Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

protestantismo e filosofia, razão, ceticismo, relativismo, etc PARA AMPLIAR DEPOIS












Carta a Breno.



"Ao contrário do que tem sido divulgado em certos meios, a teoria da dupla verdade jamais fez parte do patrimônio intelectual que nos foi legado por Aristóteles.


Pois o Filósofo nuca sustentou que a teoria da imortalidade da alma FOSSE OPOSTA A RAZÃO, IRRACIONAL, inaceitavel e falsa.


A crítica do Filósofo tinha em mira a fregilidade dos argumentos que Platão, seu mestre; havia posto nos lábios de Sócrates, com o objetivo de estabelecer racionalmente a doutrina da sobrevivência da alma humana. Segundo nos é dado inferir de seus escritos as evidências apontadas por Platão não eram suficientemente claras a ponto de levar o intelecto a decidir-se, sem que resta-se qualquer dúvida ou hesitação a respeito. Destarte A IMORTALIDADE DA ALMA NÃO PODIA SER CORROBORADA OU CERTIFICADA PELA RAZÃO COM AQUELE TIPO DE CERTEZA QUE DESCREVEMOS COMO ABSOLUTA.


TRATAVA-SE POIS, DO PONTO DE VISTA RACIONAL, DUMA DOUTRINA INCERTA, INSEGURA E VAGA; DUMA POSSIBILIDADE, DUMA OPINIÃO, DUMA TEORIA, QUIÇÁ ATÉ PLAUSÍVEL MAS, EM HIPÓTESE ALGUMA, DUMA CRENÇA ABSURDA E OPOSTA A RAZÃO OU DUMA IMPOSSIBILIDADE MANIFESTA. Aristóteles exprime amiude, dúvida e hesitação a respeito e não uma negativa resoluta.


Segundo seus escritos, tanto poderiamos inferir, partindo dos seres e suas relações - por via de dedução (lógica) - a sobrevivência da alma quanto sua destruição ou mortalidade após a morte do corpo, não sendo possivel ao intelecto obter suficiente clareza a ponto de decidir-se irredutivelmente. No caso a sobrevivência, inda que possivel - E no Tratado da alma o próprio Aristóteles se refere ao não envelhecimento por parte do intelecto como um forte indício a favor desta possibilidade (de que a alma seja imortal) - era sempre uma questão de probabilidade ou de verosimilhança; jamais de certeza absoluta.


Como é assaz sabido por parte dos estudiosos o perípato jamais endosou a crença, opinião ou teoria do materialismo; coube-lhe certamente a glória de lançar as bases do empirismo refletido - que é o fundamento da ciência - sem no entanto descambar naquele empirismo crasso que denuncia a metafisica como vã e lança os fundamentos do cientismo... Para Aristóteles além e acima daquele conhecimento experimental que poderiamos obter sobre o mundo físico, havia uma espécie de conhecimento racional ou intelectivo; que partindo do conhecimento do mundo e dos fenômenos contingentes (ou seja do conhecimento cientifico) atingia a causa primária de todos os seres, a saber; Deus, sem no entanto inferir qualquer coisa a respeito dele(daí ser classificado como semi-agnósta). Quanto a questão da alma sua filosofia era ainda mais retiscente e por assim dizer plenamente agnósta nos termos de um probabilismo bastante vago.


E sem embargo de tais reservas Aristóteles registrou na sua ética que aquilo que não podia ser demonstrado com evidência evidente nos termos da metafisica, podia muito bem ser sustentado como verdadeiro pela fé ou religião, neste caso caberia a revelação, não, contrariar, mas completar o ofício da razão, levando suas cogitações sobre Deus e a alma a perfeição. Ele jamais negou que o seu Deus impassivel pudesse ser conhecido por inteligências tanto mais próximas de sí e tanto mais elevadas na escala dos seres. Refiro-me a mediação dos Daimones ou deuses, que eram espécies de santos para os antigos pagãos e a cujos oráculos cabia profetizar, instruindo os mortais sobre os mistérios divinos. Apuléio de Madaura expoz detalhadamente a questão sobre a mediação dos espiritos inferiores a Deus e superiores a nós, bem como Plutarco e o próprio S Agostinho no livro da Cidade de Deus, apontando-lhe os pontos fracos.


Noutras partes dá a entender que durante os primórdios da humanidade os deuses desceram a terra e ensinaram aos homens as doutrinas religiosas que eram conservadas de geração em geração a semelhança de nossa tradição apostólica e da suposta tradição patriarcal alegada pelos rabinos, por alguns padres, escolásticos e apologistas - como Bautain, Bonetty, Ventura de Raulica, etc cognominados tradicionalistas - e por todos os sectarios e judaizantes que ainda hoje - a semelhança de Lutero - repudiam o testemunho dos sentidos e da razão, chafurdando no pântano lamacento do fideismo.


Aristóteles no entanto jamais opoz sua filosofia a religião (sustendo a irreligiosidade ou a indiferença religiosa - embora não deixasse de críticar as superstições e abusos - antes reconhecendo os límites da via racional, ao menos no que tange a certas questões - como a imortalidade da alma - deixava o caminho livre a fé. Eis porque se diz que o pensamento aristotélico sem ser religioso é aberto a religião.


É de se supor ter admitindo ainda que a fé pertence ao domínio da liberdade (compreenda-se isto não como qualquer tipo de seleção doutrinaria mas como liberdade para não se crer) e não da coação; o que ia de encontro a opinião dominante, segundo a qual todos eram obrigados ou constrangidos a tomar parte nos ofícios religiosos e proibidos de questionar tudo quanto fosse considerado sagrado. Seja como for ele acabou mostrando-se tão zeloso para com as fronteiras do campo conquistado pelo conhecimento natural ou profano (seja a filosofia ou a ciência) que os sacerdotes acabaram por bani-lo de Atenas.


Naquele tempo as pretensões da religião ainda eram bastante amplas e seus clamores secundados pelo poder cívil, e ja sabemos porque Sócrates teve de tragar o amargo cálice que tragou..."







Carta a João Henrique



"...para Aristóteles, nem a sobrevivência nem a morte da alma podiam ser estabelecidas racionalmente. Diante desta questão sua postura não era nem espiritualista nem materialista mas agnósta ou, como haveria de ser fixado por seus seguidores: realista, em oposição aos extremos do otimismo romântico e do pessimismo exacerbado.


Aristóteles sequer imaginou a aberração lógica segundo a qual uma afirmação falsa do ponto de vista racional pode ser absolutamente verídica no domínio das crenças religiosas; disto decorrendo estar a fé em estado de franca oposição ou de contradição face as exigências do intelecto, isto é, da razão. Atribuir esta teoria ao filósofo é estuprar seu pensamento e perverter-lhe o sistema.


Para bem compreender-mos o Averroismo, devemos começar por Alexandre de Afrodisias, o qual costuma a ser apontado pelos estudiosos como o principal comentarista aristotélico e portanto como um de seus interpretes mais autorizados, tão autorizado que os árabes e talvez os própios sírios e persas seus mestres, acabaram tomando os comentários dele como palavras do próprio filósofo.


Até onde nos é dado saber Aristóteles nada explicitou sobre os termos 'intelecto potencial' e 'intelecto material' (Termos cunhados por Alexandre para designar as operações mentais descritas pelo filósofo) Alexandre no entanto - cuja tendência era acentuadamente material ou materialista - separou um do outro e afirmou a geração e a corrupção do intelecto material estabelecendo cono absolutamente certa a mortalidade da alma.


Averroes - que como é assaz sabido nem sempre soube ser fiel ao pensamento do Mestre, além de atribuir-lhe tudo quanto fosse da lavra de Alexandre - afirmou a unidade do intelecto material, bem como sua materialidade, geração e corrupção nos mesmos termos que o comentarista grego. Não é por acaso que entre as téses averroistas que foram condenadas pela Universidade de Paris (sob a presidencia de Estevão Tempier) em 1279, nos deparamos com aquela segundo a qual a alma "... sendo forma do homem perece juntamente com seu corpo." Tais pensamentos e palavras (de Averroes e Alexandre) no entanto, eram comumente citadas e repetidas como sendo de Aristóteles ou ao menos como expressão fiel de suas idéias.


Aristóteles no entanto havia registrado - no Tratado da alma - que o intelecto ''não pertence ao mesmo gênero (composto) que as coisas corpóreas' e que mesmo ligado ao corpo e dependente do corpo 'não é parte do corpo', donde infere sua impassibilidade e chega a afirmar que se trata de uma 'aspecto divino'.


Por fim o filósofo arremata magistralmente: "Esta alma (intelectual e humana) é um tipo diverso de alma (face a alma animal e a alma vegetativa) permanecendo separada, COMO IMORTAL, daquilo que perece (o corpo e as outras duas almas)


Teofrasto de Ereso não foi menos explicito ao afirmar que este intelecto, batizado por Alexandre como material, é pelo contrário imaterial, indepente, auto-existente e reunida ao homem no momento de sua concepção.


Todavia, como islamita e habitante de um país muçulmano, Averroes teve de forjar uma boa desculpa para não cair nas malhas da Sharia... eis porque achou conveniente esclarecer que uma aberração qualquer no domínio da lógica pode ser válida e verdadeira no domínio da fé e que um erro qualquer no campo da religião pode ser verdadeiro no campo do raciocínio.


Esta doutrina recebeu o nome de Averroismo.


Vertidas suas obras ao latim, no começo do décimo terceiro século, iniciou-se o flerte com a teoria da dupla verdade, entre os seus representantes, podemos citar Martin da Dácia, Jacob de Douai, Giles de OrleansAntônio de Parma e sobretudo Sigerius, que foi o campeão do partido...


.... no que concerne a evolução histórica do pensamento filosófico, o alexandrinismo e o averroismo foram retomados pelos neopagãos, céticos e materialistas do século XVI agrupados - em Pizza e Bolonha - sob a autoridade de Aristóteles, mas, como sabemos, apoiando-se nas vãs locubrações de Alexandre, Averroes, Sigerius... de que temos exemplo em Pietro Pomponazzi.

Para Pomponazzi a lógica opunha-se formalmente a crença na imortalidade da alma. Segundo ele, racionalmente falando, era impossivel que a alma sobrevivesse a morte do corpo, todavia como não desejava ser conduzido aos ergástulos da inquisição, o astuto diletante achou por bem acrescentar que "Pela fé todavia, somos informados de que a alma sobrevive." assim "O que negamos pela razão, afirmamos pela crença."

O último representante desta tendência parece ter sido Cremonini (+ 1610), que..."



 Fragmento de aula ministrada na acâdemia.




"... nem todos (os protestantes) permaneceram fiéis ao ensinamento de Lutero sobre o assunto e muito menos coesos. Antes - como é costume entre eles - cindiram-se em, no mínimo, três grupos, dos quais ainda nos compete analisar dois: o dos fundamentalistas e o dos 'duplicistas' ou seja o daqueles que conservando a tradição de Lutero sustentam que a FILOSOFIA E A CIÊNCIA NÃO SÓ PODERIAM COMO ATÉ DEVERIAM DESAPARECER DA FACE DA TERRA (pensamento que não é de todo estranho a nossos pentecostais, fundamentalistas e criacionistas) e o daqueles que julgaram por bem cobrir o criacionismo com uma boa camada de verniz averroista.

'A NARRATIVA DO HEXAMERON PODE SER MUITO BEM SER FALSA PARA A CIÊNCIA E VERDADEIRA PARA A RELIGIÃO SEM QUE HAJA QUALQUER PROBLEMA...' é o discurso propalado por eles face as críticas dos liberais.

E assim ja sabeis quanto o criacionismo é versátil, como ademais toda doutrina protestante...

Certamente que não encontrareis este tipo refinado de criacionista pelas esquinas, convem todavia, estar preparado para retrucar-lhes.

A primeira coisa que devemos fazer notar a estes filhos bastardos de Siger é que eles olvidaram por completo aquele princípio tão salutar formulado pelo ilustre pensador de Eléa: NADA PODE SER E NÃO SER, AO MESMO TEMPO E SOB O MESMO ASPECTOLabora sempre em erro todo aquele que põe de lado a doutrina, evidente por evidência manifesta, da exclusão dos contrários.


Apliquemos tal princípio a doutrina criacioburrista:

E; para melhor faze-lo explicitemos antes que, segundo o criacioburrismo, o objeto da fé e o objeto da ciência convergem para o mundo material dos fenômenos.

Feita esta indispensável observação ponderemos juntos:

- SOB O ASPECTO DE TEMPO AS FORMAS DE VIDA NÃO PODEM TER SURGIDO NUM INSTANTE TODAS JUNTAS E TER SURGIDO SEPARADAMENTE NO DECORRER DE QUATRO BILHÕES DE ANOS... POIS TRATAM-SE DE UNIDADES DE TEMPO TOTALMENTE DIVERSAS.

Destarte quando a forma mais simples de vida - o virus - veio a existir, restavam ainda 3.998.000.000 de anos caso tomemos por padrão o aparecimento do primeiro homem...

Talvez alguém replique dizendo que aquilo que é muito tempo para nós pode ser um simples 'instante' ou um 'momentozinho' apenas para Deus... (observemos que este tipo de argumentação - artificiosa - convem mais ao 'fórum' do que ao santuário divino na medida em que se opõe a doce simplicidade da palavra de Cristo, tal como a encontramos no sagrado Evangelho. O protestantismo no entanto é isto: uma espécie de perpétuo exercício de retórica através do qual podemos tanto sustentar como negar a mesma tése.)

A senda da exegése protestante, tal como nos depara-mos com ela no dia a dia, é amarga e indigesta a ponto de conduzir o homem sábio, prático e refletido a desilusão e a incredulidade. Pois é um eterno apelar a este ou aquele recurso com o premeditado intuito de jamais capitular frente ao 'opositor' e nunca - como deveria ser - uma forma de se chegar a verdade ou de se aprender...

O livro no entanto afirma tratarem-se de sete dias verdadeiros de vinte e quatro horas literais, com manhã e tarde (quem já viu instante divido em dias, cindido em manhã e tarde??? Será que não havia um modo mais claro com que a escritura se expresa-se e se fize-se compreender? mormente quando a doutrina protestante afirma ter sido ela posta para a gente simples e ser de fácil apreensão?)... tão literais que a guarda do sábado baseou-se no sétimo deles.

Tornemos porém ao raciocínio já exposto: Importa dizer que caso o livro esteja certo A CIÊNCIA ESTARÁ ERRADA e que caso o cientista esteja certo O LIVRO ESTARÁ ERRADO.

Isto se chama coerência e é jutamente o que confere solidez ao raciocínio humano...

Caso exista mesmo um dilema entre fé e ciência - pois o Criacionismo e demais formas judaizantes são todos falsos dilemas na medida em que ignoram a doutrina segura da distinção dos campos (segundo a qual o objeto da razão é um e o objeto da revelação é outro) - ele só poderá ser resolvido quando formos capazes de descobrir qual dos dois termos é falso... para po-lo de lado evidentemente...

Se de fato existem 'duas' verdades opostas correspondentes a duas realidades opostas, que garantia teriamos de que não hajam três, quatro, cinco... milhares ou talvez milhões... quiçá uma verdade 'per capita' e uma realidade a parte forjada por cada um??? Caso o mundo sublunar esteja em franca contradição com o mundo invisivel a ponto de se excluirem mutuamente, o que nos impediria de concluir que ele mesmo pode estar fragmentado em outras duas realidades: a coisa em si e a coisa percebida? Caso este mundo esteja fragmentado em duas partes contrárias que nos impediria de suspeitar que cada homem seja uma parte dele? E caso admitais que cada homem seja uma parte separada dos outros homens quanto a percepção e as faculdades intelectivas que nos impediria de chegarmos a derradeira e fatal conclusão de que cada homem esta, ele mesmo, fragmentado e dividido em outras tantas partes em luta? O fim de todo este recurso exegético com que suster uma doutrina vã e temerária, tereis já ultrapassado as barreiras do próprio solipsismo e chegado a crer que todo este universo não passa de um imenso agregado de atomos pensantes que jamais pensam em comum, que jamais se encontram e que jamais se entendem. Pois admitida uma única cisão, contradição ou oposição neste campo todo laço que une de algum modo os seres humanos poderia vir a ser roto.

Evidentemente que tantos quantos possuem uma noção gregária, social ou católica de vida, sentem-se chocados diante de tal possibilidade, os protestantes no entanto, por via de livre examinismo, estando já completamente separados uns dos outros no plano da fé, sequer se importam... para eles a cisão, a confusão, o desentendimento não se apresentam como problemas... eis porque a filosofia alemã durante o décimo nono século..............................

Contra semelhante aberração indicamos dois excelentes antidotos:
  • "A unidade do intelecto." por Tomás de Aquinoimpugnação já clássica ao averroismo divulgado por Sigerius.
  • "Materialismo e empirocriticismo" por Wladimiro Lênin (vezo materialista), impugnação igualmente clássica a todos os tipos de sopas idealistas e subjetivistas/relativistas.

Não cessamos de recomendar a todos os ouvintes a aquisição e o estudo de ambas as obras."



Outra aula



"Acompanhemos o percurso desta mente tão brilhante (a ponto de ter sido vertida para o grego por Dimitri Kiddonés) que foi a mente de Tomás de Aquino.

Dificilmente podereis negar a um lado sua piedade para com as coisas santas e divinas e por outro sua acuidade e prudência nos domínios do pensamento humano.

Antes de tudo devemos dar por certo que Deus seja autor da natureza.

Mesmo remotamente o gênesis dá a entende-lo... eis porque outras partes mais nobres da escritura como os Salmos e sobretudo a Epistola direcionada pelo Beato Paulo aos Romanos, sustentam que através da contemplação da natureza a mente humana é perfeitamente capaz de elevar-se a natureza divina. Pois bem esta é a via de Aristóteles, desse Aristóteles tão execrado por Lutero... a via do salmista e do apóstolo e a base mesma da fé.

Donde se infere antes de tudo que o universo não é obras de si mesmo ou de qualquer outro ser, seja ele um demiurgo ou um demônio, como supunham os gnósticos e maniqueus iludidos por Platão e como supoz o próprio Platão - ao mesno durante algum tempo - cujos raciocinios se deixaram escurecer pelas idiotices ensinadas pelos mistagogos em seus 'mistérios'.

Mistérios da burrice...

Para inferir-se logo em seguida, que - ao contrário dos infundados temores de Agostinho e do ensinamento positivo dos reformadores protestantes, em especial de Lutero - a razão humana, por via natural e sem a necessidade de qualquer luz ou graça que a socorra, é perfeitamente capaz de chegar ao conhecimento de Deus, que é o mais elevado tipo de conhecimento e a base da fé.

Assim a revelação nos encaminha a razão, a razão abre nossas mentes a fé esclarecida e a fé esclarecida - como reconhece o próprio Agostinho - deleita-se em examinar e compreender a si mesma por meio da razão, convertendo-se em teologia. Tal o percurso quase dialético feito pela fé e pela razão...

Pois o mesmo autor da Revelação ou da fé é o mesmo Deus autor do mundo e do intelecto humano. Destarte como poderia ele decretar oposição irredutivel e não harmônia entre as coisas as quais ele mesmo deu o ser como o mundo celestial, o mundo visivel, a revelação, a percepção e a razão? Como poderia o único autor produzir tais fenômenos sob a forma de antipodas ou de negações? Porque cargas dágua haveria de opor suas obras e de lança-las umas contra as outras engendrando a confusão?

E assim já percebemos que embora possam haver gráus de entendimento capazes de serem superados e completados, não se pode postular ou defender a existência duma oposição irredutivel entre este mundo e o outro, entre a fé e a percepção, entre a revelação e a razão; sem se introduzir uma fatal divisão entre as coias criadas.

Chegamos pois a conclusão segundo a qual a oposição entre a ciência ou melhor a percepção e a fé é e sempre será impossivel pelo simples fato de que o campo de cada uma é específico e que jamais se encontram.

O campo da experiencialidade é o mundo material e contingente dos fenômenos enquanto o campo da fé é, como declara a santa escritura: "A existência daquilo que não se vê." ou seja da transcendencia, do além túmulo, do inascessível; e não o mundo material e visivel como afirmam os criacionistas em franca oposição a escritura.

Quanto a oposição entre a nossas categorias lógicas de pensamento - isto é a filosofia - e a revelação, tampouco é possivel, ao menos quanto as realidades celestiais que foram criadas ou que se manifestaram no mundo.

A única excessão, possivel, plausivel e admissivel seria aquela Trindade que diz respeito a natureza incriada... excessão no entanto não é regra nem destrói a regra. (pois nos deparamos com elas no domínio da química e em seguida no da biologia, sem que por isso mesmo invalidem uma regra geral.)

Por outro lado esta excessão não deixa de ser plenamente justificável caso tenhamos em mente que seja Deus... e a especificidade, e a singularidade deste nome e idéia, mesmo no domínio da fé.

Não quero dizer com isto que fomos produzidos para jamais compreender perfeitamente o Ser divino, mas que fomos produzidos para atingir este conhecimento de gráu em gráu, de ascenssão em ascenssão, de glória em glória; pois quando soubermos de fato o que seja Deus e assimilar-mos por completo o significado de sua natureza, sem qualquer limitação ou vestigio de obscuridade, então seremos como que deuses por participação tendo atingido nossa meta ou propósito final. Parece certo no entanto que não atingiremos tal propósito aqui neste mundo ou ao menos na presente econômia. Possuimos tal conhecimento como potência a ser plenamente desenvolvida e a qual sera acrescentada outra capacidade, e outra, até que atinjamos o fim último a que me referi.

Excetuada a magestade da excelência incriada fica estabelecida a unidade entre todas as coisas criadas e manifestas, sejam celestiais ou imanentes e a total impossibilidade de que os dogmas religiosos do Cristianismo Católico e Ortodoxo, oponham-se a razão nos termos da lógica.

Tal tipo de oposição irredutivel segundo a qual poderiamos afirmar que tal dogma é irracional, contraditório em si mesmo ou incompativel comos demais dogmas é inadmissivel, inaceitável e absurda.

A fé Santa e Católica distingue-se perfeitamente dos inumeros credos protestantes -  produzidos pela imaginação humana - justamente por sua coerência interna (pela qual os artigos de fé estão ligados uns aos outros e de pleno acordo) e externa, esta face as leis e exigências do intelecto as quais não só respeita como satisfaz.

Aqui estamos diante de um universo ou de um todo harmonioso."



Obs.: Até aqui a teoria averroista da dupla verdade.






Carta a Arícia






".................................................................................................................................................................................................. Desde muito cedo alguns cristãos já sinceramente pessimistas - como Agostinho de Hipona - ja oportunistas, resolveram flertar com esta perigosa doutrina - do ceticismo - a ponto de acreditar ser perfeitamente possível - e até conveniente para a causa da fé - inverte-la de ponta cabeça, por meio de uma crítica cerrada aplicada a razão e a experiência ou seja duma reflexão exercida sobre ambas que fizesse ressaltar a fragilidade do entendimento humano.

Foi assim que os germes daquele ceticismo invertido cognominado fideismo, apareceram no corpo da parte ocidental da Igreja.

Enquanto foi mantida a unidade entre Oriente e Ocidente tais germes não puderam florescer e propagar-se devido ao peso da tradição oriental, tanto mais simpática para com a razão humana e mesmo para com a experiência...

No entanto, mesmo nas terras do Oriente, tal tradição veio a ser cada vez mais questionada e combatida sob o influxo do neo platonismo, o qual, sendo batizado e crismado com o nome de palamismo subverteu as bases mesmas e os fundamentos da teologia patrística.
Apesar da ruptura ocorrida no Oriente sob os auspícios do palamismo e a redução da teologia ao místicismo e a fé, quase nos termos de um Tertuliano; não temos notícia de que qualquer teólogo ortodoxo medieval tenha formulado algo sequer parecido com essa epistemologia revolucionária cujo objetivo foi impugnar as credenciais da razão ou a experiência no plano mesmo do conhecimento natural.

Nossos teólogos repudiaram a teologia natural e a alta teologia especulativa - passando a indentifica-la erroneamente como uma forma de gnosticismo - mas não o emprego da razão e da experiência no domínio que lhes é próprio ou seja no plano da imanência.

O primeiro a tecer uma verdadeira crítica a razão, ao conhecimento metafísico e de algum modo as bases mesmas do entendimento humano foi o franciscano W Occam, púpilo de Agostinho e herdeiro de suas suspeições e reservas face a construção dum saber verdadeira e universalmente válido.

Para Occam as abstrações não existiam nos objetos (enquanto 'universidade in re' - Aristóteles) e sequer como conceito correspondente a qualquer coisa de real (ou seja, enquanto 'universalia post rem' - Abelardo) que existisse neles; disto se segue que nossos conceitos - por serem frutos da abstração - não existem.

Donde tudo quanto postulamos fundamentados neles, é ilusório e vão; meras palavras ou como diziam 'flatus vocis'.

Eis que nos encontramos a um só tempo diante do passado e do futuro ou seja, diante de certas opiniões emitidas por Górgias e Protágoras e sobre a moderna teoria do discurso, forjada por Nietzsche e segundo a qual aquilo que chamamos de verdade não existe, tudo quanto existe, a nivel de conhecimento não passa de interpretação.

Aqui a verdade sequer pode ser dupla, pois ao emprestar um tom todo individualista ao conceitualismo e postular que cada qual produz independentemente suas abstrações e cria seus próprios conceitos, segue-se que tais conceitos sejam únicos e totalmente difersos dos outros; e que não existe qualquer coisa de comum entre os eles.

É pois impossivel a construção de qualquer tipo de conhecimento natural que seja universalmente válido e verdadeiro... tudo é particular, cada homem é como se fosse uma ilha e há tantas verdades quanto cabeças...

A FÉ NO ENTANTO CONCEDE-NOS O APOIO E O CONFORTO QUE NOS É NEGADO PELA RAZÃO, DONDE A FÉ É TUDO E RAZÃO NADA.

O 'nominalismo' foi abraçado e sustentado com fervor por um grande número de escolásticos, mormente por Gabriel Biel, que em seus 'Comentários as sentenças de Pedro Lombardo' refere-se a Occam como sendo seu Mestre.

Segundo Matthias Schbeen (Dogmática 1073) Biel chegou a ser o supremo representante da ideologia nominalista.

Destarte chegamos a Lutero, pois foram justamente as teorias de Occam e Biel que plasmaram-lhe a mentalidade e determinaram sua visão de mundo, no caso infensa ao conhecimento natural.

"Outro autor em que se deleitava era o franciscano inglês Gilherme Occam, o 'doctor invencibilis', também nominalista... Lutero colocava-o acima de Aquino e Scotus. ERA PARA ELE SEU QUERIDO MESTRE... A TEOLOGIA DO FRANCISCANO INGLÊS MUITO INFLUIU NA VIDA DO REFORMADOR." assevera Themudo Lessa em seu "Lutero" 1956 pp 32

Ouçamos porém ao próprio Lutero: "Occam foi um homem capaz e sensível." in 'Conversações a mesa' 538

Segundo Funk Brentano (Lutero pp 43"De Gabriel Biel, o jovem Lutero sabia páginas inteiras de cor..."

"Era apreciador de Pedro D Ailly, outro discípulo de Occam." Themudo Lessa id pp 33

Examinemos agora as consequências, desta autêntica, DEformação:

Enquanto a Escritura descreve o verdadeiro culto tributado a Deus como sendo 'racional'. Lutero descreve a como sendo uma "prostituta desvairada" &  a "concubina do Diabo" Wittemberg, 1546, último sermão.

Feito isto o pai do protestantismo convida-nos a atirar lama, estrume e outras tantas imundíces sobre a caratonha da ínfame com o intuito de torna-la ainda mais odiosa...

"É impossivel fazer a fé concordar com a razão... a razão é inimiga da fé. A Deus porém cabe dar a fé contra a natureza e contra razão, constrangendo o homem a crer." (in Denifle trad Fr de Paquier III, 275)

"Mesmo a nós que recebemos as primicias do Espírito é impossível compreender e crer perfeitamente todos estes pontos - os quatro 'solas' - pois eles contradizem em último gráu a razão humana." id ibd 379

"Nas coisas espirituais e divinas a razão é totalmente cega." in Erlangen XLV - 336

"Para a razão - escreve ele em seu Comm aos Gálatas - os mistérios divinos são RIDÍCULOS, IMPOSSIVEIS E ABSURDOS."

Após o que - retomando o pensamento Occamiano - traça o caminho que o protestantismo fiel e coerente deverá seguir até o fim: "Matai a razão. Sacrificai-a."

Senha terrivel que parte de seus filhos não cessa de atrevidamente de repetir: Sacrificai-a!

Para mergulhar de cabeça no abismo duma fé sem bases, garantias ou evidências que satisfaçam os apelos de nossa condição.

Para Lutero e seus sucessores a fé só será fé - e portanto capaz de agradar a Deus - se for tão cega quanto um morcego ou uma toupeira, assim já nos encontramos em pleno terreno do fideismo crasso que associado ao exame individual serve igualmente de veiculo ao relativismo/subjetivismo introduzindo-o na esfera da religião.

Deste caldo luterano sairão: o ateismo mais virulento, o materialismo crasso, o ceticismo absoluto, e tantas outras ideologias presentes em nossa época.

Também o relativismo naturalista saíra fortalecido após a reforma, ao menos por afinidade.

O padrão relativista é herdado juntamente com a religião e mais tarde aplicado as demais esferas da existência humana, mesmo quando o sujeito deixou de crer.

Talvez alguém chegasse a crer que rechaçando o escolasticismo - Lutero fez queimar a Summa Teologica de Tomas de Aquino, juntamente com a bula do Papa em 152o - e toda a herança do estagirita para sustentar um fideismo cujas sementes haviam sido plantadas por Agostinho e regadas por Ockam, o luteranismo não haveria de exercer qualquer tipo de influxo no campo da filosofia.

Nada mais falso, pois foi justamente a total carência dum lastro ou duma tradição clássica ou escolástica na Alemanha dos séculos XVI, XVII e boa parte do século XVIII que propiciou, em meados do século XIX, o ressurgimento de todos aqueles erros urdidos pelos antigos sofistas e mil vezes refutados por Platão e por Aristóteles... O fideismo luterano foi que abriu caminho as frioleiras contemporâneas na medida em que elimou até mesmo os resíduos da 'filosofia perene'...

E no entanto esta Alemanha, cujos líceus e acadêmias haviam sido destruidos pela fúria louca da reforma e cujos filhos haviam usado e abusado da Bíblia no século subsequente; assistiu no decorrer dos séculos XIX e XX a vitória do ceticismo, do ateismo e do materialismo sob as formas mais agressivas, sem falar-mos no agnosticismo, na metafisica cientificista e noutras tantas teorias disparatadas e confusas.

E a humanidade encantou-se com este grande circo e com seus bufões...

Foi como se o vazio ou abismo filosófico cavado por Lutero possibilitasse que as almas ou ao menos os pensamentos e teorias, dos Górgias, dos Protágoras, dos Aristipos, dos Pirros, dos Enesidemus, etc reencarnassem nos Kants, Fichtes, Nietzsches, Stirners, Heideggeres, etc

Já tivemos ocasião de observar que quando Lutero diz 'sacrificai a razão' esta já, a bem da verdade, condenando a teoria da verdade dupla e afirmando a verdade una e simples.

Acontece que para Lutero e seus sucessores esta verdade uma e simples não é a da percepção ou do raciocínio, mas a da fé ou o que é pior: A DO LIVRO.

Havendo contradição entre os dois veículos - ciência e religião - o que forçosamente se dá entre os protestantes devido a crença na inspiração plenária, o fiel já não dirá: verdadeiro para a religião e falso para a ciência ou verdadeiro para a ciência e falso para a religião, mas pura e simplismente: A RAZÃO ESTA EQUIVOCADA E A FÉ CORRETA, A PERCEPÇÃO ERRADA E A RELIGIÃO CERTA, A CIÊNCIA INCORRETA E O LIVRO CORRETO... O QUE NOS LEVA A CONCLUIR QUE O HOMEM NÃO É APTO PARA CONHECER QUALQUER COISA A RESPEITO DESTE MUNDO A MENOS QUE LHE SEJA COMUNICADA POR DEUS MESMO E SUA PALAVRA.

É O QUE SOMOS LEVADOS A CONCLUIR A PARTIR DAS SEGUINTES PALAVRAS ESCRITAS POR ERASMO:

"Lutherus scripsit OMNEM DISCIPLINAM TAMI PRACTICAM QUAM SPECULATIVAE ESSE DAMNATAM. OMNES SCIENTIAS SPECULATIVAS ESSE PECCATAS ET ERRORES. NONNE MELANCHTONIUS ALIQUANDO DAMNAVIT SCHOLAS PVBLICAS?" (Lutero escreveu que todas as disciplinas PRÁTICAS E ESPECULATIVAS SÃO CONDENÁVEIS. TODAS AS CIÊNCIAS ESPECULATIVAS SÃO ERROS E PECADOS. E MELANCHTON, ACASO NÃO CONDENOU ELE AS ESCOLAS PÚBLICAS? Ep 59 pp 31)

Destarte as universidades com que a Idade Média brindou as principais cidades da Europa, são ora apresentadas pelo Dr Lutero como "Antros do Diabo", "Templos de Moloch", "Espeluncas de assassinos", "Bastiões do inferno."...

Concluindo que: "...merecem ser destruidas até os alicerces. Desde que o mundo é mundo jamais houve instituição mais diabolica e infernal." cf "Lutero e a Igreja do Pecado" por Fernando Jorge 1992 pp 165

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Assim chegamos a Kant.

Kant - como ele mesmo confesou e disse - plasmou uma filosofia tão luterana quanto a sí próprio, ampliando as téses de Occam e dando continuidade a crítica racional da razão.

Crítica ao cabo da qual a razão encontrava-se humilhada e prostrada diante daquela fé cega e irracional glorificada por Lutero.

Percebendo Kant no entanto, que aluindo os fundamentos racionais do teismo, aluia o fundamento mesmo da ética entre os não religiosos; optou por encetar uma ginástica mental - diante da qual seus atuais seguidores morrem de rir - cujo escopo era vindicar a validade absoluta dos juizos morais ou valorativos, com base na existência de Deus (!!!)

"O mais importante, dizia o bonitão, não é demonstrar a existência de Deus mas estar persuadido de que ele existe."

Sabia no entanto, mestre Kant, que enquanto a demonstração arrasta e constrange o intelecto após sí, o ato de fé pertence aquele gênero de bens que fazendo parte da esfera volitiva é por assim dizer livre.

Para Occam, Lutero e Kant conhecemos apenas o mundo inacessivel a percepção e a razão por via da fé, enquanto ignoramos justamente a natureza deste mundo em que vivemos, não porque a natureza e a verdade sejam duplas, MAS PORQUE NOSSO APARELHO COGNITIVO É INCAPAZ... COMO O PECADO ORIGINAL AFETOU NOSSA NATUREZA MESMA, NOSSOS SENTIDOS E NOSSO INTELECTO PASSARAM DE ALGUM MODO A DISTORCER TUDO QUANTO PERCEMOS OU CONSIDERAMOS... cumpre pois buscar refúgio numa religiosidade puramente subjetiva, incoerente e cega...

Inferimos pois que o falso dilema - sustentado pelos fanáticos religiosos, pelos cientificistas/positivistas - segundo o qual: fé, filosofia e ciência, são dois ou três tipos inconciliaveis e excludentes de saber, terá por fundamento ou o averroismo ou o nominalismo.

No fim das contas Kant - como Averrois e Sigerius - também estabelece a existência de dois mundos: o da coisa em si e o da coisa percebida, e no entanto não há dupla verdade em seu esquema, porque a coisa percebida não é verdadeira na medida em que não corresponde a coisa em sí; segundo Kant há apenas aparência ou verosimilhança e não verdade dupla.

Para ele sem fé não há verdade embora pretenda conferir certa validade aos juizos morais, segundo pareceu-lhe conveniente.

É verdade que Kant restringiu a validade da prece a dimensão da subjetividade humana... do contrário porém teriamos de admitir que a validade objetiva da prece seria informar Deus sobre qualquer coisa ou torna-lo mais feliz do que é em sua auto-contemplação, quem não percebe que ao menos neste ponto discordar de Kant equivale a blasfemar???

Aqui não há verdade mas apenas percepções, abstrações e opiniões distintas ou seja discursos e interpretações que cada qual entende a seu modo...

Aqueles que dentre os fanáticos que esposam esta teoria deveriam explicar, antes de tudo, porque Deus quiz dotar o homem com um aparelho cognitivo capaz de opor-se a realidade divina? E porque esse mesmo Deus fez da busca pela coerência uma das metas do entendimento humano? E porque incutiu no homem esse autêntico desconforto experimentado por ele ante a contradição?

Belo deus esse que obriga o homem a viver de aparências e ilusões e infunde-lhe concomitantemente o desejo de conhecer a verdade e atingir a realidade.

Temo que este deus capaz de infundir nos seres humanos uma tendência que jamais poderá ser satisfeita não seja o Deus enunciado por Jesus Cristo

Uma dupla criação???

Occam, Lutero e Kant quanto a fé estão plenamente convencidos e quanto a razão plenamente frustrados, donde sendo fideistas são apenas meio céticos ou agnósticos virados de ponta cabeça.

Para uns e outros o problema esta não esta no plano do conhecimento ou melhor se há problema no plano do conhecimento é manifestação de um problema bem mais grave que esta no próprio agente do conhecimento: o homem.

Vemos já que o problema epistemológico deita suas raizes no terreno da antropologia religiosa.... segundo os tributários de Agostinho acreditavam e acreditam que a natureza mesma do homem foi alterada pelo pecado ancestral. Kant não sai disto pois não pode explicar porque nossos sentidos deformam ao invés de informar, postulado este que se choca frontalmente com a idéia de um 'Deus bom' e que só pode ser compreendido a partir da fé no poder do pecado incutida pelo luteranismo. Não se pode compreender o pessimismo kantiano sem se recorrer a Lutero.

E podemos já insinuar que o pecado ancestral é uma espécie de ato criador do capeta, que faz destruir ou reverter a obra divina a ponto de torna-la irreconhecivel... Flácius dirá - em nome de Lutero - em alto e bom som que a natureza ou essência do homem após o pecado, é pecado; destarte chegamos as vias do maniqueismo e nem poderia ser de outro modo.

Eis porque criacionistas há que ousam atribuir todas as evidências favoráveis a evolução das espécies - fósseis, estrutura óssea, orgãos vestigiais, formas embrionarias, etc - a ação do Diabo, afirmando-o destarte como uma espécie de criador ou como senhor absoluto da natureza.

Resta-nos concluir que Occam foi o primeiro entre os Cristãos, que atreveu-se a condenar a razão e endeusar a fé, tornando-se pai daquele meio cetiscismo invertido cognominado fideismo...

Após ele veio LUTERO E ADOTANDO O MEIO CETICISMO INVERTIDO DE OCCAM FEZ DELE A BASE DE SEU SISTEMA RELIGIOSO: O PROTESTANTISMO. Foi devido a este vezo fideista face ao conhecimento natural - segundo Lutero completamente destruido pelo pecado original (nisto acompanha Agostinho) - que o protestantismo desde o princípio converteu-se num reduto de profetas e inspirados, a começar pelo próprio Lutero, que foi já um perfeito pentecostal.

Arremate-mos nossa exposição com Nietzsche:

"Entre os alemães, compreende-se imediatamente se digo que a Filosofia é corrompida pela teologia.

O pastor protestante é o avô desta filosofia alemã e o protestantismo seu peccatum originale.

Definição do protestantismo: hemiplegia do Cristianismo e da razão...

Basta pensarmos na escola de Tubingen para compreendermos que a filosofia alemã não passa duma teologia insidiosa.

Disto provem o estrondoso sucesso de Kant, num mundo de sábios compostos em três quartos por filhos de pastores e de professores. É daí que procede toda essa certeza sobre Kant ter inaugurado uma nova era?

O INSTINTO DO TEÓLOGO BEM PODIA ADIVINHAR O QUE ESTAVA OCULTO POR TRÁS DESSE NOVO...

... assim a idéia da moral enquanto essência do mundo pode renascer graças a essa dúvida sutil e maligna...

Haviam feito da realidade uma 'aparência' e assim transformado em falsidade o mundo do ser e da realidade.

O SUCESSO DE KANT FOI UM SUCESSO TEOLÓGICO: KANT FOI COMO LUTERO E LEIBNITZ UM ENTRAVE A MAIS PARA A PROBIDADE ALEMÃ, JÁ EM SI MESMA MUITO INCERTA." in Anticristo X

Obs.: O próprio Nietzsche era filho de Pastor luterano........."



De uma palestra.





"A opinião de alguns teologos protestantes, para os quais todas as seitas ou interpretações - que são milhares - possuem algo em comum, são verdadeiras, ou correspondem a vontade de Deus... encaminha aqueles que levam-na a sério as fronteiras do solipsismo e da loucura.

O protestante não teme a fragmentação do universo material e sua decomposição em infinitas particulas que conflitam e que se chocam umas contra as outras num turbilhão de caos e ignorância, porque o universo espiritual em que vive já se encontra assim: infinitamente decomposto em unidades proféticas e inspiradas que se excluem e atacam umas as outras.

Após o surgimento das liberdades modernas, a teoria da dupla verdade foi praticamente abandonada por toda casta de pensadores de cárater naturalista ou secular, cujo materialismo ou ateismo, pode ser livremente expresso sem qualquer tipo de risco.

Não poucas vezes nós mesmos temos testemunhado certos individuos passarem dum extremo a outro, as vezes do ateismo ou do materialismo ao fundamentalismo religioso (o que no entanto é raro) e outras (bem mais comuns) DO FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO AO ATEISMO OU AO MATERIALISMO SOB AS FORMAS MAIS VIRULENTAS E FANÁTICAS.

Recordo ter ouvido de um fanático que o romanismo, o espiritismo e até mesmo a ortodoxia, amancenando-se com a razão e com o mundo da ciência, conduzem sutilmente seus adeptos a incredulidade (ou como diriamos ao agnosticismo)...

Não negarei que uma tal passagem seja possivel, a cabo duma longa vida devotada aos estudos sagrados e profanos; especialmente quando a mente se mantem aberta...

Por outro lado que dizer da tacanhice fundamentalista?

Que o círculo de ferro com que se propõe a encerrar a mente humana, uma vez quebrado, conduz quase sempre ao materialismo crasso e ao ateismo militante.

Direi que este sistema converte-se numa verdadeira fábica de materialistas e ateus no momento mesmo em que suas vítimas, desafiando os anatemas e ameaças, resolvem-se a estudar e a refletir. E assim saem da caverna da caverna de Lutero, mas saem definitivamente cegas, pois a revolta, a dor e a indignação impedem-nas de pensar com sobriedade e equilíbrio...

É a indigestão da fé que leva-as a vomitar e a depositar na latrina tudo quanto seja sagrado.

Eu, que nasci protestante e que oprimido fui pela tirânia da irracionalidade fraternizo-me com tais pessoas e compreendo-as, afinal sei por experiência o quanto é doloroso ter sido enganado e ludibriado em nome de Cristo servindo de pasto a credulidade e a superstição mais aviltante.

Já os adpetos da teoria da dupla verdade acabam em parte aderindo ao relativismo crasso mesmo sem romper com o môdelo protestante, se bem que alguns se tornem cada vez mais céticos até chegarem a plenitude do ceticismo e duvidar de tudo, engrossando as fileiras do protestantismo liberal ou lançando corajosamente a crença as urtigas...

Kant, que é o Lutero da Filosofia, exemplifica bem essa 'evolução' epistemologica.

Criado no pietismo sob o influxo direto do 'reformador' alemão, o professor de Konisberg foi nutrido já no seio materno com a seiva do fideismo aprendendo a desconfiar dos sentidos e da razão.

Posteriormente suas leituras tornaram-no, como ele mesmo diz dogmático, sem embargo, elas não haviam sido capazes de eliminar suas dúvidas e de faze-lo confiar na razão.

Inconscientemente Kant permaneceu o mesmo fideísta de sempre, o mesmo púpilo de Lutero e desgraçadamente, por puro preconceito, recusou-se a ler Tomás de Aquino e seus pares (de matiz aristotélico) tantas e tantas vezes insultados por seu mestre, que seduzido pela fama de Occam, D Ailly e Biel, tampouco se derá ao trabalho de examina-los.

Posteriormente outros tantos 'filosofos' repetirão a mesma senha: nunca cogitei em folhear os escolásticos porque há muito foram refutados por Hume... não leio obras sobre 'metafisica' porque heiddeger descartou-as... não me ocupo do 'problema de Deus' porque Kant o descartou... Assim vão repetindo os Sartre e os Nietezsche da vida, dando por certo o que é absolutamente falso: Que kant ou Hume tenham examinado detidamente um único compêndio de escolástica.

Não, não leu e não quiz ler, tal e qual Lutero não leu e não quiz ler declarando pura e simplesmente que tudo aquilo era falso e indigno de ser lido.

Não refutaram absolutamente nada e sequer podiam ter refutado porquanto seus môdelos e formas de pensamento já haviam sido estudados e vitoriosamente rebatidos por Aristóteles ou pelo Aquino.

Kant não partiu da analise a teoria, mas da teoria preconcebida para a adequação dos fatos.

Tomou o fideismo ou o irracionalismo de empréstimo a Lutero, e dispoz-se a seculariza-lo provendo-o duma terminologia assaz complexa, estribada ao menos em parte em Aristóteles (e destinada a aniquilar parte do pensamento de Aristoteles).

Eis porque o Kantismo não passa dum Luteranismo naturalizado e disfarçado.

A racionalização do irracionalismo ou melhor do fideismo, isto é o kantismo.

Assim Lutero após ter adentrado a Basílica e calcado aos pés os padres e doutores ora penetra a acadêmia e o Liceu para arrostar a Sócrates, Platão e Aristoteles lançando lama sobre suas venerandas faces! E tendo já insultado Crisóstomo, Ambrósio, Jerônimo e mesmo seu amado Agostinho (nas Conversações a mesa 525 sgs) dirige sua baba asquerosa ao 'Mestre de todos os que sabem' acoimando-o de palhaço e asseverando que sua 'Ética' é opõem-se ao Reino de Jesus Cristo (!!!)

É Lutero com sua hoste de trogloditas, procedente da 'floresta herciniana' pondo cerco a Atenas e querendo toma-la de assalto!

É Lutero que após ferir o Cristianismo em seu coração - que é a tradição apostólica - lança seus dardos inflamados contra a razão que é a alma da Filosofia.

Destruida a teologia - substituida por uma crença subjetiva na remissão incondicional - Lutero assesta suas baterias contra a metafísica, com o intuito de lança-la por terra e firmar o dilema: Fideismo de um lado e ciência do outro...

Religião de um lado e civilização moderna do outro...

Kant engendrou toda uma metafisica epistemologica mais complexa que a escolástica com o objetivo de aniquilar a metafisica... Seria trágico, se não fosse cômico...

Para concretizar sua façanha o 'alter' Lutero postulou que a mente humana é incapaz de apreender os objetos como eles são na realidade, distorcendo-os ou modificando-os tal e qual nosso aparelho digestivo digere os alimentos que consumimos fazendo com que mudem de forma.

Se Aristóteles ousou dizer que os sentidos correspondem ao fim para que foram dispostos: informar, segundo Kant eles só fazem deformar...

E assim Já não podemos conhecer as formas originais dos seres e objetos... conhecemos apenas as aparências e nosso conhecimento é apenas aparente embora válido para este mundo no qual todos sofremos da mesma incapacidade concordando a respeito das aparências...

Por isso a ciência é possivel, porque a maioria de nós pode chegar a um conhecimento similar e genérico sobre aquilo que parece ser...

Para explicar tal concordância Kant ventilou a existência de um 'Eu transcendental'... pois do contrário, como insinuava Hume não chegariamos a acordo sobre coisa alguma, vindo a cair no abismo do solipsismo e mantendo apenas a possibilidade de DUVIDAR DE TUDO...

Mesmo assim a ciência para Kant jamais passará de verossimilhança, porquanto jamais atingirá a totalidade ou a essência dos objetos e seres, ficando sempre algo a se conhecer ou melhor a se ignorar...

Só nos resta mergulhar de cabeça no abismo a fé... Pois neste caso a fé - nas fábulas do genesis inclusive - é tão respeitável quanto a ciência...

E todas as fés igualmente incertas (logo igualmente certas)... eis o relativismo crasso e o solipsismo religioso. 

O cipoal da religião... o pântano de Occam, o charco de Lutero, o lamaçal de Kant.