Hiper agia ai partenos Maria, akrantos Mitéra tou Khristos Theos - soson imas!
Batul Lala Marian Wallidat al illah - ʕawnu ni!

Nossos pais e avós foram protestantes, nossos tetravos papistas, as gerações do passado remoto no entanto foram Católicas, apostólicas e ortodoxas, e nós, consagrando todas as forças do intelecto ao estudo da coisas santas e divinas desde a mais tenra idade, reencontramos e resgatamos a fé verdadeira, pura, santa e imaculada dos apóstolos, mártires e padres aos quais foi confiada a palavra divina. E tendo resgatado as raízes históricas de nossa preciosa e vivificante fé não repousaremos por um instante até comunica-la aos que forem dignos, segundo o preceito do Senhor. Esta é a senda da luz e da justiça, lei do amor, da compaixão, da misericórdia e da paz entregue uma única vez aos santos e heróis dos tempos antigos.

João I

João I
O Verbo se fez carne




Hei amigo

Se vc é protestante ou carismático certamente não conhece o canto Ortodoxo entoado pelos Cristãos desde os tempos das catacumbas. Clique abaixo e ouça:

Mantido pelo profo Domingos Pardal Braz:

de pentecostal a ORTODOXO.

Jesus aos apóstolos:

"QUEM VOS OUVE É A MIM QUE OUVE E QUEM VOS REJEITA É A MIM QUE REJEITA."


A CRUZ É UM ESCÂNDALO PARA OS QUE SE PERDEM. MAS PARA OS SANTOS PODER E GLÓRIA DE DEUS.

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sintese: Do Testamento antigo e do verdadeiro exame das escrituras


Em cerca de 100 (cem) artigos alistamos cerca de cento e cinquenta (180) erros contidos no Testamento antigo os quais podemos dividir em três categorias:


I - Contradições internas. (como as existentes nas narrativas de Samuel e das Crônicas)


- Sobre a idade com que Ismael foi regeitado.

- Sobre a idade com que Abraão saiu de Haran.

- Sobre a duração do cativeiro no Egito.

- Sobre a punição dos pecados.

- Sobre a conquista das planícies de Canaã.

- Sobre o irmão de Golias.

- Sobre a cabeça de Golias.

- Sobre o fim de Saul.

- Sobre que poder teria levado David a ressencear o povo.

- Sobre o louco em provérbios....



II - Contradições entre o antigo e o Novo Testamento. (como as existentes entre o Sermão da Montanha e o pentateuco)


- Do amor aos inimigos

- Do cultivo da paz

- Do exercício da misericórdia

- Da pobreza material
"A properidade é a benção do Velho Testamento e a maldição do Novo." Lord Bacon in Robertson - 1952 pp 114

- Dos sacrifícios sangrentos

- Dos alimentos contaminados

- Da sabatolatria...




III - Contradições entre o Velho antigo Testamento e a ciência.


- Da forma do mundo

- Da origem do mundo

- Da idade do mundo

- Da origem dos animais

- Das idades dos patriarcas

- Do Dilúvio

- Da torre de Babel

- Dos madianitas

- Das cavalariças de salomão

- Do morcego classificado como ave

- Da Baleia classificada como peixe

- Do emprego da violência na educação dos filhos...



Além, é claro, das importações estrangeiras:



- A arca da aliança

- O plano do santuário

- O horror aos talheres estrangeiros

- O juramento feito com um toque nos genitais alheios

- O sacrifício da vaca ruça

- A circuncisão

- O nome de Yhao

- O altar dos perfumes

- A mesa de pães

- O menorah

- A astrologia

- A crença em anjos e demônios

- A imortalidade da alma

- As punições é recompensas no além túmulo

- A ressurreição final...





Das quais podemos tirar as seguintes conclusões:




De I - O Testamento antigo comporta opiniões e crenças contraditórias e divergentes conforme seus livros foram escritos em momentos diferentes no decorrer de no mínimo dez (10) séculos.



Cumpre pois estuda-los numa perspectiva cronologica para que sejamos capazes de captar a evolução religiosa do povo hebreu e não numa perspectiva mágico/linear.



Espiritualmente falando os livros hebreus se tornam mais verazes na medida em que estão próximos do advento de Nosso Senhor Jesus Cristo.




De II - A suprema autoridade no que concerne a fé da igreja é o Novo e perpétuo Testamento de modo que por ele se regula o sentido do antigo Testamento e não o contrário.



Em caso de oposição Cristo e seus apóstolos sempre estão com a razão e os patriarcas e profetas equivocados.




De III - Tais livros não foram escritos com o objetivo de ministrar ensinamentos de ordem profana ou científica, do contrário não comportariam os erros que comportam uma vez que Deus é o autor e mantenedor da natureza.




Geral -




O valor do Testamento antigo se reduz:



- Ao progresso espiritual ou religioso da nação hebraica.



- Ao Testemunho profético referente ao advento e a missão de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (valor principal)



Encarado sob este aspecto Crístico, Cristologico e Cristão o Testamento antigo é imensamente precioso para todos nós.


Encarado literal, linear e magicamente é uma pedra de tropesso para toda a Cristandade.


Donde a leitura do Testamento antigo feita pelo ortodoxo em busca por Cristo e seus sinais é sempre util e edificante enquanto que a mesma leitura feita por um sectário em busca da doutrina e da lei Cristãs é sempre trágica...


Em última analise o valor da leitura dependerá sempre do leitor e de sua preparação.





DA LEITURA DO TESTAMENTO NOVO - eliminando duas mediações inconvenientes.



Como já tivemos a oportunidade de assinalar a leitura do livro sagrado encetada pelos protestantes passa por no mínimo duas mediações humanas as quais lha convertem numa leitura meramente humana.



Para que falamos da leitura do Testamento Novo uma leitura divina pela captação do sentido, devemos tentar eliminar estas duas mediações.



A primeira e mais perigosa diz respeito as traduções humanas, todas humanas, todas faliveis, todas inquinadas de erros e opostas umas as outras.



Convem abandonar essas Bíblia ou Novos Testamentos de Almeida, Valera, Diodati, etc e estudar a lingua grega de modo a poder ler a palavra de Cristo e dos apóstolos em seu original inspirado e infalivel, sem mediação humana.


Caso tal não seja possivel de imediato deve-se adotar uma versão literal ou interlinear.


Quem é iniciado na lingua de Chaucer e Shakespeare conta com a magnifica obra de Wetscott e Hort.



Quem ignora o inglês pode lançar a Almeida as urtigas e iniciar um estudo sério do NT através do Novo Testamento interlinear traduzido por Scholz e publicado pela SBB.



Há ainda o 'Comentário versículo e versículo' de Champlinn que também se presta a tais estudos.



Partindo das traduções/tradições humanas de Almeida, Valera, Diodati, etc não se chega a lugar algum...



A segunda mediação a ser eliminada é a mediação humana representada pela ignorância e pelo despreparo do próprio leitor.


Para vencer esta segunda mediação convem estudar e tomar conhecimento sobre o sentido que os padres da igreja davam a cada texto em questão.



Também é util conhecer - ao menos de passagem - as opiniões de cada reformador ou teologo protestante (refiro-me aos de maior relevo como Arminius, Barth, Brunner, etc) para verificar se se fundamentam na opinião de um único padre (Agostinho de Hippo), na tradição geral dos padres (católica) ou em si mesmos.


A última solicitação que fazemos aos protestantes diz respeito a isenção...



Pois aquele que deseja examinar uma determinada questão deve esforçar-se por faze-lo imparcialmente, partindo do princípio, sem idéias pré concebidas.



Não vivem nos convidando ou desafiando para que examinemos nossa Igreja e para que coloquemos a tradição a prova?



Que comecem a nos dar exemplo livre examinando o protestantismo... ao invés de receber as teorias ensinadas por seus líderes tão dogmaticamente quanto os romanistas recebem os decretos de seus papas.



Aceitamos pois o repto de nossos adversários protestantes, pois como ortodoxos e filhos da verdade nada temos que temer.



Não pretendemos fugir a livre examinação proposta pois estamos convencidos de que a ortodoxia saíra dela como o ouro sai do crisol...



Exigimos todavia que a examinação seja objetiva, metódica e séria e não uma examinação de feira ou de mercado que se faz entre os berros e exclamações.



Uma examinação destas seria perda inutil de tempo precioso...



Pois o tempo foi feito para as obras santas e piedosas e não para a controvérsia inutil...



Para que retomemos nossa disputação em torno da verdade Cristã estabelecemos quatro padrões de objetividade:



a) A examinação deverá ser imparcial e o protestante, como nós, tentará compreender ou assimilar os argumentos contrários com a maior boa vontade.


Como se fossem equivocos que partem duma mente confusa em demanda da verdade e não como um meio de tentar confundi-lo ou engana-lo.


Do contrário, se deixamos de encarar o adversário com simpatia, a dita controvérsia perde seu sentido.



b) A examinação será Neo Testamentária e Cristologica.



Todos os textos referentes a lei e a doutrina Cristãs deverão ser extraidos do Novo Testamento em especial dos Evangelhos.



O Evangelho, que é a palavra de Jesus, deverá ser aceito pelas partes como o último e definitivo recurso da controvérsia.



Nada que seja expressamente condenado por ele poderá ser admitido como válido e verdadeiro e nada do que seja expressamente admitido como certo por ele poderá ser regeitado pelas partes.


A isto se chama soberânia do Evangelho.




c) O exame das citações será sempre pautado no Texto Grego ou nas versões interlineares.


Recorrer-se-a quando necessário a comparação entre as diversas traduções.


A indicação do texto será sempre normativa quando lho classificar como parabola ou não.




d) Quando o sentido for literal deverá fundamentar-se numa analise gramatical da palavra e numa analise igualmente gramatical do contexto.



Essa analise também levará em conta as tradições hebraicas sempre que os interlocutores do Senhor forem hebreus.


O testemunho dos padres da igreja será admitido ao menos como um testemunho histórico.



Bibliografia -



A - Metodologia -


O 'Organon' de Aristoteles.

As 'Memorabilia' de Xenofonte.

Os 'Dialogos' de Platão'

As orações' de Cícero

A retórica' de Quintilianus

A 'Summa Teologica' de Tomas de Aquino.

Sinibaldi T "Praeletiones..."

Ernesti "Elementary principles of interpretation"

J J Conibeare "Interpretation of scripture"

F H Scrivener "Criticism of the new testament"

Joseph Kohlgruber "Hermeneutica biblica generalis"

J G Planck "Introduction to sacred philology and interpretation"





B - Evangelho e Novo Testamento -



Wetscott e Hort.

Vilson Scholz. SBB interlinear

Russel N Champlinn - Comentário versículo a versículo.

Deão Alford "The greek testament..."

Olshausen Hermann "Biblical commentary on the new testament..."

J. kitto "The biblical cyclopedia..."

T. H. Horne "A Manual of biblical..."

De Wette "New testament Translated.."

M Nicolas "Études critiques sur la bible: Noveau Testament"

Joseph Angus "The Bible hand book"

A Septuaginta. (VT empregado por Jesus e pelos apóstolos)

A Biblia de Jerusalem.





C - História -



Patrologias: Quasten, Tixeront, Funk, Bardenhawen, Menzies, Reuss e especialmente Migne.


Traducões:

Etereal Library.

Sources Christienes

Biblioteca de los autores cristianos

Paulus eds Padres apostólicos e Padres apologetas.

Clemente de Alexandria: Pedagogo/ Stromata/ Protrepticos e Hipotyposis (Adumbrationes)

Origenes - Contra Celso e De principiis (Peri arkon)

Eusébio de Cesaréia: História eclesíástica/ Preparação Evangélica e Demonstração evangelica

Histórias eclesiásticas de Sócrates e Sozomen.
Crônicas de Alexandria, Edessa e Arbela.

Epifânio de Salamina "Panarion"
Cirilo Ab Alex. "Contra Juliano"

Teodoreto de Cirro "Eranistes"

Severo de Antakia "Contra o ímpio gramático"
Anastacio Sinaíta "Viae Dux"

Damasceno: Sacra paralela/ A fé ortodoxa/ Pege Gnosis e Das sagradas imagens.

Eutimio Zigabene "A panoplia ortodoxa"

Juan Maldonado "Comentarios a los cuatro evangelios"

Cornelius Lapidem "Comentarios in totam Scriptura."





D - Sobre os judeus do tempo de Cristo -



Josefus "Antiguidades judaicas"

Samuel Basnage "Histoire des juifs"

Lightfoot "Hebrew and talmudical exercitations..."

Buxtorfius "Synagoga judaica de judeorum fide..."

Vitringa "De vetera synagoga..."

Christian Schoettgen "Horae hebraicae et talmudicae..."

David Drach "De lharmonie entre l eglise et la synagogue"

Lirano "Comentarios a los evangelios..."

Tostato "Cometario al Evangelio de Mateus"

Sanctes pagnini "Commentariae..."

Franciscus Vatablius "Notula..."

Hieronimus Oleastro "Exposições..."

Sixto Senense "Bibliotheca sacra"

REPTO OFICIAL AOS FUNDAMENTALISTAS.








Dizem os fundamentalistas que seu deus lhes concede o espírito santo, o qual falando por meio deles é capaz de vencer qualquer disputa em torno da fé.


Convidamos pois a todos os fundamentalistas de plantão, para que façam uso desta página e destes comentários com o objetivo de responder a nossas indagações.


De tudo quanto escrevemos sobre o testamento antigo é forçoso decidir-se por uma das três opções abaixo:




01) O ANTIGO TESTAMENTO JAMAIS FOI ABOLIDO POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO DE MODO QUE CONTINUA VIGORANDO INTEGRALMENTE ATÉ OS DIAS DE HOJE.


Resposta: Se assim o é os fundamentalistas deveriam começar a po-lo em prática -



  • Consumindo apenas alimentos 'puros' ou khoser

  • Trajando-se a moda do deserto (as mulheres por exemplo teriam de usar o Shador e os homens saiotes)

  • Adotando o regime de redistribuição periódica de terras proposto pelo Deuteronômio

  • Imolando cordeiros na páscoa

  • Apredrejando os blasfemadores e queimando bruxas

Do contrário, se afirmam a vigência da Lei mosaíca e não lha observam são descumpridores da lei e rebelados.



02) O ANTIGO TESTAMENTO FOI INTEGRALMENTE ABOLIDO POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, A EXCESSÃO DO DECALOGO -DEZ MANDAMENTOS - QUE É A LEI DA QUAL 'NENHUM TRAÇO PASSARÁ' E DAS PROFECIAS REFERENTES A VINDA DO CRISTO E A AFIRMAÇÃO DO MONOTEISMO ESTRITO FEITA PELOS PROFETAS.



Esta é nossa posição.



Assim conservamos do testamento antigo tudo quanto foi conservado e empregado por NOSSO SENHOR JESUS CRISTO: o monoteismo afirmado pelos antigos profetas, os tipos e profecias referentes a sua sagrada pessoa e o decalogo, NEM UM TRAÇO A MAIS.


Para nós este é o conteúdo divino e inspirado do testamento antigo, a parte do substrato cultural hebraico, o qual regeitamos como produto de sua época.


Qual critério adotamos: As palavras de Jesus> A LEI E OS PROFETAS VIGORARAM ATÉ JOÃO.


E seu exemplo ao empregar as profecias pertinentes a sua pessoa em suas disputações com os escribas e fariseus.


A razão e o testemunho unânime do Novo Testamento e da tradição Cristã quanto a unidade divina.


Portanto quando optamos pelo recebimento do monoteismo, das profecias e do decalogo apenas não nos baseamos em critério pessoal ou subjetivo, mas em critério externo, objetivo e histórico:


A praxis e as palavras de Cristo bem como a tradição Cristã e a evolução da consciência eclesiástica seja ortodoxa, romana, anglicana ou mesmo protestante (orgs históricas).



03) HÁ PARCELAS DO VELHO TESTAMENTO QUE FORAM ABOLIDAS E OUTRAS QUE NÃO FORAM, PERMANECENDO POIS DE PÉ.



Esta parece ser a posição prática adotada pela maioria dos sectários, uma vez que não podem cumprir com todos os preceitos e normas estabelecidos pelo Testamento Antigo então são obrigados a admitir que ao menos parte dele foi abolido.



É PRECISAMENTE ESTE O NÓ DO PROBLEMA.



Suponhamos que qualquer romanista ou ortodoxo faça semelhante afirmação, sustentando que - FORA O DECALOGO OU PARA ALÉM DELE - há outras partes da Legislação Mosaica que ainda vigoram, enquanto que outras foram abolidas, qual o problema?


Nenhum pois para este ortodoxo ou para este romano, é ao concílio ecumênico ou ao papa que cabe determinar quais são as normas vigentes e as normas abolidas do Testamento velho, assim a autoridade a que cabe discriminar entre as partes do pentateuco devem ou não devem ser consideradas válidas nos dias de hoje, é a Igreja ou seja uma autoridade externa a própria pessoa e que não considera seus intereses individuais.


Temos pois aqui na atribuição a Igreja do direito de julgar sobre quais partes do pentateuco valem ou não valem mais um mecanismo de segurança.


Imaginemos que o Papa romano, com base no pentateuco desejasse restabelecer a teocracia e constituir-se a sí mesmo como soberano temporal do mundo, atacando as instituições democráticas e provocando tumulto entre as nações... diante duma tal situação o que poderia ser feito?


Simples, o chanceler da Unição européia faria uma ligação ao vaticano asseverando que se no prazo de vinte minutos o papa não aparecesse em cadeia mundial de rádio e TV, reconhecendo infalivelmente - ex chatedra - a divisão entre os poderes secular e religioso, uma bomba de neutrons seria lançada de imediato sobre a cúpula do Vaticano e outras tantas sobre o castelo de S Angelo... ou simplismente que o Vaticano perderia sua soberânia...


O Papa faria seu pronunciamento e os romanistas fanáticos logo serenariam...


Já no caso da Igreja grega a tomada de quaisquer atitudes inusitadas com base em textos do Antigo Testamento seria muito mais díficil e praticamente impossivel já porque seria necessário recorrer a tradição dos padres para interpreta-los - e os padres antigos interpretam-nos quase sempre ALEGORICAMENTE - ou chegar a um acordo entre centenas de Bispos, muitos dos quais bastante instruidos.


Os fiéis ortodoxos por sua vez - caso ventilassem novidades profanas com base nos escritos de Moisés - seriam acusados de livre examinismo e ameaçados com a excomunhão...


Assim sendo, o fato de que tais juizos recaiam sobre a Igreja, a autoridade e a tradição, constitui uma garantia de controle e de ordem para a sociedade contemporânea. Tais instituições possuem mecanismos que permitem controlar e diluir o fundamentalismo...




É exatamente o que não ocorre no sistema protestante se admitimos que há partes da lei mosaica que permanecem válidas até nossos dias enquanto outras tantas foram abolidas.


Pois neste caso a tarefa de discriminar o que permanece válido e o que não permanece, dentro duma perspectiva protestante coerente - revindicada pelos Batistas por ex - CABERIA, NÃO A IGREJA MAS AO PRÓPRIO INDIVIDUO...


Quero dizer com isto que - se somos fiéis ao livre examinismo - cada qual seria juiz constituido para julgar o que ainda vale e o que não vale mais com relação ao pentateuco.


Afirmação prenhe de consequências...


Imaginemos que algum maluco tenha o interese em queimar bruxas...


Basta tomar o pentateuco e justificar seu crime, alegando que o mandamento de queimar bruxas ou de apedrejar blasfemadores permanece válido... o que segundo a doutrina livre examinista constitui direito líquido e certo de cada cristão ( e são bilhões de Cristãos e centos de milhões de protestantes!!!)


Afinal admitindo-se que o texto é inspirado por Deus e válido para nossos dias, queimar e apredejar tais pessoas constitui uma ordem divina e não executa-la um ato de desobediência (segundo a doutrina fundamentalista punido com chamas eternas!!!).


Certamente que nossos tribunais fariam julgar e condenar uma tal pessoa como louca, isto não significa no entanto que ela seria convencida ou que outros fanáticos não se sentissem encorajados por seu exemplo, determinando uma reação em cadeia semelhante aquelas que constumam ocorrer nos países orientais em que a sharia esta prestes a ser implantada.


O problema não é o crime em sí mas o de uma determinada doutrina e orientação fornecida a milhares de pessoas servir de justificativa mental e interna para tais crimes, impregnando de fanatismo as mentes mais fracas e debilitando-as ainda mais.


Tanto pior se a pessoa em questão julgar que foi comissionada pelo espírito santo com o objetivo de discriminar o que vale e o que não vale da lei mosaica, fundando uma seita e arrebanhando seguidores... por ora somente espertalhões tem se dado ao trabalho de fundar seitas, dia porém virá em que pessoas mentalmente desorientadas ou fanáticas tomarão a iniciativa e farão restaurar certas leis em nome da teocrácia. Não adiante dizer que tal perigo é impossivel...


Não é impossivel.


Pois se no momento presente, enquanto os fundamentalistas não passam de dez por cento da população deste país, há tanto celeuma entre eles com relação ao que vale e ao que não vale da lei mosaica - a ponto de um pastor afirmar publicamente o direito de violar nossas leis adotando a bigâmia (enquanto outros já há muito tempo vedam o consumo de carne ou de sangue a seus afiliados com base na mesma lei ) - imaginem o que não se sucederá quando compuzerem cinquenta ou setenta porcento dela??? Com um numero bem maior de maníacos e oportunistas em suas fileiras...


Será como juntar pólvora e fogo...


São terriveis as possibilidades se consideramos uma pessoa que se crê iluminada ou inspirada, com o pentateuco nas mãos e o direito - autorgado por Lutero - de julgar o que vale o que não vale dentre aquelas centenas de preceitos, alguns dos quais extremamente bizarros como já tivemos ocasião de demonstrar.


É como se a igreja, mesmo se levamos em conta todos os seus defeitos e perverssidades, tivesse fechado um alçapão e Lutero lho tivesse reaberto... esse alçapão teocrático, reacionário, primitivo e repleto de leis em tudo opostas a nosso regime de vida, instituições e civilização. Penso que não seja demais compara-lo a uma bomba potencialmente explosiva, e que pode ser facilmente detonada - como explicitaram Sagan no 'mundo assombrado por demônios' e o Pe Oscar Quevedo em 'Antes que os demônios voltem' - pura e simplismente pela miséria e a ignorância humana conjugadas (fatores que no atual contexto se multiplicam ano após ano)



Diante de todos estes riscos alarmantes alguns protestantes bem intensionados certamente e tentanto defender sua causa do melhor modo possivel, alegam que para se resolver o problema da discriminação entre o válido e o abolido com relação ao Velho Testamento, basta tomar o Cristo e seu Evangelho por Critério.


Todavia o Cristo só é conhecido pelo Evangelho e também o Evangelho, como o pentateuco é um livro.


Certamente o maior de todos os livros, um livro divino, sagrado, inspirado... um livro bem mais fácil que o pentateuco, mas um livro... e que como livro também esta sujeito A INTERPRETAÇÕES POR PARTE DO SUJEITO OU SEJA A INTERPRETAÇÕES MERAMENTE SUBJETIVAS E PASSIVEIS JÁ DE INCOMPREENSSÃO, JÁ DE DISTORÇÃO POR PURA E SIMPLES FALTA DE ELEMENTOS INTERPRETATIVOS.


É verdade que me referi ao Cristo e ao Evangelho no artigo segundo, no entanto minha compreenção de Cristo e do Evangelho passa pelo crivo já da síntaxe grega, já da tradição da Igreja, já da pesquisa histórica, em busca de apoio externo e de objetividade.


A relação dos protestantes no entanto se dá diretamente entre o leitor e o livro, grosso modo sem livros, sem tradição, sem arqueologia ou qualquer coisa do gênero, de modo que a mensagem do livro dificilmente é atingida e seu conteúdo permanece inacessível a tal categoria de leitores... E isto com relação ao Evangelho, que como fizemos questão de salientar é o escrito mais simples, fácil e claro do Novo Testamento...


Por isto o critério do Senhor e do Evangelho pode servir de arapuca para muitos e nada resolver quanto a potencial destrutivo do pentateuco...


Geralmente, nós que somos estudiosos atentos do Evangelho, temos o vezo de imaginar que a imensa maioria das pessoas, com raríssimas excessões é capaz de captar perfeitamente a mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, tomando-a como padrão ou critério na leitura dos escritos hebraicos e amenizando a 'acidez' dos mesmos...


No entanto o que se dá é justamente o contrário, de tanto lerem os escritos hebraicos - cujo volume é bem mais amplo que o Evangelho - as pessoas ficam como que impregnadas de conceitos mosaicos ou javistas a ponto de transplanta-los para o Evangelho e fazer uma leitura judaizante dele... É assim que as vezes 'nosso' Jesus tem muito, mas muito de Moisés, Josué ou David e muito mas muito pouco dele mesmo...


É como se o tiro saisse pela culatra...


Tal leitura foi responsável pela afirmação plurisecular de um Jesus escravocrata e ainda hoje serve de suporte para que um grande número de fundamentalistas afirme que Jesus aprovava a pena de morte, o machismo ou a homofobia por exemplo...


Primeiro eles atribuem gratuitamente a Jesus, a mensagem contida neste ou naquele paragrafo das leis judaicas, para depois concluir que tais eis permanecem valendo porque foram confirmadas por Jesus.


Outros são ainda mais simples a ponto de cortarem caminho e afirmar que, 'se Jesus era judeu concordava com tudo quanto se encontrava na leis dos judeus.'


A consequência desta afirmação falaciosa, é a seguinte:


Todas as leis que Jesus não aboliu explicitamente continuam de pé, vigorando até os dias de hoje.


Uma tal postura parece a primeira vista sábia e equibibrada, no entanto, já ao primeiro exame, vem abaixo e desmorona fragosamente.


Tomemos por exemplo as leis de redistruibuição de terra, dos cantos da colheita ou referentes ao boi que puxa o arado, jamais foram revogadas explicita ou implicitamente pelo Senhor e no entanto, até onde saibamos, biblista algum lhas poem em prática.


Tampouco aboliu Jesus o descanço jubilar ou a pascoa judaica...


Os protestantes no entanto ignoram tanto estas quanto muitas outras leis que jamais foram sequer implicitamente revogadas pelo Senhor Jesus Cristo.


Somente uma conclusão impoem-se: Toda lei mosaica, de ponta a ponta - exceto do Decalogo - foi revogada.



onze

dez

Vago

"Há paralelos surpreendentes de expressão entre tais fragmentos e a poesia lírica dos hebreus." Lenormant.











Placas contendo o Enuma Elish










Cientes de que as palavras atribuidas a Moisés, bem como aos historiadores e teologos hebreus, não cairam dos céus, mas que teem suas raizes mais profundas numa literatura autotocne mais antiga - ora perdida - e que esta a seu tempo foi tributária de documentos e fontes ainda mais antigos, estes de origem estrangeira, cumpre discriminar a origem de tais fontes...



Grosso modo a literatura hebraica foi influenciada por duas grandes vertentes da antiga literatura oriental: a literatura sumeriana e a literatura egipcia.



A primeira está de certa forma relacionada com as míticas origens do patriarca Abraão, saido de Ur na terra de Sinear ou Caldeia. Tendo sido reforçada tanto pelo contato com os fenícios no tempo de Salomão, quanto pelo cativeiro... Posto esta que a influência sumeriana foi mediada pela Babilônica, pela assíria, pela fenícia e até pela persa; pois quando os hapiru se constituiram como povo a civilização suméria já havia desaparecido a mais de mil anos...



A segunda está relacionada com o cativeiro ancestral e quiça com as origens de Moisés, apontado como sendo egipcio já por Maneton, já por Apion, já por Freud... Tendo sido reforçada tanto pelo casamento de Salomão com uma princeza egipcia quanto pelo contato com os fenícios.



Quanto aos fenícios é necessário salientar sua influência neste contexto, enquanto povo transmissor de cultura, já por terem servido de ponte entre Israel e as culturas mais antigas e distantes, já por terem dado uma contribuição própria a cultura hebraica.



Grosso modo hebreus, filisteus e fenícios (ambos povos invasores ou em parte formados por eles) viveram mais ou menos fraternalmente até o reinado de Acab e a ascenssão do profetismo em Israel e em Judá. Deste então iniciou-se um feroz embate entre os dois elementos: o elemento atavico e o elemento profético, tendo o último triunfado sob o reinado de Josias.



Até o reinado de Salomão porém, as instituições israelitas estiveram abertas a fecundas influências vindas de fora... Elias iniciou o fechamento da porta e Josias lha vedou para sempre. Todavia, o que fora feito, estava feito e não podia ser mais modificado ou alterado pelos fanáticos.



O que havia de 'pagão' nas escrituras e tradições hebraicas permaneceu, embora sua origem expuria passasse a ser negada cada vez mais e sua afirmação considerada uma heresia.



Aos poucos se impoz a visão mágica predominante até os dias de hoje nos cantões do fundamentalistas e um denso véu caiu sobre as origens do Velho Testamento. O surgimento da arqueologia porém, em meados do século XIX, fez rasgar este véu e revelar a verdade.



E nós como filhos da Verdade que liberta recebemos toda verdade de braços abertos. Pois nosso Mestre ordenou que fossemos honestos em todas as coisas, inclusive nos negócios religiosos.



Ademais, sendo a religiosidade território do sagrado, empenhar a mentira com o intuito de proteger a religiosidade será sempre um sacrilégio... Se certos aspectos da religiosidade tiverem de ser revistos, nosso dever é reve-los. Mas o protestantismo fez desses aspectos sua base.



Resta-lhe apenas ficar parado no mesmo lugar e morrer... pois o mundo não caminhará para trás.



Já no primeiro verso de Gênesis: "O espírito pairava sobre a face das águas do abismo." nos deparamos com um mito comum a todas as cosmogonias orientais.



"Certamente, a idéia da água como princípio primordial, deriva de uma vasta tradição mitologica, comum a todas as teogonias ou cosmogonias do antigo oriente: sumeriana, cadeana, egipcia, hebraica, fenicia, egéia: todas representanto o mito do caos aquoso primordial, do qual saiu o universo." afirma Rodolfo Mondolfo em sua obra clássica "O pensamento antigo" vol. I (Buenos aires; Losada, 1942 - p 41)



Com relação aos sumérios afirma o profo Samuel N. Kramer: "No princípio era o mar primordial. Nada se diz sobre sua origem ou nascimento. Não é improvável que os sumérios o tenham concebido como eternamente existente." in "A História começa na suméria." ed Europa américa; p 113



"O oceano, água primordial, origem de todas as coisas, envolvia o universo." segundo criam os egipcios. cf E. Drioton. "El egipto faraonico", Bilbao, Moreton, 1967 p 30



Segundo os fragmentos de Sanchuniaton o ovo cósmico estava submerso nas águas primordiais.



O restante do relato cosmogonico (SACERDOTAL)segue 'pari passu' um poema caldeu chamado "Enuma Elish"

No poema babilônico Marduck luta contra dos monstros: apsu e Tiamat.

As raizes hebraicas de abismo e águas correspondem a esses dois termos babilônicos...

No livo de Jó Shadai é apresentado lutando contra diversos monstros como Leviatan e Behemot e nos Salmos contra a 'grande serpente' que é o mesmo Tiamat. Todas essas entidades foram tomadas de empréstimo a cosmogonia babilônica, via fenícia, porquanto os textos de Ugarit (ras Chamra) também aludem a 'grande serpente".

Elas personificavam o caos ou a tempestade contra o qual Marduck ou Jeová tiveram de combater e vencer para estabeceler a ordem. Por isso que os reis assírios empreendiam caçadas contra as feras, visando reeditar a façanha do deus criador, e renovar, e manter sua obra, ora personificada no império.

Posteriormente o grande rabino Esdras, num de seus livros, apresentou tais monstros como tendo sido criados por Jeová antes do universo... Da mesma foma o arcanjo Miguel ou S jorge assumiram o papel de Marduck ou Jeová.

Mas retornemos ao 'Enuma Elish'...

O relato menciona ainda a produção de seis entidades divinas e um dia de descanso, enquanto que gênesis refere a seis dias de produção (hexameron) e um dia de repouso.


Por fim a ordem em que os seres são produzidos é a mesma em ambas as narrativas (SACERDOTAL E BABILÔNICA):

"Assim forjou os céus, fixou seus ferrolhos e poz guadiães de lado a lado (genesis também menciona comportas e ferrolhos celestiais e guadiães do paraiso) e represou as águas, com a outra metade fez a terra. No céu as nuvens, estrelhas, constelações e a lua para governar a noite"


UMA PÁLIDA IDÉIA DE EVOLUÇÃO, MAS ENFIM UMA IDÉIA....






O documento Javista - a outra face da moeda.


Tudo quanto registramos nos artigos acima diz respeito ao documento sacerdotal pertinente ao capítulo primeiro do Gênesis.

Analisemos agora sua duplicata: o documento Javista.

"Assim, quando examinamos o capítulo segundo, nos desconserta pois em grande medida nos deparamos com uma versão completamente distinta e ademais contraditória com relação aos mesmos acontecimentos.

Pois aqui somos informados com surpresa de que Deus criou primeiro ao homem, aos animais inferiores e em seguida a mulher, a qual não foi mais que uma idéia tardia da divindade e surgiu de uma costela do homem enquanto ele dormia.

De um relato a outro se inverte claramente a ordem de importância.

Pois no primeiro, deus COMEÇA COM OS PEIXES E VAI ASCENDENDO DE MODO CONTINUO, ATRAVÉS DE AVES E ANIMAIS ATÉ CHEGAR AO HOMEM E A MULHER.

No segundo porém começa com o homem e vai descendo através dos animais inferiores até chegar a mulher...

No documento sacerdotal (capitulo I) concebe-se a Deus de maneira abstrata, separado da consciência humana e criador de todas as coisas mediante o poder de sua palavra.

Ao contrário no escritor mais antigo (o javista) deus é algo concreto, que fala e atua como um homem; que modela com barro a efige do primeiro homem, que planta um jardim, que passeia por ele, que costura vestidos para os primeiros pais...

Antes de tudo este autor TRATA DE OCULTAR O PROFUNDO DESPREZO QUE SENTE PELA MULHER, POSTA ABAIXO DOS ANIMAIS."
 J G Frazer in "El folklore en el antiguo testamento" México, Fondo de cultura pp 9 - 10

Resposta as mentiras de um pastor - A idade do livro do Gênesis e a moralidade dos escritos egípcios e sumerianos.

Livros muito mais antigos do que o Gênesis.




Estavamos nós a folhear as "Origens Chaldaicas da Bíblia" do Pr Alvaro Reis ( Rio de Janeiro - O puritano - 1918) quando topamos á página 23 com a seguinte asservativa:

"Não obstante estarmos no século XX QUEM OUSARÁ NEGAR QUE DE TODOS OS DOCUMENTOS BIBLIOGRÁFICOS DA ANTIGUIDADE, O LIVRO DO GÊNESIS É INCONTESTAVELMENTE UM DOS MAIS ANTIGOS, MAIS COMPLETOS, E, MAIS: QUE É O DE MAIOR VALOR HISTÓRICO (!!!), LITERÁRIO (!!!), CIENTÍFICO (!!!), MORAL (!!!) E RELIGIOSO. (!!!)" os parentéticos são nossos e representam nosso espanto e admiração diante da ousadia do pastor.

Tivesse ele proferido seus juizinhos de essência e valor em meados do décimo nono século, cremos seria possível encontrar alguma justificativa para eles em termos de ignorância... acontece que o ilustre teólogo tupiniquim proferiu-os em pleno século XX, quando estavam já completamente ultrapassados face aos progressos científicos em termos de arqueologia e paleografia. Diante disto somos forçados a concluir pela má fé do nosso cacique protestante...

Sejamos justos no entanto.

Pois a gente muito mais desonesta e atrevida do que Alvaro Reis...

Os pastores que até hoje repetem e publicam tão grandes e clamorosas mentiras.

Alegando que o gênesis, o pentateuco ou mesmo a maior parte do antigo testamento constituem a literatura mais antiga de se tem notícia, ao menos no terreno religioso.

De minha parte não sei como é possível mentir assim com tanto descaramento, e em nome de Deus!!! Depois essa gente ainda se queixa de que o ateismo cresce! Mas é claro, quem não abraçaria o ateismo, o materialismo ou a descrença diante das mentiras tão grossas publicadas pelos paladinos da religião 'bíblica'?

Felizmente, para a vergonha dessa ralé, disseminam-se cada vez mais por este nosso pais as letras e o esclarecimento, espancando as densas trevas da superstição e do obscurantismo.

Assim já se vai sabendo e cada vez mais que após a descoberta de tantos papiros e tabuletas, exumados nos desertos do Egito ou nas planícies da mesopotâmia, é simplesmente ridículo insinuar a prioridade do gênesis ou do pentateuco mesmo no campo da literatura religiosa. Afinal uma biblioteca inteira por assim dizer, precede os primeiros registros legados pelos antigos israelitas...

Suster a prioridade do gênesis nos termos dum Xchouppe ou dum Roquette é causa perdida e tão perdida que até mesmo o clero papista, sempre melhor preparado intelectualmente falando e reacionário capitulou já  a quase setenta anos quanto o Pe R. de Vaux compoz sua edição do Gênesis na esteira de Lagrange e Lenormant.


Mesmo o grande campeão papista do biblismo, F. Vigouroux, que tombou em 1910, foi forçado a admitir que 'Moisés' havia consultado outros registros no caso anteriores ao Gênesis.

Vestígios de tais registros vieram a luz vinte anos depois - em 1930 - nas escavações de Raz Shamra a antiga Ugarit, quando a biblioteca de um templo pagão foi desenterrada em sua quase que totalidade...

Nippur (Tello), Ur, Ninive, Raz Shamra, Mari e Ebla, foram apenas alguns dos 'golpes' desferidos ao gênesis em termos de prioridade... pois havia um mundo de literatura religiosa anterior a ele.

Mundo que lhe havia servido de substrato, embora os pastores continuem alegando que o livro baixou miraculosamente dos céus as mãos de 'Moisés'... como nos contos do Pinóquio, da gata borralheira, da chapeuzinho vermelho, etc

Para começo de conversa temos os Vedas, os quais segundo Blavatsky no 'Glosario teosofico', remontariam a cerca de 2000 aC, mas que segundo Gaarder et aliae 2000 p 40, remontam, ao menos em parte a 1500 a C.

Admitindo, apenas hipotéticamente, que Moisés tivesse escrito o gênesis, cerca de vinte ou trinta anos após o Êxodo (ocorrido cerca de 1450 - 1430 a C) chegariamos a data de 1400 a C para sua composição, o que daria aos Vedas um século de vantagem.

Por outro lado, caso admitamos como devemos admitir que as partes mais antigas do gênesis remontam no máximo a 950 - 900 a C, temos meio milênio de vantagem para os Vedas.

Circulavam pois na antiga Índia epopéias e cânticos cronologicamente anteriores ao gênesis mesmo em termos de pura e simples oralidade.

Um destes cânticos por sinal assevera que Agni, Varuna, Garuda, etc não passam de nomes ou atributos do Uno, enquanto os israelitas ainda prestavam culto a seus deuses - Eloim.

Passemos agora a literatura da antiga Suméria.

Uma obra bastante vulgarizada em nosso pais e de certo modo até ultrapassada, 'As maravilhas do conhecimento humano' de Henry Thomas (Porto Alegre, Globo, 1954, Vol II) mas ainda bastante instrutiva e fácil de ler, reproduz a seguinte notícia:

"Uma biblioteca de 30.000 tijolos. Essa biblioteca babilônio-sumeriana, situada em Tello (A antiga Nippur - para os rabinos Nipra) , foi talvez a primeira coleção de livros do mundo. Não era uma edifício de tijolos, mas uma biblioteca contendo uns 30.000 manuscritos de tijolos... Entre tais livros encontramos HISTÓRIAS, gramáticas, aritméticas, dicionários, HINOS SACROS E UM POEMA ÉPICO CONTENDO O RELATO DA INUNDAÇÃO DE BABILÔNIA... TEM CERCA DE 5.500 ANOS DE IDADE." P 18

Trata-se na verdade de 40.000 tijolos, datados de cerca de 2300 a C e portanto com aproximadamente 4.300 anos de idade. O que de pronto supera Ezra, Josias, eloista, javista, Samuel, Josué, Moisés, Abraão (1750 a 1700 a C), os tetravós de Abraão. Anterior em mais de meio milênio aos patriarcas hebreus, a biblioteca de Tello deixa o gênesis no chinelo...

Assim morrem as fábulas e mitos acalentadas pelos pastores e líderes religiosos fanáticos...

Em Ur (Wooley, 1923) também foram descobertos alguns cilindros nos alicerces dos templos e algumas tabuinhas religiosas.

Quanto a biblioteca de Nínive (Koyundjik), trata-se certamente dum registro mais recente, datando de cerca do sétimo século a C. Os originais das obras compiladas no entanto, remontam em idade as obras encontradas em Nippur, isto porque os escribas Babilônicos e Assírios costumavam registrar ao final de cada cópia que o original encontrava-se neste ou naquele templo sumeriano... A dezenas e dezenas de séculos.

Segundo Werner Keller (A bíblia tinha razão p 46) esta biblioteca era "composta por cerca de 20.000 ladrilhos, fora reunida pelo rei Assurbanipal." ( Que fizera gravar num de seus livros: 'Amo ler bons livros e cortar as orelhas e narizes dos meus cativos de guerra' apud Henry Thomas, opus cit)

As bibliotecas de Ebla (missão italiana, 1964) e Mari (André Parrot, 1933) parecem ser mais modestas datando a primeira do final do terceiro milênio a C e a segunda de meados do segundo milênio. O que as coloca igualmente numa posição de anterioridade face ao gênesis. Contam no entanto com pouquíssimos hinos e histórias...

Já a biblioteca de Raz Shamra, tão rica e exuberante quanto as de Nippur e Ninive, parece remontar a 1400 - 1200 a C, embora os originais das obras ali contidas sejam alguns séculos mais antigos datando de 1500/1600 ou até mesmo 2000 a C, o que também lhes confere larga vantagem face ao gênesis. Faz parte dela - além de inumeros outros textos - a famosa epopéia de 'Baal e Anath'.


São mais de 100.000 tabuletas, contendo centenas de centenas de obras, parte das quais (talvez mais da metade) versando sobre assuntos de natureza religiosa. Tudo muito mais antigo ao gênesis, cujos redatores por sinal, beberam em tais fontes até a saciedade...

E sequer mencionamos outro grande 'filão' de registros e documentos primitivos, o antigo Egito!

Esta grande e requintada civilização legou-nos, dentre outros, os seguintes registros:




  • Os 'Textos das pirâmides' (como a de Unias/Venis) remontam a 2600/2500 a C
  • O papiro 'Prisse' que contem a 'Sabedoria de Ptah-Hotep, ministro da quinta dinastia. esta obra remonta a  2450 a C (in Grollenberg p 208) Mesmo o pastor A Reis, reconhece, muito a contragosto que este registro é muito mais antigo que seu idolatrado e querido gênesis. (opus cit 23)
  • 'Os ensinamentos  do rei Merikare', que datam de aproximadamente 2000 a C
  • 'A Sabedoria de Kagmeni' parece remontar a 1900 a C, admitindo o citado pastor (id ibd) que se trata realmente duma obra anterior ao gênesis.
  • O 'Livro dos mortos' recebeu sua forma final cerca do décimo sexto século a C.
Admitindo-se - com os fundamentalistas - que o gênesis remonte a 1400 a C, todas as obras acima elencadas precedem-no.

Além destas temos ainda:

  • Os contos de 'Sinuhe', dos 'animais', do 'O marinheiro naufragado', da 'gata borralheiras', do 'fantasma maravinhoso', e 'Dos irmãos' (Bitiu e Anupu ou o eterno triângulo' (citados por Henry Thomas opus cit. p 13). Todos anteriores ao ano 1000 a C
  • 'A Sabedoria de Ani' de 1250 a C (Grollenberg id. ibd)
  • 'O poema de Pentaur' composto por volta da mesma época e relatando a 'vitória' de Ramsés II em Kadesh
  • 'A Sabedoria de Amenemope' de aproximadamente 900 a C.

Conclusão: Admitindo-se que as partes mais antigas do gênesis remontem a 950 - 900 a C, as quatro acima seriam mais antigas.


Fornece-nos o Egito outra biblioteca inteira anterior ao gênesis, que vem somar forças com a biblioteca da mesopotâmia... e aos Vedas da Índia antiga.

Não há pois qualquer necessidade de se recorrer a fontes e registros de natureza fantasiosa como as 'Memórias da Atlântida' do Churchward com o intuito de desmascarar os pastores cegos e fanáticos, bastam os verdadeiros papiros e tabuinhas e os registros legítimos, diminuto remanescente duma ampla literatura ora perdida para nós.

Quem desejar conhecer tanto mais de perto as ditas fontes e certificar por si mesmo a dependência da literatura hebraica para com elas consulte:

'Breasted' na Sabedoria do Antigo Egito nos textos das pirâmides & J Pritchard 'Ancient Near Eastern texts relating to the Old Testament.' Princeton 1955





UMA MORAL MUITO MAIS ELEVADA DO QUE A MORAL HEBRAICA.



Já explicitamos em diversas ocasiões que não temos nada contra a moral hebraica, desde que encarada como fruto de seu tempo numa perspectiva natural. Nossa disputação é contra os protestantes e demais fundamentalistas (sejam ortodoxos ou papistas) na medida em que elevam a moral hebraica as sumas alturas colocando-a acima de todos os demais povos da antiguidade. 

Para essa gente analfabeta ou desavergonhada tudo quanto é israelita ou hebraico é necessariamente superior a tudo quanto seja pagão.

Que os rabinos e pensadores judeus sintam-se inclinados a pensar assim, compreendemos. Pois são membros do povo e de certo modo impermeáveis a consciência católica, universal ou cosmopolita...

Agora que um Cristão comungue deste tipo de pensamento provinciano e mesquinho é verdadeiramente revoltante, afinal o Deus Cristão, Jesus Cristo manifestou-se não a um determinado povo enquanto unidade étnica mas ao gênero humano como um todo, a todos os povos, raças e culturas, sem qualquer tipo de acepção...

Eis porque Justino, Clemente, Origenes, Eusébio e Gregório buscaram por sinais de sua vinda em todas as culturas nos termos duma preparação universal.

Portanto essa antipatia sistemática por tudo quanto seja pagão, deita suas raízes mais profundas numa certa corrente de pensamento judaico ante cristão e não no Evangelho que é o legítimo herdeiro duma consciência profética universalizante...

O pastor no entanto permanece a margem de tal corrente, como podemos deduzir de suas próprias palavras:

"Mas é no gênesis que se encontra a tradição histórica primitiva ESCRITA EM SUA MAIOR PUREZA E FIDELIDADE.

Sob este ponto de vista, OS LIVROS DE MOISÉS DISTINGUEM-SE DOS DEMAIS LIVROS COMO A LUZ FULGURANTE DO SOL SE DISTINGUE E SOBREPUJA A LUZ PÁLIDA DA LUA.

NAQUELES LIVROS DO PAGANISMO, A VERDADE DESAPARECE NUM LABIRINTO DE MITOS E MENTIRAS.

NOS LIVROS DE MOISÉS PORÉM, A VERDADE, EM CARACTERÍSTICA SIMPLICIDADE E CLAREZA, INSTRUI E ENCANTA.

NAQUELES VOLUMES PAGÃOS O POLITEISMO ENGENDRA A IMORALIDADE..." Alvaro Reis 'Origens chaldaicas da Bíblia' p 24

Rabino algum, creio eu, jamais manifestou tão insopitável arrogância quanto o pastor calvinista brasileiro para o qual nos livros pagãos tudo é imoralidade, mentira e erro; um acervo de tonteiras, repositório de banalidades e amontoado de idiotices em comparação com a majestade do gênesis que 'instrui' e 'encanta' deleitando os auditórios protestantes desta nação de capiaus.

Naturalmente que há no gênesis belas instruções para nossas filhas e netas, como aquela em que a incestuosa e mentirosa Tamar é louvada como 'santa' (Gn 38,26)... ou aqueloutra em que Jacó engana seu próprio pai e rouba a benção do irmão, sem que javé se importe ou faça qualquer coisa...

Quanto as partes do livro que encantaram o pastor carioca bem pode ter sido o relato de como Abraão prostituiu duas vezes sua esposa Sara, obtendo grande cópia de bens... aqueloutro em que o devoto patriarca abandonou sua amante com o filho ainda pequeno para morrerem tostados em meio as areias escaldantes do deserto ou ainda aquele os filhos de jacó enganam, atroiçoam e massacraram a casa de Hemor...

Eis porque rogo ao bom Deus Jesus Cristo que me preserve de cruzar com semelhante tipo de gente instruida e encantada por tais relatos...

Abraão sacrifica ou tenta sacrificar o próprio filho e o pastor sente-se instruido! Jacó passa a perna no sogro e o pastor fica encantado! Os filhos de Jacó mentem, assassinam e fornicam e o pastor vibra... Javé permanece mudo e calado diante de tantos crimes e calamidades e o pastor deleita-se. Afinal esta tudo no gênesis que é 'inspirado e divino'... 

Eis até onde vão as ideias fixas... pois caso tais relatos e narrativas pertencessem ao 'Enuma Elish', a 'Epopéia de Gilgamesh', ao 'Poema de Baal e Anath' ou ao 'Pentaur' seriam imediatamente condenados pelo pastor enquanto fruto da imoralidade politeística! No gênesis porém adquirem tais estórias ares de requintada e sã moralidade, é mesmo como dizia minha avó: 'Ao que ama o feio bonito lhe parece.'

No entanto aquele que ama o feio deve possuir uma alma feia e mal formada.

Como poderia aquele que ama o Evangelho e sua bela mensagem que fala ao coração, amar o gênesis ou o pentateuco e seu conteúdo tão vulgar?

Para os pastores no entanto é assim mesmo: as civilizações que nos deram a escrita, a arquitetura, a matemática, a astronômia, a medicina, a filosofia, a História, a gramática, a tecnologia, as artes, etc ou seja tudo quanto faz este nosso mundo belo e deleitoso; apresentavam uma moralidade duvidosa, enquanto que os antigos israelitas, que nada criaram ou deram ao mundo em termos de originalidade, apresentavam o mais elevado padrão de moralidade por terem sido os verdadeiros inventores do monoteismo.

Quanta mentira, quanta treva, quanta cegueira e quanto cinismo.

Pois nem o monoteismo foi inventado ou descoberto pelos antigos hebreus, nem apresentam eles qualquer superioridade no campo das moralidades.

Eis porque o gênesis comunga de todos os vícios e virtudes predominantes no tempo em que foi escrito.

Querer fazer do gênesis um livro 'universal' como a profecia de Isaias, o Evangelho, a carta de Paulo aos Corintios, a Ilíada, a Apologia de Sócrates ou as Bucólicas de Ovídeo, é rematada sandice, intenção de cérebros obscuros e entontecidos.

Comparemos pois os escritos dos antigos israelitas com os demais elementos ou tipos representativos da antiga literatura oriental.



  • SABEDORIA DO ANTIGO EGITO



1. Ptah Hotep:

- "Quem é idoso esta engolfado num oceano de dores... mas a mente esta repleta de experiência... ouve pois com atenção as palavras de teu pai para que a experiência possa conduzir teus passos.

- "Não desprezes aqueles que sabem menos do que tu. Pois não há límite para o saber. Assim ocasiões há em que até os ignorantes podem ensinar algo aos sábios."

- "Palavras bondadosas são mais raras que esmeraldas e o coração amigo tesouro precioso."

- "Coisa para ser lembrada e querida é o cárater de um filho generoso."

- "Ama tua esposa e não te juntes a outras mulheres..."

Aqui o divino gênesis: "Ela - Raquel (1 - uma) - emprestou a Jacó sua serva Bala (2 - duas) e jacó uniu-se a ela (Gn 30,4)... Lia (3 - três) tomou sua serva Zilpa (4 - quatro) e deu-a a jacó e Zilpa gerou um filho de jacó (30,9)."

A um lado temos a família de Ptah Hotep e do outro o bordel ou lupanar de jacó, efetivamente gênesis só instrui e encanta (os pastores protestantes é claro).

- "Fala quando tiveres algo de util a dizer do contrário permanece calado."

- "Em todo tempo e lugar detem o controle sobre ti mesmo, este é o melhor meio de ser feliz e garantia de exito na vida."

Até aqui as citações foram extraidas de 'Henry Thomas' opus cit ps 159 e sg

- "Quando te assentares a mesa para um banquete, provai de todos o pratos que vos oferecerem. Não fiqueis olhando fixamente para um determinado prato devorando-o com os olhos, é indelicadeza. Baixai os olhos até que vos dirijam a palavra, antes disso, é melhor nada dizer. Só depois do anfitrião ter rido rireis, assim tudo quanto fizeres alegrará seu coração."

- "Ao entrares numa casa como mestre, irmão ou amigo, caso desejeis manter a amizade para sempre não tenhais intimidade com as mulheres. A felicidade jamais prevalecerá se esta norma for esquecida." 

Que diferença entre a passagem acima e os relatos do gênesis a respeito dos filhos de deus e das filhas dos homens, de Sara, das filhas de Lot, dos moradores de Sodoma, de Dina, de Tamar... numa apoteose da promiscuidade... assim o gênesis instrui e encanta as almas dos devassos como o Marquês de Sade...

(As duas últimas citações foram extraidas de Grollenberg opus cit 208)




- "O filho que obedece seu pai chegará a ser velho por causa disso." papiro de Ptah Hotep.


"Honra teu pai e tua mãe para que teus dias se prolonguem sobre a terra." Ex 20,12




"A obediência de um filho é a alegria de seu pai." papiro de Ptah Hotep



"O filho obediente alegra seu pai." prov 10,1 e 15,20


2. Merikare:


- "É mais agradável a divindade o homem puro de coração do que a oferenda do criminoso."

"Não posso anular a benção que teu irmão usurpou." Gn 27,35 sgs

E depois disto ainda tem gente que tem a cara de pau de falar em 'monoteismo ético' antes do profetismo/deuteronomismo.

Definitivamente a ética foi primeiramente relacionada com a fé na Suméria ou no Egito antigos e não no antigo Israel.


3. Papiro de Ani:

- "DUPLICA A ALIMENTAÇÃO DA TUA MÃE E SUSTENTA-A COMO ELA TE CARREGOU. TEU CORPO MUITO LHE PESOU MAS ELA NADA DIZIA SENTIR. MESMO DEPOIS, DURANTE ALGUM TEMPO ELA TEVE DE TE CARREGAR NOS BRAÇOS E DURANTE TRÊS ANOS LHE SUGASTES O SEIO. A TODOS CAUSAVA NOJO A TUA IMUNDÍCIE MAS NÃO A ELA. ASSIM COLOCOU-TE ELA NA ESCOLA PARA QUE APRENDESSES A ESCREVER E PREPARAVA TUA REFEIÇÃO DE MODO QUE A TUA MESA JAMAIS FALTAVAM PÃO E CERVEJA QUANDO CHEGAVAS A CASA FATIGADO. QUANDO FORES POIS HOMEM CASADO E TIVERES TUA PRÓPRIA HERDADE NÃO ABANDONES  A MULHER QUE TE GEROU E ASSISTIU. QUE ELA JAMAIS TE REPREENDA, QUE JAMAIS ERGA SUAS MÃOS AO CÉU E QUE A DIVINDADE JAMAIS ESCUTE SEUS LAMENTOS."

Só mesmo um degenerado e torpe para tripudiar de tais palavras ou para suster que no gênesis encontra-se algo de mais belo ou de mais elevado.


4. O livro dos mortos:

- "Senhor da Verdade e da Justiça em teu nome dei combate a mentira, não fraudei, não prejudiquei a viúva, não tirei o leite da boca das crianças e jamais fiz qualquer pessoa passar fome. Não fui levado ao tribunal, jamais cometi perjuro. Não cometi crimes e não executei o que era proibido.
Não fiz ninguém chorar, não trai, não matei, não cometi assassinato. Não roubei nem ouro nem prata ... não desviei o fluxo dos canais.
Não fiz o que abominam os deuses.
Nunca expulsei o faminto de minha porta, não sobrecarreguei o  lavrador, não denunciei qualquer escravo ao senhor.
Não maltratei os animais e não prendi os pássaros em gaiolas.
Jamais fui preguiçoso, negligente ou invejoso.
Jamais pratiquei a injustiça e jamais exerci a opressão, assim estou puro meu senhor."

"Protegei-me do Typhon destruidor das almas meus juízes e senhores. Neste dia de juízo concedei a vida a alma que se aproxima de vós e que jamais pecou, que não mentiu, que não praticou o mal, que não cometeu crime. 
Que não deu falso testemunho, que jamais fraudou, que vive da verdade e que se alimenta da justiça.
Que por toda parte semeou o bem, que soube agradar os homens e os deuses...
Que soube dar pão a quem tinha fome e água ao que tinha sêde, que vestiu o nu com suas próprias roupas e cedeu uma barca ao viajante..."

Isto é de certa forma um prenúncio da ética divina enunciada por Jesus no Santo Evangelho e o pastor inepto ainda ousa falar em imoralidades pagãs.

Mesmo sabendo que no gênesis proliferam assassinatos, roubos, fraudes, mentiras, traições, adultérios e toda casta de vícios degradantes do primeiro ao último capítulo! Do assassinato de Abel, a troca da taça por ordem de José, passando pelas estórias escabrosas de Dina e Tamar, sem falar nos anjos tarados e na maldição lançada sobre o inocente!



5. Amenemope:


- "Volta teus ouvidos para estas palavras e aplica tua inteligência a instrução, guarda no coração o que te digo..."

- "Guarda-te de despojar o indigente, não exerça violência contra o fraco. Não estenda tuas mãos contra o homem idoso..."

- "Não desloques os marcos de divisas dos campos." 

"Não desloques os marcos de divisa postos no campo do orfão." Prov 

- "Não te fies nas riquezas roubadas pois como os pássaros elas criam asas e vão voando." 

- "Não convivas com o homem exaltado e não te aproximes para falar com ele."

- "Não cobices os bens do pobre nem ouses saciar-te com seu pão, os bens tomados ao pobre queimarão tua garganta e encherão teu estomago de amargor."

- "Jamais reveles a quem quer que seja teus pensamentos mais íntimos."

- "Jamais escarneças do cego, não ridicularizes o anão e não agraves o sofrimento do aleijado."

Bem eu não me recordo em qual de suas partes o gênesis ou a Torá façam quaisquer alusões aos direitos das pessoas portadoras de deficiência. Aqui, mais uma vez o Egito leva a palma.


Aqui G Fougéres ('As Primeiras Civilizações): "De todas as transformações a mais transcendental e sobre a qual todas as outras se apoiram foi a elaboração do senso moral pautado na religiosidade." 





  • FARAÓ AKHENATON PLAGIADO PELO SALMISTA





"Há diversos exemplos quanto a este acento, também bíblico, que lembram as mais dolentes passagens dos Salmos, nos fragamentos deste lirismo anterior em muitos século a Bíblia, e que, pelas traduções e imitações em lingua assiria, exerceram grande influência sobre os primeiros ensaios da poesia semítica e contribuir com muitas imagens e feições..." Lenormant in "Primeiras civilizações." II, 169



Extratos do Hino ao Sol de Iknaton, cotejados com o salmo centésimo quarto:



"Todos os leões saem de suas cavernas... Sl 104,21

A terra inteira se põe a trabalhar. Sl 104,23

Todo animal goza de sua pastagem. Sl 104,20

Árvores e relvas verdejam. Sl 104,14

Os pássaros voam de seus ninhos, Sl 104,12

Com as asas (em forma de) adoração à tua essência (ka),

Os animais selvagens pulam em seus pés.

Aqueles que vão embora,

aqueles que pousam,

Eles vivem quando tu te levantas para eles.

As barcas sobem e descem a corrente

Porque todos os caminhos se abrem quando tu surges.

Os peixes do rio movem-se deslizando em tua direção Sl 104,25

Os teus raios chegam ao fundo do mar...

Quando o pintinho está no ovo (loquaz na pedra)

Tu ali dentro lhe dás o para viver.

Tu o completas para que quebre a casca

E dela sai para piar e completar-se

E caminhe com seus dois pés recém-nascidos. Sl 104, 27 sg

Quão numerosas são as tuas obras... Sl 104, 24 IPSO LITERA

e tu resplandeces, eles vivem,

Se tu te pões no horizonte, eles morrem;

Tu és a própria duração da vida. Sl 104,29 sg




Conclusão: A partir do décimo sexto verso, o salmista reproduziu as estrofes do hino ao Sol composto pelo faraó Iknaton, sequer se dando ao trabalho de alterar a sequência das mesmas, ficando patente sua compilação...


São cerca de quinze estrofes retiradas do poema egipcio, uma delas literalmente reproduzida (Sl 104,24) e duas outras ligeiramente modificadas (104,29)


Diante de tais fatos fica estampada a má fé e a desonestidade dos fundamentalistas e a estultícia da teoria magico/fetichista a respeito da inspiração.


Neste caso o salmista foi inspirado pelo faráo...



"Na mitologia babilônica Misor e Sydic são os acessores do deus Shamash. A passagem dos Salmos (LXXX,14) - A justiça e a equidade são o sustento do teu trono" - já opinou alguém, poderia provir dessa imagem, uma vez que Misor significa justiça e Sydic equidade." Marstoniden p 66




  • SABEDORIA DA MESOPOTÂMIA E CANAÃ.

1. Dos atos de Urukagina 'Ishakku' de Lagash.

"Então apareceu entre nós um homem chamado Urukagina, ele restabeleceu a justiça e libertou os homens da opressão.
Ele demitiu o inspetor dos barcos e o inspetor do gado demitiu.
Ele demitiu aquele que cobrava tachas para tosquiar.
E quando um homem repudiava sua mulher nem o Ishakku nem o vizir recebiam emolumentos.
E quando o perfumista fabricava unguentos não percebiam emolumentos.
Quando alguém era conduzido ao cemitério a maior parte dos bens revertia em favor de sua família e não dos funcionários.
Ele fez respeitar os bens do templo.
Ele acabou com a tirania dos cobradores de impostos...
Ele obrigou o homem rico a respeitar o vizinho pobre e a pagar um justo preço por suas propriedades caso desejasse adquiri-las.
Se o filho do pobre pescava um peixe no rio ninguém ousava já toma-lo.
O pomar da mãe do homem humilde já não era invadido e despojado.
Ele fez um pacto com Ningirsu e obrigou-se a jamais permitir que os orfãos e as viúvas fossem vítimas dos homens poderosos." Crônica de Lagash in S N Kramer 'A História começa na Suméria' 75

2. O 'Livro sumeriano dos mortos':


"Ao invés de dizer sim disse não?... Deixou de libertar algum prisioneiro? ... desprezou pai ou mãe? Uniu-se a mulher alheia?
Derramou sangue de seu próximo? Roubou o traje do semelhante???." in Dhorme Ed. 'A religião de babilônia e Assíria'


3. Outras tabuletas sumerianas:

- "Ela conhece o orfão, ela conhece a viúva.
Ela sabe que o homem é o opressor do homem.
Mas Nanshe é a mãe do orfão.
Ela cuida da viúva
Ela busca fazer justiça ao pobre.
É rainha que trás o humilhado em seus braços.
Nela o fraco encontra amparo...

Assim confortarei o orfão e alegrarei a viúva.
Desolarei os fortes e poderosos
Enfraquecerei o homem poderoso
Nanshe procura o coração do povo." Hino a Nanshe de Lagash

4. O Código de Hamurabi:

"Assim com o apoio de Shamash publico estas leis para que o forte não faça violência ao fraco, afim de velar pelos interesses do orfão e da viúva, para dilatar as vias da justiça... assim elas propiciem bem estar a esta nação, evitem disputas e garantam direitos ao fraco e ao oprimido."


5. A saga de Danel (Raz Shamra):

"Cada qual pode sentar-se tranquilo em sua eira a sombra duma árvore.
Pois eis que ele vem para exercer a justiça assentado as portas da cidade.
LÁ ELE JULGA O PROCESSO DA VIÚVA
E ESTABELECE O DIREITO DO ORFÃO."

Muito antes dos antigos hebreus cogitarem a respeito do orfão, do estrangeiro e da viúva, os ancestrais cananeus já haviam baixado normas e regulamento com o intuito de vindica-los.

6. Esparsos:

- "Acaso bates no boi que tritura com uma correia no focinho?"

"Não amordaçaras o boi que debulha o grão."

- "Dá de comer aos outros e oferece-lhes do bom vinho de palmeira; não insultes aquele que pede esmola, antes fornece-lhe uma muda de roupa, tudo isto alegrara o deus e Shamash te dará a recompensa." 

- "Não dissemines o mal antes espalha o bem e jamais calunies a quem quer que seja."

(apud Grollenberg 210)

- "Sou orfão, és minha Mãe.
Não tenho pai, tu és meu Pai." Invocação de Gudea, Patési de Lagash.

Mais uma antecipação do espírito do Evangelho.

Do qual em vão procuramos um só traço ou vestígio no gênesis...



7. A Sabedoria de Aquicar:

"Duas coisas são convenientes mas a terceira é superior para Shamash: Um homem que partilha seu vinho com os demais, um homem que acumula sabedoria e um homem que rendo ouvido um segredo retem-no ao invés de conta-lo."

- "Fecha tua boca as palavras injuriosas e teu coração guarde todos os segredos que te foram confiados. Uma palavra é semelhante a um pássaro, uma vez solta não há mortal que a possa apanhar." 

Aqui Dhorme: "Aqui do mesmo modo como entre os israelitas vemos já uma correlação entre mal moral e mal físico, entre pecado e desgraça." in "A religião de Babilônia e Assíria"

A única diferença é que egípcios e sumerios haviam atingido semelhante estádio de consciência quase mil anos antes do nascimento de Abraão, mais de mil anos antes de Moisés e do gênesis (segundo a datação que lhes é imputada pelos fanáticos)  e quase dois mil anos antes dos deuteronomistas.

Conclusão: tanto em datação quanto em conteúdo o gênesis perde de lavada para os escritos egípcios e sumerianos cujos mitos e lendas por sinal reproduziu largamente.

E quanto aos valores "HISTÓRICO (!!!), LITERÁRIO (!!!), CIENTÍFICO (!!!)... E RELIGIOSO. (!!!)" alardeados pelo afoito pastor?

Historicamente falando é o gênesis uma nulidade absoluta, ao menos quanto aos dez primeiros capítulos, que servem de prelúdio a biografia de Abraão, a respeito do qual admite o Pe De Vaux "Quase nada sabemos."

Para tanto basta saber que ao capítulo décimo o redator apresenta cidades e países como se fossem pessoas dando prova da supina ignorância de que estava animado... mas ele era filho do seu tempo.

Grotesco mesmo é ver os pastores e suas ovelhas imbecilizadas discorrendo sobre Misraim, Javan, Nemrod, Assur, Kaftor, Elam e Aram como se se tratassem de homens de carne e osso.

Se isto pode ser chamado de História não vejo porque as obras de Hesíodo e Homero não possam fazer juz ao mesmo título... ao mesmos eles não atribuem ao universo uma idade pouco superior a da pirâmide de Sakkara...

A nível de literatura não podemos negar que o gênesis seja um monumento incomparável no que diz respeito a literatura hebraica, tal e qual os Vedas o são para a literatura indiana, os canônes de Confúcio para a literatura chinesa, o Avesta para a literatura parsi, a Iliada e a Odisséa para a literatura helênica, as obras de Cícero e Vírgilio para a literatura latina, o Corão para a literatura árabe ou a Lutherbibel para a literatura germânica... devido principalmente a sua condição de obra inaugural ou mais antiga (embora o livro dos juizes contenha fragmentos mais antigos). Quanto ao lirismo no entanto não trocaria Isaias, Jó ou mesmo alguns dos Salmos pelo gênesis... mesmo quanto ao enredo o êxodo me parece superior.

No campo científico gênesis é tão pré científico e nulo quanto qualquer outra obra de seu tempo ou que tenha sido composta antes de Hipócrates ou antes de Roger Bacon.

Basta recordar a clamorosa asnice das águas superiores e inferiores, das comportas celestiais e da inundação universal...

Em gênesis há tanta ciência quanto água em mercúrio ou oxigênio em Neptuno...

Já quanto a religião, com sua matéria pré existente, seu Eloim (deuses), seu javé de carne e ossos (Que vem tomar a fresca no paraíso), seu deus cheirador de carne queimada, seus sacrificios humanos, suas bençãos de teor fetichista, seus maçeboths, seus bosques sagrados, seus terafins, etc representa como já foi dito um tipo de paganismo dos mais vulgares que nos é dado conhecer.

Enfim nada há no gênesis de vetusta antiguidade anterior a todos os demais livros existentes, de elevada moralidade como nos escritos que nos foram legados pelos antigos egípcios e sumerianos, e menos ainda em termos de Historicidade, de conhecimento científico ou mesmo de sã religiosidade, a semelhante aquela com que nos deparamos nos escritos dos Santos profetas, do Deus Jesus Cristo, dos apóstolos, dos nossos Santos padres, de Zoroastro, de Buda, de Confúcio, dos antigos pensadores gregos ou mesmo de Maomé.

A única coisa que o gênesis possui a seu favor é a fé cega, o fanatismo e os preconceitos de pessoas como o pastor Alvaro Reis.

Nós no entanto cremos no triunfo e na vitória do esclarecimento, da informação, da verdade e da luz, para a maior glória de Jesus Cristo e de seus Santo e Único Evangelho.