvião de obras foi editada pelos reformados da Suíça com o intuito de impugnar a doutrina calvinista da predestinação a partir da Bíblia. Assim Giorgio Rioli editou uma "Epistola contra a ímpia doutrina de Francesco Spiera e dos protestantes.", Ochino compos seu "Labirinto", Curione publicou "De amplitude", Socino o "De praedestinatione"... 

Foi quando, na era de 1560, estourou uma grande controvérsia envolvendo o erudito Theodor Bibliander, colaborador de Bullinger e professor em Zurich e Pietro Martir de Vermigli, amigo de Calvino e defensor da "Gemina Praedestinatione" legada, segundo ele mesmo dizia: "Pelo ilustre Bispo de Hipona, cuja causa levamos adiante.". Amargurado devido a direção que tais debates e estudos iam tomando, optou Bibliander por resignar de seu posto...

Neste mesmo ano o luterano Johann Marbach saiu a liça contra o calvinista Hieronimus Zanchius que havia escrito um tratado sobre a predestinação enfatizando seu duplo aspecto, inclusive o excludente. Eles também não estavam de acordo a respeito da Eucaristia uma vez que Marbach, luterano ortodoxo, era partidário da consubstanciação...

Aos poucos, no entanto, foi impondo-se mais e mais a opinião de Calvino. Isto por obra e graça de seu sucessor Theodoro de Beza e do cadafalso, muito naturalmente...

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Concórdia pelo braço secular, não pela Bíblia


No mesmo ano em que 'derradeiro discípulo de Lutero' escrevia esta relação, congregaram-se os luteranos moderados sob a direção de Andraeas, Chemnitz, Selnekker, Chytraeus, etc e promulgaram a fórmula da Concórdia na qual o flacianismo foi aparentemente condenado...

"Mesmo após a queda, sustentamos, que resta uma distinção entre a substância do homem, sua natureza, sua essência, seu corpo, sua alma e o pecado original; assim sendo cremos que a natureza seja uma coisa e que o pecado original, que é inerente a ela e que a corrompe seja outra." Iten I

Dizemos aparentemente porque tudo ficou reduzido a uma questão de palavras.

O simples fato dos doutores semi filipistas terem desaconselhado o emprego das expressões 'acidente' e 'substância' danos a entender que eles esqueceram-se por completo de que as palavras Trindade, comunicação de bens, natureza divina, natureza humana, comunhão de bens, pessoa, etc são igualmente ignoradas pelos registros sagrados e que sem embargo disto os santíssimos padres e doutores congregados nos quatro grande concílios da Igreja a elas recorreram e delas serviram-se com o intuito de vindicar a fé pura e condenar os devaneios judaizantes de Ario e Macedônio, dos sucessores de Mar Nestor e Eutiques. 

Em verdade, ao menos quanto ao tema da vontade livre, a 'Solida declaratio', só pode ser compreendida como um triunfo de Lutero e como uma condenação ao filipismo, cuja raiz encontra-se evidentemente em Erasmo, nos padres gregos (A exemplo de Irineu) e mesmo na tradição papista sancionada em Trento.

"Concernente a este tema - da livre vontade - nossa doutrina, fé e confissão é que, no que tange as coisas espirituais e divinas a razão humana sendo totalmente cega nada compreende." in I, 01

E mais além:

"É o Espírito Santo que efetua a conversão do homem e não há nisto qualquer elemento humano... Deus, por meio de seu Espírito Santo é que atrai os corações daqueles que deseja converter e salvar... Somos convertidos pelo poder e graça do Espírito Santo, aqui nada há de humano ou natural."

Eis porque nas 'condenações' a fé de Regius, Zell, Odiandro, Melanchton, Swenckfeld, Arminius e Wesley; recebe o seguinte tratamento:

"Assim condenamos tantos quantos ensinam ser o livre arbitro regenerado por Deus antes da obra da conversão de modo a tornar-se responsável por parte dela..."

O que se era de prever ou esperar dos redatores de semelhante fórmula é que numa linha de coerência, reproduzissem as lições de Wicleff, Lutero e Calvino a respeito do 'decreto horrendo' por meio do qual a maior parte do gênero humano, sendo tido em conta de ímpia, era condenada ou melhor abandonada ao pecado e em seguida aos tormentos antes mesmo de vir a existir i é desde toda a eternidade.

É exatamente aqui que a teologia luterana subsequente mostra-se perfeitamente farisaica, sinuosa e dissimulada, face a rude franqueza de um Lutero, de um Calvino e de um Flacius...

Andraeas e seus pares todavia, sendo cônscios de que a ideia Cristã de Deus como Pai generoso, é incompatível com a ideia da rejeição positiva, optaram  por ocultar a outra face da moeda e por apresentar uma apenas... 

Ora isto nem Lutero nem Melanchton haviam feito, este porque sempre reconheceu a capacidade do livre arbitro regenerado em termos arminianos e aquele porque jamais deixou de admitir e de afirmar a predestinação dos ímpios para o mal, o pecado e a condenação...

Afinal como poderiam os eleitos ser passivamente convertidos por Deus, sem que os não eleitos fossem ativamente excluídos e abandonados por ele? 

Como poderia o homem resistir a graça por um lado sem colaborar com ela por outro?? Como poderia ser o único responsável por sua perdição sem ser co responsável por sua salvação??? Aqui a suprema miséria do luteranismo ortodoxo...


Assim a partir de Gehard o prato pendeu novamente para Melanchton e os arminianos, sem que no entanto chegassem os luteranos a qualquer acordo... O ponto a que se chegou de fato, após dois séculos de debates e lutas tão encarniçados quanto inúteis foi a incredulidade e a apostasia... De que ora beneficia-se o islã naquelas paragens.

Isto é tão certo que num dos subsequentes prefácios da 'Fórmula' - em desafio a Gehard e os seus - Melanchton, Regius, Pomeranus e Brentius são citados como teólogos suspeitos de heresia por se terem afastado nalgum ponto da confissão de Augsburgo... Embora seus livros contivessem coisas boas e edificantes...

E no entanto eles haviam sido os mais próximos de Lutero, seus convivas e gente de sua inteira confiança.

É curioso que Andraeas e seus pares tenham se atrevido a levantar suspeitas sobre a ortodoxia de Melanchton - de quem eram discípulos, amigos ou protegidos !!! - ou insinuado que ele não soubera compreender ou interpretar a Confissão que ele mesmo elaborara e entregara a Carlos V. 

Sim, pois na confissão elaborada pelos teólogos em 1577 pretendiam eles conhecer e compreender melhor do que Filipe, o formulário composto e escrito por ele em nome de seus irmãos... 

Aqui o mesmo veneno instilado por aqueles segundo os quais Engels não tería compreendido bem o pensamento de Marx e sim Lênin, o russo que jamais conviveu com ele...


Eis porque, abstraidas as palavras, o teor da Solida declaratio é sutil ou capiciosamente flaciano...

No entanto se Pomeranus, Brentius, Jonas e Cruciger não foram capazes de compreender o pensamento do reformador saxão...

Por outro lado se Pomeranus, Brentius, Jonas e Cruciger mentiram e falsearam deliberadamente a doutrina de Lutero que tipo de moralidade podemos encontrar no berço da dita reforma????????

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Ainda os flacianos, substancialismo, acidentalismo...


O mesmo Wesenbeck descreve os flacianos nos seguintes termos:

"Eles desejam excluir da ceia um imenso número de pessoas, chegaram a ameaçar meu jardineiro com uma vara de marmelo e disseram que seria excomungado.
Eles gritam a todo instante: Igreja, Igreja, Igreja; doutrina, doutrina e verdade... no entanto o que querem na verdade é exercer dominação e por seu jugo sobre os demais; EMBORA ELES MESMOS VIVAM COMO ÍMPIOS E SIBARITAS.
É FÁCIL VER POR SEUS ESCRITOS E SUA CONDUTA QUE NELES NÃO HÁ UMA ÚNICA FIBRA DO SER QUE NÃO SEJA PLENAMENTE MÁ."

O que é confirmado pelo depoimento de Ritter:

"O Duque acusou Flacius de desejar estabelecer uma nova inquisição muito pior que a espanhola e um novo papado em seu próprio benefício; assim ele parece imaginar, a semelhança de Wigand, que a igreja sustida por si e por seus companheiros." Salig III, 586 cog Germ 1318 fl 129

De fato Filmmer de Strasbourg, dentre outros, admitia sem maiores problemas que a igreja de Lutero estava reduzida "A um só homem, Flacius, e sua família." 

Claro que no fundo no fundo toda essa questão em torno da vontade humana não era mais do que a ponta de dois imensos Icebergs representados pelo fatalismo - enquanto derradeiro corolário da doutrina agostiniano/gracista - e do moralismo natural ou do juridicialismo fundamentado na livre vontade. De modo que havia uma contradição irredutível entre a nova fé e a prática social i é entre a doutrina e a vida.

Afinal como esperar que um homem plenamente convencido de sua eleição graciosa resistisse até o pecado, ao vício ou ao crime até a 'morte', como os antigos mártires, que faziam a salvação depender da perseverança final face as ameaças e não de um decreto eterno.

Por outro lado como punir alguém que era constrangido por deus ou pelo diabo a cometer seus crimes? Como respaldar a doutrina jurídica da responsabilidade moral ou da culpa sem partir da livre iniciativa? A que título seria possível castigar alguém que estava predestinado a pecar desde toda eternidade e que nada podia fazer para evita-lo???

Evidentemente que os juízes e líderes políticos ficaram bastante preocupados na medida em que só podiam deduzir um inevitável relaxamento moral. Por isso os príncipes e seus assessores i é a gente da lei, malquistaram desde o primeiro momento com a teoria do arbítrio escravo embora a princípio tenham-na encarado como questiúncula teológica...

Todavia é bastante certo que algumas décadas depois Lutero teria sua obra predileta interditada e proibida pelo principado secular a semelhança de uma publicação pornográfica. E nem permitiriam os príncipes, juristas e educadores que fosse posta nas mãos dos jovens de das crianças sob pena de viciar-lhes a educação.

A pretexto da religiosidade no entanto pode tal obra ser publicada devido a nascente falta de habilidade do poder secular para lidar com tais questões e disto resultou tanto a degradação dos costumes quanto uma batalha teológica de amplas proporções que consumiu as energias da república.

Outro aspecto da questão a ser considerado é que em que pese o fanatismo com que anunciava a doutrina da predestinacionismo Lutero - Cuja linguagem ainda era bastante medieval - não ousou cunhar uma terminologia condizente com ela de modo a exprimir com máxima exatidão a sua 'fé'... 

Sendo assim pode conceituar que o homem não passava dum verme imundo ou dum pedaço de merda, que era um eterno fracassado, que nele nada havia de digno e bom, que sua natureza havia sido completamente corrompida pelo pecado, que era um ser maldito e depravado, que seu próprio ser não passava de pecado, que o pecado fora incorporado a suma natureza, etc Mas não fez questão de expressar tais crenças 'ipsa verba', de modo que não pudessem receber qualquer outra interpretação ou virem a ser distorcidas.

Assim o caso das principais doutrinas sempre cridas desde os tempos apostólicos antes das definições conciliares promulgadas pela igreja em termos de linguagem ou expressão. De modo a que doravante não mais pudessem ser burladas.

Assim faz-se necessário ler de 'capa a capa' ou 'ponta a ponta' o arbítrio escravo para compreender que de fato, para ele, a relação: homem = pecado, equivale de fato e uma operação matemática ou a uma equação...

Foi a Flacius - que coube a 'honrosa' tarefa de explicitar ad verba ou de dar expressão técnico literária ao pensamento de seu mestre, asseverando que após o pecado original a substância mesma do homem convertera-se em pecado. E FOI ESTA PALAVRINHA 'SUBSTÂNCIA' QUE COMO O HOMOOUSIUS OU O FILIOQUE CONVERTEU A QUERELA EM BATALHA OU GUERRA...

Wigand, Heshusius e Andraeas - que não podem ser classificados como moderados - condenaram imediatamente como ímpia a expressão e suplicaram a Marbach que o expulsasse de Strasbourg. Já o princípe de Anhalt afastara-o de suas terras, enquanto Osiandro vedara sua entrada da Prússia...

Pffefinger e os seus - com as bençãos do agonizante Melanchton - opuseram o termo 'Acidente' em oposição a 'substância' e desde então, os oponentes passaram a ser conhecidos por acidentalistas e substancialistas.


"Andraeas mesmo veio a Strasbourg debater com Flacius e exigir que este se retrata-se... Flacius prometeu renunciar ao termo substância, recusou-se no entanto, obstinadamente a reconhecer o uso do termo acidente. DESDE ENTÃO FOI TIDO PELOS LUTERANOS MODERADOS COMO MANIQUEU... ACOSSADO FLACIUS ENVIOU A MARBACH UM PANFLETO INTITULADO 'O ANJO DAS TREVAS' EM QUE DESCREVIA SEUS ADVERSÁRIOS - PFEFFINGER, WIGAND, HESHUSIUS E ANDRAEAS - COMO DEFENSORES DE UMA <ABOMINAÇÃO PAPISTA SEMPRE COMBATIDA POR NOSSO EVANGÉLICO REFORMADOR.>"

Diante de 'tamanha insolência' Andraeas, azedo, replicou:
"No tempo dos papistas havia um só Diabo no corpo da Igreja OS FLACIANOS TROUXERAM OUTROS SETE." 

Sendo completado do Stammichius: "Sim, de fato os flacianos estão possuidos pelos piores demônios maniqueistas..." 

Eis como se exprime o cronista:

"Destarte até mesmo aqueles que haviam sentido que suas palavras haviam sido ditadas pelo 'ardor da polêmica' não puderam mais por em dúvida o real significado de seus ensinamentos; e fixou-se a divisão entre acidentalistas e substancialistas. A maior parte deles continuou a crer que tudo quanto havia de bom e digno no homem fora destruido pelo pecado, asseverando porém que a doutrina de Flacius a respeito da conversão do pecado na substância mesma do homem era uma doutrina maniquéia. Flacius em suas defesas e apologias nada fazia além de apelar a autoridade de Lutero, e em observar que O PATRIARCA DA REFORMA HAVIA ENSINADO IGUALMENTE A TOTAL ALTERAÇÃO DA NATUREZA HUMANA POR EFEITO DO PECADO ORIGINAL. Destarte eu, Flacius, limitou-me a repetir o que ouvi e aprendi: 'VOSSA NATUREZA, VOSSO NASCIMENTO, TODO VOSSO SER INTEIRO É PECADO.""

Eis agora como um observador papista descreveu a curiosa situação:

"A doutrina tão energicamente defendida pelos ilírico, é certamente a mesma que havia sido proposta por Lutero com as seguintes palavras no seguinte passo: 'O PECADO ORIGINAL NÃO É UM SIMPLES ACIDENTE MAS A SUBSTÂNCIA MESMA DO HOMEM.' esta doutrina foi professada por Spangemberg e pela maior parte dos pastores de Mansfeld; Hieronimus Mencel, superintendente de Eisleben asseverou não haver qualquer diferença entre o pecado e a natureza corrompida do homem e seu diácono Andraeas Fabritius a todos opunha 'As palavras claras e positivas de nosso Lutero, que lançou sobre a partícula acidente os mais espantosos anátemas'." 

Entrementes Winike, diácono de Spangenberg, interrogava cada penitente sobre a doutrina do pecado original e recusava-se a absolver a tantos quantos não subscrevessem a doutrina de Flacius.

Um catecismo infantil (!!!) chegou a ser editado com o objetivo de cooptar as criancinhas da Vila e o próprio Spangemberg ensinava as lavadeiras sobre como deveriam fazer para conquistar seus maridos para o partido... e com tal zelo exercia seu apostolado que "Nos campos e ruas as pessoas perguntavam umas as outras antes de se saudarem: Sois do acidente ou da substância??? E recusavam-se a travar qualquer tipo de conversação com as que eram da opinião oposta."

Filipistas e moderados por outro lado não eram mais comedidos, uma vez que não cessavam de descrever os pregadores do partido oposto como Maniqueus, idumeus, filisteus, e possessos, e açulavam com tal fúria seus ouvintes que os condes acharam por bem proibir que ambas as facções corressem a pedradas os pastores da facção alheia.

E quando Wigand, apoiado pelos juristas; cooptou Mencel e a maior parte de seus subordinados, Spangemberg teve a audácia de vir em pessoa a Eisleben para tomar assento em S Pedro e condenar em face os vis traidores. Mandou além disto fixar em cada esquina da Vila uma profissão de fé substancialista composta por si mesmo, e fe-lo com um tal zelo que em Mansfeld até mesmo as mulheres do povo e as crianças de peito sabiam de cor os ensinamentos e sentenças de Lutero a respeito do pecado original, para a vergonha dos filipistas e moderados...

Assim enquanto Flacius era corrido de cidade em cidade sua doutrina obtinha aderentes em diversas partes da Alemanha e lançava os cidadãos uns contra os outros e todo pais - para o desespero dos papistas e dos humanistas - num mar de sangue... Pois é do fanatismo, especialmente quando associado ao pode temporal, destruir a paz e a prosperidade das repúblicas e converte-las em açougues a céu aberto.

(Esta é a razão porque César não deve usurpar o que pertence a Deus e menos ainda os elderes usurpar o poder que dado foi ao César. E esta é a única garantia da paz e da felicidade temporais!)

Foi quando Bartholomeus Wagner de Schoenbourg, com o apoio do conde Wolf "RESOLVEU ENVIAR A AUGUSTO, ELEITOR DE SAXE; UMA PROFISSÃO DE FÉ FLACIANA; ASSIM QUE RECEBEU-A DETERMINOU-SE AQUELE ELEITOR A INVADIR AQUELE PRINCIPADO, ENCADEAR O CONDE - QUE ACABOU MORRENDO DE DESGOSTO NA PRISÃO - E FAZER CAÇAR COMO BESTAS FEROZES A BARTHOLOMEUS E A TODOS OS SEUS PARTIDÁRIOS."

Cerca de 1575 o grande eleitor chegou as portas da infeliz Mansfeld decidido a expurga-la do veneno flaciano custasse o que custasse. Quanto aos recusantes tratou-os segundo os costumes do tempo... assim sendo o professor Martin Wagner após ter sido golpeado, na cabeça, com o punho duma espada veio a perecer. Além disto outros trinta e cinco burgueses ficaram feridos, outros foram exilados e outros tantos punidos com a privação da sepultura.

Aqui convém reproduzir a relação escrita pelo próprio Spangenberg:

"Por ocasião da 'maldita partícula do acidente.' Mencel e seus apaniguados entraram no templo munidos de porretes, varapaus, sabres e armas de fogo e começaram a forçar os fiéis a retratação; os recusantes foram logo postos a ferro e com as mãos atadas passaram a ser torturados, e com Martim Wagner fizeram tudo quanto quiseram até que entregou sua alma. Eu não exito em aplicar a tais bandidos as palavras do Dr Jacobus: 'Os falsos mestres são facilmente reconhecidos pelo habito de apelar a violência com o objetivo de impor suas doutrinas.'." in 'Bericht von Weimar...' 1577

Consta que o próprio Spangenberg só pode escapar a sanha dos filipistas e trajado de mulher. p 266 O que para nossos sectários e judaizantes corresponde a uma infâmia ou maldição.

Assim 'o deus' trata os fanáticos e presunçosos, e arrogantes que pretendem dominar a todos os demais por meio da fé. E apesar de falarem tanto em milagres ficam completamente desamparados a exemplo de Zwinglio, de Cramner, de Cromwell ou deste Wagner. 

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LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Moderados, confusos, indeciso; Weller, Striegel, Wesenbeck

Naturalmente que entre os extremistas havia também um grosso partido formado pelos confusos ou indecisos a exemplo de Hieronimus Weller que jamais logrou fixar suas crenças a respeito da liberdade, ora afirmando-a ora repudiando-a, ano após ano... E privara da intimidade do próprio Lutero!!!

Não poucos como Striegel; quanto a vontade discordavam dos Luteranos Ortodoxos e dos calvinistas e quanto a eucaristia propendiam as lições de Calvino (Podemos classifica-los como terceira via ou não alinhados.) Pelo que ficaram pendurados nos ares como a sogra de Pedro e foram ferozmente atacados e perseguidos pelos dois grupos...

Assim, enxotado das Alemanhas pelo Dr Andraeas com um gentil "Que a maldição divina te esmague." e apresentado como um javali solto na vinha do Senhor; teve o infeliz jurista de passar ao Palatinado, já dominado pelos calvinistas, de cuja teoria a respeito da eucaristia partilhava.
E como tal foi feito professor em Heidelberg. Todavia quando ousou falar sobre a livre vontade e a criticar as 'Institutas' entrou em choque com os radicais do partido, vindo sua situação a tornar-se crítica pelo simples fato de que sua opinião sobre a ceia já era bem sabida dos luteranos e já não podia deixar de ser encarado por eles como um apóstata e regressar.

Aproveitando-se disto Olevian "Com voz de tirano e não de apóstolo." (Jetzler) convocou-o a declinar de suas opiniões e a abraçar a verdade das Institutas!

"Teólogos, assim eu espero abandonar este mundo de trevas, escapando a vossa malignidade e brutalidade; não passais de falsos servidores de Deus." Otto Von Victor Striegel Vita p 25 por Math Wesenbeck, Wittenberg 1570 - foi uma das últimas declarações emitidas pelo grande homem que "Premido por Luteranos e Calvinistas como entre Cila e Caribdes rendeu sua alma pleno de angústia e desesperação." 

"De tristeza e angústia morreu ele (Striegel)  - declara seu amigo Wesenbeck - devido a incompreensão e intolerância dos nossos... pois tendo discordado dos luteranos e dos calvinistas quanto a eucaristia e a vontade, foi implacavelmente perseguido pelos dois lados como um cão sarnento."

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Spangemberg, Muskulus, Wirth e outros fanáticos

Enquanto isto, Spangenberg, do lado oposto, contra atacava:

"Os filósofos e juristas, inspirados pelas obras políticas dos mestres aristotélicos e temores puramente carnais, FIZERAM PERDER A VERDADEIRA DOUTRINA DO PECADO DO PECADO ORIGINAL ENSINADA POR LUTERO... Assim, estes sábios, que passam por discípulos de Lutero não fazem qualquer caso da magnifica obra composta por este homem divino e intitulada 'Arbítrio escravo' e ousam suster publicamente que "LUTERO COMPÔS TAL OBRA SOB A INSPIRAÇÃO DE SENTIMENTOS PURAMENTE PASSIONAIS, A FIM DE MOSTRAR A ERASMO QUE ERA MAIS SÁBIO DO QUE ELE." 
Nada mais deplorável do que ver a verdadeira doutrina cair em descrédito devido a ação daqueles que se blasonam de ser seus mais fiéis representantes e continuadores do próprio Lutero...
Assim se confirma a predição de Lutero a respeito das dificuldades que sua morte haveria de trazer a Alemanha e de QUE IGREJA ALGUMA MANTERIA A SÃ DOUTRINA, o que não esta longe de se cumprir.
DE MINHA PARTE PREFIRO SER PARTIDO EM MIL PEDAÇOS DO QUE RENUNCIAR A VERDADEIRA DOUTRINA PERTINENTE A VONTADE E O PECADO." 

Tal o parecer de Mathieu Rutze - in Ep a Simon Pauli - :

"Preferiria ser precipitado pelo Diabo no fogo do inferno do que deixar de anunciar a verdade a respeito do pecado original."

Wolfgang Muskulus que era do mesmo parecer publicou uma obra intitulada "A necessidade estóica" em que susteve igualmente a doutrina luterânica da escravidão da vontade. 

Alias não deixa de ser esclarecedor saber que Calvino, antes de ter abraçado a heresia protestante, tenha se arvorado em comentador de Sêneca... Havendo quem assevere ter bebido ele, nos escritos deste filósofo, o determinismo crasso professado pelos antigos estóicos. 

Negar que o contato de Calvino com a teoria fatalista dos estóicos deve te-lo preparado para receber a teologia fatalista de Wicliff e Lutero não ousamos.

Diante disto fica dificil compreender porque o já citado Durrfeld fora acusado por Flacius por ter se limitado a declarar que haviam muitas coisas boas nos escritos deste filósofo romano... 

Ele certamente jamais havia lido as elegantes Apologias escritas por Clemente - Protreptikós - e Justino nas quais Homero, Platão, Eurípedes e outros homens ilustres dos tempos passados não descritos como emissários de Jesus Cristo Nosso Senhor. Segundo Paulo já havia escrito a respeito de Pitagoras, Epímênides, Aratos e Menandro.

Do mesmo modo Jean Wirth - Pandocheus - clamou contra os neo luteranos que haviam abandonado a verdadeira doutrina a respeito da vontade e da predestinação...

"Tu é que não passas dum vil calvinista!" redarguiram os do partido oposto... acrescentando:

"A predestinação divina tira ao homem a liberdade na medida em que tudo atribui aos decretos divinos... isto que dizer não só as obras mas até mesmo os pensamentos, mais intimos... nem mesmo pensamentos o homem possui que sejam propriamente seus..."

Amsdorf e Flacius replicaram com um único período:

"A LIBERDADE É UM DOGMA SUJO INTRODUZIDO NO CRISTIANISMO PELOS FILÓSOFOS." Lutero 'Corp Ref XXI,86

Argumento que seria reproduzido por diversas seitas no decorrer da História a propósito da Trindade Santa (unitários e jeovistas) e da Imortalidade da alma. Afinal o antigo testamento pouco ou nada sabe a respeito de uma Trindade, da Imortalidade consciente e da liberdade... que são ensinamentos típicos do Evangelho e comuns ao paganismo antigo.

Convém lembrar no entanto que Filon, Josefus, Saadia Gaon e Mainônides; os grandes mestres do judaísmo ortodoxo não são menos taxativos sobre a liberdade e a imortalidade do que os pensadores gregos e os doutores Cristãos.

LIVRO PRIMEIRO > Capítulo I - Sessão 10: Divisões a respeito da doutrina da Predestinação / Sub capitulo P) Nos domínios do biblismo # Flacius X Striegel, Lasius e os juristas filipistas


Flacius e os seus no entanto continuavam a sustentar que: 

"O homem se comporta em sua obra de conversão como uma pedra ou como um carro de bois..." noutro passo: "Assemelha-se a a mulher de Lot ou seja a uma estátua de sal..."

Striegel por ousar discordar dele mereceu ser alistado entre os heréticos e, como tal, a ser ativamente perseguido...

Houve porém braço forte que lhe valesse e que o reintegrasse a suas funções:

"O homem sedutor -Striegel - foi já reintegrado em suas funções na alta escola a fim de que, como lobo devorador que é possa exercer suas investidas contra a grei do Senhor... POIS ELE OUSA SUSTER A DOUTRINA PAPISTA E PELAGIANA DA VONTADE LIVRE, QUE TEM PODER E FORÇA PARA COOPERAR COM A GRAÇA  E ATÉ MESMO PARA REQUERE-LA." tais as palavras de Flacius...

Ao que replicou Striegel: "Ilírico possui um decreto a favor de Ilírico..." acrescentando que não podia ser um bom decreto.

Durrfeld que também era jurista e como tal infenso ao predestinacionismo por acreditar que significava a ruína da ordem moral, foi apartado da ceia por ter ensinado a seus alunos "A falsa doutrina do livre arbítrio."

Desta vez foi o próprio Duque, juntamente com o conselho de ministros e o senado que decretaram a anulação da excomunhão de Durrfeld. Quando o pastor, pupilo de Flacius, recebeu esta notícia e recusou-se a obedecer, apelando- Exatamente como um sacerdote papista dos velhos tempos - ao 'poder das chaves' o Duque limitou-se a rir, perguntou se estava no Vaticano e fez dedignar o teimoso pastor, que pouco depois tombou fulminado por uma síncope.

Diante disto Flacius, como seu amado mestre, Lutero, protestou, murmurou, acusou, ameaçou e insultou... por não poder 'orientar' ou controlar' o poder secular a semelhança do papa ou a exemplo do velho Lutero.

"Caluniador, herético, inimigo dos filhos de Deus, palhaço, ministro da discórdia e pai da mentira." retorquiram-lhe os juristas e os filipistas (Cod Lat 941 fl 187) 'guardiães da moralidade' juntamente com os príncipes (!!!).

Os insultos eram tantos e tão insidiosos que Pouchenius chegou a dizer que "Quando eles desejam acabar com a boa fama de um homem classificam-no como flaciano." 

Segundo Mayendorf: "O Diabo atacava assim o nome de Flacius, fazendo dele um objeto de escárnio, com o intuito de diminuir o zelo dos santos pela verdade do Evangelho." in Ep a Chemnitz

Enquanto os insultos e vitupérios corriam de um extremo a outro das Alemanhas, achincalhando a dita reformação e tornando-a cada vez mais parecida com um cortiço, um bordel ou casa de pensão, um cronista católico tecia este breve mas eloquente comentário:

"Todavia eles não podiam combate-lo - A Flacius - DE BOA FÉ SEM RECONHECER QUE ESTAVAM A COMBATER O PAI E CHEFE DA REFORMA OU SEJA O PRÓPRIO DOUTOR LUTERO..."

Stiefel asseverava igualmente que "Deus mesmo enviou este homem com o intuito de condenar nosso relachamento; eu não conheço um só homem que mais do que o Ilírico tenha sabido mostrar-se digno de sua missão e digo e declaro que deveria ser tido em conta de enviado do céu. ASSIM POSSO DIZER DIANTE DE DEUS: MEUS OLHOS CONTEMPLAM O SUCESSOR DE LUTERO; QUE DIGO, EIS QUE VEJO LUTERO MESMO."

Lasius porém, sendo doutro parecer, assim descrevia os flacianos ou luteranos fiéis:

"As paixões carnais já não encontram obstáculo algum e os maus desígnios já não são contidos, a iniquidade vai seguindo seu livre curso e o homem continua assim até morrer, esperando que Deus o toque e converta segundo sua vontade.
E executando esta caricatura de penitência ele pode assistir normalmente a pregação e aproximar-se dos sacramentos como se fosse um homem honesto; e com o ser todo imundo e grosseiros toma da refeição divina...
 ASSIM É SATANÁS QUEM PELEJA POR ESTA DOUTRINA COM O INTUITO DE DESTRUIR TODAS AS LEIS DIVINAS TORNANDO-NOS PRESUNÇOSOS E IMPENITENTES.
ENQUANTO DEUS NÃO SE DECIDE A OPERAR A CONVERSÃO DO CORAÇÃO O HOMEM NADA PODE FAZER A NÃO SER VIVER DESBRAGADA E PERFIDAMENTE NA AVAREZA, NA INVEJA, NO DEBOCHE... ILUDIDO POR ESTE DISCURSO POMPOSO QUE LHE TRÁS UMA CONSOLAÇÃO QUE É ABSOLUTAMENTE FALSA E ARTIFICIAL...
O Demônio faz com que esses cães sarnentos emitam contra nós uma excomunhão mil vezes mais odiosa do que a emitida pelo Papa pois açulam o vulgo contra nós e dizem ao povo para não trazer seus filhos para serem batizados a menos que recebamos a doutrina professada por eles como a única verdadeira e fiel...

Eles vivem a perseguir e molestar toda gente piedosa e leal sob o pretexto de zelar pela reformação da igreja; quando na verdade assolam-na com tantas excomunhões e banimentos dirigidos contra tantos quantos ousam discordar deles." in Fundament Wahrer; Francfort 1568  5.8 Fls 18 sgs

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A propósito correu-nos a afamada obra que Karl Rahner escreveu sobre a graça. Obra em que a partir dos escritos de Irineu constatou que todos os padres gregos afirmam a direção da GRAÇA INCRIADA ou seja da posse de Deus, para a GRAÇA CRIADA ou produzida, isto é a correção da natureza fragilizada. Admitindo inclusive que Agostinho foi responsável pela subsequente inversão da teologia latina. Inversão que muitos como o douto Altaner chegam a encarar como um avanço i é a atribuição da culpa de Adão aos demais seres humanos bem como a suspensão da livre vontade.

Jerônimo todavia, dentre tantos outros padres latinos (como Ambrósio) permaneceu - ao menos em parte - fiel ao padrão antigo, podendo ser vantajosamente cotejado pelo mesmo Erasmo. Haja visto que em seu alentado volume contra os Pelagianos sequer menciona qualquer tipo de graça preveniente de caráter interno análoga a iluminação dos platônicos. 

Lutero no entanto, entre impropérios, maldições e ameaças - face aos quais o bom Erasmo quase morria de tanto rir - alega ter a seu lado 'o mais excelente de todos os padres antigos', Agostinho. Certamente aquele que melhor assimilou o pensamento do Apóstolo Paulo (!!!)... 

Quanto a Jerônimo pouco faltou a Lutero para descreve-lo como verdadeiro ateu, acrescentando alias que duvidava seriamente quanto a salvação da alma do infeliz monge poliglota...

Respondeu-lhe Erasmo de modo irretorquível observando que Agostinho por pouco ou nada saber em termos de grego e fundamentar seus trabalhos exegéticos em traduções falíveis, de modo algum podia ter compreendido melhor o sentido do pensamento do apóstolo do que os padres que dominavam a lingua grega em que ele escrevia. Supor e suster o contrário era manifestamente ridículo.

O próprio S Teodoro de Mopsuestes, a seu tempo príncipe da exegese Cristã, na já citada memória sobre o predestinacionismo fazia observar quão inábeis e fora de propósito eram os comentários do Bispo de Hipona, o que por sinal é admitido por S Fócio. Isto pela mesma razão apontada por Erasmo, Agostinho era leigo ou melhor ignorante em matéria de lingua grega.

Nós mesmos já apresentamos o testemunho do Pe Amman um de seus melhores biógrafos bem como as reflexões do Pe Mayendorff a respeito disto. Mais felizes eram seus críticos, os monges semi pelagianos de Marselha (Colônia focense do século VII a C) que ainda ao tempo de Sidônio Apolinário possuíam um 'lector graecus' e que por isso não dava trégua aos agostinianos. 

Grosso modo foi o desconhecimento da lingua grega, após as invasões bárbaras, que precipitou a igreja ocidental nos tristes erros do gracismo e do infernismo. Já no caso da reforma protestante temos que foram mantidos por pura ma fé e que uma verdadeira reforma impulsionada pelo poder divino começaria por restabelecer as nobres verdades do semi pelagianismo e do origenismo (universalismo) por isso quem o protestantismo de modo algum é melhor ou superior a igreja papa como quer apresentar.

Pois contanto com homens hábeis na lingua grega permaneceu atrelado as velhas doutrinas legadas pelo obscurantismo ancestral.

Agora, tornando ao tema da liberdade e a Lutero, Erasmo 'não largava mais osso' e assim, como nos tempos de Juliano de Aeclanum, a controvérsia chegou ao extremo da chicana. Diante disto número de humanistas (clérigos e leigos) que a princípio, estando mal informados, não só simpatizaram com o monge saxão como ingressaram nas fileiras de sua reforma tornaram a passar as fileiras de Roma e a abjurar publicamente da 'peste luterana'. Evidentemente que tais defecções eram alimentadas pelas amargas filípicas com que Lutero estava a fustigar a doutrina da livre vontade... 

Melanchton com efeito, não só estimava o pensador batavo como propendia ocultamente a doutrina do livre arbitrio, no sentido semi agostiniano ou arminiano da restauração da vontade dos eleitos. E por isso não via como o público 'renascido' ou afeito ao ideário da renascença podia ser ganho ao agostinianismo crasso e consequentemente se atingido pela mensagem protestante. Diante disto forcejou o novo 'preceptor da Germânia' por aplacar a fúria de seu mestre e faze-lo não só depor a pena mas comprometer-se a não mais tocar no assunto ou silenciar. O que Lutero cumpriu e até onde sabemos foi a única derrota a que resignou-se!

Repetia no entanto, em alto e bom som, que jamais se retrataria e que o 'Arbítrio escravo' era sua obra do coração, isto é a predileta. 

Face a derrota de seu mestre, Melanchton ousou expressar-se do seguinte modo na Confissão de Augsburgo XVIII:

"Concedemos que todos os homens gozam de certa vontade livre, livre, na medida em que exercem o juízo da razão; todavia não é capaz de sem Deus, começar, ou, ao menos, completar alguma coisa das que dizem respeito a vida eterna."

Passados cerca de cem anos após o tempo em que haviam sido editadas foram tais palavras formalmente canonizadas pelos mestre e doutores Gehard e Calovius - na esteira de Chemnitz, Andraeas, Chytraeus e Selnekker - em detrimento das doutrinas originais e legítimas da graça irresistível e da segurança absoluta do crente agora tidas em conta de calvinistas e heréticas pelos bons luteranos.

No entanto para que chegassem a este fim tiveram os heréticos alemães de fazer um percurso tenebroso e por embrenhar-se num autêntico campo de batalha espiritual como haveremos de certificar nas próximas linhas. De fato a introdução da detestada doutrina da livre vontade no credo luterânico corresponde a uma verdadeira revolução, não faltando para tanto o elemento agressivo ou da violência inclusive.

Pois mal Lutero, sentindo-se traído e vexado (por não ter conseguido restaurar o agostinianismo em sua puridade) baixa a terra fria tumba e vai de encontro as larvas de seus ancestrais estourava a controvérsia da nova obediência, sobre a necessidade das obras. Em meio a qual Melanchton, sem ponderar suficientemente, abriu a 'santa boca' para afirmar que Lutero havia se retratado a respeito da doutrina da predestinação e do livre arbítrio.

Ora tais palavras não podiam deixar de cair como um raio sobre as cabeças do fiel Amsdorf e do rigoroso Flacius. Pelo que, foi o primeiro, levado a solicitar que Melanchton apresentasse uma declaração formal assinada por Lutero aferindo tal retratação.

E como Melanchton não podia apresentar semelhante documento - porque não existia nem existe - passou a ser tido em conta de charlatão e falsário por toda Alemanha.

Desde então cindiram-se os luteranos, formalmente, em mais um partidos rivais: Os monergistas/predestinacionistas (Em parte ao menos de acordo Calvino); que chefiados por Amsdorf, Flacius, Spangenberg, etc apresentavam-se como verdadeiros discípulos e continuadores de Lutero & os sinergistas/filipistas que sustentavam uma graça geral e condicional como os padres de Trento, Arminio e Wesley.

Eis como o próprio Flacius descortina a fé do partido rival:

"No que tange a vontade humana, eles sustentam; para agradar o papa; que o homem não regenerado pode cooperar em sua conversão e que este é 'principalmente' mas não somente, justificado pela fé..."

Logo após ter arguido Melanchton e insinuado que este estava mentindo, proferiu o já citado Amsdorf estas esclarecedoras palavras:

"Contra a ultra sacrílega e ultra perdida seita de Leipzi- assim trata a Pfeffinger e aos melanchtonianos - SUSTENTO COMO DIVINO LUTERO QUE DEUS MESMO DIRIGE O HOMEM COMO UMA PEDRA OU UM CARRO DE BOIS... E ASSIM ME OPONHO AO NOVO PAPISMO QUE DESEJA RESTABELECER A FALSA DOUTRINA DA COLABORAÇÃO DA VONTADE HUMANA COM A GRAÇA DIVINA NA OBRA DA CONVERSÃO E DA SANTIFICAÇÃO DO HOMEM." 

Não podendo mais manter-se calado Melanchton rebateu:

"Quereis conhecer quem é este Amsdorf lede o escrito que compôs contra o grande Erasmo e NO QUAL ESPALHA TREVAS E EXCRETA BILIS EM CADA PÁGINA."